Call of Duty: World at War (PC)

Call of Duty - World at WarJá há bastante tempo que não trazia cá nenhum Call of Duty. Não que me faltem jogos da franchise por jogar, o que falta é tempo e muita vez a vontade de pegar neste ou naquele jogo não é a maior. Mas lá lhe dei uma oportunidade e até gostei daquilo que joguei. Nesta altura já não havia o frenesim de anos anteriores em FPS da segunda guerra mundial. Na verdade a Activision entrou pelos tempos modernos no Call of Duty Modern Warfare, lançado antes deste, e a coisa a partir daí esmoronou. Mas, com a Treyarch a desenvolver este World at War, foi tempo da Activision revisitar pela última vez (até agora) os teatros de guerra da 2a Guerra Mundial. Este meu exemplar foi comprado por cerca de 5€ na já extinta New Game do Maiashopping, algures em 2013.

Jogo com caixa, manual e papelada
Jogo com caixa, manual e papelada

Em conjunto com este World at War foi também lançado para a PS2 uma adaptação chamada Call of Duty World at War: Final Fronts, que já tinha referido num outro artigo. E apesar deste também se focar nas campanhas finais da Segunda Guerra, aqui apenas controlamos as tropas norte-americanas na conquista da ilha de Pelelieu e posterior invasão a Okinawa, enquanto que no teatro de guerra europeu, apenas jogamos com as tropas Soviéticas, principalmente da sua invasão da Alemanha e conseguinte tomada da cidade de Berlim.

Há que começar as coisas com algum dramatismo!
Há que começar as coisas com algum dramatismo!

E eu nunca fui um grande fã das batalhas do pacífico, pois são quase todas em clima de guerrilha, com japoneses camuflados enfiados em foxholes, ou escondidos nas árvores. Mas aqui, se calhar os bons gráficos para a época ajudaram, e até achei a campanha norte-americana no pacífico bem agradável desta vez. A soviética é toda jogada nos olhos do mesmo soldado, cujo primeiro nível começa na batalha de Estalingrado, após os Nazis a terem conquistado e assassinado imensos compatriotas soviéticos. Essa primeira missão soviética é uma sniping mission, onde teremos quase sempre de ter uma abordagem muito mais furtiva. As outras missões são mais genéricas, com os típicos objectivos de destruir artilharia pesada, ou de invadir e controlar alguns pontos estratégicos. Claro que, no lado do pacífico, nos vai levar por muitas selvas e culminando num grande castelo em Okinawa, já no lado soviético serão em paisagens rurais, mas também nas ruínas de grandes cidades como Estalinegrado ou Berlim, com passagens inclusivamente pelas suas estações de metro. Ainda assim teremos também 2 missões de veículos. Do lado americano faremos parte da tripulação de um avião anfíbio, onde teremos de destruir uma frota japonesa e resgatar alguns dos nossos soldados em pleno oceano, já do lado soviético controlamos um tanque e iremos enfrentar algumas batalhas de tanques bem interessantes.

A campanha norte-americana exige alguma discrição e furtividade. Afinal, o clima é sempre de guerrilha
A campanha norte-americana exige alguma discrição e furtividade. Afinal, o clima é sempre de guerrilha

A jogabilidade é a tradicional de um Call of Duty, com a possibilidade de equipar apenas 2 armas em simultâneo, mas com uma grande oferta de diferentes tipos de armas, tanto americanas, soviéticas, nazis ou japonesas. A vida passa também a ser regenerativa, deixam de haver recursos aos medkits. E connosco acompanham-nos outros membros do nosso esquadrão que nos auxiliam a combater o fogo inimigo, bem como nos dão algumas dicas do que teremos de fazer (como se as estrelinhas que marcam os objectivos no mapa já não fossem ajuda suficiente). De resto teremos também a vertente multiplayer, que tanto pode ser a campanha jogada em modo cooperativo, ou o multiplayer competitivo mais robusto, com direito a diferentes níveis e rankings que podem ser evoluídos consoante a nossa performance. Não perdi muito tempo nisto, assim como pouco tempo perdi no modo de jogo que desbloqueamos após chegar ao final da campanha, os Nazi Zombies. Aqui enfrentamos ondas após ondas de zombies nazis e o nosso objectivo é meramente o de sobreviver. Quantos mais zombies matarmos, mais dinheiro ganhamos, dinheiro esse que pode ser gasto a comprar mais e melhor armamento ou melhorar as nossas defesas. Sei que seria muito a pedir à Treyarch, que provavelmente desenvolveram aquilo só numa de brincadeira, mas acho que teria bem mais piada em fazer uma pequena campanha com nazi zombies.

