Killzone: Mercenary (Sony Playstation Vita)

Depois de ter jogado o Resistance Burning Skies não deixei a PS Vita de lado e peguei pouco depois no Killzone Mercenary, mais um first person shooter de uma das principais séries que a Sony produziu nos últimos anos. Produzido pela Guerrilla Cambridge, que eram anteriormente conhecidos como Sony Computer Entertainment Cambridge e nos trouxeram jogos como os Medievil ou C-12 Final Resistance, este acaba por ser mais um FPS que, embora curto, é muito competente. O meu exemplar sinceramente já não me recordo onde e quando o comprei, creio que foi um dos jogos que veio incluido com a PS Vita que comprei há uns anos atrás a um particular.

Jogo com caixa e folheto promocional

A história deste Killzone leva-nos a encarnar num grupo de mercenários que vão ter de cumprir uma série de missões típicas de forças especiais, durante o longo confronto entre os Hellghast e a ISA, tanto quando os Hellghast invadiram o planeta Vekta, bem como quando as forças ISA ripostaram e levaram a guerra ao planeta Helgan. Começamos por servir ao lado das forças ISA, mas eventualmente a nossa personagem acaba também por ser recrutada para cumprir uma série de missões ao lado dos Hellghast, o que é uma novidade na série!

Graficamente é um jogo excelente. Facilmente o melhor graficamente que joguei até agora na PSVita

A jogabilidade é a típica de um FPS como os Killzone. Apenas podemos carregar duas armas mais explosivos e algum equipamento especial, bem como a vida é auto regenerativa. Mas sendo este um jogo de mercenários, tudo gira à volta do dinheiro e se quisermos usar outras armas ou equipamento, teremos de o comprar. Ocasionalmente encontramos alguns terminais que nos dão acesso a um mercado de armas, onde não só poderemos comprar armas e equipamento novos, bem como alternar entre as armas que eventualmente já tenhamos comprado. Ao longo das missões vamos poder infiltrar território inimigo, que tipicamente não estão cientes da nossa presença. Nessa altura poderemos optar por uma abordagem mais furtiva, ao usar armas silenciosas, combate corpo-a-corpo e evitar sistemas de vigilância de forma a passarmos despercebidos. Caso um soldado inimigo dê pela nossa presença, irá alertar todos os outros pelo que já teremos mais trabalho pela frente.

Todas as acções que façamos são recompensadas com dinheiro, mesmo que seja apanhar as munições dos soldados inimigos!

De resto este é um jogo bastante fluído, e nota-se bem que tem um certo foco no multiplayer, pois mesmo durante a campanha vamos ganhando pontos de experiência/ dinheiro sempre que matemos algum inimigo, com bónus adicionais para headshots e afins. E de facto o jogo possui um modo multiplayer que aparentemente ainda possui os servidores activos, mas não o experimentei. A campanha single player é muito curta, mas o jogo tenta aumentar a sua longevidade ao incluir a possibilidade de jogar as missões que já tenhamos completado sob contratos diferentes, os covert, demolition e precision. Aqui poderemos ter uma série de objectivos secundários, bem como a escolha de armas/equipamento a usar será mais restrita. Para além disso, independentemente do tipo de missão que vamos tendo, em cada nível temos também 6 documentos de inteligência para encontrar se quisermos. Mas ao contrário de outros FPS onde os documentos estão literalmente escondidos ao longo dos níveis, aqui temos de trabalhar mais para os obter. Sempre que encontramos um oficial inimigo (que aparece assinalado de forma diferente no mapa), se conseguirmos nos aproximar dele sem ser detectados, podemos despoletar um interrogatório, que é na verdade uma pequena sequência de Quick Time Events onde os torturamos para nos dar informações. Já outros documentos estão estão guardados em terminais, que podemos hackear para obter essa informação. O hacking é apresentado na forma de alguns puzzles que temos de resolver rapidamente, ao descodificar uma série de figuras.

As sequências de hacking são resolvidas ao “limpar” a imagem central ao fazer matching com as imagens laterais. A solução deste puzzle seria usar as imagens dos cantos inferiores esquerdo e direito.

