Armored Core (Sony Playstation)

Armored CoreOra cá está o primeiro artigo de uma série em que eu sempre tive a curiosidade de experimentar, mas estava à espera de apanhar o primeiro jogo da mesma para o fazer. Manias minhas… Existem, a meu ver, dois tipos de jogos de Mechas. Temos aqueles simuladores todos complicados mas que têm um público de nicho sempre fiel, ou temos aqueles mais simplificados e repletos de acção. Eu prefiro os segundos, onde geralmente os japoneses se acabam por encaixar. E sendo esta série da autoria da From Software, eu teria mesmo de a jogar um dia. Este meu exemplar do Armored Core foi comprado na Feira da Ladra de Lisboa por 4€ há coisa de uns meses atrás.

Armored Core - Sony Playstation
Jogo completo com caixa e manual

A história leva-nos invariavelmente para um futuro pós apocalíptico, após uma grande guerra que obrigou os sobreviventes humanos a viver em grandes metrópoles subterrâneas. Essa conjuntura permitiu que duas grandes empresas de armamento surgissem e crescessem de tal forma que acabaram por controlar 2 dessas cidades, a Chrome e a Murakumo Millennium, bem como se envolvem em confrontos regulares. Pelo meio temos os mercenários de elite dos Ravens nos quais nos enquadramos, que recebem qualquer tipo de missão, no questions asked, e é isso que vamos fazendo ao longo de todo o jogo. Muitas das missões são mesmo pedidas por estas duas grandes corporações e por vezes até acabamos por inadvertidamente confrontar outros Ravens que teriam sido contratados pela empresa rival. De resto não é uma história lá muito interessante, basicamente anda à volta dessas duas mega corporações e os seus planos suspeitos. A mesma vai sendo contada quer nos briefings iniciais das missões que nos comprometemos a fazer, quer nos e-mails que vamos recebendo no final de cada missão.

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Temos ao todo 46 missões para jogar. Não admira o tempo que eu levei até despachar isto tudo…

Há uma coisa que eu achei fantástico neste Armored Core que é a capacidade de customização. Bom, como já referi nós controlamos um mecha, chamados aqui de Armored Cores ou ACs. Os ACs são construidos de forma modular, e poderemos comprar e trocar uma imensidão de peças, desde “pernas”, “braços”, cabeças, e imensas armas diferentes com diversos modos de fogo, cujos darão muito jeito nalgumas missões, e outros noutras, entre outras peças diversas como vários tipos de radares, por exemplo. Na sua maioria essas peças são compradas nas lojas com o dinheiro que vamos angariando das missões, mas também podem ser encontradas em algumas missões, ou servem de forma de pagamento. Vários tipos de metralhadoras, raios laser, mísseis teleguiados ou não, diversidade de armamento não falta e não fosse este um jogo de origem Japonesa também podemos usar armas brancas gigantes. Já referi que a customização é impressionante para um jogo de PS1? Até podemos criar os nossos próprios emblemas e mudar as cores do nosso AC!

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Temos uma grande liberdade de customização do nosso mecha

Infelizmente nem tudo são rosas e se há algo que este Armored Core tenha envelhecido mal é mesmo a sua falta de suporte aos analógicos da PS1. Com os botões faciais a servir de disparo, ataques melee, alternar entre armas e usar os propulsores para saltar/voar temporariamente, a movimentação é dada com os restantes botões. O direccional serve para andar para a frente e para trás, ou virarmo-nos para a esquerda e direita. O L1 e R2 fazem o strafe, já o R1 e R2 são usados para olhar para cima ou para baixo. E é precisamente este grupo de botões que mais confusão me faz. Se ao menos houvesse algum mecanismo de lock-on tornaria tudo mais fácil e divertido de jogar. E até que existe, mas apenas a certo ponto. Alguns visores aceitam lock-on para mísseis se tivermos o inimigo dentro de uma determinada área do nosso visor. Mas como temos de os seguir, usar o L2 e o R2 acaba por ser uma chatice de todo o tamanho.