O apogeu está precisamente na invasão a Berlim, e sua conquista casa-a-casa até finalmente se invadir o Reichstag
O apogeu está precisamente na invasão a Berlim, e sua conquista casa-a-casa até finalmente se invadir o Reichstag

Nos audiovisuais é um jogo bem competente. Para quem jogou o Modern Warfare na sua época, este World at War possui gráficos ligeiramente melhores, pois usa o mesmo motor gráfico do anterior. E quando o joguei, ao ver as “bonitas” paisagens, suspirei de saudades em termos um novo FPS do género. Com a capacidade gráfica dos PCs e consolas actuais, um novo Call of Duty nesta época cairia que nem ginjas. Ou melhor… boa dica para a Gearbox, eles que terminem a história dos Brothers in Arms que já dava jeito. As músicas tanto vão daquelas orchestrações mais épicas que séries como esta ou Medal of Honor tanto nos habituaram, ou então música mais electrónica ou rock em certos segmentos que, apesar de nem resultar mal de todo, não deixa de ser um pouco estranho estar a ouvir algo tão descontextualizado.

A ver se em breve instalo o Call of Duty Modern Warfare 2 e dou finalmente o seguimento à série que até nem levam muito tempo a serem finalizados os modos de campanha. Resumindo, achei este um FPS competente, não reinventa a roda, mas para quem gostar de videojogos centrados na Segunda Guerra Mundial, terá aqui mais um bom exemplo para se divertir.

Activision Anthology (Sony Playstation 2)

Activision Anthology - Sony Playstation 2A rapidinha de hoje será sobre uma colectânea que sinceramente nunca pensei que me fosse divertir tanto. Esta Activision Anthology tal como o nome indica pega numa grande parte do catálogo da Activision (e não só) para a Atari 2600 e junta-o num só disco repleto de extras. Este meu exemplar foi comprado na Cash converters de Alfragide por 2.50€ algures durante o ano de 2015.

Activision Anthology - Sony Playstation 2
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Aqui podemos encontrar desde jogos bastante simples como Boxing e Checkers (jogo das Damas), a outros clássicos que ainda hoje se jogam bastante bem como Pitfall, H.E.R.O. ou o excelente shooter River Raid. Para além disso, ainda temos alguns jogos (em menor número) de outras empresas como a Imagic ou a Absolute Entertainment. O porquê desses jogos lá terem ido parar não sei, pelo menos esta últimafoi fundada por ex funcionários da Activision, já a Absolute foi fundada por ex-funcionários da Atari, tal como a Activision o foi.

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Nesta compilação temos um quarto para interagir e os jogos são escolhidos de uma rack como esta

E se o facto de termos aqui alguns clássicos que resistiram muito bem ao teste do tempo já seria uma boa desculpa para arranjar esta compilação, a quantidade de pequenos extras que lhe colocaram foram mimos ainda maiores! A primeira coisa que impressiona é que somos transportados para um quarto de um adolescente em plenos anos 80, com a sua TV, rádio com leitor de cassetes e uma “rack” onde estão guardados os cartuchos dos jogos que podemos escolher para jogar. E nessa altura além de o escolhermos como uma réplica do cartucho real, podemos também ver um modelo em 3D da sua caixa e uma adaptação do manual de instruções original, agora com os botões do comando da PS2 a substituirem as switches da consola e o joystick da Atari 2600.

