Dizzy Collection (Commodore 64)

Vamos voltar ao computador Commodore 64 para mais uma artigo algo breve onde irei abordar a colectânea Dizzy Collection. A personagem Dizzy chegou a ser a mascote da Codemasters por uns quantos anos, os seus desafiantes jogos de plataforma e exploração agradaram a muitos fãs e não é por acaso que desde o lançamento do primeiro jogo em 1987, foram lançadas inúmeras sequelas e títulos secundários, ao longo de vários sistemas. Aliás, recentemente a série até que tem estado um pouco mais activa com alguns remakes ou mesmo novos jogos para sistemas mobile, NES ou o velhinho ZX Spectrum! Mas voltando a esta compilação, eu comprei-a numa loja de videojogos na zona do Porto algures por 2016 talvez, por 5€.

Colectânea com caixa, manual e papelada. Os 5 jogos estão dispersos pelos lados A e B de duas cassetes.

O primeiro jogo que vem nesta compilação é nada mais nada menos que o primeiro Dizzy, cuja versão para o ZX Spectrum já cá a trouxe no passado. E a versão Commodore 64 é muito idêntica à original do Spectrum, apesar do C64 ser um computador com melhores especificações e capaz de bem mais do que é aqui representado. No entanto a versão C64 não tem os problemas de color clashing inerentes à arquitectura do Spectrum, o que é certamente uma mais valia. No ano seguinte, em 1988 sai a sua primeira sequela, Treasure Island Dizzy, também com a versão ZX Spectrum a ser a original, tendo sido convertido para uma série de outros sistemas. Também tal como o primeiro jogo, a versão Spectrum também já foi analisada cá e a conversão para Commodore 64 é inteiramente baseada no Spectrum, mantendo o mesmo estilo gráfico, excepto o color clash, uma vez mais.

Visualmente, o primeiro Dizzy para o C64 não difere muito da versão ZX Spectrum

Em 1989 sai o terceiro jogo da série, intitulado de Fantasy World Dizzy. Este é mais um jogo de plataformas e exploração onde Dizzy foi feito prisioneiro nos calabouços de um castelo e para além de escapar, terá também de procurar resgatar a sua namorada Daisy. As mecânicas são idênticas à aventura anterior, com um grande foco na exploração dos cenários, apanhar itens e usá-los em certos pontos chave para desbloquear passagens e assim progredir no jogo. Temos para isso uma vez mais um sistema de inventário que nos permite carregar com até 4 itens em simultâneo e para além de resgatar Daisy, para terminar a aventura teremos também de procurar 30 moedas de ouro espalhadas pelo mundo do jogo. Algumas estão mesmo muito bem escondidas, por detrás do cenário, pelo que na altura em que o jogo saiu ainda deve ter dado um grande trabalho para descobrir tudo. A nível audiovisual pouco muda perante as outras versões 8bit desde jogo, ou seja, a versão Commodore 64 herda o aspecto gráfico mais simplista do ZX Spectrum, sem color clashing e a música vai também sendo tocada ao longo de todo o jogo. Convém também referir que este Fantasy World Dizzy esteve para ser lançado em 1993 para a NES sob o nome de Mystery World Dizzy, o que na altura acabou por não acontecer. Ainda assim os manos Oliver decidiram disponibilizar a ROM gratuitamente em 2017!

No Treasure Island Dizzy já tinhamos um sistema de inventário, mas ainda muito rudimentar

Mas em 1989, e ainda antes do Fantasy World Dizzy ter saído, sai também o primeiro de muitos spinoffs desta série, o Fast Food Dizzy, também aqui presente nesta compilação. E este é na verdade uma espécie de clone de Pac-Man, onde Dizzy percorre uma série de labirintos e em vez de coleccionar pontos amarelos, teremos de coleccionar toda a comida presente no ecrã e fugir de outras criaturas que nos perseguem. A principal diferença é que alguma da comida também se move pelo labirinto e também poderemos encontrar alguns power ups pelo caminho, como um frasco de qualquer coisa que mata instantaneamente todos os inimigos no ecrã, outro que nos dá invencibilidade temporária, ou outro que abranda bastante o movimento de todos os que por lá andam, incluindo o do próprio Dizzy. De resto é um jogo que vai ficando cada vez mais difícil, com os inimigos a tornarem-se cada vez mais numerosos e a adoptarem padrões de movimento mais agressivos. A nível audiovisual esta versão C64 acaba por ser diferente da versão ZX Spectrum, apresentando mais cor e mais detalhe nalguns locais. No jogo em si, infelizmente, algumas das sprites de comida são algo imperceptíveis nesta versão.

