Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy (Sony Playstation 4)

Nas últimas semanas voltei à série Ace Attorney da Capcom para jogar mais uma das compilações que têm vindo a sair nos últimos anos para vários sistemas actuais. Esta compilação em específico foca-se na segunda trilogia Ace Attorney, com o jovem advogado Apollo Justice (e não só) como um dos principais protagonistas. Visto que o primeiro dos jogos desta trilogia, o Apollo Justice: Ace Attorney, lançado originalmente ainda para a Nintendo DS, é um jogo que já tinha jogado no passado, irei-me focar nos dois títulos restantes, assim como algum eventual conteúdo adicional aqui incluído.

Compilação com caixa, folhetos e disco

Independentemente dos jogos aqui incluídos nesta compilação, as mecânicas de jogo base são as mesmas de sempre para esta série. Nós encarnamos então num advogado de defesa (ou mais visto que a equipa de Phoenix Wright vai aumentando) com o objectivo de ilibar o nosso cliente de acusações de homicídio. Cada caso está tipicamente dividido em duas fases distintas, que poderão ou não acontecer mais que uma vez: investigação e julgamento. Na primeira teremos de explorar vários cenários (tipicamente os locais do crime) e falar com diversas pessoas, em busca de provas e/ou testemunhos que possam ilibar o nosso cliente e revelar o verdadeiro culpado por detrás dos crimes. Na fase dos julgamentos, vamos debater com os procuradores da acusação e questionar testemunhas, em busca de contradições e inconsistências nos seus testemunhos, uma vez mais para ilibar o nosso cliente e encontrar o verdadeiro culpado.

O Dual Destinies introduz-nos uma nova personagem a juntar-se à equipa de Phoenix Wright e Apollo Justice

Assim sendo, o segundo título desta compilação é o Phoenix Wright: Ace Attorney – Dual Destinies, lançado originalmente em 2013 para a Nintendo 3DS (e que nunca havia chegado a ser lançado em formato físico no ocidente nesse sistema). A grande novidade diria que está na inclusão de mais uma personagem para a equipa de Phoenix Wright, a jovem advogada Athena Cykes, que por sua vez nos traz algumas novas mecânicas de jogo. Enquanto o Phoenix tem a habilidade de usar uma magatama para conseguir identificar que pessoas lhe estão a esconder coisas, o Apollo tem a habilidade de analisar linguagem corporal e assim identificar quando as pessoas estão a mentir, a Athena tem também algo de novo. Para além de advogada, Athena estudou também psicologia e visto que tem um sentido de audição extremamente apurado, ela consegue então sentir discrepâncias entre o tom de voz das pessoas e aquilo que estão na realidade a sentir. Durante os julgamentos iremos colocar isto à prova várias vezes, em busca de contradições e inconsistências entre os testemunhos e aquilo que eles realmente sentem. A outra novidade está na inclusão de vários DLCs no lançamento original de 3DS e que estão felizmente incluídos nesta compilação. Para além de roupas extra para as personagens principais, existe também um novo caso para jogar e que, apesar de não ter ligação directa com a história principal que se vai desenrolando nos 5 casos normais, este até que acabou por ser uma boa surpresa. É que vamos ter de provar a inocência de uma orca no assassinato de um dono de um parque aquático!

Athena tem formação em psicologia e teremos de usar os seus talentos para procurar inconsistências entre os testemunhos e os sentimentos que realmente experienciaram

O terceiro jogo desta trilogia é o Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice também lançado originalmente para a 3DS em 2016 e tal como o seu percursor, o lançamento físico havia-se ficado apenas pelo Japão! Phoenix Wright viaja para o longínquo e exótico país de Khura’in a fim de visitar a sua amiga Maya Fey (sua assistente na primeira trilogia) que lá se encontrava a treinar para se tornar a líder do seu clã, enquanto Apollo e Athena permaneceram em casa. Khura’in é um lugar exótico nos costumes dos seus habitantes, mas também extremamente penalizador para advogados de defesa. Isto porque caso alguém seja considerado culpado de um crime, o advogado que defenda essa mesma pessoa, será também condenado à mesma pena que o seu cliente. Os procuradores e os próprios juízes são bastante severos e autoritários e quando acusam alguém, essa pessoa é declarada culpada muito rapidamente. Uma das razões pelas quais isso acontece é porque uma médium espiritual é chamada no início de cada julgamento para realizar um ritual muito peculiar: invocar o espírito do falecido e assistir às suas últimas memórias antes de ter sido assassinado. Naturalmente, teremos de utilizar isto em nosso favor e procurar quaisquer inconsistências entre as memórias do falecido e a interpretação que lhes é dada pela acusação. A parte interessante é que todos 5 sentidos são reflectidos nesse ritual, pelo que para além do que o falecido viu antes de morrer, temos também de ter em conta outros sentidos como cheiros, ruído ou tacto. E essa é a principal novidade nas mecânicas de jogo aqui introduzidas.