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O lock-on não nos adianta de muito se o adversário sair fora do quadrado grande…

A nível dos audiovisuais este é um jogo de Playstation 1 de 1997, portanto não esperem um 3D muito detalhado. A maior parte dos cenários são zonas industriais, urbanas, complexos subterrâneos ou outras zonas mais desertas, fruto dos conflitos de outrora. Assim sendo, não esperem por cenários muito detalhados, o detalhe acaba mesmo por estar nas diferentes customizações que poderemos deixar o nosso AC, o design de alguns inimigos, de todo o interface da HUD, e alguns efeitos gráficos como as explosões, que achei genuinamente boas. No campo do audiovisual as músicas são na sua maioria com uma toada mais electrónica, o que se adequa bem ao conceito futurista do jogo. Mas sinceramente não foi coisa que me tenha ficado muito na memória. Os efeitos sonoros são bons e o voice acting também o achei minimamente competente, especialmente as comunicações de radio que vamos tendo ao longo de algumas batalhas.

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Sim, danos colaterais, bem como a munição que gastamos e a reparação do nosso AC acaba por nos sair do bolso no final.

Para além do que já foi referido, existe também uma vertente multiplayer que não experimentei, no entanto pode ser jogada em split-screen, ou através de um link cable, com recurso a duas TVs e consolas. Posto isto, até que acabei por gostar deste Armored Core, embora seja um daqueles jogos que se tornou quase injogável devido à falta de utilização dos analógicos para controlar o movimento. Se eu o tivesse jogado na altura certa, tenho a certeza que o teria apreciado muito mais. Ainda assim, fora esse grande inconveniente – os controlos sempre foram o calcanhar de aquiles da From Software em muitos jogos, acabou por ser mais um jogo bem competente no seu todo. De resto só tenho mesmo pena que as sequelas/expansões Project Phantasma e Master of Arena também para a PS1 não tenham saído na Europa, vou ter de as ignorar…

Echo Night Beyond (Sony Playstation 2)

Echo Night BeyondEsta foi a melhor “compra cega” que alguma vez fiz, pelo menos no que toca à Playstation 2. Algures durante o verão deste ano, numa das minhas idas à cash converters do Porto lá descobri este Echo Night Beyond a 3.5€. Olhei para a capa do jogo, pareceu-me interessante, virei a capa e olhei para a parte detrás, vejo a sinopse do costume e lá num cantinha estava o nome FROM SOFTWARE. Ora essa empresa para mim já tinha o meu completo respeito, mesmo antes desta “moda” à volta do Dark Souls ter surgido. Fizeram os competentes trading card RPGs Lost Kingdoms para a Gamecube, os óptimos Otogis para a Xbox e são também a empresa responsável pela impressionante série de dungeon crawlers Kings Field, que atravessou un 4 ou 5 jogos desde o seu lançamento inicial na PS1. Então acabei por trazer este jogo para casa e não me arrependi nada, pois a partir do momento em que o comecei a jogar, percebi que tinha em mãos uma das melhores hidden gems da consola.

Echo Night Beyond - Sony Playstation 2
Jogo com caixa e manual

O jogador encarna no papel de Richard Osmond que, em conjunto com a sua noiva, estavam a viajar pelo espaço num vaivém espacial. Infelizmente, por alguma razão misteriosa o vaivém colide com uma base lunar, provocando um grande número de vítimas. Richard acorda sozinho no shuttle, sem sinais da sua namorada. Ao explorar a estação lunar (que pelos vistos servia também de extracção mineira), não descobrimos nenhuns sobreviventes a não ser um misterioso andróide que pelos vistos até nos conhece. Tudo o que resta da base está deserto e abandonado e para piorar as coisas está repleta de fantasmas das pessoas que por lá morreram. Nessa nossa procura pela nossa noiva teremos de explorar toda a base e com isso vamos também descobrir alguns dos seus mistérios e o porquê de tanta vítima.

