Capcom Fighting Jam (Sony Playstation 2)

Vamos voltar à Playstation 2 para mais uma adaptação de um jogo de luta em 2D, desta vez um título da Capcom que passou despercebido a muita gente. Lançado originalmente nas arcades em 2004, o jogo acabou por receber conversões para a Playstation 2 e Xbox, no mesmo ano ou em 2005, dependendo da plataforma e região. O meu exemplar foi comprado numa Cash Converters algures em 2018, mas já não me recordo de todo quanto terá custado, mas seguramente não foi um jogo caro.

Jogo com caixa, manual e papelada

A ideia deste jogo é, uma vez mais, a de misturar lutadores de vários jogos da Capcom, mas ao contrário de outros títulos como a série Marvel vs Capcom, aqui cada lutador herda as mesmas mecânicas de jogo do título de onde se insere. Poderemos então jogar com personagens retiradas do Street Fighter II, Street Fighter III, Street Fighter Alpha, Darkstalkers e do Red Earth, um interessante beat ‘em up exclusivo arcade do qual sinceramente eu nunca tinha ouvido falar. Apesar de vários jogos aqui envolvidos, o elenco até que é algo reduzido com 4 personagens de cada título. Do SF II temos Ryu, Guile, M. Bison e Zanguief, enquanto que do SF Alpha temos o Guy (do Final Fight também), bem como as meninas Karen, Rose e Sakura. Do Darkstalkers temos o Anakaris, Demitri, Felicia e Jedah. O Street Fighter III traz-nos Alex, Chun-Li, Urien e Yun (que precisa urgentemente de uma roupa interior melhor). Por fim o Red Earth traz-nos Leo, um leão antropormófico, Hauzer, um réptil gigante, Hydron, uma estranha criatura marítima e Kenji, um ninja. Sim, ficaram de fora personagens como Sagat, Ken ou Morrigan, se bem que muitas delas aparecem em plano de fundo nas arenas. Ingrid é uma personagem inteiramente nova e que costuma surgir como um boss intermédio e como bosses temos o Pyron de Darkstalkers e o Shin Akuma como boss secreto. A nível de modos de jogo as coisas são super simples, com o arcade, versus para dois jogadores e um modo de treino.

O elenco de personagens (incluindo as 3 desbloqueáveis) é mais pequeno do que se imaginaria

Convém também mencionar que os combates são sempre de dois contra dois, mas sem mecânicas de tag, o objectivo é o de derrotar ambos os oponentes. Mas então a nível de mecânicas como é que isto funciona mesmo? Ao contrário de títulos como os Capcom vs SNK onde todas as personagens poderiam assumir estilos de jogabilidade distintos, aqui estão mesmo presas ao seu jogo de origem. As personagens do Street Fighter II possuem mecânicas baseadas no Super Street Fighter II Turbo, onde os personagens possuem apenas um nível da barra de special, podendo executar Supers quando a mesma estiver no máximo e não podem bloquear golpes aéreos nem usar dash. As personagens do Darkstalkers podem acumular 3 níveis na sua barra de special e executar diversos tipos de combos e golpes poderosos (sinceramente nunca explorei muito esta série). No caso das personagens retiradas do universo Street Fighter Alpha, parecem herdar mecânicas similares às do SFA2 com os seus custom combos. As personagens de Street Fighter III herdam os super arts e a habilidade de parry, já as de Red Earth usam mecânicas novas. Basicamente a sua barra de special assim que estiver cheia pode ser usada para evoluir as personagens e torná-las mais fortes, para além de poderem também serem utilizadas para despoletar alguns golpes especiais. Estas personagens têm também uns blocks poderosos que não consomem energia. Bom, sinceramente eu apenas jogo estes jogos de forma mais casual e todas estas diferentes mecânicas não me fizeram grande diferença, mas compreendo a frustração de fãs que achem o jogo pouco balanceado neste aspecto.

As personagens de Red Earth são gigantes e muito bem detalhadas

A nível audiovisual este jogo é também um saco cheio de misturas. Os cenários são variados entre si, todos eles 2D embora por vezes com um aspecto mais realista e repletos de personagens da Capcom a assistir às lutas, já que não tiveram lugar no elenco final. Já as personagens em si, o resultado final é misto, algo que já se viu várias vezes nos jogos versus da Capcom. As sprites das personagens do Dark Stalkers, Street Fighter Alpha e algumas do Street Fighter II são de menor resolução, com a excepção do Ryu que usa a sprite do Capcom vs SNK 2. Já as do Street Fighter III e Red Earth, jogos desenvolvidos originalmente num hardware superior apresentam muito melhor detalhe. Não que as outras sejam más, mas há uma notória diferença de qualidade. Outra pequena coisa que não gosto muito e a Capcom já o fez antes é o facto de alguns dos projécteis de energia ou explosões já não serem sprites 2D como nos títulos originais, mas sim efeitos gráficos. A banda sonora é no entanto bastante agradável, contendo várias músicas com uma toada mais rock como eu bem gosto!

As diferentes barras de special não é por acaso. As personagens de cada jogo/série possuem diferentes mecânicas!

