Wonder Boy: Asha in Monster World (Nintendo Switch)

Vamos uma vez mais à Nintendo Switch e para não variar muito o artigo de hoje será mais uma rapidinhas. Este Asha in Monster World é nada mais nada menos que um remake do Monster World IV, o último jogo da saga Wonder Boy / Monster World lançado nos anos 90. O lançamento original era um exclusivo de Mega Drive que se tinha infelizmente ficado apenas pelo Japão, embora anos mais tarde versões digitais lançadas em sistemas modernos já nos deram acesso a uma tradução oficial. Este jogo sai numa altura em que parecia haver um certo revivalismo desta série, com o lançamento do remake do The Dragon’s Trap e com o Monster Boy (desenvolvido por pessoas que já tinham antes trabalhado nesta série) também a surgir. O meu exemplar foi comprado algures em Novembro do ano passado na Amazon por cerca de 25€.

Jogo com caixa

Como já cá trouxe no passado a versão original de Mega Drive, este artigo irá-se focar mais nas diferenças entre versões. No entanto, para mim esta versão da Nintendo Switch tem uma grande vantagem perante as outras versões: o lançamento original do Monster World está incluído no próprio cartucho, enquanto que na PS4 é um mero código de download. Enfim, como se um emulador de Mega Drive mais uma ROM não coubessem num bluray

O Pepelogoo vai-nos ajudar a ultrapassar alguns dos desafios de platforming ou puzzles

O jogo segue a mesma história do original, onde pela primeira vez num Wonder Boy o protagonista não é um rapaz, mas sim a jovem Asha. Esta quer-se tornar numa guerreira em busca de aventuras, pelo que se compromete a derrotar os desafios impostos pela dungeon de uma torre perto da sua aldeia. Quando vencemos esse primeiro desafio, lá vamos para a cidade e, depois de uma audiência com a rainha, lá ganhamos uma nova missão: percorrer algumas zonas lá perto em busca de salvar 4 espíritos mágicos, que haviam desaparecido misteriosamente. Pelo meio lá fazemos uma amizade improvável: um Pepelogoo azul, que nos irá ajudar bastante com o platforming e até a resolver alguns puzzles.

Este génio sarcástico continua a ser a minha personagem preferida!

Uma das grandes diferenças deste Monster World para os seus predecessores, para além da já referida personagem feminina e temas árabes, é mesmo o facto de ser um jogo linear, apesar de ainda herdar algumas mecânicas ligeiras de RPG, pois o dinheiro amealhado pode ser usado para comprar itens e equipamento. A cidade central serve de hub onde poderemos aceder às restantes áreas e uma das mudanças aqui introduzidas é a possibilidade de revisitarmos as áreas antigas que já tenhamos completo, excepto as primeiras de todo. A possibilidade de fazermos save em qualquer zona do mapa (excepto em confrontos contra os bosses) é também uma outra melhoria muito benvinda e que nos facilita bastante a vida. Outra das novidades aqui introduzida é o facto do palácio da cidade estar bem mais expandido e com segredos para descobrir.

Os bosses são uma das poucas situações onde não podemos gravar o nosso progresso no jogo.

Mas claro, a diferença que salta logo à vista são mesmo os audiovisuais. Eu acho que a versão Mega Drive é um jogo 16bit muito colorido e bem detalhado tendo em conta o hardware onde corre, mas devo dizer que fiquei bastante agradado com os visuais que a Artdink conseguiu aqui incutir. O jogo é então todo ele renderizado com gráficos 3D poligonais (embora a jogabilidade se mantenha essencialmente em 2D, salvo algumas excepções), mas também com um efeito de cel-shading que resulta lindamente. Os cenários são então bastante vibrantes e todas as personagens possuem boas animações e detalhe. A banda sonora é também inspirada na original, existindo no entanto várias músicas novas. A maior parte são melodias influenciadas por temas árabes, são músicas agradáveis e memoráveis e temos também voice acting integralmente em japonês que também me agradou.

