Alex Kidd: The Lost Stars (Sega Master System)

O Alex Kidd In Miracle World foi o primeiro esforço a sério da Sega em desenvolver um videojogo exclusivamente a pensar no mercado doméstico e para competir com o Super Mario Bros. da Nintendo. A tarefa era difícil, visto que o jogo da Big N era simplesmente arrebatador e revolucionário. Ainda assim Alex Kidd era uma obra suficientemente diferente e também original pelo que até encontrou um sucesso moderado. Ainda no mesmo ano de 1986 a Sega lança, nas arcades, este Alex Kidd: The Lost Stars, mais um jogo de plataformas e que nada tinha a ver com o seu antecessor a não ser a personagem principal. Quanto muito, era um jogo com bem mais parecenças com o Wonder Boy, como iremos ver já em seguida. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Março por 40€.

Jogo com manual

A história deste Alex Kidd anda à volta do desaparecimento de algumas estrelas, algo que já tinha acontecido há muitos anos atrás por intermédio de um poderoso feiticeiro e que convenientemente tinha sido derrotado por um antepassado de Alex. Aparentemente voltou a fazer a mesma coisa, pelo que teremos de percorrer uma série de níveis, supostamente todos relacionados com um signo do zodíaco, e recuperar as estrelas roubadas.

Sinceramente já vi jogos de Mega Drive mais feios…

No que diz respeito aos controlos as coisas são relativamente simples. Alex é controlado pelo direccional enquanto os botões direccionais servem para saltar e atacar. No entanto, tal como no Wonder Boy, atacar é apenas possível assim que apanharmos um arma, representada pelos ícones do tipo S e que nos permitem disparar uns projécteis cujos números são também limitados. Também tal como o Wonder Boy, o jogo tem uma barra de vida partilhada com o tempo disponível para terminar o nível. Quer isto dizer que mesmo que não soframos dano essa barra de vida vai sempre diminuindo, enquanto que se sofrermos dano também ficamos com menos tempo disponível para completar o nível.

Uma floresta com exibicionistas. Nunca pensei ver isto num jogo do Alex Kidd.

Felizmente vamos também poder apanhar toda uma série de itens e power ups. Alguns apenas nos dão pontos extra, outros podem-nos dar a possibilidade de saltar mais alto (as letras J), recuperar parte da barra de vida/tempo, ou as tais munições extra para os nossos ataques mágicos. De resto este é um jogo de plataformas até algo decente e com alguns desafios de platforming mais exigentes, particularmente nos últimos níveis. E apesar de existirem 12 signos do zodíaco, existem apenas 7 níveis distintos (o sétimo sendo alusivo ao tal feiticeiro Ziggurat). Portanto para chegarmos ao final verdadeiro deste jogo teremos de o jogar 2x seguidas, com a segunda volta a ser mais desafiante que a primeira. A recompensa? O ecrã de “The End” mais deprimente de sempre.

Algures no jogo temos uma ou outra referência ao Fantasy Zone. É engraçado como muitos jogos da Sega desta época se referenciavam uns aos outros.

A nível audiovisual este até que é um jogo bem competente. O primeiro nível é especialmente bem colorido e detalhado, mostrando em pleno as diferenças de hardware entre a NES e a Master System. Os níveis vão sendo bastante diversificados entre si, com o primeiro a ser dedicado a brinquedos, o segundo é passado numa grande estação espacial e com referências ao Opa-Opa de Fantasy Zone, o terceiro é uma floresta com um inimigo muito peculiar: um punk com um mohawk, todo nu, de costas e cujo ataque são uns projécteis lançados pelo rabo. Isto nunca passaria num jogo da NES lançado no Ocidente! De resto a banda sonora é agradável, mas a versão Japonesa com a sua banda sonora em som FM é imensamente superior. De notar também que existem também algumas vozes digitalizadas com uma qualidade de som incrível para a época.

Claro que tinha também de haver um nível subaquático…

Portanto este Alex Kidd: The Lost Stars é um jogo que, para quem tenha gostado do Miracle World, iria certamente ficar algo desiludido por ser um jogo tão diferente que mais merecia fazer parte do universo Wonder Boy. No entanto, depois desse potencial choque inicial, até nos apercebemos que é um simples, porém interessante jogo de plataformas e que não merece muita da má fama que eventualmente possa ter. Já o High Tech World, bom, isso é outra história.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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