No Fast Food Dizzy a cada 3 níveis ganhamos uma vida extra, acompanhada de uma interessante cutscene

Por fim o último jogo que cá existe nesta compilação é o Magic Land Dizzy, lançado originalmente em 1990 como sendo o quarto jogo da série principal de aventura/platforming/exploração. Foi também o primeiro Dizzy a não ser directamente desenvolvido pelos Oliver Twins, embora eles tenham supervisionado todo o projecto. E sim, este é mais um jogo de plataformas onde temos de explorar muito bem os cenários, apanhar itens e usá-los nos locais/NPCs certos de forma a poder progredir no jogo. Mais uma vez temos o mesmo sistema de inventário que nos permite carregar múltiplos itens em simultâneo, se bem que desta vez temos mais inimigos para evitar, para além dos obstáculos habituais. E Dizzy tem aqui uma barra de vida, mas quando sofremos dano, não temos quaisquer frames de invencibilidade que nos permitam escapar do perigo em segurança, mas sim sofremos dano continuamente! Para além de libertar todos os amigos de Dizzy e eventualmente defrontar o feiticeiro Zaks uma vez mais, teremos também de apanhar uns 30 diamantes espalhados pelo jogo. A cena é que os diamantes também servem para regenerar a nossa barra de vida, pelo que devemos apanhá-los mas com alguma estratégia também. De resto, a nível gráfico este Dizzy mantém a mesma tradição dos anteriores no Commodore 64, ou seja, é uma adaptação muito próxima da versão ZX Spectrum. Temos é música ao longo de toda a aventura também, e esta até que é bastante agradável. Mas também como o título anterior, este Magic Land Dizzy esteve prestes a sair na NES algures em 1993 como Wonderland Dizzy. E apesar de isso não se ter concretizado, os irmãos Oliver acabaram por lançar gratuitamente a ROM dessa versão em 2015!

No Fantasy World Dizzy temos poucos inimigos mas não há grande margem para erro pois ao menor deslize perdemos uma vida

Portanto esta até que é uma compilação bem interessante, contendo 5 dos primeiros títulos do Dizzy num só lançamento. É verdade que esperava um pouco mais da adaptação para o Commodore 64 da maioria destes jogos, mas ainda assim, mesmo com a sua dificuldade e saltos desnecessariamente complicados que não fizeram com que estes jogos envelhecessem tão bem quanto isso, é fácil entender o porquê de terem sido tão populares no final da década de 80 e inícios dos anos 90. O seu foco na exploração e as personagens carismáticas (para aqueles tempos) fizeram imensos fãse e no meu caso, mesmo só tendo vindo a conhecer os Dizzy pelos seus lançamentos na Master System e Mega Drive, também virei fã na sua época!

Doraemon: Meikyuu Daisakusen (PC-Engine)

Voltando à PC-Engine vamos cá ficar com um título curioso. Saiu no ocidente para a Turbografx-16 como Cratermaze, enquanto este lançamento nipónico usa uma licença do anime Doraemon. O que de certa forma até se compreende pois os americanos não conheceriam Doraemon em 1990, e como a Turbografx na Europa tem uma presença ainda mais misteriosa nem vale a pena dissertar sobre esse ponto. Mas na verdade, nenhuma destas versões é original, pois na verdade são ambas adaptações do Kid no Hore Hore Daisakusen (arcade) ou Booby Kids (Famicom) da Nichibutsu. O meu exemplar veio de um bundle de 14 jogos de PC-Engine que importei do Japão e com todos os custos associados me terá ficado algo próximo dos 100€.

Jogo com caixa e manual embutido na capa

Ora mas confusões de versões à parte, em que é que consiste este jogo? Bom, vamos lançar mais um nome para a fogueira, pois este acaba por ser um clone do Heiankyo Alien, um clássico dos computadores nipónicos lançado originalmente em 1979. Nesse jogo o objectivo era o de combater uma invasão alienígena, onde percorríamos níveis labirínticos como no Pac-Man, cavar buracos no chão, esperar que algum inimigo lá caia e em seguida tapa-se o buraco para o derrotar definitivamente, caso contrário ao fim de alguns segundos o alien acaba por escapar na mesma. E temos um conceito de jogabilidade muito semelhante, mas adaptado de certa forma ao universo Doraemon, pois controlamos o próprio gato azul. A história é contada através de uma cutscene em japonês, portanto certamente está-me a escapar alguma coisa, mas basicamente vamos andar a viajar pelo tempo, defrontar criaturas bizarras e resgatar os amigos de Doraemon, com um ou outro boss muito esporádico.