No Spirit of Justice são nos introduzidas as últimas memórias das vítimas e uma vez mais teremos de procurar inconsistências entre a interpretação dada pela acusação e o que é visível.

O jogo está então dividido uma vez mais em 5 casos distintos, sendo estes divididos entre os casos defendidos pelo Phoenix Wright no reino de Khura’in e os defendidos por Apollo Justice e Athena Cykes no seu país de origem. Infelizmente, ao contrário dos títulos anteriores onde haveriam algumas ligações entre os casos mais importantes, aqui os casos defendidos por Phoenix e os restantes advogados inicialmente não têm grande ligação para a “história” principal, embora os dois últimos casos já estejam bastante relacionados entre si e tornaram-se bastante épicos até! De resto, tal como no percursor, o lançamento original de 3DS recebeu vários DLCs como roupas adicionais para as personagens principais, um caso extra para ser resolvido e algumas pequenas histórias extra. Nesta compilação foram incluídos alguns dos DLCs de vestimentas adicionais, bem como o tal caso extra, que sinceramente não achei tão bom quanto o DLC do jogo anterior.

A compilação traz vários extras, incluindo uma extensa banda sonora

A nível audiovisual, o Apollo Justice é muito similar aos jogos da primeira trilogia, visto que este foi ainda um lançamento original de Nintendo DS. As personagens e cenários continuam em 2D, embora tenham sido redesenhadas e são apresentadas numa maior resolução. Os outros dois jogos da trilogia já foram lançados originalmente para a Nintendo 3DS, pelo que a Capcom “modernizou” os gráficos para um 3D algo simples. Sinceramente prefiro a arte original em 2D, mas visto que a 3DS é uma portátil com a particularidade de renderizar imagens em três dimensões num dos seus ecrãs, é compreensível que a Capcom queira ter tirado partido dessa funcionalidade. Ainda assim, as personagens continuam com um aspecto bastante cartoon e as suas animações continuam hilariantes, particularmente as das bizarras testemunhas com as quais nos iremos cruzar, portanto mantiveram toda a identidade da série. Já no que diz respeito as efeitos sonoros, estes são os mesmos de sempre nos 3 jogos, com os diálogos a serem acompanhados de bips, excepto nas interjeições habituais como os clássicos “objection!” que já são acompanhados por vozes. A excepção vai para o Spirit of Justice, que possui alguns diálogos chave narrados. Para além disso vamos tendo várias cut-scenes em momentos chave do jogo, particularmente nos títulos da 3DS. A banda sonora vai sendo bastante eclética e agradável ao longo da trilogia, embora para mim a do Spirit of Justice seja a melhor.

Gosto sempre de ver a arte do jogo em mais detalhe e felizmente temos aqui uma galeria para isso mesmo.

De resto, a compilação traz também algum conteúdo adicional. Para além dos DLCs dos jogos 3DS acima mencionados, temos também muito artwork que poderemos explorar, acesso a banda sonora e rever as cutscenes dos 3 jogos. Temos também um pequeno estúdio de animações onde poderemos criar pequenas sequências, mas não perdi muito tempo com isso. Um modo história onde a narrativa se desenrola sem qualquer input da nossa parte também existe, assim como activar a funcionalidade de “consultar” o nosso assistente caso tenhamos alguma dificuldade nos julgamentos.

Para quem não quiser ter mesmo trabalho nenhum e apenas apreciar a história é possível activar uma opção para esse efeito!

Portanto cá está mais uma óptima compilação da série Ace Attorney, que eu tanto gosto pelos seus casos bizarros e personagens bem humoradas. Tenho mesmo de agradecer à Capcom o esforço que tiveram em trazer os jogos desta série em formato físico, tanto para a Nintendo Switch, como para a Playstation 4. Os lançamentos originais ora estavam a ficar caríssimos, ora nem sequer haviam saído fisicamente fora do Japão! No momento de escrita deste artigo, a compilação Ace Attorney Investigations Collection acaba também por sair (e pela primeira vez com um lançamento físico europeu na PS4), pelo que também deverei jogar esses jogos daqui a uns meses.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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