Marksman Shooting/Trap Shooting/Safari Hunt (Sega Master System)

Vamos voltar às rapidinhas para uma compilação de 3 pequenos títulos que requerem o uso da Light Phaser, a “pistola de luz” que a Sega lançou em conjunto com a sua Master System. São jogos incrivelmente simples até porque datam do primeiro ano que o sistema esteve disponível no ocidente, algures em 1986. O meu exemplar foi-me trazido do reino unido por um amigo meu algures no passado mês de Maio.

Jogo com caixa e manual.

Esta compilação é um caso curioso pois a mesma apenas foi lançada na Europa. Os nossos colegas americanos receberam uma compilação com o Marksman Shooting e Trap Shooting apenas, com o Safari Hunt a ter sido lançado originalmente na memória da Master System num dos seus packs e lançado em formato físico mais tarde, numa outra compilação com o Hang On (que por sua vez também foi um jogo originalmente lançado na memória da Master System).

Os 3 jogos aqui presentes nesta pequena compilação.

Mas começando pela compilação propriamente dita, o Marksman Shooting é um jogo bastante simples, pois temos à nossa frente uma galeria de tiro e o objectivo de cada nível é o de acertar no máximo número de alvos que vão surgindo no ecrã. À medida que vamos avançando o jogo fica mais difícil pois o tempo de reacção será cada vez mais curto também e o número mínimo de alvos a atingir será também maior. A nível audiovisual este é também um jogo bastante simples visto que o cenário é sempre o mesmo, os efeitos sonoros não são nada de especial e as músicas são apenas pequenos jingles entre níveis.

O Marksman Shooting é uma simples galeria de tiro que peca em não ter mais variedade.

O segundo jogo desta compilação é o Trap Shooting que é essencialmente um clone do modo clay shooting do Duck Hunt da NES. Dois pratos são lançados para o ar de cada vez e nós temos apenas 3 balas para destruir ambos. Uma vez mais, à medida que vamos avançando nos níveis a dificuldade vai aumentando, o tempo de reacção será mais curto e a tolerância à falha é cada vez menor. No que diz respeito aos gráficos, desta vez ao menos há aqui alguma variedade, na medida em que a cada 5 níveis vamos atravessando diferentes cenários como um campo, praia, deserto e lago. Infelizmente os cenários são bastante estáticos e desta vez ainda há menos músicas. Para “compensar” temos uma pequena voz digitalizada que grita go! no início de cada nível.

Quaisquer semelhanças com o Clay Shooting são mera coincidência. Ou não.

Por fim o último jogo desta compilação é o Safari Hunt. E se o anterior imita o clay shooting do Duck Hunt, este tem o próprio Duck Hunt como inspiração. Nós encarnamos no papel de um caçador que, em cada nível, terá de disparar sobre todos os bichos que mexam no ecrã. Temos um limite de balas por nível assim como um número de pontos a atingir para poder avançar para o nível seguinte, sendo que cada animal dá um número de pontos distinto e alguns também nos obrigam a gastar mais que um tiro certeiro para os abater. Aqui temos 3 cenários diferentes para explorar, cada qual com animais diferentes para caçar e se por um lado uma vez mais os cenários são simples e estáticos, ao menos os animais estão bem detalhados. Gosto particularmente das animações que surgem sempre que acertamos num bicho, como os patos a virarem cozinhados, os peixes a reduzirem-se à sua espinha, entre outros. A nível de som não é nada do outro mundo e uma vez mais as músicas resumem-se a pequenos jingles aqui e ali.

No Safari Hunt temos mesmo de disparar para tudo o que mexe. Não somos caçadores esquisitos.

Portanto esta compilação é mesmo bastante simples servindo como um dos primeiros exemplos de videojogos light gun da Master System. Todos eles, de uma maneira ou outra imitam de certa forma os mesmos jogos simplistas da Zapper que acompanharam a NES no seu lançamento, mas que não restem dúvidas: esses eram bem mais charmosos.

Shadowgate (2014) (PC)

Há já bastante tempo que não tenho escrito cá nada, pois ultimamente o meu tempo livre tem sido bastante reduzido e um dos videojogos que tenho vindo a jogar nas últimas semanas ainda está consideravelmente longe de ser terminado. Entretanto, aproveitei também para jogar um título que já tinha em backlog na minha conta steam há bastante tempo e até já o terminei há uns 4/5 dias, mas apenas agora consegui escrever algo sobre o jogo em si. E claro que me estou a referir a este remake do Shadowgate, cuja versão Game Boy Color já cá trouxe no passado e por sua vez era um port da versão NES. Este remake de 2014 é fruto de uma campanha bem sucedida de Kickstarter e foi produzido pela Zojoi, empresa formada por ex-funcionários da ICOM e que por sua vez tinham adquirido os direitos da série. O meu exemplar sinceramente não me recordo como veio parar à minha conta steam, mas foi seguramente muito barato.

