Ora cá está um daqueles jogos que, se não me tivessem dito que era bastante competente e interessante, muito provavelmente nunca o teria comprado, já que me passou completamente ao lado. Produzido pelo estúdio polaco Teyon, Terminator: Resistance é um first person shooter baseado na conhecida saga de filmes de acção, lançado originalmente em 2019 para PC, PS4 e Xbox One. Em 2021 surgiu uma versão Enhanced para a PS5, com melhorias gráficas e de performance, além de já incluir um DLC. No entanto, apenas em 2023 foi finalmente lançada uma versão para a Xbox Series, trazendo todas as melhorias da edição Enhanced e incluindo todos os DLCs. Ao saber que esta era a versão mais completa e que contava também com lançamento físico, acabou por ser a que procurei adquirir, o que aconteceu nesta última Black Friday, tendo-me custado cerca de 30€ na Amazon.
A história segue o lore estabelecido nos dois primeiros filmes da saga Terminator. A narrativa transporta-nos para um futuro pós-apocalíptico onde a Skynet se revolta contra a raça humana e, após despoletar um cataclismo nuclear que dizimou grande parte da população, procura exterminar os sobreviventes através de vários tipos de robots criados para esse efeito. Controlamos Jacob Rivers, o último sobrevivente de uma célula da resistência que foi praticamente aniquilada por um novo tipo de exterminador, os infiltradores, indistinguíveis dos humanos à primeira vista, à excepção da sua força devastadora. A aventura começa com o protagonista completamente indefeso, em fuga constante de vários robots, até que, juntamente com outros sobreviventes, consegue chegar a um abrigo seguro. Ao explorar as imediações em busca de armamento e recursos, entramos finalmente em contacto com o resto da resistência, que começa a delinear um plano para atacar a Skynet em força.

Estamos perante um first person shooter que integra um conjunto bastante sólido de mecânicas de RPG. Ao derrotar inimigos ganhamos experiência, que nos permite subir de nível e evoluir várias habilidades. Existe também um sistema de crafting, através do qual podemos criar medkits, munições, engenhos explosivos e outras utilidades. Durante a exploração encontraremos portas e baús trancados, que podem ser abertos recorrendo à habilidade de lockpicking. Algumas portas e torres de metralhadoras das instalações da Skynet podem igualmente ser acedidas via hacking. Em ambos os casos, o sucesso depende da resolução de pequenos mini-jogos, sendo que a evolução das respectivas habilidades aumenta as probabilidades de êxito. O mesmo se aplica ao crafting, já que melhorar as habilidades associadas desbloqueia novas opções de criação de itens. As mecânicas de RPG estendem-se também à exploração e à vertente narrativa, permitindo-nos interagir com vários NPCs, cujas respostas podem ter algum impacto no desenrolar da história. Estes personagens oferecem ainda diversas sidequests opcionais, que enriquecem o mundo do jogo.
O jogo apresenta também uma componente de acção furtiva bastante relevante, sobretudo na primeira metade da campanha. Nesta fase, as armas de fogo convencionais revelam-se pouco eficazes contra os exterminadores, obrigando-nos a avançar de forma mais cautelosa e a evitar confrontos directos sempre que possível. A dinâmica muda significativamente quando desbloqueamos as armas de plasma, momento em que os papéis se invertem e os outrora imponentes T-800 passam a ser adversários bem mais frágeis. Ocasionalmente surgem inimigos de maior porte, como os hunter killers, que exigem estratégias ou armamento específico, mas no geral considero que o jogo consegue equilibrar bem a acção mais frenética típica do género com a furtividade, a exploração e as mecânicas de RPG. Existem níveis bastante lineares e focados exclusivamente na acção, mas também mapas mais amplos, que oferecem total liberdade de exploração e a possibilidade de completar objectivos e sidequests opcionais.

Tal como referido, esta versão inclui vários DLCs. Annihilation Line é uma campanha adicional que decorre algures a meio da narrativa principal. Aqui voltamos a controlar Jacob Rivers, agora acompanhado por Kyle Reese, protagonista do primeiro filme, e mais duas personagens, numa missão importante e envolta em mistério atribuída pelo próprio John Connor. Trata-se de um DLC com uma duração considerável, composto por seis níveis distintos, alguns deles bastante extensos e recheados de objectivos opcionais. Existe ainda o modo Infiltrator, onde assumimos o controlo de um exterminador. Este modo funciona como uma espécie de roguelike, com um mapa fixo mas povoado de forma aleatória. O objectivo passa por localizar um bunker da resistência e assassinar o seu líder, sendo necessário recolher documentos de inteligência que revelam gradualmente novos pontos de interesse, até que a localização final seja descoberta. Como é típico do género, temos apenas uma vida, sendo que a única forma de recuperar energia passa por recolher peças de outros exterminadores ou robots derrotados durante a exploração.

No que toca ao audiovisual, não considero que este seja um jogo particularmente impressionante. Mesmo na geração da Xbox One ou PS4, e quase arriscaria dizer na anterior, existem vários títulos com uma fidelidade técnica superior. Os modelos poligonais e as animações dos NPCs são bastante modestos e os gráficos, no geral, ficam aquém da média. Apesar de o cenário pós-apocalíptico justificar a predominância de ambientes em ruínas, o principal problema não é a falta de variedade de cenários ou inimigos, mas sim o facto de o jogo ser tecnicamente pouco ambicioso. Já no departamento sonoro, o balanço é mais positivo. O voice acting é competente e a banda sonora inspira-se claramente nos temas dos dois primeiros filmes, algo que pessoalmente me agradou bastante.
No final de contas, apesar de Terminator: Resistance não ser um jogo tecnicamente muito competente, consegue compensar com mecânicas de jogo sólidas, um sistema de crafting robusto, níveis amplos e cheios de conteúdo opcional e, acima de tudo, uma adaptação bastante respeitosa e eficaz ao universo da saga Terminator. O mesmo estúdio, que no passado lançou um shooter do Rambo que foi alvo de duras críticas, acabou por surpreender mais tarde com um outro first person shooter, desta vez baseado na saga Robocop. Deste último também me chegou algum feedback positivo, pelo que deverá ser um jogo a que pretendo pegar em breve.



Boa noite amigo, me fez lembrar dele na minha lista de desejos da Steam, tá saindo por 37,50 reais(deve dar uns 5,80 euros) vou pegar ele, já vi umas gameplays e achei interessante. E o Robocop: Rogue City é muito bom, recomendo!
Feliz Ano Novo pra você e sua família, abraço.