A nível audiovisual, devo dizer que este jogo foi uma bela surpresa. Ainda não estava muito à vontade com a Playstation Vita, mas devo dizer que de todos os jogos que já joguei para a portátil da Sony (e ainda foram poucos), este é sem dúvida o que tem os melhores gráficos 3D. Os níveis estão muito bem detalhados, tanto nas personagens como inimigos, bem como nos efeitos especiais de luz e outras partículas. A nível de som, nada de especial a apontar, o voice acting é bem competente. Só tenho pena que a narrativa não seja tão boa quanto nos jogos principais, mas não se pode ter tudo.

Portanto devo dizer que até gostei bastante deste Killzone. É verdade que é um jogo curto, mas surpreendeu-me pela positiva ao incluir várias abordagens e caminhos alternativos para ir cumprindo os objectivos que nos vão surgindo e a nível de controlos também se joga bem, mesmo com a PS Vita a não ter tantos botões como um comando da PS3 ou PS4. E mesmo sendo um jogo curto, para quem o quiser completar a 100% irá certamente ter muito mais trabalho, ao coleccionar os 6 documentos de inteligência em cada nível e rejogar as mesmas missões nos modos covert, demolition ou precision.

Killzone Shadow Fall (Sony Playstation 4)

killzone_shadow_fall_boxKillzone Shadow Fall foi um dos jogos de lançamento da PS4, e tendo eu até gostado dos seus predecessores, não poderia falhar este jogo também. É um novo capítulo na série, 30 anos após os acontecimentos narrados nas prequelas, que culminaram com a destruição do planeta Helghan. A ISA decidiu então albergar os sobreviventes no seu planeta Vekta, dividindo-o a meio com uma muralha gigantesca. Naturalmente as tensões continuavam altas entre ambas as facções e eventualmente novos conflitos voltam a ocorrer. O meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide, algures no início do verão de 2016. Custou-me cerca de 12€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e panfletos, já que manuais nesta geração são uma miragem.
Jogo com caixa e panfletos, já que manuais nesta geração são uma miragem.

Shadow Fall continua a tradição de um first person shooter futurista, mas com algumas novidades. Por um lado muito do armamento antigo volta a marcar cá a sua presença, embora com algumas modificações nas armas. Por outro temos o OWL, um pequeno drone que nos acompanha ao longo de practicamente todo o jogo e pode ser usado para nos auxiliar em várias circunstâncias. A função mais importante é a de ataque, onde o podemos mandar para um grupo de inimigos e o drone enfrenta-os por nós, o que nos pode ajudar bastante em manobras de distracção. Por outro lado temos de ter em conta que o OWL possui também uma barra de energia que vai sendo diminuída à medida que leva fogo inimigo. Quando se esvazia, o drone volta para nós e fica a recarregar em background. Isto também tem de ser tido em conta pois quando levamos com bastante dano e ficarmos incapacitados, o drone pode-nos ressuscitar se tivermos connosco algum medkit. No entanto, se o drone estiver a ser recarregado então nada podemos fazer e teremos de recomeçar do checkpoint.

Uma das outras funcionalidades que temos é a possibilidade de fazer um scan à area que nos rodeia, mostrando a posição dos inimigos e de alguns itens
Uma das outras funcionalidades que temos é a possibilidade de fazer um scan à area que nos rodeia, mostrando a posição dos inimigos e de alguns itens

O OWL pode também ser usado para outras funções, como as de disparar uma descarga electrostáctica, atarantando momentaneamente os inimigos. Isso é também útil para incapacitar temporariamente drones ou robots inimigos de nos atacarem, bem como a de destruir escudos. Outra das funções do OWL é a de criar precisamente um escudo para nos proteger do fogo inimigo, ou ser usado como gancho de forma a fazer slide para plataformas que estejam bem abaixo de nós. O drone pode ainda ser usado para interagir com computadores e outros terminais, seja para obter informação necessária para progredir no jogo, ou desactivar alarmes inimigos. Aliás, durante todo o jogo é notório que há toda uma atmosfera diferente em torno das missões. Enquanto que nos anteriores jogávamos num clima de guerra aberta e muitas das missões faziam parte de campanhas militares, onde até tinhamos a companhia de soldados NPCs, aqui a maior parte das missões são mais de infiltração, num ambiente bastante tenso entre as forças da ISA e os Helghast.

Neste jogo a história leva-nos a um ambiente de Guerra fria, onde a maior parte das missões são para prevenir conflitos maiores.
Neste jogo a história leva-nos a um ambiente de Guerra fria, onde a maior parte das missões são para prevenir conflitos maiores.