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A cutscene inicial é bem bonita

Echo Night Beyond tem umas mecânicas de jogo interessantes. O mesmo é todo passado na primeira pessoa, onde vemos o mundo pelo capacete do nosso fato espacial. Os fantasmas que vamos encontrando podem ser inofensivos ou bastante agressivos. Como os distinguir? Bom, tudo começa devido a um misterioso nevoeiro vir das entranhas da lua que traz uma aura maléfica qualquer e invadiu várias das salas da base lunar. Se tiverem de atravesar alguma sala ou corredor toda enevoada, façam-no com cuidado pois se surgir algum fantasma o único remédio é correr. Felizmente que em várias salas existem alguns controladores de ventilação que, após activados limpam as suas respectivas salas e corredores de qualquer nevoeiro. Após o fazermos, poderemos falar à vontade com os fantasmas, que estão presos na base lunar pois deixaram algo por fazer e cabe-nos a nós os libertar, ao procurar por objectos que eles precisem ou outras tarefas. E sim, ajudar os fantasmas é necessário pois muitas vezes após os libertarmos eles deixam cair alguns items essenciais para progredir no jogo, como chaves, cartões de segurança ou outros IDs que nos deixam ligar sistemas de ventilação.

Echo Night Beyond (3)
O jogo é bastante escuro, o que resulta muito bem para uma atmosfera tensa

Mas enquanto os fantasmas são agressivos, não há nada que possamos fazer para nos  defender a não ser correr e tentar ligar a ventilação o mais rápido possível, ou então escapar para uma zona segura. Uma das coisas que vemos sempre no ecrã é o nosso batimento cardíaco e quando somos perseguidos por um espírito maligno vemos o batimento cardíaco a aumentar constantemente. Se o deixarmos chegar a 300, puff… game over. Os “medkits” existem na forma de seringas que nos estabilizam o batimento cardíaco, mas as mesmas são escassas e o melhor a fazer é mesmo fugir para uma zona segura, onde o ritmo cardíaco voltará lentamente à normalidade. Felizmente existem as “monitor rooms“. Aqui, para além de podermos gravar o nosso progresso no jogo, podemos também controlar as câmaras de segurança daquela zona, algo crucial para descobrirmos onde estão os fantasmas ou localizações chave que temos de explorar.

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Fantasmas há muitos… curiosamente cadáveres é que não. Este é um androide, ou o que sobra.

Mas se há algo mau neste jogo, são sem dúvida os seus controlos. A From Software, talvez por ser um estúdio nipónico, nunca deve ter prestado atenção aos outros FPS que entretanto sairam para a PS2. Isto porque os controlos são maus e isso já acontece pelo menos desde o primeiro King’s Field. Apenas utilizamos um dos analógicos (ou o d-pad) para o movimento, carregando para cima ou para baixo faz-nos andar para a frente ou para trás, mas carregando para a esquerda ou direita faz-nos virar para essa direcção. O strafing e apontar para cima e para baixo é dado pelos botões de cabeceira, quando seria bem melhor usar um analógico para controlar a “câmara” e o outro o movimento. Mas isto não é o pior, pois é algo que nos vamos habituando. O pior é mesmo as secções em plena superfície lunar, com gravidade reduzida. Aí, o botão que antes servia para correr agora serve para saltar. Os passos que damos são extremamente lentos pelo que o instinto natural é saltar. E aí nos saltos já são mais rápidos mas infelizmente não os conseguimos controlar. A partir do momento em que saltamos temos logo o nosso destino traçado e não há nada a fazer. O que por mim até nem me incomodaria muito se não fosse a superfície lunar ter uns quantos desfiladeiros e se cairmos no buraco é game over e voltamos ao ponto onde fizemos save pela última vez. Existe um segmento em específico em que temos de saltar em 2 plataformas em movimento perpendicular enquanto atravessamos um penhasco. Esse sim, um autêntico momento de terror pois vamos morrer vezes sem conta.