O objectivo de cada nível é o de coleccionar todos estes pseudo-hamburgers espalhados pelos níveis e procurar a sua saída, tudo isto dentro do tempo limite

Ao longo de 60 níveis teremos então diferentes labirintos para explorar, repletos de inimigos e potencialmente outros obstáculos. O objectivo é o de procurar a saída do nível, mas para isso temos de coleccionar uma série de “bolinhos” espalhados pelos mesmos. Uma vez comendo todos os bolinhos, aparece algures no nível uma chave que nos permitirá destrancar a porta de saída e avançar para o nível seguinte. Mas para além de um tempo limite que temos de ter em conta, o jogo possui também vários inimigos a patrulhar os corredores. E é aí que entram as mecânicas do Heiankyo Alien, pois com o pressionar de um botão o Doraemon cava um buraco à sua frente e com o mesmo botão tapa-o. A ideia é então esperar que algum inimigo lá caia e depois temos a escolha de tapar o buraco ou não. Se não o fizermos, passados alguns segundos o inimigo consegue escapar, mas se taparmos o buraco matamos o inimigo e ganhamos alguns pontos extra. Ou seja, seria uma decisão fácil se matar os inimigos não tivesse alguns contras. Em primeiro lugar, mesmo que os matemos, eles voltam a renascer ao fim de algum tempo. Depois, quando matamos um inimigo fica uma campa no seu lugar e nessa zona já não podemos cavar nenhum buraco. Na dificuldade maior, os inimigos são mais numerosos e renascem mais rapidamente pelo que podemos correr o risco de preencher um corredor com campas e depois não nos podermos defender. Também há certos inimigos invencíveis, o que é outro factor a ter em conta!

Para defrontar os inimigos devemos criar buracos como armadilha, mas tal com o Bomberman, não convém cair nas nossas próprias armadilhas!

Mas temos também diversos power ups a considerar. Muitos conferem-nos habilidades temporárias, como invencibilidade, congelar ou abrandar todos os inimigos no ecrã, armas como pistolas de água ou yo-yos que os derrotam instantaneamente, ou até bombas que podem ser detonadas remotamente à lá Bomberman. Outros itens são cumulativos, embora os seus beneficios se percam quando perdemos uma vida. Esses power ups permitem-nos aumentar a nossa velocidade, bem como aumentar a capacidade de cavar mais buracos em simultâneo! Algo que devemos também considerar na jogabilidade são os níveis de dificuldade. No mais fácil, temos mais tempo para completar um nível, os inimigos são menos numerosos e demoram mais tempo a renascer. Na dificuldade normal o contrário acontece e para além disso os níveis têm obstáculos como portas que podemos também utilizar a nosso proveito, como barrar caminhos a inimigos que nos persigam. Mas aqui também devemos estar mais atentos aos buracos que cavamos, pois podemos cair neles e perder uma vida. Para além disso podemos ainda desbloquear um nível de dificuldade superior (expert) mas já não me meti aí. De resto é uma pena que este seja um jogo single player apenas!

Portas, portais ou molas são elementos que também devemos ter em conta na nossa estratégia

A nível gráfico é um jogo muito colorido, mas tendo apenas níveis com uma natureza labiríntica como Bomberman ou Pac-Man, também não há grande margem para deixar os níveis mais detalhados. As sprites do Doraemon e restantes inimigos têm de caber nos corredores, pelo que possuem tamanho e grau de detalhe adequados. Os 60 níveis vão intercalando entre diferentes períodos temporais como a pré-história, Japão feudal, Segunda Guerra Mundial, o presente urbanizado e futuro, pelo que o aspecto dos níveis e dos inimigos que os percorrem vão sendo adequados à sua era (excepto por uns quantos aliens que por lá andam a passear também). As músicas também vão sendo variadas consoante a era que exploramos no momento e sinceramente achei-as bastante agradáveis!

As poucas cutscenes que aqui existem estão todas em japonês mas dá para se ter uma boa ideia da história

Portanto, e em suma, este é um jogo bastante divertido! É verdade que na sua dificuldade fácil é de facto bastante fácil, mas o normal já apresenta um bom desafio. E é também verdade que 60 níveis podem parecer bastantes, mas felizmente poderemos gravar o nosso progresso quer através de passwords, quer pela própria PC-Engine Duo que já possui alguma memória interna para esse efeito, pelo que este jogo acaba por ser um óptimo escape e ir jogando uns quantos níveis ocasionalmente. Pena é que não tenha qualquer vertente multiplayer, pois teria potencial para ser ainda mais divertido dessa forma!