De resto a jogabilidade é a típica de um first person shooter, a Guerrilla Games não reinventou a roda e sinceramente nem era preciso. Existem alguns segmentos novos, como aquelas partes jogadas em pleno espaço e sem gravidade, ou a última missão, jogada com um outro protagonista que não a personagem principal, que possui uma jogabilidade completamente furtiva. Foi uma missão que me deixou com um sabor algo agridoce, pois por um lado não usamos o OWL, mas sim algumas habilidades furtivas, como a possibilidade de ficar temporariamente invisível (embora as câmaras de segurança nos consigam detector), ou a possibilidade de usar spider bots para precisamente destruir câmaras de segurança. A primeira parte da missão gostei bastante, mas a última foi um martírio para a completar. Quem jogou este Killzone provavelmente terá a mesma opinião que eu. Basicamente temos de percorrer uma cidade de forma completamente despercebida, evitar sermos descobertos por civis, militares ou câmaras de segurança e tudo dentro de um tempo limite de aproximadamente 3 minutos e meio. Até aí tudo bem, mas o mecanismo de camuflar não funciona tão bem assim e com os soldados 100% alertas torna o objectivo final bastante difícil. Se formos descobertos uma vez, muito dificilmente conseguiremos recuperar. Mas eventualmente lá consegui fazer o que era pretendido e terminei o jogo.

Existem várias variantes de jogo no multiplayer. Infelizmente é coisa que não tenho tempo para explorar
Existem várias variantes de jogo no multiplayer. Infelizmente é coisa que não tenho tempo para explorar

Temos também vários modos de multiplayer à disposição, embora sinceramente não tenha perdido nenhum tempo com eles. Pelo que entendi, para além de vários modos de jogo como o team deathmatch, variantes do capture the flag ou modos de conquista de objectivos, existem também várias classes com diferentes habilidades e afins. Para além disso existe um modo de jogo co-operativo na forma do DLC Intercept, que obviamente também não testei porque não o comprei. Pelo que investiguei é uma espécie de Left 4 Dead contra Hellghasts… De resto existem vários outros DLCs, alguns gratuitos, como mapas extra para o multiplayer, outros coisas inúteis como novas skins e afins, mas é o mercado que temos…

De resto, no ponto de vista audiovisual, Shadow Fall é um jogo naturalmente bastante competente. Quando os primeiros trailers foram revelados e mostraram aquelas cidades de Vekta tão imponentes e detalhadas, mostravam também o poder de processamento que a PS4 possuía. Acho que é um jogo com gráficos bem competentes, embora sinceramente acho que estamos a atingir um patamar tal, em que não vale a pena estar a focar demasiado nos gráficos, pois nos jogos AAA para estas consolas, se há coisa que os developers vão fazer bem, é precisamente todo o eye candy. E este Killzone a meu ver cumpre bem com o seu propósito. As músicas também vão sendo épicas como se quer e o voice acting parece-me competente. No entanto, sinceramente não achei que a história fosse tão boa assim. Talvez se me tivesse dado ao trabalho de procurar todos os coleccionáveis (comics, logs de texto e áudio, páginas de jornal, etc), talvez me conseguisse envolver mais na história. Assim já nem tanto, pois fiquei com a sensação que aquela relação entre o Kellan e o comandante Sinclair e o escalamento dos conflitos ficou muito forçada com o decorrer das coisas.

Graficamente é um jogo competente que mostra o poder da nova geração de consolas. Agora se era algo realmente necessário em 2013, bom, isso é outra história.
Graficamente é um jogo competente que mostra o poder da nova geração de consolas. Agora se era algo realmente necessário em 2013, bom, isso é outra história.

Posto isto, acho este Killzone Shadow Fall um FPS bem competente para quem for fã do género. Possui os seus altos e baixos, na minha opinião não é tão bom quanto os anteriores até porque os Helghast, aqueles space nazis que tão intimidadores eram nos jogos anteriores, não me pareceram tão ameaçadores assim neste jogo. Mas ainda assim é um jogo bastante competente e felizmente vai ser daqueles que certamente irá ser encontrado ao desbarato no futuro.

