Vapor Trail (Sega Mega Drive)

Voltando aos shmups mas agora na Mega Drive, este Vapor Trail é um jogo lançado originalmente pela Data East nas arcades em 1989, com uma conversão para a Mega Drive a surgir apenas dois anos depois. Sendo um jogo publicado nos Estados Unidos pela Renovation que trouxe aos nossos amigos do outro lado do Atlântico pérolas como Aleste, Elemental Master ou Gaiares, a probabilidade de este ter recebido algum lançamento oficial na Europa era bem reduzida. No entanto o meu exemplar, comprado algures em Fevereiro deste ano na vinted traz um manual completamente em francês (embora lhe falte o oficial em inglês). Existem vários exemplos de jogos Genesis terem sido importados por algum distribuidor e lançados por cá, habitualmente com manuais na língua do país em questão. O Thunder Force III é capaz de ser o exemplo mais conhecido dessa práctica, mas creio que neste Vapor Trail tenha acontecido o mesmo.

Jogo com caixa e manual em francês. Será manual canadiano ou de algum distribuidor independente que tenha levado o jogo para a França?

E este é um shmup vertical onde podemos seleccionar um de vários aviões com características distintas para controlar. Os seus controlos são simples, com os botões A e B a servirem para disparar (o B tem a funcionalidade de rapid fire activada por natureza), já o botão C serve para activar uma funcionalidade especial que nos permite causar imenso dano enquanto estamos temporariamente invencíveis. Para usar essa habilidade precisamos no entanto de encher uma barra de energia visível na barra lateral direita do jogo. Cada nave, para além de diferentes níveis de agilidade e poder de fogo, possui nativamente armas ligeiramente diferentes. No entanto, poderemos apanhar itens com os ícones V, B, M ou D que correspondem a diferentes armas como metralhadoras Vulcan, mísseis teleguiados, mísseis que apenas viajam numa direcção estática mas no entanto a sua explosão é mais poderosa e é capaz de absorver projécteis inimigos ou projécteis de energia que apesar de fracos, são disparados em todas as direcções. Disparar sobre estes itens faz com que os mesmos rodem, pelo que temos de ter isso em consideração para apanhar a melhor arma que nos dê mais jeito para cada situação.

Cada avião que podemos controlar possui diferentes características que afectam também as armas que usamos

Outros itens que podemos apanhar incluem power ups que melhoram o poder de fogo da arma equipada ou a velocidade do avião, outros que nos regeneram parte da nossa barra de vida e temos ainda a letra S para apanhar. Este é um power up especial na medida em que surge no ecrã uma espécie de um apêndice que se acopla no nosso avião, activando uma outra arma poderosa e diferente mediante o avião que controlamos. Usando o botão C quando temos este equipamento anexado faz com que o mesmo se auto destrua, causando uma poderosa explosão capaz de destruir todos os inimigos nas suas imediações, bem como consome todos os projécteis inimigos que a atravessam.

Visualmente é um jogo competente mas sem grandes elementos de ficção científica.

A nível audiovisual é um jogo graficamente ainda algo simples. Não é dos shmups que tenha uma grande costela de ficção científica pois a maior parte de inimigos que iremos enfrentar são outros aviões, tanques ou navios. Naturalmente que teremos como bosses versões gigantes destes veículos e claro, lá para a frente iremos combater mechas também. Os cenários vão sendo algo variados entre si, apresentando paisagens urbanas, desertos, florestas e oceanos com um dos níveis a culminar numa batalha já em pleno espaço. O nível de detalhe é aceitável, embora esteja ainda longe do que títulos como o Aleste ou Thunder Force IV conseguiram apresentar. A banda sonora é bastante agradável, apesar de não ser muito extensa pois há muitas músicas que se repetem ao longo dos níveis.

Ao apanhar o ícone S o nosso avião recebe um anexo que lhe aumenta bastante o poder de fogo e pode ainda ser usado como bomba kamikaze.

Portanto este Vapor Trail é um shmup vertical bastante competente e com algumas mecânicas de jogo interessantes. Peca por ter apenas 6 níveis, mas não quer dizer que o terminemos tão facilmente quanto isso, pois a partir do terceiro nível a dificuldade aumenta bastante, com os inimigos a surgirem de forma mais numerosa, rápida e com padrões mais agressivos. A certas alturas temos tantas balas no ecrã que o próprio CPU até se engasga um pouco!