Section 8 (PC)

Produzido pela TimeGate Studios, os mesmos que desenvolveram algumas das expansões dos F.E.A.R., Section 8 é um FPS genérico com um grande foco no multiplayer online. Embora também tenha um modo história bastante curto, mas que acabaria por servir de treino para a componente online. O meu exemplar digital veio parar à minha conta steam há uns quantos anos atrás, acho que até foi oferecido! Tenho pena de não o ter jogado há mais tempo, pois este é um dos jogos que usaria o extinto serviço da Games for Windows Live e hoje em dia conseguir sequer correr esses jogos já dá um bocado mais de trabalho. EDIT: Recentemente comprei, numa feira de velharias, um exemplar físico deste jogo que já ficou na colecção.

Jogo com caixa, sleeve exterior de cartão, manual e papelada

Ora este é um FPS futurista que faz lembrar de certa forma jogos como o Crysis, até porque os protagonistas de ambos os jogos usam armaduras todas high-tech. Mas as semelhanças infelizmente terminam aí pois Section 8 é um jogo a meu ver bastante genérico e que não envelheceu lá muito bem do ponto de vista técnico. A história leva-nos a uma batalha interplanetária entre duas facções militares que se odeiam por algum motivo. Não há mesmo muito mais a detalhar infelizmente, pois a campanha para além de ser bastante curta (cerca de 2:30h), a história que a acompanha também não é nada apelativa.

Quando começamos alguma missão ou fazemos respawn somos lançados do espaço para o campo de batalha

E a campanha acaba por ser de certa forma uma emulação do que seria a vertente online do jogo, pois todas as nossas missões acabam por ser conquistar, controlar e / ou defender pontos de controlo originalmente controlados pelo inimigo, ou simplesmente activar, desactivar ou mesmo destruir alguns objectivos. Os mapas são é bastante grandes e no início de cada missão, ou sempre que morramos e fazemos respawn, nós somos lançados de uma nave espacial que orbita o planeta e poderíamos escolher o ponto do mapa onde fazer respawn. Mas claro, essa liberdade seria mais para o modo online. As restantes mecânicas de jogo são relativamente simples, com a possibilidade de equiparmos 2 armas de fogo, mais 1 tipo de granadas ou outros explosivos. No combate temos de ter em conta que tanto nós como os inimigos possuimos escudos de energia que se vão desgastando com o dano sofrido, mas depois acabam por regenerar e só depois de esgotados os escudos, é que a barra de vida vai sofrendo dano! O fato xpto que equipamos possui também as habilidades de sprint e usar um jetpack que nos permite saltar a alturas elevadas. Isto é fixe mas o sprint demora imenso tempo a ser activado! Já o jetpack acaba por recarregar bem mais rápido. Outra das habilidades do fato é a possibilidade de se fazer, temporariamente, lock on a algum inimigo.

Os mapas até que são bastante grandes, mas não são lá muito interessantes

Para além do tipo de objectivos, o modo história simula também outras coisas da vertente online. Na campanha não podemos escolher que personagem representar nem a sua classe ou equipamento, mas ocasionalmente surgem no mapa alguns pontos de abastecimento onde não só podemos regenerar munições, bem como trocar o loadout armas! Ocasionalmente também poderemos conduzir mechas ou outros veículos como tanques, bem como criar turrets ou outras estruturas com base em créditos que vamos ganhando ao longo do jogo e depois possamos gastar livremente. Ora isto vai sendo explorado superficialmente na campanha, mas dá para ter uma ideia das possibilidades do online. Online esse que naturalmente não experimentei sequer!

Com os créditos que vamos amealhando podemos comprar turrets, veículos, entre outros goodies!

A nível audiovisual, mesmo para um jogo de 2009 confesso que estava à espera de algo mais, pelo menos no PC. Este deve ter sido mais um dos exemplos de um jogo a ter sido desenvolvido com a X360 como plataforma de base e posteriormente convertido para PC, sem grandes melhorias a nível gráfico. É que mesmo para 2009 não era propriamente um jogo que impressionava, é verdade que os mapas são grandes, mas não têm grande detalhe e logo não envelheceram lá muito bem. A narrativa do modo campanha é também muito fraquinha!