Killzone 3 Collectors Edition (Sony Playstation 3)

Killzone 3 PS3Ainda pouco tempo passou desde o anúncio do novo Killzone que sairá para a futura PS4, um jogo que irá narrar os eventos que levaram ao conflito entre os Helghast e as forças da ISA. Entretanto tinha saído em 2011 o Killzone 3 para a PS3, que tinha dado uma continuação directa à história do jogo anterior. É esse o jogo que falarei hoje e, tendo jogado o Killzone 2 recentemente, posso adiantar desde já que este jogo não traz muitas coisas novas. A versão que comprei é a edição de coleccionador em steelbook, mas se formos ver bem as coisas, a verdadeira edição de coleccionador seria a Helghast edition, que vem num vistoso capacete Helghast e inclui uma catrafada de coisas. É a Sony a querer ganhar mais uns trocados à pala do coleccionismo, a introduzir também esta versão para o mercado. Ao menos apenas gastei 15€ nisto numa GAME, não foi mau. O voucher para os DLCs já tinha sido usado, mas também não seria algo que me interessasse muito.

Killzone 3 CE - PS3
Jogo completo com manual, caixa em steelbook e papelada

A acção começa com o jogador na pele de um Helghast a treinar numa base militar Helghan. Como eu não tinha visto nenhum conteúdo do jogo antes, claro que a primeira coisa que me veio à cabeça foi “mas de quem é teve a ideia de fazer um jogo na pele dos Helghast? Quero ver o que aconteceu depois do KZ2!”. Mas depois lá chegamos a saber que na verdade quem estava vestido de Helghast era nem mais nem menos que Sevchenko e Rico, dois dos protagonistas principais da aventura anterior, que se tinham infiltrado na tal base para resgatar o capitão Narville que tinha sido feito prisioneiro. Após essa entrada triunfal, a narrativa volta 6 meses atrás, precisamente para os acontecimentos que se seguiram ao final do jogo anterior, onde apesar de algumas coisas muito importantes tenham acontecido, a máquina de guerra dos Helghast não parou, deixando Narville, Sevchenko, Rico e mais alguns soldados da ISA sozinhos em Helghast, cercados por forças inimigas.

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Neste jogo iremo-nos deparar com um planeta Helghan deixado em ruínas, após o conflito do jogo anterior

A jogabilidade não mudou muito desde o jogo anterior, com os controlos a serem essencialmente os mesmos, neste aspecto a grande novidade está no suporte completo ao PS Move, algo que de momento não possuo e nem tenho grande interesse em ter. Mas algumas coisas foram mudadas, o mecanismo de cover pareceu-me funcionar melhor, agora temos à disposição 3 armas que podemos carregar em simultâneo, seja o revólver, uma arma leve como uma metralhadora de assalto ou uma shotgun e uma arma pesada como um lança rockets ou uma sniper rifle, por exemplo. Existem também vários outros veículos que vamos poder controlar entre os quais um veículo que se move no gelo a alta velocidade, que é horrível de conduzir por ser tão rápido. Outras coisas interessantes é a inclusão de um mecanismo “slide to cover” que já tinha sido implementado noutros FPS anteriormente, bem como ataques “melee brutais” capazes de matar um Helghast num só golpe. Isto é bastante útil em missões mais de stealth que para a minha alegria voltaram neste jogo. Utilizar o revólver silencioso para abrir umas cabeças é sempre uma alegria! Outra coisa relevante para se mencionar é a inclusão de um jetpack num nível. Pena que estes jogos sejam tão lineares que não deixem explorar livremente estas diferentes abordagens ao combate.

Para além do modo campanha que me pareceu algo curto e mais fácil que o de Killzone 2, o jogo tem também um modo cooperativo em que podemos jogar a campanha com mais um amigo, bem como uma vertente multiplayer online. Aqui o jogo herda o sistema de classes do jogo anterior, com os jogadores a ganharem pontos de experiência ao longo das partidas que podem servir para desbloquear novas habilidades ou equipamento. Pelo que percebi, desta vez existem 3 modos de jogo, o Guerrilla Warfare que não é nada mais que um team deathmatch, o modo Operations que inclui algumas cutscenes e baseia-se na conquista de alguns objectivos tanto por parte das ISA como dos Helghast. Por fim existe o “Warzone” que consiste em sete diferentes rounds de vários modos de jogo já presentes no Killzone 2, tal como o Capture and Hold ou Assassination, por exemplo. É um modo multiplayer bastante sólido, até porque é possível comprar-se na PSN apenas a vertente multiplayer do Killzone 3. Já eu não costumo dar muita atenção ao multiplayer de FPS em consolas, quando o posso fazer muito melhor no PC, pelo que este também me tenha passado um pouco ao lado.