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Os fantasmas inofensivos dão-nos algumas dicas do motivo pelo qual ainda estão aqui presos

De resto devo dizer que este é o melhor jogo de terror para maiores de sete anos que eu alguma vez já joguei. A atmosfera é sempre tensa e solitária, com os sustinhos do costume com objectos a cair subitamente ou fantasmas a aparecerem do nada. A nave é na sua maioria bem escurinha, pelo que utilizar a lanterna é uma necessidade, mas não um luxo, pois as baterias vão-se gastando. Graficamente é um jogo competente, toda a HUD do capacete espacial está bem pensada, bem como a estação espacial que é bem grandinha. Só não digo que o jogo tem os melhores gráficos de sempre pois existem melhores na consola. As músicas quando existem são mais atmosféricas, excepto a adaptação da Moonlight Sonata de Beethoven que cai que nem ginjas.

Tirando os seus problemas dos controlos, em especial o movimento e saltos em solo lunar que me causaram tantas dores de cabeça, este videojogo é sem dúvida uma das hidden gems da consola. A série Echo Night não é propriamente recente, os seus primeiros dois jogos tinham sido lançados para a Playstation 1 e apesar de serem igualmente na primeira pessoa, a sua temática era diferente. O primeiro Echo Night ainda chegou a solo americano, já o segundo apenas se ficou pelos japoneses. Estarei certamente atento à possibilidade de os importar se me surgir alguma vantajosa. De qualquer das formas este Beyond recomendo vivamente a sua compra. Parece que não é um jogo lá muito comum, mas pode ser que tenham sorte nas cashs e feiras que já vi pelo menos uns três.

Lost Kingdoms II (Nintendo GameCube)

LKIIboxNo seguimento do post anterior, e já que estou com a mão na massa, fui retirar o pó à minha cópia de Lost Kingdoms II, à qual já não lhe pegava desde que finalizei a quest principal há uns tempos atrás. Mais um jogo produzido pela From Software, lançado em 2003, um ano depois da primeira aventura. Já não me recordo onde comprei este jogo, mas penso que tenha sido no miau.pt, e a minha cópia está completa com caixa e manual.

Lost Kingdoms II GC
A minha cópia do jogo, com manual em inglês

A história de Lost Kingdoms II decorre 200 anos após os acontecimentos de Lost Kingdoms, novamente na pele de uma heroína, desta vez de nome Tara. Na introdução do jogo vemos a Tara a ser abandonada em criança com uma runestone, tendo sido posteriormente “adoptada” por um bando de ladrões/mercenários de nome “Band of the Scorpion”. Visto Tara ser possuidora de uma runestone, isso indica que pode utilizar as cartas mágicas em combate, tal como Katia em LH1. Mais lá para a frente descobre-se que Tara não é uma pessoa qualquer, mas deixo essas revelações para quem quiser jogar o jogo. Ainda a nível de história, em Lost Kingdoms II a mesma é bem mais bem contada, com cut-scenes mais elaboradas com direito a voice acting. O reino de Kendarie encontra-se a espalhar o terror pelo mundo, e Tara vê-se apanhada no meio do conflito. Acontecimentos vão-se sucedendo, novos vilões vão aparecendo, e novamente o cliché de salvar o mundo. Não que me queixe, se assim não fosse não teria muita piada.

