Fire Emblem: New Mystery of the Emblem (Nintendo DS)

Ora cá está um jogo que já joguei e terminei há alguns anos atrás através do meu flashcard da Nintendo DS, pelo que espero que a memória não me falhe na escrita desta análise. E porque só agora estou a escrever um artigo? Porque só no passado mês de Outubro é que comprei um exemplar para a minha colecção, claro. Foi comprado num site japonês e ficou-me por cerca de 40€ já a contar com despesas de portes e desalfandegamento.

Jogo com manual e papelada na sua versão japonesa

Este Fire Emblem New Mystery of the Emblem – Heroes of Light and Shadow, cujo nome nipónico é igualmente comprido (Fire Emblem: Shin Monshou no Nazo – Hikari to Kage no Eiyuu) é um remake do Fire Emblem Monshou no Nazo, o terceiro jogo a ser produzido nesta franquia e o primeiro a sair na Super Famicom, uma vez mais exclusivamente no Japão. Por sua vez esse lançamento original estava dividido em 2 partes: a primeira era um remake do primeiro Fire Emblem da Famicom, enquanto que a segunda era a sua sequela imediata. Visto que a Nintendo DS recebeu também um remake do primeiro Fire Emblem, este novo remake do Monshou no Nazo inclui apenas o conteúdo “novo”. Bom, na verdade inclui também um remake do BS Fire Emblem: Archanea Senki-hen, o que é uma excelente surpresa! Esse jogo é originalmente um dos vários lançamentos do Satellaview, o serviço de “streaming” por satélite que a Nintendo dispunha nos anos 90, exclusivamente no Japão. Ao longo do ano de 1997, a Nintendo disponibilizou quatro batalhas que decorriam no universo dos 2 primeiros jogos e essas estão também aqui representadas na forma dos capítulos adicionais New Archanea Chronicles, o que é uma surpresa muito agradável, pois os lançamentos originais de Satellaview são muito obscuros até pelas próprias características do serviço. E infelizmente, após este belo jogo ter saído em 2010 no Japão, a Nintendo decidiu não se dar ao trabalho de o converter para inglês e lançá-lo no ocidente, talvez por já ser um lançamento algo tardio no ciclo de vida da Nintendo DS e a 3DS estar aí à porta. Felizmente que um grupo de fãs chegou-se à frente e traduziu o jogo para inglês, disponibilizando um patch para o efeito.

Tal como no remake anterior, a narrativa foi expandida e é muito presente, até durante as batalhas!

No que diz respeito às mecânicas de jogo, este é mais um RPG táctico, onde as batalhas são travadas por turnos e no nosso turno nós temos de posicionar as nossas tropas cuidadosamente na área de jogo e usá-las para atacar forças inimigas, suportar os nossos aliados ou conquistar/libertar algumas aldeias onde poderemos inclusivamente recrutar novos aliados. Cada unidade que temos ao nosso dispor poderá ter diferentes classes, que por sua vez variam na sua capacidade de movimento, que tipos de ataques podem executar (físicos, mágicos, suporte, etc) e naturalmente têm também diferentes stats de agilidade, força, pontos de vida ou defesa. No que diz respeito ao dano físico, a série Fire Emblem tem também um interessante sistema de equilíbrio entre as armas brancas de curto alcance, como o facto das espadas terem vantagem perante os machados, os machados serem superiores às lanças e estas terem vantagem sobre as espadas. Para além disso, este é um jogo com muito conteúdo opcional, como algumas personagens inimigas poderem ser convertidas para o nosso exército, apenas se estas forem abordadas por alguma outra personagem chave do nosso lado. Laços podem ser fortalecidos entre certas personagens ao dialogarem entre si e capítulos opcionais podem também serem desbloqueados se certas condições forem preenchidas na batalha anterior. E tipicamente os Fire Emblem têm permadeath, ou seja, uma personagem do nosso exército que morra numa batalha, não voltará a ficar disponível para o resto do jogo. Todos estes factores contribuem para que cada batalha seja cuidadosamente preparada, principalmente para quem quiser obter todas as personagens adicionais e jogar os capítulos bónus.

Outro dos factores a ter em conta é que as armas e itens têm usos limitados, pelo que teremos de ter e procurar alternativas

Mas há também aqui muitas novidades que foram introduzidas no remake. A primeira volta-se mesmo para o permadeath, que pode ser desactivado antes de começar um jogo novo, ao escolher a opção casual, logo após a escolha da dificuldade. Com essa opção activa, as personagens que tenham morrido numa batalha ficam disponíveis na batalha seguinte! Isso naturalmente facilita muito as coisas, embora o jogo seja na mesma desafiante para quem o quiser completar a 100%. Outra das novidades é a inclusão de um avatar, uma personagem criada à nossa medida e que será o principal protagonista em conjunto com Marth, o príncipe de Altea e personagem principal dos dois primeiros jogos.

Antes de cada batalha devemos planear bem que tropas queremos levar

A nível audiovisual, se jogaram o remake do primeiro Fire Emblem na Nintendo DS contem com o mesmo nível de qualidade pois usa o mesmo motor de jogo. Temos então cenários coloridos e personagens em 2D com um bom nível de detalhe nas batalhas, bem como imensos diálogos, todos acompanhados de retratos em 2D igualmente bem detalhados. As músicas são tipicamente épicas, o que condizem bem com as batalhas. Algumas orquestradas, outras mais fast paced, é no geral uma banda sonora agradável.