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O aiming down the sights continua a ser bastante útil para aqueles tiros mais certeiros

Graficamente o jogo está bastante competente, apresentando cenários variados, desde selvas densas, bases militares, cidades em ruínas, ou viagens pelo espaço a dar cabo de umas quantas naves inimigas. Como mais uma vez joguei numa TV em SD não consegui discernir grandes melhorias face ao Killzone 2, que na minha opinião já tinha gráficos bem competentes. A grande novidade aqui é o suporte completo a TVs com 3D, nota-se que em certas partes do jogo e respectivas cutscenes foram desenvolvidas de forma a obter um maior impacto para quem as visse numa TV 3D. Passando para a parte audio, aqui já me deparei com alguns problemas. Nada contra a banda sonora que está épica como sempre, ou os efeitos sonoros utilizados que cumprem bem o seu papel. Não sei se o problema é do meu disco ou se isto é um problema geral nos Killzone europeus, mas várias vezes o voice acting no jogo era interrompido nas últimas palavras, ou por vezes o audio das vozes tenha ficado ligeiramente dessincronizado com as cutscenes. Não que seja um problema de maior, mas para quem gosta da envolvente cinematográfica da coisa, é algo que acaba por irritar sempre.

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Deitar abaixo uma fortaleza móvel foi um dos pontos altos do jogo para mim

O Killzone 3 é mais um FPS competente por parte da Guerrilla Games, que apresentou mais uma vez uma campanha interessante, com maior variação de cenários mas porém bastante linear. No entanto, para quem gostar destes first person shooter modernos, repletos de scripted events e uma história épica por detrás, certamente não irá desgostar deste jogo. Para quem for novo na série, recomendaria sempre que se comprasse a colectânea dos 3 jogos para a PS3, que para além deste jogo e do Killzone 2 em disco, traz ainda uma conversão HD do primeiro jogo da série em formato digital.

Killzone 2 (Sony Playstation 3)

Killzone 2E aproveito para escrever mais um artigo da PS3 enquanto tenho disponibilidade para tal, e o jogo que trago cá hoje ao tasco é nada mais nada menos que Killzone 2, a sequela do “Halo-killer” que a Sony introduziu para a PS2 há uns anos atrás. Este Killzone 2 foi um jogo que alimentou várias polémicas e fez correr muita tinta por essa imprensa e internet fora, devido à sua apresentação inicial na E3 de 2005. Nessa altura a Sony apresentou uma cutscene em CG de excelente qualidade, fazendo inicialmente passar que a demo estaria a correr em tempo real num devkit da PS3. Pouco tempo depois a Sony desmentiu o facto e assumiu que a demo era toda ela em CG, mas com um nível gráfico que seria o que a Guerilla Games estaria a trabalhar para o atingir. Ainda assim, desde essa E3 de 2005 foram preciso quase mais 4 anos para que o jogo tivesse saído para o mercado e digo desde já que apesar do nível gráfico ser algo inferior ao apresentado inicialmente, agradaram-me bastante ainda assim. A minha cópia foi adquirida algures neste mês numa GAME do Porto, tendo custado algo perto dos 10€.

Killzone 2 - Playstation 3
Jogo completo com caixa e manual

A história decorre 2 anos após os eventos do primeiro jogo, onde a guerra entre as forças da ISA e os Helghast continua bem acesa. Neste jogo as forças ISA conseguem montar uma mega operação de invasão do planeta Helghan, bem sobre a cidade capital de forma a tentar capturar o ditador Scolar Visari para tentar colocar um fim à guerra. Claro que o enorme poderio militar dos Helghast não deixa que as coisas se tornem uma brincadeira de crianças, com o seu infame coronel Radec a dar bastante luta. E fica assim o mote lançado para mais uma épica campanha de batalhas militares futuristas, onde o jogador toma o papel do Sargento Tomas Sevchenko no esquadrão Alpha, liderado pelo já conhecido Rico do primeiro jogo. Outras personagens do primeiro Killzone como o Jan Templar também aparecem na história, mas infelizmente ao contrário do primeiro jogo apenas poderemos controlar uma personagem ao longo de toda a campanha, o que é pena, pois no Killzone original as diferentes personagens tinham habilidades próprias que davam uma certa dinâmica ao jogo que me agradava.

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Desta vez é tempo de visitar o planeta Helghan desolado pela guerra.

