Space Harrier. Uma obra prima da Sega e de Yu Suzuki, lançada originalmente nas arcades em 1985. Em virtude de utilizar a tecnologia super scaler, que permitia redimensionar de forma fluída, o tamanho de sprites em frame rates elevados, tornou-se uma tecnologia muito utilizada para simular um efeito tri-dimensional em jogos de corrida (como Hang-On ou Out-Run) ou de acção, como foi o caso do Space Harrier ou After Burner. O sucesso de Space Harrier nas arcades fez com que vários clones começassem a surgir, inclusivamente em sistemas domésticos, como é o caso deste Jinmu Denshou, desenvolvido pela Wolfteam exclusivamente para a PC-Engine. O meu exemplar veio de uma loja francesa e custou-me cerca de 12€ no passado mês de Abril.
Neste jogo, em vez de viajarmos pela Fantasy Zone e munidos de um jetpack e um canhão, vamos explorar um outro mundo fantasioso com várias inspirações retiradas do Japão tradicional, até porque controlamos um Samurai apenas munido de uma espada. Os controlos são simples, com o d-pad a controlar a nossa personagem pelo ecrã (e ao contrário de Space Harrier é possível abrandar e até voltar para trás, ao manter o botão baixo pressionado) e os botões faciais a serem usados para saltar ou atacar. Infelizmente, visto que a PC-Engine não possui nenhum hardware que facilite o sprite scaling, a acção não é tão fluída como na versão arcade do Space Harrier. E isto traz-nos diversos problemas. O primeiro é o facto de ser difícil avaliar qual a real distância entre os inimigos/projécteis/obstáculos e a nossa personagem. Visto que apenas usamos uma espada para atacar, significa que apenas causamos dano nos inimigos quando já estamos demasiado próximos dos mesmos, o que é bastante perigoso. O segundo é que ocasionalmente temos também alguns segmentos de plataformas que acabam por se revelar bastante frustrantes pelas mesmas razões.

Felizmente temos uma barra de vida que até é consideravelmente extensa, embora este seja um jogo em que seja muito fácil sofrer bastante dano em pouco tempo. Felizmente também, vamos poder encontrar alguns power ups espalhados pelos níveis. Uns podem regenerar parte da nossa barra de vida, outros podem ser power ups para a espada, que já nos permitem disparar alguns projécteis e assim atacar os inimigos com mais segurança. No entanto, se sofrermos muito dano, perdemos o power up, voltando novamente a ter apenas a espada simples para atacar. Infelizmente, no entanto, também temos power ups maus, que nos retiram vida, poder de fogo ou até nos podem mandar para trás no nível, o que é sempre frustrante. Uma outra mecânica de jogo é a de, ao manter o botão de ataque pressionado, vamos carregando um ataque mais poderoso, mas o problema é que a barra de energia com que carregamos esse ataque, é a mesma barra de vida. Ou seja, quanto menos vida tivermos, mais fraco será esse ataque, o que é outra das razões para tornar um jogo difícil ainda mais difícil. Já para não dizer que os bosses são autênticas esponjas de dano!

Graficamente é um jogo OK tendo em conta o hardware em que corre, sem qualquer suporte nativo a parallax scrolling e sprite scaling. A sua fluidez é sem dúvida melhor que o Space Harrier da Master System e o jogo possui uns visuais muito inspirados no Japão tradicional como já referi. Para além de controlarmos um samurai, os inimigos que temos de enfrentar são tipicamente outros ninjas ou criaturas mitológicas nipónicas. O detalhe dos níveis também vão sendo algo variado. Por vezes temos o solo e/ou céu/tecto às riscas, mesmo à moda do Space Harrier, mas também podemos ter outros cenários de fundo como montanhas ou florestas. As músicas por outro lado são bastante agradáveis, já os efeitos sonoros sinceramente não os achei nada de especial.

Portanto este Jinmu Denshou, para um clone de Space Harrier até tem algumas boas ideias. A possibilidade de abrandar, parar e andar para trás é benvinda e nalgumas situações até dá bastante jeito, quanto mais não seja para tentar apanhar algum power up perdido. No entanto é um jogo incrivelmente difícil pelo facto de muito rapidamente sofremos dano por não ser muito fácil calcular a distância a que os inimigos estão de nós. E munidos de uma espada, sem qualquer power up, obriga-nos mesmo a combater próximo dos inimigos, o que é um grande risco. Os segmentos de platforming são também bastante frustrantes, assim como os bosses que demoram uma eternidade a morrer. É uma pena!