Podemos ver o cartucho e caixa do jogo escolhido como um modelo 3D fiel ao original, para além de ler uma adaptação do manual de instruções
Podemos ver o cartucho e caixa do jogo escolhido como um modelo 3D fiel ao original, para além de ler uma adaptação do manual de instruções

Para além disso, em vários jogos temos alguns desafios para cumprir de forma a obter algum conteúdo extra, uma espécie de achievements se assim os quiserem chamar, como por exemplo fazer um certo número de pontos no Pitfall, ou levar 30 galinhas para o outro lado da estrada numa partida do Freeway. Esses desafios desbloqueiam uma série de coisas tais comos vídeos de anúncios da TV de alguns destes jogos, réplicas de patches reais que a Activision oferecia aos fãs que lhes submetessem fotos com o seu highscore, ou até outros modos de jogo que alteram o ecrã dos mesmos.

O Pitfall é sem dúvida um grande clássico desta era
O Pitfall é sem dúvida um grande clássico desta era

Mas os mimos não se ficam por aqui! Como sabem, os videojogos naquela altura não era habitual que tivessem música, então o que decidiram fazer aqui foi colocar uma banda sonora de vários artistas pop/rock da década de 80 que nos vão acompanhar (ou não, caso decidamos dessa forma) ao longo de todas as nossas partidas. Ouvir a We’re Not Gonna Take It dos Twisted Sister enquanto disparamos uns tiros pelo River Raid até que sabe bem! Outros temas sonantes são a Tainted Love dos Soft Cell, ou a Mexican Radio dos Wall of Vodoo – se bem que esta apenas conhecia pela cover dos Celtic Frost, mas adiante… Se bem me lembro apenas o Pitfall 2 e o River Raid 2 tinham músicas próprias.

Alguns jogos são um feito tecnológico impressionante, o que não é o caso deste Title Match Pro Wrestling
Alguns jogos são um feito tecnológico impressionante, o que não é o caso deste Title Match Pro Wrestling

Por estas razões achei que esta Activision Anthology tenha sido uma excelente surpresa, e ainda deu para conhecer uns quantos títulos que me surpreenderam bastante como o MOON QUALQUER COISA que é um shooter bastante fluído e que simula um 3D muito interessante. E falando em fluidez, o Decathlon também foi outro dos jogos que me impressionou tecnicamente, aquele conjunto de pixeis que formam o atleta também ficaram com óptimas animações. E é também interessante ver um bocadinho do que foi aquele crash de 83 no mercado Americano, pois também se notou que nesse período houve um grande número de jogos da Activision e a sua qualidade era bastante díspar, tendo obras primas e outros jogos sem grande cabimento a sairem em simultâneo.

Call of Duty Roads to Victory (Sony Playstation Portable)

Call of Duty Roads to VictoryApesar de não ser a melhor plataforma para jogos deste género devido à falta de um segundo analógico, a PSP ainda recebeu uns quantos first person shooters. E como não poderia deixar de ser, a série Call of Duty foi mais uma delas a marcar presença nesta portátil da Sony. E claro que teria de ser um jogo mais simples do que os lançamentos principais ou outros secundários nas consolas pois a falta de botões assim o exigia. E se encararmos este Call of Duty com essas simplicidades forçadas pelo hardware, até acaba por ser um jogo que entretém. Este meu exemplar foi comprado algures numa cash, já não me recordo bem quando nem onde, mas certamente me terá custado menos de 5€.

Call of Duty Roads to Victory - Sony Playstation Portable
Jogo com caixa, manual e papelada

Neste Roads to Victory iremos participar em várias missões que decorrem em diferentes teatros de guerra na Europa ao longo da década de 40, algumas operações bem conhecidas como a Market Garden entre várias outras, sob o ponto de vista de tropas americanas, canadianas ou britânicas, cada nação aliada com a sua respectiva campanha no jogo. Infelizmente por algum motivo deram um foco bem maior aos norte-americanos do que aos restantes, pois os norte-americanos têm o mesmo número de missões (ou mais) que os canadianos e britânicos juntos. Não é muito difícil de adivinhar o porquê pois este é um produto norte-americano, mas gostava que tivesse havido um maior balanço neste campo.

