F1 World Championship Edition (Sega Mega Drive)

Vamos continuar na Mega Drive e nas rapidinhas para um jogo de Formula 1 bastante competente. Publicado pela Domark, este F1 Worlf Championship é um sucessor do F1, herdando as mesmas mecânicas de jogo e o motor gráfico, que havia também sido utilizado no Kawasaki Superbikes, também publicado pela Domark. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Fevereiro a um preço bastante agradável, tendo em conta que este é um jogo que tem encarecido.

Jogo com caixa

Tal como o seu predecessor, este é um jogo devidamente licenciado pela FIA pelo que podem contar com toda uma série de pilotos, equipas, fabricantes e circuitos que presumo que retratem a época 1994-1995 do desporto motorizado. Não sou nenhum especialista, é possível que faltem licenças de algum piloto mais famoso como foi o caso do seu predecessor, mas pelo menos reconheci ali o nome do “nosso” Pedro Lamy. No que diz respeito aos modos de jogo temos 3 opções: campeonato, knockout e practice. O último dispensa apresentações, é um modo de jogo que nos permite practicar em qualquer um dos circuitos aqui disponíveis. O knockout é um modo de jogo para um jogador apenas, onde somos desafiados a terminar acima de um certo lugar em cada corrida e por fim, o Championship que é o modo carreira.

No modo campeonato podemos seleccionar em que circuitos queremos participar e qual a sua ordem

Aqui podemos escolher que equipa e piloto queremos representar da época de 1994, sendo que poderemos também renomear o nosso piloto. Podemos também optar por escolher se queremos competir em todos os circuitos disponíveis ou não, assim como alterar a sua ordem. Cada corrida propriamente dita é precedida da fase de qualificação e tanto num como no outro poderemos customizar ligeiramente o nosso carro. Durante as corridas temos de ter em atenção ao nível de combustível pelo que ocasionalmente teremos também de visitar as boxes para reabastecer o carro. O modo campeonato é também possível de ser jogado com dois jogadores em simultâneo, embora não o tenha experimentado. Já no que diz respeito aos controlos as coisas são simples, com o direccional a servir para guiar e engatar mudanças e os botões faciais para acelerar ou travar.

Com dois jogadores o ecrã fica bem mais apertado mas as informações estão todas lá

Visualmente este jogo é, tal como o seu predecessor, incrível! Isto porque os cenários possuem vários modelos poligonais muito básicos para as bancadas, pontes, túneis entre outras estruturas simples. Para além disso as sprites são grandes, bem detalhadas, os cenários de fundo também e o jogo possui também um sistema metereológico algo rudimentar. Tudo isto com uma óptima fluidez de jogo, o que é incrível numa consola de 1988 sem recorrer a nenhum hardware adicional (como foi o caso do Virtua Racing). As músicas são agradáveis, embora como seria de esperar apenas as ouvimos durante o ecrã título e menus entre corridas. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros.

Para um jogo com elementos de simulador esperava mais opções de customização

Portanto este é mais um óptimo jogo de corridas que dá bem para entreter durante alguns tempos. Para quem procura uma experiência mais de simulação este jogo ainda deixa a desejar, mas a fluidez das corridas e os seus bons visuais bem que compensam!

Xenon 2 Megablast (Sega Mega Drive)

Tempo de voltarmos às rapidinhas na Mega Drive para mais uma das várias conversões que o Xenon 2 recebeu para consolas. Já cá trouxe no passado a versão Master System que sinceramente achei francamente má, não só a nível de performance (o que de certa forma até é compreensível), mas também por todo o conteúdo cortado da versão original de Amiga. Esta versão Mega Drive apesar de ainda não ter todo o conteúdo da original, é bastante superior em todos os aspectos à coitada versão de Master System!

Jogo com caixa e manual

Portanto este é na mesma um shmup vertical onde iremos enfrentar toda uma série de estranhas criaturas. Ao longo dos seus 4 níveis (que desta vez sim, são completamente distintos entre si ao contrário da versão MS) iremos coleccionar toda uma série de itens largados pelos inimigos que vamos destruindo. A maior parte são créditos, ocasionalmente lá poderemos encontrar alguns corações que nos regeneram a barra de vida, itens que nos melhoram a velocidade da nave (must haves!) ou se tivermos muita sorte lá nos sai um power up a sério. Cada um dos 4 níveis terá dois bosses para enfrentar e sempre que destruímos um somos levados a uma loja onde poderemos comprar e vender power ups que tenhamos encontrado/comprado noutros níveis. Muitos destes itens são cumulativos, ou seja poderemos ter vários equipados em simultâneo, enquanto outros não o são e o jogo infelizmente não nos avisa disso até ser tarde demais.

A referência aos autores da banda sonora está bem evidente mesmo antes de o jogo começar. Pena no entanto que não tenha mais músicas.