Fora isso a jogabilidade mantém-se quase idêntica, com algumas novidades. A saúde é inteiramente auto-regenerativa, não existe qualquer barra de energia que indique a vida que a personagem tem no momento, apenas temos a noção de quando a visão estiver bastante turva e manchada de sangue é sinal para procurar um abrigo. Infelizmente quando montamos turrets deixamos de ter essa percepção, morri algumas vezes a pensar que não estava a ser atingido. O conceito de procurar abrigo é algo que tem sido utilizado frequentemente nos shooters modernos, mas a sua implementação neste jogo deixou algo a desejar. Por vezes queria apenas estar agachado atrás de um pilar ou numa esquina e o jogo coloca-nos automaticamente na posição de cover, que por vezes ficamos bem mais a descoberto do que o que pretendíamos originalmente e acaba também por atrapalhar um pouco naquelas batalhas mais apertadas e que exigem reflexos rápidos. Outra coisa que mantiveram neste Killzone foi o facto de se utilizar o L3, botão que também é utilizado para o movimento, como botão de sprint. Já me alertaram que é política habitual em vários FPS na PS3, mas eu como evito jogar FPS em consolas, apenas quando se trata de algum exclusivo ou um port com algo mais, não estou habituado a estas coisas. Infelizmente para mim é um mecanismo terrível e muitas vezes queria utilizar o sprint em tiroteios mais frenéticos sem qualquer sucesso, acabando por morrer e retomar a acção num checkpoint qualquer. Felizmente melhoraram imenso a mira telescópica nas sniper rifles face ao primeiro jogo, mas ainda assim não achei perfeita, com apenas 2 presets de zoom. Outra coisa que não gostei nos controlos foi a maneira como implementaram os mecanismos de trocar de arma de fogo e a faquinha. Muitas vezes quis utilizar a faca e acabei por disparar um rocket à queima-roupa, ou vice-versa. No final lá me habituei, mas acho que poderiam ter pensado melhor estas coisas.

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Conduzir um exoskeleton foi bastante divertido.

O armamento é vasto, com muitas armas do jogo original a marcarem o seu regresso. Ainda assim, acho que limitarem o jogador em carregar apenas uma arma de fogo principal mais um revólver tenha sido algo limitativo, embora o revólver tenha munição infinita, para compensar. Outras coisinhas foram incluídas, como a capacidade de se poder conduzir alguns veículos, ou a utilização do giroscópio do Sixaxis para algumas acções, seja activar válvulas ou colocar explosivos para detonação, onde teríamos de utilizar alguns movimentos. A campanha single player não é muito longa, mas porém é épica quanto baste, repleta de tiroteios a larga escala, bem como assaltos a edifícios cheios de corredores apertados, ideais para dar umas facadas ou uns tiros de shotgun. Infelizmente, tal como referi anteriormente, o facto de se utilizar apenas uma personagem ao longo de todo o jogo foi um downgrade face ao original, até pela questão do carisma das personagens, mas já referirei algo mais sobre isso lá à frente. Para além da campanha single player, Killzone 2 apresenta um robusto modo multiplayer que ainda se encontra activo para se dar uns tiros com amigos ou ilustres desconhecidos. Infelizmente, visto que tenho um backlog colossal, não me posso dar ao luxo de perder muito tempo em modos multiplayer, mas pelo que vi pareceu-me algo bastante completo, onde implementaram sistemas de clãs, rankings e diferentes classes que podemos jogar, cada uma com características respectivas. Os modos de jogo baseiam-se em variantes dos já conhecidos Deathmatch, Capture the Flag, Conquest onde temos de controlar alguns locais chave nos mapas, entre outros que incluem proteger/assassinar uma personagem chave, ou defender/destruir alguns alvos espalhados pelos mapas.

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Gostei bastante dos cenários frios e austeros, condizem perfeitamente com a personalidade dos Helghast