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Enfrentar tanques apenas com armas leves? Sim, também teremos de o fazer

A jogabilidade tenta aproveitar o melhor possível dos botões disponíveis na PSP, ficando o analógico para movimentar e os botões faciais principais para mover a câmara, um pouco como os Medal of Honor Heroes também o fizeram. O D-Pad fica com as funções de mudar a posição para em pé/agachado/deitado, recarregar a arma, atirar granadas e alterar entre armas (uma vez mais apenas podemos carregar com 2 em simultâneo, mas temos imensas armas para utilizar ao longo da campanha, tanto aliadas como nazis). Os botões de cabeceira servem para disparar e utilizar o aiming down the sights. De resto só tenho pena que as personagens se movam muito lentamente e o analógico da PSP não é de todo o melhor para jogos deste género. De qualquer das formas há um mecanismo de auto-aim que nos ajuda bastante. Para o combate à distância a ideia é equipar uma rifle, deixar o auto-aim “pré-apontar” para os inimigos e fazer o aiming down the sights nessa posição para um tiro certeiro. Para os combates próximos de metralhadora, por vezes o melhor é mesmo deixar o dedo no gatilho… As missões em si vão tentando mimicar as mesmas dos jogos principais, com objectivos como atacar (e defender) posições estratégicas, limpar zonas de snipers, proteger companheiros, destruir tanques, entre outros.

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Felizmente que as MG42 aqui não sobreaquecem e têm munição ilimitada

De resto, o jogo mesmo sendo simples tenta aliciar-nos a jogar mais através de conteúdo bónus. Existem vários graus de dificuldade e no final de cada nível a nossa performance é avaliada. Com isso vamos desbloqueando conteúdo “enciclopédico” de armas, veículos e artilharia pesada da 2a Guerra Mundial, bem como wallpapers e no caso de chegarmos ao fim da campanha pelo menos uma vez, também desbloqueamos alguns cheats como munição infinita ou invencibilidade. Para além disso o jogo tem naturalmente uma vertente multiplayer mas como em tudo ou quase tudo o que jogo na PSP nem sequer cheguei a testar. De qualquer das formas a única maneira que temos para jogar com amigos é mesmo por redes ad-hoc, nada de infrastrutura com servidores, ou seja temos mesmo de ter alguns amigos por perto para o fazer. Pelo que vi os modos de jogo são variantes de deathmatch, capture the flag e king of the hill.

A nível gráfico é um jogo comptente, com uns níveis minimamente bem detalhados dentro das limitações da PSP. Sendo na europa, e quase sempre em zonas urbanas, não há assim uma grande variedade de cenários. O framerate de vez em quando lá sofre uns solavancos nas situações de maior aperto e apercebi-me de um ou outro bug como ver através de paredes ou alguns inimigos serem invencíveis até alguém nos ordenar atacá-los. As músicas são épicas como sempre e não tenho nada a apontar da narrativa ou efeitos sonoros. Para uma portátil estão mais que bons!

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A falta de um botão apenas para “acção” tem as suas desvantagens. A primeira vez que tive de destruir uma Flak 88 fiquei montes de tempo preso sem saber o que fazer, tudo porque não tinha eliminado um Nazi que estava encostado a um canto…

No fundo este Call of Duty é um jogo minimamente sólido para a PSP e serve bem para entreter. Ainda assim, de todos os first person shooters com a temática da 2a guerra mundal existentes para a PSP acho que o Medal of Honor Heroes 2 leva a taça pois pareceu-me um jogo muito melhor em practicamente todos os aspectos, principalmente na jogabilidade que me pareceu mais fluída.