Um outro detalhe interessante deste Xenon 2 é que se levarmos a nossa nave para o fundo do ecrã o mesmo começa a fazer scrolling para baixo, embora de uma forma mais lenta. Visto que alguns níveis terão bifurcações nos caminhos e algumas nos levam a becos sem saída, esta habilidade será necessária. Por outro lado continua a ser um jogo bastante difícil pelos inimigos numerosos, com padrões de movimento agressivos e nem sempre lá muito fáceis de prever. Felizmente que perder vidas não faz com que percamos todos os power ups amealhados, aparentemente apenas os de velocidade são perdidos, embora esses sejam bastante importantes porque por defeito a nossa nave move-se muito lentamente.

Esta versão Mega Drive é visualmente bem melhor trabalhada e mais próxima ao original de Amiga

No que diz respeito aos audiovisuais esta versão está muito mais próxima do original de Amiga e aqui sim, ao contrário da versão Master System temos uma variedade bem maior nos inimigos e os cenários estão com bastante mais detalhe, embora não sejam nada de absolutamente incrível. E sim, com tanto projéctil no ecrã por vezes pode tornar as coisas um pouco confusas. Felizmente que esta versão possui todos os bosses e mini bosses ao contrário da versão Master Sytem… excepto no quinto nível que continua ausente por algum motivo. Suspeito que para o jogo caber num cartucho de menor capacidade. Os efeitos sonoros não são nada de especial, já a música é bastante agradável. O problema é que temos apenas uma música para ouvir ao longo de todo o jogo e apesar de a mesma ser boa (uma adaptação de uma banda supostamente famosa no Reino Unido no final da década de 80), ao fim de algum tempo também acaba por aborrecer um pouco.

Portanto este Xenon 2 continua a ser um jogo, a meu ver, ainda muito longe da qualidade de títulos que várias empresas nipónicas nos traziam, embora possua alguns conceitos interessantes como todo o sistema de power ups. Se quiserem mesmo jogar uma versão deste jogo, presumo que o original de Amiga continue a ser a melhor versão, mas este da Mega Drive também não é nada mau.

Mega Man X (Super Nintendo)

A série Mega Man foi uma das mais importantes que a Capcom criou. Enquanto produtores de videojogos mais focados em arcade, esta série foi das suas primeiras criações exclusivamente a pensar no mercado das consolas e que teve realmente um grande sucesso. Com 6 títulos lançados entre 1987 e 1993 (1994 se contarmos com o mercado americano), a Capcom decide revitalizar a série para a “nova” geração das 16bit e o resultado foi este Mega Man X, um excelente jogo de acção lançado originalmente em 1993 para a Super Nintendo. É um pouco frustrante para mim escrever sobre este jogo agora, pois não há tanto tempo atrás quanto isso trouxe cá o Mega Man X: Maverick Hunter X da PSP, um remake com gráficos 3D mas com a mesma jogabilidade e uns quantos extras, pelo que este artigo será então mais curto. O meu exemplar foi-me oferecido por um amigo meu há umas semanas atrás.

Cartucho solto

A série Mega Man X decorre 100 anos após os eventos da série Mega Man original (que até ao momento já conta com 11 jogos!), onde o Dr. Light cria um novo androide com nova e poderosíssima tecnologia. De tal forma que o cientista temia que o androide se pudesse voltar contra os humanos, pelo que o deixou hibernado durante décadas, enquanto computadores analisavam a sua tecnologia e padrões de comportamento. Entretanto X é descoberto e a sua tecnologia é utilizada para fabricar inúmeros androides com consciência e livre arbítrio, o que leva naturalmente a que surjam também vilões, os chamados Mavericks. X acaba então por ser lutar contra essa ameaça em conjunto com o seu companheiro Zero.

O nível introdutório foi marcante. Ver toda aquela destruição fez-me logo pensar que este seria um jogo um pouco mais sério!

Na sua essência este jogo tem muitas similaridades com os Mega Man originais, na medida em que os primeiros níveis (sem contar com o nível de introdução) podem ser jogados em qualquer ordem e, após derrotar o boss que nos espera no final de cada nível, herdamos a sua arma, que pode ser utilizada a qualquer momento. Também como a série que precedeu estes Mega Man X, os bosses são susceptíveis a sofrer mais dano se atacados com uma arma de um outro boss, pelo que existe também uma certa ordem pela qual deveremos escolher os níveis. Para além disso temos muitas novidades, a começar pelo facto de X ser um androide bem mais ágil, podendo saltar entre paredes inclusivamente. Espalhados pelos níveis poderemos encontrar vários segredos incluindo tanques de energia de reserva, itens que nos incrementam a barra de vida, ou mesmo upgrades para o X que nos podem melhorar a defesa, ou dar habilidades novas como poder destruir certos blocos dos cenários com a cabeça ou a extremamente útil habilidade de dash. Para além disso temos agora um sistema de passwords e a possibilidade de revisitar níveis já completos, visto que muitos dos segredos a descobrir obrigam-nos a ter algumas habilidades já desbloqueadas. Em suma todas estas alterações foram muito bem-vindas e a jogabilidade está mesmo no ponto. É um excelente jogo de acção!