O ecrã superior tipicamente mostra os diálogos, estatísticas e, no caso dos combates, mostra a acção propriamente dita

Portanto, se gostam de RPGs de estratégia por turnos e, particularmente se são fãs da série Fire Emblem, este é então um lançamento obrigatório. É uma pena que a Nintendo não o tenha trazido para o ocidente, pois para além de ser um remake bem competente de um jogo da Super Famicom, traz também de bónus um remake das batalhas que haviam sido emitidas no serviço Satellaview há muitos anos atrás. O jogo em si infelizmente não é dos mais baratos de importar, mas é 100% recomendado, nem que para isso tenham de recorrer apenas à emulação.

Death Jr. (Sony Playstation Portable)

Vamos finalmente voltar à PSP para ficar agora com um dos jogos que, apesar de não ter sido um título de lançamento, foi um dos primeiros jogos anunciados para a portátil da Sony, tendo saído ainda no seu primeiro ano. Produzido pela Backbone Entertainment, que têm no seu catálogo um vasto número de conversões de videojogos clássicos para sistemas mais modernos, têm também este Death Junior no seu reportório. Este primeiro jogo deu entrada na minha colecção algures em 2014 ou 2015, numa das minhas idas à Lisboa Games Week. Não me recordo quanto custou, apenas me lembro de ter achado muito barato!

Jogo com caixa, manual e papelada

E este Death Junior é um jogo de acção na terceira pessoa que mistura elementos de hack and slash, shooter e plataformas, mas com um universo muito particular. É que controlamos nada mais nada menos que o filho da Morte, onde numa visita escolar a um museu, Pandora abre uma caixa que continha uma poderosa entidade maléfica lá encarcerada e esta, uma vez livre, acaba por semear todo o caos naquele mundo. Todo o jogo tem um aspecto muito “Tim Burton” de The Nightmare Before Christmas e foi seguramente isso que me fez interessar neste jogo.

Os primeiros níveis servem também como tutoriais para os controlos e mecânicas de jogo

Mas infelizmente, apesar do seu conceito e universo ser interessante, já a nível de jogabilidade é um jogo que deixa muito a desejar. Os controlos são simples, com o analógico a servir para nos movimentarmos, já os botões faciais servem para saltar, atacar com a foice, desviar de ataques inimigos e disparar as armas de fogo que tenhamos equipadas no momento. Já o d-pad serve precisamente para seleccionar que arma queremos equipar. Os botões de cabeceira servem para fazer reset à câmara ou activar o strafing, ou seja, andar lateralmente. Até aqui tudo bem, mas este é um jogo onde se sente mesmo muito a falta de um segundo analógico para controlar a câmara. É muito frequente a câmara atrapalhar e fazer com que percamos a visibilidade dos inimigos que tentamos combater. Mesmo o mecanismo de lock-on não funciona tão bem assim. E apesar do jogo ser também um hack and slash, vamos acabar a maior parte do tempo antes a usar as armas de fogo precisamente pelos problemas de câmara e atingir os inimigos à distância. Mas ao menos algumas das armas são divertidas! Começamos por envergar 2 pistolas de balas infinitas, para posteriormente ir desbloqueando outras como shotguns, ratos suicidas equipados com explosivos, uma arma eléctrica, outra que congela, entre várias outras, se bem que estas já usam munição.

Aquelas paredes com olhos servem de barreira entre zonas do mesmo nível. Para as atravessarmos devemos matar um certo número de inimigos

Mas o jogo tem também muitos segmentos de platforming, e a foice é também usada para a exploração, pois permite-nos alcançar algumas plataformas mais altas, mas também deslizar através de cabos de aço. E a exploração é algo bastante recompensado pois poderemos encontrar muitos itens escondidos. Alguns permitem-nos posteriormente comprar upgrades para as armas que vamos encontrando, bem como comprar algumas habilidades novas para o próprio Death Jr. como desbloquear o sistema de combos da sua foice ou um muito útil escudo que nos previne algum dano. De resto, para além dos graves problemas de câmara, também achei o jogo bastante repetitivo. O museu é o hub central de onde poderemos aceder a todos os outros níveis e estes, apesar de serem algo distintos entre si, possuem o mesmo padrão de progresso. Explorar a área onde estamos e matar inimigos suficientes para que consigamos quebrar a barreira que nos dá acesso à área seguinte, onde repetiremos o processo. Ocasionalmente teremos também alguns bosses para defrontar e estes tipicamente obrigam-nos a interagir um pouco com os cenários de forma a que os consiguemos derrotar! Mas o que achei mais repetitivo foi mesmo a aparente pouca variedade de inimigos. São às centenas em cada nível, o que acaba por cansar um pouco também.

Infelizmente os inimigos acabam por se tornar bastantes repetitivos também!

A nível audiovisual é um jogo interessante. Como já referi logo no início, o mundo de Death Jr. parece retirado de um filme de Tim Burton, quanto mais não seja pela peculiaridade dos amigos de DJ que teremos de salvar. Os cenários são a vizinhança de DJ, a sua escola ou um manicómio e estes apresentam todos também um aspecto algo cartoonesco que me agrada. É também um dos jogos do primeiro ciclo de vida da PSP, pelo que apesar de ter sido impressionante para a altura em que saiu, também não foi um dos que envelheceu melhor. A nível de som não esperem por grande voice acting e as músicas são agradáveis, mantendo algumas melodias algo assombrosas, mas não assustadoras. Lá está, algo retirado de algum filme de animação com uma temática mais de Halloween, talvez.

Portanto este Death Jr é um jogo que até tem boas ideias, mas a sua execução não foi a melhor. Com um segundo analógico, onde o segundo analógico serviria para controlar a câmara, tenho a certeza que seria uma melhor experiência. Ainda assim a Backbone conseguiu arranjar forma de produzir duas sequelas, cada uma com piores críticas que a outra. Por acaso ainda não tenho nenhuma dessas na colecção, mas não posso dizer que tenha muita pressa em as arranjar.