Soldier of Fortune II Double Helix (PC)

SoF IIContinuando com os jogos de PC, a análise que trarei cá hoje será sobre o segundo jogo da série Soldier of Fortune, nomeadamente o Soldier of Fortune II: Double Helix. Mantendo a violência extrema do primeiro jogo, na medida em que podemos disparar sob várias partes do corpo, com diferentes reacções e consequências, mediante a distância e arma escolhida, mas a jogabilidade passou a ser um pouco mais séria e táctica. Onde antes poderíamos ter uma jogabilidade à “Rambo” em certos momentos, aqui teremos de ter muito mais cuidado com cada passo dado. E este jogo entrou na minha colecção algures durante este ano, após ter sido comprado por 1€ na feira da Ladra em Lisboa.

Soldier of Fortune II - PC
Jogo completo com 2 discos, caixa e manual

Mais uma vez tomamos o papel de John Mullins, um veterano de guerra do Vietname que posteriormente virou mercenário, trabalhando para a misteriosa organização “The Shop” cujo objectivo consiste em combater organizações terroristas espalhadas pelo mundo. Uma das coisas que eu não sabia é que John Mullins é uma personagem real, tendo sido militar no Vietname e posteriormente ter fundado a sua própria organização de mercenários, bem como ter servido de conselheiro nestes dois jogos da série. Mas voltando ao mundo fantasioso, aqui começamos a aventura (após um flashback na europa de leste em tempo de guerra fria, com um John Mullins sem bigode) em plena selva colombiana, onde uma remota aldeia foi misteriosamente erradicada com um surto viral. Depressa vamos chegar à conclusão que isso não foi um mero acaso, mas sim obra de mais um grupo terrorista, desta vez chamado de Prometheus e que se encontra a desenvolver um poderoso vírus, com o qual desejam posteriormente utilizá-lo em actos terroristas de forma a angariar muito dinheiro por parte dos governos. A história não se fica só por aí, vamos ter algumas reviravoltas e muitas conspirações à mistura, mas deixo isso para quem for jogar.

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Desde o velhinho Shadow Warrior que não me divertia tanto a disparar com duas Uzis

A primeira coisa que nos deparamos é que neste jogo os tiroteios são bem mais fatais, exigindo da nossa parte uma jogabilidade mais furtiva e cuidada. Isto porque apesar de todo o “realismo” do primeiro jogo, ainda nos podíamos dar ao luxo, pelo menos em certas partes, de ter uma abordagem bem mais à “rambo”, disparando para tudo o que se mexa enquanto corremos que nem uns doidos. Aqui isso não é possível, pois os inimigos para além de serem bem numerosos por vezes, não se importam nada de nos mandarem com granadas ou de nos rodearem. Por outro lado, os NPCs inocentes que no primeiro jogo eram abundantes e teríamos cuidados adicionais para não os matar, caso contrário era um game over, aqui existem na mesma, mas num número muito menor. Outra diferença considerável face ao primeiro jogo está nas armas. Onde antes chegavamos a ter algumas armas high-tech completamente fictícias, aqui todas elas são inspiradas em modelos reais, incluindo a arma high-tech e multifunções OICW. Também como o anterior podemos ir escolhendo o nosso load-out de armas e items a levar, e enquanto o arsenal é vasto, mais uma vez não podemos carregar com tudo. Ainda assim pareceu-me ser um limite mais generoso.