Passando para a parte do audiovisual, bom, apesar de o jogo não estar ao nível das CGs que foram apresentadas na E3 de 2005, acho que mesmo assim possui gráficos bastante bons, repletos de óptimos efeitos de luz e cenários bastante detalhados e convincentes. Não me apercebi de quebras de framerate nem nada do género, mas também convém relembrar que tenho jogado tudo o que é de PS3 em SD (é um crime, eu sei). A parte audio da coisa, bom acho que está excelente. A banda sonora é épica tal como se quer de um jogo deste porte e o voice acting está convincente. Ainda assim, achei que as personagens do nosso esquadrão não tinham um carisma muito forte. A rivalidade de Rico/Hakha, ou as boquinhas entre Templar e Luger no primeiro Killzone resultaram muito melhor do que os diálogos algo genéricos entre os membros do esquadrão ao longo do jogo. Não consegui deixar de associar alguma colagem às personagens de Gears of War também… Por outro lado os vilões continuam a ser bastante imponentes. Estou-me a referir obviamente ao papel que Radec e Visari tiveram ao longo da campanha. O design dos Helghast continua excelente e apesar de achar que os seus visores iluminados sejam uma ideia estúpida num clima de guerra por serem uns autênticos chamarizes, a verdade é que lhes dá uma certa pinta.

Screenshot
Embora este não seja propriamente o caso, achei que algumas armas ocupavam demasiado espaço no ecrã.

Não tenho muito mais a dizer, acho que Killzone 2 é um jogo bastante sólido, tendo melhorado bastante a nível técnico face ao anterior (também não era difícil melhorar aquele bugfest), embora eu tenha achado que os controlos não fossem os melhores. A campanha é bastante épica e deixa o jogador com vontade de avançar sempre mais, mas preferi a abordagem que foi dada no primeiro jogo, ao podermos alternar a personagem a controlar, bem como o carisma que aquele esquadrão original tinha. Ainda assim, para quem gosta de FPS repletos de “tiros, bombas e socos nas trombas”, Killzone 2 é sem dúvida um jogo a ter em qualquer biblioteca de PS3.

Killzone Liberation (Sony Playstation Portable)

killzone_liberation_platinumTempo agora para escrever a primeira análise a um jogo de PSP. O escolhido foi o Killzone Liberation, que serve de ponte entre os Killzone e Killzone 2, de PS2 e PS3 respectivamente. Lançado em 2006, Killzone Liberation não é um First Person Shooter como os restantes jogos da série, mas antes um shooter de perspectiva quase isométrica, que oferece bastantes novidades para a série na sua jogabilidade. A minha cópia foi adquirida na loja portuense TVGames, por 5€. Está em óptimo estado, apesar de ser a versão Platinum. Edit: Algures em Agosto de 2016 comprei a versão black label por 3€ na Cash Converters de Alfragide.

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Jogo com caixa e manual, versão Black label

Eu gosto bastante de FPS. O Killzone na PS2 é um jogo que tinha imenso potencial, mas o hype exagerado em torno do “Halo Killer” e uma produção algo apressada para colocar o jogo nas prateleiras na altura mais oportuna, tornou Killzone numa experiência com o feeling que estavamos a jogar uma versão beta qualquer de um jogo superior. Neste Liberation a Guerilla Games decidiu enveredar numa abordagem diferente. Apesar de achar que a PSP tem hardware para fazer um FPS decente (a DS tem o excelente Metroid Prime Hunters!), apenas com um analógico deveria ser algo bastante frustrante. Dessa forma, o que temos aqui é um shooter na terceira pessoa, com a câmara a dar uma perspectiva aérea, algo entre o isométrico e o “top-down view“. Com o analógico controlamos a personagem principal (Jan Templar de Killzone 1), com os botões “normais” a servir das funções básicas de disparo, granadas, recarregar e action/ataque melee. Os botões L e R servem para o mecanismo de lock-on em inimigos ou para agachar/levantar. Frequentemente teremos um companheiro para nos ajudar no jogo, ao qual podemos dar algumas ordens básicas utilizando o botão direccional, seja para mover a personagem para uma área, para atacar um inimigo, colocar bombas, etc. Isto acaba por dar um feeling mais estratégico ao jogo, mesmo que seja apenas algumas vezes.

Screenshot
Também é possível conduzir veículos, como por exemplo um tanque.