Portanto este Capcom Fighting Jam é um interessante jogo de luta da Capcom que junta várias personagens de diferentes universos dentro da gigante nipónica. Mas para além de juntar personagens de diferentes séries/jogos, as mesmas herdam também exclusivamente mecânicas dessa série. Essa decisão foi algo que não agradou aos fãs pois deixaram várias personagens muito pouco balanceadas entre si, para além do facto de o elenco de personagens jogáveis (e desbloqueáveis) ser consideravelmente curto quando comparado com outros jogos versus da mesma época.

Halo: The Masterchief Collection (Microsoft Xbox One) – Parte 4: Halo 3 ODST

Depois de um mês de interregno, foi agora tempo de voltar à saga Halo para jogar este Halo 3: ODST que é na verdade uma prequela do Halo 3, com toda a acção a decorrer no planeta Terra, na altura em que os Covenant atacam, ou seja, durante os eventos de Halo 2. Curiosamente este jogo não estava inicialmente disponível nesta compilação, visto que tanto este como o Halo Reach não têm o Masterchief como protagonista, tendo sido no entanto adicionados posteriormente a esta compilação como DLC. No entanto, na maneira como os menus estão agora construídos, ao entrar no modo de história, as campanhas do Halo 3 ODST e Reach aparecem disponíveis, o que me levou a inicialmente achar que ambos estariam agora disponíveis gratuitamente, mas infelizmente não é esse o caso. No entanto uma vez mais, para quem agora comprar esta compilação de forma digital, estas campanhas já vêm incluídas! Sinceramente acho que só ficava bem à Microsoft disponibilizar esse conteúdo também para quem tivesse o lançamento físico original. Nesta altura, tanto um jogo como o outro são bastante baratos na Xbox 360, mas como preferia jogar as versões desta compilação, lá gastei mais 5€ para ter o Halo 3 ODST aqui…

Compilação com caixa.

Bom, como referi acima este jogo decorre durante os eventos de Halo 2, quando o planeta Terra é atacado pelos Covenant, mas em vez de controlarmos o Masterchief como é habitual, vamos controlar vários membros de um esquadrão de elite (ODST), que são enviados para uma missão secreta, enquanto algumas forças dos Covenant ainda atacam a cidade de Mombasa. No entanto, devido a certos eventos que acontecem no Halo 2, a aterragem dos ODST acaba por ser bem mais atribulada e a equipa acaba longe uns dos outros. O jogo irá então alternar entre controlarmos diferentes personagens, com o silencioso novato (rookie) a ter um certo papel de destaque, pois entre missões vamos percorrer as ruas de Mombasa em procura dos nossos colegas, até que encontramos algum objecto que nos leve a um flashback, onde começamos uma outra missão jogada por outro membro do esquadrão. As últimas duas missões já são jogadas inteiramente com esta personagem no nosso controlo.

O rookie separou-se dos seus colegas e vamos passar a maior parte do tempo em sua busca, jogando toda uma série de missões como se flashbacks se tratassem.

No que diz respeito à jogabilidade, mesmo não jogando com o Masterchief tudo se mantêm muito idêntico, tanto a nível de mecânicas como de controlos. A maior diferença está na vida regenerativa, que é agora uma vez mais parecida à do primeiro Halo, na medida em que temos escudos que se recarregam automaticamente, mas uma vez em baixo, a nossa barra de vida fica susceptível ao dano e essa terá de ser recuperada através de medkits ou outras máquinas para esse efeito. No entanto, aqui não temos nenhum indicador de quando os nossos escudos estão em baixo, a não ser o ecrã a ficar gradualmente mais vermelho e a nossa personagem ficar ofegante. De resto é um first person shooter como os outros Halo, onde poderemos vir a usar uma grande variedade de armas (tanto humanas como covenant) e ocasionalmente conduzir alguns veículos. A outra novidade é o facto de podermos activar um visor que para além de dar jeito como visão nocturna, também salienta os inimigos à nossa volta.

Uma das coisas diferentes que reparamos desde logo no visor é o facto de termos mais um tipo de granadas: incendiárias

A nível audiovisual, tal como o Halo 3, a versão que aqui temos disponível apenas recebeu meros updates visuais, como a capacidade de correr o jogo a resoluções e framerate bastante superiores ao 720p das versões originais X360. No entanto, o jogo base em si não envelheceu lá muito bem, pelo menos nos detalhes das personagens, que são notoriamente datados. Já tudo o que é cenários acaba por envelhecer muito melhor. E infelizmente em tudo o resto este Halo 3 ODST é inferior aos restantes: a narrativa não é tão boa quanto isso e a banda sonora é muito mais genérica, consistindo em músicas mais ambientais desta vez.

Temos também algumas armas novas para envergar, particularmente as humanas.

Portanto este Halo 3 ODST apesar de ser um sólido first person shooter e que mantém todas as mecânicas base dos restantes Halo, na verdade nota-se perfeitamente que é um título algo secundário na série, pois a narrativa e os seus valores de produção estão consideravelmente piores que aquilo que a Bungie nos tinha oferecido anteriormente.