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Vamos tendo um arsenal bastante vasto à nossa disposição

Em relação ao foco maior numa jogabilidade furtiva, existem de facto missões em que a mesma jogabilidade é fortemente encorajada, ou mesmo obrigatória, tal como numa das primeiras missões em que jogamos. Infelizmente essa implementação não é a melhor, pois uma vez soado o alarme (e basta para isso um dos inimigos nos ver, mesmo que uns micro-segundos depois lhe enfiemos uma bala na testa), é impossível desligá-lo, deitando abaixo por completo a nossa abordagem furtiva e em alguns casos até se torna muito difícil progredir no jogo. De resto, para além da campanha single player que é maiorzinha que a do primeiro jogo, temos um”random mission generator” que sinceramente não experimentei e várias vertentes de multiplayer. Destas temos, para além do Capture the Flag e variantes de Deathmatch (como a Elimination onde as mortes são permanentes por round), temos também o modo Infiltration, onde uma equipa tem de proteger uma pasta a todo o custo e a outra terá de a roubar e levar a um determinado extraction point no mapa. A versão Gold deste jogo trouxe ainda o Demolition, mas como a minha versão é a normal, não me alongo nesse assunto.

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As cutscenes utilizam o próprio motor gráfico do jogo.

Graficamente o jogo é francamente superior ao anterior, quanto mais não seja por utilizar a engine id Tech3 do Quake III Arena – mais uma vez a Raven a utilizar os motores gráficos de John Carmack. No entanto, também não é o melhor dos jogos para se correr em computadores modernos. Pelo menos no meu caso, não reconhecia resoluções widescreen, nem 4:3 maiores que 1400×1200, pelo que tive de o jogar com uma resolução algo baixa. De resto, os modelos dos inimigos estão bem detalhados e apesar de não ter visto tripas de fora desta vez, o gore continua presente e desmembramentos com shotguns continuam a ser possíveis. Os cenários são mais uma vez bastante variados, com níveis em selvas, pequenas aldeias, outros urbanos como os mercados de Hong Kong, ou as típicas bases militares espalhadas por vários locais no mundo. A música sinceramente passou-me despercebida, mas o voice acting pareceu-me convincente, assim como os efeitos sonoros no geral.

Para fechar o artigo, Soldier of Fortune II parece-me um jogo superior ao seu antecessor a todos os níveis, apesar de continuar a não ser perfeito. As secções de infiltração poderiam ser melhor trabalhadas e os controlos por defeito não me agradam de todo, mas esses podem ser livremente customizados, tal como qualquer jogo de PC digno dessa categoria. Se gostam de FPS com temas militares, certamente irão apreciar este Soldier of Fortune.

Soldier of Fortune (PC)

Soldier of FortuneVamos voltar aos first person shooters do PC para um jogo que foi bastante badalado para a altura em que saiu pela sua violência over-the-top. Essencialmente é um jogo em que tomamos o papel de um mercenário que luta contra pequenos exércitos em busca de travar um eventual conflito nuclear de proporções catastróficas. O senão deste título é mesmo o sistema de localização de dano, sendo possível decepar os corpos dos nossos inimigos e atingi-los em diversas partes do corpo, provocando várias reacções. Mas já lá vamos. Este jogo entrou na minha colecção algures no ano passado, tendo sido comprado na cash converters da Praça do Chile em Lisboa por 1.95€, tal como se pode observar pelas marcas a marcador na capa (ainda não me dei ao trabalho de passar álcool na capa para a tirar).

Soldier of Fortune - PC
Jogo completo com caixa, manual e papelada.sion

Tal como referi no parágrafo acima, encarnamos então no papel de John Mullins, um mercenário do grupo de elite “Soldiers of Fortune”. Começamos o jogo a resolver um conflito nos subúrbios de Nova Iorque, onde um perigoso gangue tomou de assalto o sistema de metropolitano da cidade e feito uma série de reféns. Ao longo do jogo vamos descobrindo que as coisas não são tão simples assim e esse gangue teria ligações uma facção para-militar que tinha roubado 4 ogivas nucleares de uma antiga base soviética. O resto do jogo leva-nos ao longo do mundo para locais como o médio oriente, Japão, sibéria, entre outros, de forma a localizar as 4 ogivas desaparecidas e destruir essa organização misteriosa.

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Antes de cada nível, podemos escolher as armas e equipamento a levar logo de início, mediante os nossos fundos monetários.