A história prossegue os acontecimentos passados em Killzone. A guerra entre os Hellghast e as forças ISA continua em força. Desta vez voltamos a controlar Jan Templar, que se aventura por território ocupado de Hellghasts para resgatar uma série de prisioneiros de guerra importantes da ISA e do próprio governo de Vekta, raptados pelo general Metrac do exército inimigo. Durante o caminho Jan Templar acaba por receber ajuda dos seus colegas Rico e Luger, também do primeiro jogo. O jogo principal é composto por 4 capítulos com 4 níveis cada, sendo algo curto. Uma coisa que não gostei muito é o facto de podemos utilizar apenas uma arma (para além de um tipo de granadas). Antes de cada nível podemos escolher uma das armas que temos disponíveis para jogar, sendo que ao longo do jogo vamos encontrando várias caixas com items e munições, onde podemos trocar de arma também. Inicialmente apenas podemos escolher no início do nível uma simples “Assault Rifle”, mas ao longo do jogo poderemos encontrar dinheiro escondido nalguns caixotes que servirá para desbloquear novas armas e updates dos stats das mesmas. A acção, apesar de ser frenética em vários momentos, exige sempre que pensemos um pouco antes de disparar. Isto pois a munição é limitada e não se encontra em grandes quantidades, bem como os inimigos geralmente são “inteligentes”, procurando sempre abrigar-se do fogo inimigo e trabalhando em equipa para tirar-nos do ninho.

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Exemplo das ordens que se pode dar ao companheiro

Para além do modo história, sempre que se termina um capítulo é desbloqueado uma série de “Challenge Games”. Como o nome indica são vários desafios, desde galerias de tiro, defesa de pontos cruciais, encontrar x items no menor tempo possível, etc. O objectivo aqui é obter medalhas de ouro em todos os desafios para desbloquear novas habilidades no jogo principal, como por exemplo carregar mais granadas, ter mais pontos de vida, munição infinita, etc. Passando para a vertente multiplayer, a versão original do jogo apenas permite jogar no modo ad-hoc, uma espécie de LAN wireless. Por cada nível concluído no modo single player, é desbloqueado esse mesmo nível para ser jogado de forma cooperativa com um amigo. Para além disso temos os jogos mais tradicionais como Deathmatch e variantes, Assault e Capture the Flag, onde podem jogar um máximo de 6 pessoas. Há pouco falei numa “primeira versão” do jogo, pois este tem DLCs. Eu tenho uma perspectiva muito crítica em relação a DLCs. Se for conteúdo inteiramente novo como os velhinhos expansion packs que comprávamos para jogos como Quake ou Diablo, por mim tudo bem. Agora cobrar por coisas que deveriam pertencer ao jogo principal de raiz, isso é que não. Poucos meses depois de Killzone Liberation ter saído, foi lançado um DLC que inclui 1 capítulo novo (que conclui a história do jogo), um modo extra no multiplayer (uma variante de Deathmatch), novos mapas multiplayer, e suporte a jogo online, com os mesmos modos de jogo descritos em ad-hoc. Felizmente este DLC foi lançado gratuitamente, embora hoje em dia não seja possível fazer-se download de forma oficial. Felizmente na internet encontra-se tudo e pude jogar o último capítulo. Os servidores para jogo online também estão encerrados, paciência. Infelizmente há uma opção “Download” que para além do DLC deveria deixar-me fazer download dos items que ganhei ao completar os desafios, como temas, artwork e afins, coisa que já não tenho acesso.

Graficamente é um jogo bastante competente, com cenários 3D bem detalhados tendo em conta a máquina em questão e o ano de 2006. Infelizmente não me pareceu haver uma variedade de cenários tão interessante como no Killzone original, mas isso é o menos. Para além de bons gráficos o jogo tem uma física interessante aplicada às personagens inimigas, é engraçado vê-los a voar após uma explosão de uma granada ou similar. A nível de som, confesso que não prestei muita atenção à banda sonora, mas o voice acting está bom. Mantiveram as vozes do jogo original, gosto bastante da voz da Luger, pena que poucas vezes ela participe activamente no jogo. Pelo contrário não gravaram muitas vozes para o Rico, acaba por ser um pouco repetitivo e monótono ouvir sempre os mesmos insultos para os Hellghast, que mantiveram as suas vozes e visuais característicos.

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Exemplo de uma partida multiplayer

Para concluir, considero Killzone Liberation como um óptimo shooter para a PSP. Apesar de apreciar mais a mecânica de FPS, a Guerrilla Games conseguiu tirar bom partido das características da PSP, resultando num jogo bastante agradável. Quem tiver PSP e gostar de jogos de acção, tem aqui um prato cheio. Para uma melhor experiência é altamente aconselhado a instalar o DLC que apesar de já não estar oficialmente disponível no site de Killzone, encontra-se muito facilmente por aí. Para além das novas funcionalidades, acrescenta um último capítulo que conta a história que ficou por contar no final do quarto capítulo, que terminou de uma maneira algo abrupta.