Os níveis têm vários itens escondidos. Felizmente que o dash é super simples de obter, esta é uma habilidade que faz todo o sentido!

A nível audiovisual como devem calcular a Capcom também se esmerou, com o jogo a ter cenários bastante variados entre si, desde vários cenários urbanos (alguns até em ruínas em virtude dos ataques dos Mavericks), passando por montanhas repletas de gelo, cavernas, instalações high-tech entre muitos outros. Os inimigos também sofreram um bom upgrade perante a geração anterior, sendo agora sprites maiores, mais coloridas, bem detalhadas e animadas, particularmente os bosses. A Capcom viria ainda a melhorar mais as sequelas que lhe seguiram e ainda na própria Super Nintendo, com a inclusão do chip Cx4 nos cartuchos dos Mega Man X2 e X3 e que permitia à SNES alguns cálculos matemáticos mais avançados e assim alguns efeitos gráficos adicionais. A banda sonora é também bastante agradável, com várias músicas que ficam no ouvido.

Visualmente o jogo é bastante apelativo e transitou muito bem para a geração das 16bit.

Portanto como já referi acima este Mega Man X é um clássico. É um excelente jogo de acção e todas as mudanças na jogabilidade que a Capcom aqui introduziu foram a meu ver um passo na direcção certa, só mesmo suplantado pelas introduções de elementos metroidvania na série ZX, a meu ver.

Four Last Things (PC)

Vamos voltar às rapidinhas para este Four Last Things, uma aventura gráfica bastante original na medida em que se baseia integralmente em pinturas renascentistas para os seus cenários e personagens. Se o conceito não vos é estranho, poderá ser pelo facto de eu já cá ter trazido o The Procession to Calvary há uns meses atrás. Este Four Last Things foi o jogo que o precedeu, embora não exista até ao momento qualquer lançamento físico ao contrário da sua sequela. Há uns meros dias atrás recebi uma notificação do steam que o jogo estava com uma promoção interessante e lá o acabei por “comprar”, recorrendo ao saldo que ainda tinha na conta.

Como já cá falei do The Procession to Calvary, não me sobra muito por dizer visto que este jogo utiliza os mesmos conceitos: é uma aventura gráfica do estilo point and click onde navegamos por uma série de cenários, todos baseados em pinturas renascentistas, acompanhados por música da mesma época e complementado com história repleta de bom humor. Aqui controlamos um viajante “The Immortal John”, onde depois de acordar de um pesadelo que envolve o pecado original (a história de Adão, Eva e a maçã) decide visitar a igreja mais próxima e confessar todos os seus pecados. Acontece que devido a questões burocráticas, como todos pecados foram cometidos noutras dioceses, os bispos locais dizem que não podem aceitar a sua confissão. Dão no entanto a entender um loophole nessa regra: Se John voltar a cometer todos os pecados capitais naquela terra onde se encontra, aí sim já se poderá confessar e será posteriormente absolvido de todos os seus pecados, mesmo que tenham sido cometidos noutras regiões. Portanto o nosso objectivo é simples: temos de cometer ganância, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e orgulho para depois nos redimirmos de todos os pecados.

Cada ecrã é acompanhado de uma música diferente e os seus protagonistas estão visíveis no cenário

Lá teremos então de explorar a zona à volta da igreja onde terão os mais variadíssimos NPCs como gente bêbeda, um pintor de retrato que por acaso é cego, advogados sinistros entre muitos outros. Ao interagir com estes NPCs e coleccionar/combinar objectos vamos poder desencadear uma série de acções e eventualmente cometer todos os pecados mortais. Alguns são bem simples, como é o caso da preguiça. Alguns dos primeiros NPCs que encontramos são uma série de senhorios sem nada para fazer e que estão simplesmente deitados no chão a relaxar. Quando lhes perguntamos se lhes podemos fazer companhia, basta ficarmos deitados no chão uns 30 segundos que o pecado capital é logo desbloqueado. Outros já não serão tão simples assim e obrigam-nos a fazer toda uma série de tarefas até os conseguirmos desbloquear.

Levando o rato até ao topo do ecrã temos acesso ao nosso inventário. Como vejo ali pelo menos um item que não usei, depreendo que certos puzzles possam ter mais que uma solução

Portanto este é um jogo de aventura bastante original e com um bom sentido de humor. É no entanto bastante curto e o seu conceito como um todo foi largamente melhorado na sua sequela, o The Procession to Calvary como já aqui referi. Sendo um jogo tão curto, é uma pena que não tenha sido incluído no lançamento físico da sequela! Entretanto o Joe Richardson tem estado a trabalhar num último jogo que supostamente irá fechar esta trilogia, pelo que o aguardo ansiosamente.