Tal como no Shadowgate original, nós controlamos um guerreiro com uma missão ingrata: a de se infiltrar num castelo repleto de armadilhas e travar os planos de um feiticeiro de ressuscitar uma poderosa entidade maléfica. O conceito do jogo permanece fiel ao original, esta é então uma aventura gráfica onde cada acção é um turno, o castelo está repleto de armadilhas e cada passo errado poderá resultar numa morte lenta e dolorosa. Na verdade, isso vai depender um pouco do nível de dificuldade escolhido. O “normal” é na verdade o modo easy, onde as nossas tochas nunca se extinguem, os cenários onde podemos morrer são escassos e os puzzles possuem soluções mais simples. Ao escolher a dificuldade classic e a partir daí o modo apprentice, journeyman ou master vamos ver a dificuldade a aumentar, não só na quantidade e complexidade de certos puzzles, bem como o número de turnos para certas acções serem mais curtos, já para não dizer que teremos cada vez mais e mais maneiras de morrer.

Tal como nas versões clássicas, o perigo espreita em cada esquina e uma decisão errada resulta na nossa morte.

A nível de jogabilidade, apesar de a interface ser nova, as mecânicas são similares ao lançamento original. Temos toda uma série de acções possíveis de executar como observar, falar, comer, bater, equipar, usar, entre outras sempre que clicamos em alguma parte interactiva dos cenários. Ou então poderemos utilizar toda uma série de teclas de atalho para as mesmas acções como U para usar (O para abrir/destrancar, L para observar e por aí fora) e depois é só clicar no alvo onde queremos executar essa acção em si. Poderemos gravar o progresso no jogo a qualquer momento e em vários slots distintos, o que é recomendável pois o castelo está mesmo repleto de inúmeras armadilhas e a morte espreita em cada recanto. E isso é mesmo uma das partes mais divertidas deste jogo! De resto, infelizmente só me apercebi desta funcionalidade quando já estava muito próximo do final (na dificuldade master), que é a opção entre alternar por gráficos “modernos” e outros old-school, com o simples pressionar de uma tecla, o que me apercebi por completo acidente.

O remake tem um interface novo, mais moderno onde ao clicar nalguma região do ecrã, surge um anel com os ícones com as acções possíveis.

A nível audiovisual, vou-me focar então nos seus gráficos normais. Como é habitual em jogos de aventura deste género, vamos tendo então toda uma série de cenários algo estáticos e estes vão sendo consideravelmente diversos entre si, pois começamos por explorar as caves, só depois o castelo em si e as suas torres, passando também por um complexo sistema de cavernas já na recta final do jogo. Visualmente os cenários parecem-me inspirados em pinturas, o que não é nada mau. Alternando para os visuais retro, na verdade estes nada têm a ver com o que eu esperaria de uma funcionalidade deste género neste jogo em específico. Isto porque ou esperaria ver arte monocromática como no Shadowgate original de Macintosh, ou a pixel art 8bit da sua versão NES. Aqui o que temos são visuais pixel art mais próximos das aventuras gráficas de PC da primeira metade da década de 90. Mas, tal como referi acima, não me posso alongar muito pois apenas descobri esta funcionalidade já bastante próximo do final do jogo e não o queria jogar uma quinta vez (sim, fiz todas as dificuldades). De resto, a nível de som, o jogo é acompanhado por uma banda sonora que tanto nos apresenta melodias algo discretas e ambientais, como outras mais orquestrais e por vezes até bastante tensas, como acontece quando a nossa tocha se está prestes a extinguir. Ocasionalmente vemos algumas cutscenes animadas que avançam na história e todas essas possuem um voice acting bastante competente.

Aqui está um ecrã que iremos ver vezes sem conta!

Posto isto, devo dizer que apreciei bastante este remake do Shadowgate original. A sua primeira sequela, Beyond Shadowgate, é um lançamento exclusivo da Turbo CD, um sistema que teve uma presença practicamente inexistente no mercado americano e tendo em conta que o jogo não chegou a sair no mercado japonês, onde a PC Engine CD teve muito maior sucesso, acabou por passar despercebido a muita gente. E depois de eu ter terminado este remake apercebi-me que a Zojoi lançou uma outra campanha kickstarter para um remake desse jogo e supostamente será baseado no design original que haviam planeado para a versão NES e muito diferente do que a versão TurboCD se tornou.