A mecânica do jogo é essencialmente a mesma de Lost Kingdoms 1, mas com a enorme vantagem de não ter batalhas aleatórias, os inimigos são visíveis e só são confrontados se o jogador quiser (excepto para as batalhas que tenham mesmo de acontecer). O jogo é na mesma focado em diferentes níveis, mas desta vez podem ser acedidos várias vezes. Os níveis encontram-se também com muito mais detalhe, caminhos escondidos, etc. Lost Kingdoms II herda todas as cartas do primeiro jogo e introduz mais algumas. Para além dos 5 elementos já existentes (fogo, água, erva, terra, neutro), é adicionado o elemento “mech” de mecânico. Comporta essencialmente criaturas mecânicas e à semelhança do elemento neutro não tem fraquezas perante outros elementos (excepto ataques eléctricos). São introduzidas também alguns tipos novos de cartas. Em Lost Kingdoms 1 tinhamos criaturas independentes, weapons e summons (leiam a crítica a Lost Kingdoms para descrições das mesmas). Aqui são apresentados também os helpers, transforms e capture. Helpers são criaturas independentes, mas que não atacam. Restauram HP, duplicam o poder de um elemento, aumentam o poder de ataque, etc. Em Lost Kingdoms 1 não se fazia esta divisão de criaturas ajudantes e atacantes. Transforms são cartas que transformam Tara numa determinada criatura durante um certo tempo, podendo usar poderes seja para atacar, seja para aceder a zonas num nível que de outra forma seriam inacessíveis. Capture são cartas vazias usadas para capturar um monstro no campo de batalha, passando o monstro para a carta respectiva. Em Lost Kingdoms 1 já havia essa possibilidade de captura de monstros, mas era necessário usar uma carta comum, perdendo-se essa carta. Existem mais refinações na mecânica do jogo, seja usar o botão Z antes de usar uma carta para a tornar mais poderosa, ou mesmo a inclusão de combinações de cartas que juntas representam um poderoso ataque. As cartas ganham pontos de experiência, que à semelhança do jogo anterior, permite usá-los para fazer cópias da carta ou transformá-la numa carta completamente diferente.

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Tara usando uma carta do tipo transform (à direita)

A nível gráfico, apesar de não ser uma proeza técnica, Lost Kingdoms II é melhor que o seu antecessor. As cutscenes estão bem mais bonitas, tanto as CGs como usando o motor gráfico do jogo e com algum voice-acting, o que não existiu de todo no jogo original. Os cenários são mais detalhados, bem como os próprios monstros e personagens. Os níveis como disse acima estão mais complexos, não são tão lineares como na prequela. Aqui existem caminhos múltiplos, algum platforming nalguns níveis mais tardios, etc.

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Modelo da personagem principal bem detalhado, ao contrário da prequela

À semelhança do jogo anterior, existe também um modo multiplayer para 2 jogadores que mais uma vez não experimentei. Pelo que vi no manual é practicamente a mesma coisa que no jogo anterior, oferecendo também alguma customização de regras.

Quem não gostou do primeiro jogo por não gostar de RPGs com cartas, então que passe longe deste. Lost Kingdoms II apresenta uma mecânica de jogo mais refinada, com abertura a estratégias diferentes, mais cartas para se coleccionar, novas técnicas, uma história melhor, mais bem contada e longa, enfim, um jogo mais completo. Quem achou graça ao jogo anterior, irá concerteza gostar deste.

Lost Kingdoms (Nintendo GameCube)

Lost Kingdoms

Já tenho o Lost Kingdoms II há bem mais tempo que o original, tendo-o adquirido apenas no verão passado, através do eBay.co.uk. Está completo e em óptimo estado.Visto a sequela ser melhor em praticamente todos os aspectos vai ser um pouco complicado criticar este jogo sem a mencionar, mas farei o meu melhor.

Lost Kingdoms
Lost Kingdoms e o seu manual em inglês

Lost Kingdoms foi um dos primeiros RPGs a surgir para a consola da Nintendo, lançado em 2002 e produzido pela From Software, a mesma empresa que criou a série Armored Core disponível em várias consolas da Sony, bem como os 2 jogos da saga Otogi na Xbox. Lost Kingdoms é um RPG de cartas inspirado em Yu-Gi-Oh, mas com uma temática não tão infantil. A acção decorre num mundo de fantasia medieval, onde encarnamos a pele de uma jovem princesa de nome Katia. O mundo está a ser invadido por um nevoeiro negro que traz destruição e morte por tudo onde passa e o pai de Katia, rei de Argwyll, sai do seu reino para tentar encontrar uma solução. Contudo o homem tarda em regressar e Katia decide ir ao seu encontro, mas não sem antes levar a sua runestone, pedra mágica que lhe permite usar as cartas para combate. A história vai-se desenrolando até chegar ao cliché de haver um vilão que quer destruir o mundo e cabe à princesa derrotá-lo.