Soldier of Fortune foi um jogo que foi publicitado como sendo “realista”. O facto de termos um imenso arsenal ao nosso alcance como vários revólveres, metralhadoras, lança rockets,a fiel shotgun e outras armas mais “futuristas”, não podemos carregar com tudo de cada vez, o que era algo não usual nos FPS da altura. E claro, o sistema de dano também deu as suas cartas e sim, é delicioso atirar numa perna de um soldado inimigo e vê-lo a ganir de dor, para a seguir dar um tiro num braço e por fim um outro na zona das virilhas para lhe dar um final merecido. Se usarmos uma arma mais poderosa, como uma shotgun, então é possível arrancar membros, cabeças ou deixar tripas de fora num disparo à queima-roupa na zona dorsal. Daí se compreende perfeitamente o porquê de tanta polémica quando o jogo foi lançado devido à sua excessiva violência. Mas apesar desse apregoado realismo, na verdade o jogo acaba por ter a jogabilidade de um Quake II, com imensos inimigos a surgirem de todos os lados e o jogo por vezes exigir uma abordagem bem mais agressiva ao invés de infiltração. Ainda assim é possível jogá-lo de uma forma não violenta, mas teremos de ser mesmo muito precisos. Ao disparar na arma dos nossos inimigos, eles perdem-na e rendem-se, ficando à nossa mercê de fazermos o que quisermos com eles (ou não).

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Como habitual em jogos deste estilo, as cutscenes utilizam o motor gráfico do jogo em si.

Para além do modo campanha que tem uma duração quanto baste, o jogo apresenta também uma vertente multiplayer, como não poderia deixar de ser. E também como não poderia deixar de ser, é algo que não prestei muita atenção. Para além de várias variantes do deathmatch, com as originais “Arsenal”, onde começamos a partida com todas as armas do jogo e temos de matar um inimigo com cada uma das armas e o primeiro a consegui-lo vence a partida, a outra é o “Realistic Deathmatch”, com restrições de apenas podermos equipar uma arma pesada para além do revólver, os danos provocados por tiros serem muito maiores que na vertente single player ou mesmo por existir uma barra de stamina que se vai diminuindo conforme vamos correndo e saltando. Para além dessas vertentes do deathmatch existe ainda um capture the flag que dispensa quaisquer apresentações, o “Assassination” que como o nome indica tem o objectivo de assassinar uma pessoa em específico e por fim temos o “Conquer the Bunker” que é uma variante de modos como os Domination, onde teremos de “conquistar” pelo máximo de tempo possível vários pontos específicos no mapa.

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A shotgun é uma arma que faz muitos estragos

Graficamente é um jogo bastante datado, até porque utiliza uma engine modificada da id Tech 2, utilizada em jogos como o Quake II, o que não é nenhuma surpresa, devido à óptima relação que sempre existiu entre ambas as empresas. De qualquer das formas, com esta engine esperem por modelos ainda muito “quadrados” e texturas simples. Para além do mais é um jogo que tem muitos problemas em correr em sistemas operativos modernos, sendo necessário a utilização de um patch desenvolvido por fãs para lhe tirar o melhor partido possível, incluindo jogá-lo em 1080P. A música, efeitos sonoros e voice-acting são OK, nada de particularmente memorável, mas também não posso dizer que sejam maus.

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Para disparos com precisão cirúrgica, nada como uma sniper rifle.

Como um todo, considero este Soldier of Fortune um bom FPS, que vai buscar elementos de jogabilidade tanto a jogos da velha guarda, mas também começa a incutir algumas outras coisas presentes em jogos mais modernos. Apesar de ser um jogo graficamente datado e com problemas de performance a correr em sistemas operativos modernos, recomendo na mesma a versão PC, pois existem tools disponíveis para o tornar jogável em sistema Windows 64bit. Existem também conversões para a Dreamcast e Playstation 2, mas sinceramente não sei se são boas conversões ou não. Lembro-me que, back in the day, o pessoal queixava-se bastante dos loadings demorados da versão Dreamcast.