Kabuki Quantum Fighter (Nintendo Entertainment System)

Tempo de voltar às rapidinhas na NES para um jogo de acção que até se revelou uma interessante surpresa. Fruto de uma colaboração entre a Human e a HAL este é um jogo de acção 2D sidescroller seguramente inspirado pelo Ninja Gaiden da Tecmo. E apesar de não ser um jogo tão frustrante quanto os do conhecido ninja, não deixa de ser bem competente também como irei detalhar em seguida. O meu exemplar foi comprado num pequeno lote a um amigo meu algures em Fevereiro deste ano.

Cartucho solto

O jogo leva-nos ao futuro onde um vírus informático de origem desconhecida invade um super computador que gere um sistema qualquer de defesa terrestre. Com esse sistema comprometido, a possibilidade de as nossas próprias armas nucleares serem usadas contra o nosso planeta é uma ameaça bem real. Um jovem militar voluntaria-se então para uma missão arriscada: utilizar pela primeira vez uma tecnologia experimental que transforma o seu cérebro em dados binários e infiltrar o tal sistema informático comprometido, de forma a localizar e eliminar o tal vírus. No entanto, ao entrar no tal super computador a nossa personagem assume a forma de um dançarino do estilo Kabuki (cenas japonesas) devido a um dos seus antecessores ter tido essa profissão.

Achei engraçado o facto de a cutscene inicial conter instruções de assembly

Mas apesar dos Kabukis estarem ligado às artes do teatro, este aqui é bem ágil como um ninja e o jogo irá-nos apresentar vários desafios de platforming onde teremos de saltitar entre várias plataformas suspensas, outras com tapetes rolantes, paredes com espinhos e lança chamas, entre outros obstáculos. A jogabilidade é simples: um botão para saltar e um outro para atacar. A arma principal de Kabuki é nada mais nada menos que o seu cabelo, embora à medida que vamos avançando no jogo poderemos também desbloquear outras armas, cujas podem ser seleccionadas com o botão select. Um detalhe importante é que poderemos fazer também esta selecção com o jogo em pausa, o que poderá dar bastante jeito em certas circunstâncias. Na parte inferior do ecrã temos uma série de informações úteis como o número de vidas, o tempo restante para terminar o nível, a nossa barra de vida ou a barra dos chips. Esta última é a que nos indica quanta munição temos para ir usando todas as armas especiais que vamos desbloqueando.

Apesar de não ser tão frustrante quanto o Ninja Gaiden o jogo tem também os seus momentos de platforming mais exigente.

Naturalmente, os inimigos quando são derrotados vão-nos deixando alguns itens que podem ir preenchendo uma barra ou outra, para além de eventuais vidas extra. No final de cada nível temos sempre um boss para derrotar e é aí que as armas especiais (principalmente devido ao seu maior alcance) nos vão dar jeito, pelo que a melhor estratégia é mesmo conservar esses chips para os bosses. Até porque depois de os derrotar, somos levados para um ecrã que nos avalia a performance, pontos são atribuídos e o jogo recompensa-nos também com alguma vida e energia extra.

Este Kabuki com o seu cabelo mortífero teria de ser proibido de entrar em concertos de metal

Visualmente o jogo é bastante interessante e se não tivesse mesmo essa premissa de se passar dentro de um computador nunca o iria adivinhar, até porque muitos dos níveis têm uma componente bastante orgânica, ou outros simplesmente um pouco mais sinistros e quase que poderiam ter sido retirados de qualquer Castlevania. As sprites, apesar de pequenas, estão também bem detalhadas e animadas, tal como os bosses também o são, embora nem sempre sejam propriamente grandes. Tal como os Ninja Gaiden vamos ter também várias cutscenes entre os níveis e que vão avançando a história, embora ache que as da Tecmo sejam bastante superiores, para ser sincero. A nível de som nada de especial a apontar, é um jogo bem competente tanto nos seus efeitos sonoros como na banda sonora.

Entre níveis vamos tendo várias cutscenes que avançam a narrativa

Portanto este Kabuki Quantum Fighter até se revelou ser uma excelente surpresa. Para quem gostar de jogos de acção daquela geração como os Castlevania ou Ninja Gaiden esta é uma aposta bem segura. Aparentemente a sua versão original japonesa é baseada num filme que usa uma premissa semelhante: alguém tem de entrar num super computador por algum motivo, mas é transformado num samurai. Naturalmente todas as referências a esse filme foram retiradas nesta versão, mas estou curioso em um dia experimentá-la também.