Portanto este Wonder Boy: Asha in Monster World é um excelente remake de um óptimo jogo de acção da era 16bit que passou ao lado de muita gente visto que o seu lançamento original apenas se tinha ficado pelo Japão. E o facto desse lançamento original estar também incluído no próprio cartucho desta versão Switch é um extra também bastante considerável.

Battle Construction Vehicles (Sony Playstation 2)

Já alguma vez imaginaram estarem dentro de uma grande obra e de repente a maquinaria pesada como caterpillars e gruas móveis andarem à pancada entre si? Pois bem, o estúdio japonês pensou nisso mesmo e o resultado foi este jogo. Na verdade, o BCV já tinha saído bem cedo no ciclo de vida da PS2, tendo saído em 2000 no Japão, mas só 3 anos depois é que chegou ao solo europeu, por intermédio da Midas, distribuidora especializada em jogos baratos e de qualidade questionável. O meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide, algures durante o verão de 2016, tendo-me custado 50 cêntimos.

Jogo com caixa e manual

O jogo leva-nos à empresa de construção civil Kongo, cuja está a atravessar dificuldades financeiras, devido aos abusos de uma outra empresa rival. Então inicialmente começamos por angariar uma equipa de trabalhadores, cujos convencemos a fazerem parte da nossa equipa através de duelos de máquinas de construção civil. Depois lá vamos confrontar a empresa rival e a história vai prosseguindo a partir daí, sempre com algumas revelações surpreendentes!

O objectivo em cada combate é que o oponente chegue aos 100% de dano sofrido

Infelizmente a jogabilidade é muito má: os veículos são lentos, os controlos confusos e respondem mal. No fundo, em cada batalha vamos acabar por andar a mandar os veículos uns contra os outros e tentar causar mais dano no oponente que o contrário. Existem vários botões para ataque mas sinceramente não vejo grande diferença. Depois os tank controls não ajudam. Por fim, cada veículo tem um golpe especial que tipicamente são bastante cómicos e ridículos, mas há um problema: não sei como os desencadear, parece-me algo completamente aleatório. Lá andamos nós a “lutar” quando de repente surge uma circunferência a piscar à volta do nosso veículo. Se conseguirmos colocar o oponente dentro dessa circunferência lá activamos o ataque especial!

A nível de modos de jogo, para além do modo história onde vivemos literalmente uma história e não temos liberdade para escolher com que personagens jogar, temos também um versus para 2 jogadores que dispensa apresentações. Para além disso, depois de terminar o modo história desbloqueamos também um modo time attack onde o objectivo é completar cada round o mais rápido possível. Desbloqueamos também uma galeria com alguma artwork do jogo.

Apesar de practicamente aleatórios, os ataques especiais são hilariantes

A nível audiovisual este BCV também não é grande coisa. Os cenários são bastante simples, zonas com terra batida e alguns objectos ligados à construção civil. Entre os níveis vamos tendo algumas cutscenes, algumas animadas e com voice acting, outras completamente estáticas e sem qualquer tipo de narração. A música tende para o rock, mas acaba por passar muito despercebida.

Entre cada combate vamos tendo algumas cutscenes que nos vão avançando numa história cada vez mais bizarra

Se por um lado a jogabilidade e gráficos são maus, por outro a Artdink recompensou completamente com a história e o seu sentido de humor bastante bizarro. Os protagonistas são bastante excêntricos: a personagem principal possui um ego do tamanho do mundo, temos samurais das retro-escavadoras, um casal homossexual, um romance com uma meia-irmã e até um cão acaba por ser personagem jogável! Creio que a Artdink sabia que o jogo que estava a produzir não era grande coisa, mas pelo menos carregaram (e bem!) no sentido de humor. E só por aí, já compensa este Battle Construction Vehicles. Se o virem baratinho e gostarem de bizarrices, dêm-lhe uma oportunidade!