A mecânica do jogo é interessante, as batalhas decorrem em tempo real, mas a Katia não ataca directamente os inimigos, tem de usar cartas para o fazer. Infelizmente estas encontros são old-school, ou seja, batalhas aleatórias. Existem 3 tipos de cartas em Lost Kingdoms 1: Criaturas independentes, summons, e weapons. Criaturas independentes, como o próprio nome indica são cartas que colocam uma criatura em campo para combater os inimigos, ou então para dar alguns benefícios como restaurar HP, aumentar o poder de ataque, etc. Estas criaturas têm um tempo limite de vida, sendo encurtado sempre que sofrerem qualquer golpe do inimigo. Summons são invocações realizadas por Katia, transformando-se momentaneamente numa criatura com um ataque poderoso. Geralmente estas cartas gastam-se com um só uso. Finalmente, as weapons são ataques directos que Katia pode fazer nos inimigos, usando técnicas de uma determinada criatura. Estas cartas podem ser utilizadas mais que uma vez. Existem também vários elementos (fogo, água, terra, erva), cada um com a sua fraqueza (excepto as cartas de elemento neutro). Essas fraquezas devem ser naturalmente aproveitadas. Num nível dominado por criaturas de fogo convém levar um deck repleto de cartas do elemento água, por exemplo.

No calor da batalha!

À medida que as cartas vão sendo utilizadas vão ganhando pontos de experiência, ou não fosse isto um RPG. Esses pontos de experiência podem posteriormente ser utilizados para criar cópias da carta, ou mesmo para a transformar numa outra carta mais poderosa. Há pouco falei em “níveis”. O jogo vai prosseguindo à medida que se vão completando níveis que podem ser acedidos num mapa-mundo (à semelhança do que se faz em Super Mario World, por exemplo). Infelizmente, até se completar o jogo, só se pode completar um nível apenas uma vez, o que é um pouco chato para quem gostar de ir jogando com calma, e “treinar” as suas cartas. De modo a ganhar mais experiência o que se pode ir fazendo é desistir do nível antes deste chegar ao fim, voltando assim ao ecrã com o mapa e voltando a entrar no mesmo nível em seguida. Isto foi felizmente foi corrigido em Lost Kingdoms 2, permitindo entrar no mesmo nível as vezes que se quiser e melhor, as batalhas não são aleatórias.

Graficamente, Lost Kingdoms não é nada de especial, mas também aceita-se, visto ser um dos jogos de primeira geração da plataforma. As cut-scenes são fraquinhas e o jogo é curto, apesar de ser recomendado treinar-se bastante e escolher a dedo o deck para cada nível. Há inimigos bastante poderosos que sem algumas certas cartas torna-se muito complicado vencê-los. A nível de som também é genérico, as únicas vozes que se vão ouvindo são alguns “gemidos” que as personagens fazem quando se falam com elas… algo como acontece nos Legend of Zelda, por exemplo. Existe um modo multiplayer (para 2 jogadores) que sinceramente não experimentei. Colocam-se 2 Katias no ecrã, cada uma com o seu deck e a quem ficar com o seu HP a zero perde. Existem algumas regras que podem ser customizadas, de modo a proibir o uso de algumas cartas.

Multiplayer
2 Katias a usarem uma carta do tipo weapon ao mesmo tempo

A Gamecube não tem muitos RPGs, e quem gostar do género e principalmente de jogos de cartas como Magic the Gathering, até pode vir a gostar deste jogo. Para quem não é grande fã e quiser jogar um jogo melhor recomendo sem dúvida a sequela Lost Kingdoms 2 que um jogo bem mais completo e sólido.