Portanto este Section 8 acaba por ser um FPS algo genérico mas que até deve ter sido divertido quanto baste no seu online multiplayer. E por muito genérico que seja, infelizmente é um daqueles jogos que já não está disponível para compra no steam, mas felizmente o mesmo também foi lançado em edição física e sendo um jogo não muito bom, não deve ser caro. Pelo menos eu lembro-me de o ter visto aos montes na extinta Game ao pé de casa por 5€ e na altura não o ter comprado, mas sinceramente também não me arrependo.

The King of Fighters: Dream Match 1999 (Sega Dreamcast)

Vamos continuar pelas rapinhas, visitando novamente a Sega Dreamcast para mais um dos seus jogos de luta. E este King of Fighters, apesar de ter 1999 no seu nome, não é o KOF 99, mas sim uma conversão do KOF 98. Mas, tendo saído em 1999, alguém na SNK achou boa ideia mudar o seu nome. O meu exemplar foi comprado no mês passado a um particular, tendo-me ficado algures pelos 28€ e é a sua versão japonesa.

Jogo na sua versão NTSC-J com caixa, manual embutido na capa, spine e papelada

Ora o King of Fighters 98 é um excelente jogo de luta em 2D e a razão pela qual este artigo é uma rapidinha é porque já cá escrevi acerca da sua versão original de arcade, para a Neo Geo MVS. E em que difere esta adaptação do KOF perante o original? A nível visual há algumas diferenças que irei detalhar em seguida, já na jogabilidade practicamente tudo se mantém idêntico a meu ver, tanto nas personagens disponíveis, como nas mecânicas de jogo em si. Existem porém alguns modos de jogo adicionais, como a possibilidade de fazer combates de 1 contra 1, ao invés das tradicionais equipas de 3, bem como um modo de treino e um survival. Este último modo de jogo é também simples: escolhemos uma personagem, e teremos de derrotar todos os outros! De resto este é também um dos poucos jogos da Dreamcast que tem alguma interacção com a Neo Geo Pocket da SNK, nomeadamente com o jogo The King of Fighters R-2 mas sinceramente não entendi bem o que é desbloqueado com essa interacção, até porque nem tenho esse sistema nem o jogo, muito menos o cabo de ligação que seria também necessário.

O redesenhar das arenas para usarem assets em 3D poligonal até ficou melhor do que esperava, mas confesso que prefiro os visuais 16bit extremamente detalhados do original.

A nível audiovisual temos também algumas diferenças como já referi antes, a começar pela nova introdução, que é uma sequência anime de um combate entre Kyo e Iori, intercalando com apresentações das restantes personagens. A segunda grande diferença está mesmo nos gráficos das arenas. As personagens em si mantêm as mesmas sprites em 2D dos originais, mas as arenas foram redesenhadas de gráficos completamente em 2D, para introduzirem alguns elementos em 3D, o que lhes dão uma melhor sensação de profundidade. Sinceramente eu prefiro os visuais da versão original, mas confesso que o resultado final não ficou tão mau quanto eu temia. Isto porque os elementos em 3D não são tão “quadrados” quanto esperaria e até nem ficam mal de todo! De resto, a nível de som, nada de especial a apontar. As músicas têm mais qualidade nesta versão, mas infelizmente a música recomeça em cada round na mesma arena, em vez de ser contínua como as outras versões.

Thunder Jaws (Commodore 64)

A rapidinha de hoje leva-nos pela primeira vez ao Commodore 64, um computador de 8bit que até fez bastante sucesso tanto na Europa como na América. E este é um jogo que já tenho na colecção há uns quantos anos, por aí desde 2014, após o ter comprado numa feira de velharias ao desbarato. Estava a guardá-lo para um dia que finalmente encontrasse o hardware, o que infelizmente ainda não aconteceu, pelo que este teve mesmo de ser em emulação.

Jogo em cassete com caixa e manual

E mesmo que arranjasse um Commodore 64, confesso que teria de o acabar por jogar em emulação, pois o jogo, pelo menos esta conversão, é muito mau. Este Thunder Jaws foi lançado originalmente pela Atari nas arcades, com a britânica Domark a adquirir uma licença para produzir conversões para diferentes computadores, onde para além do Commodore 64, a Domark publicou também versões para o Commodore Amiga, Atari ST e Amstrad CPC. Na caixa está também ilustrada uma versão ZX Spectrum, mas aparentemente essa nunca chegou a ver a luz do dia.

Começamos a aventura a explorar o fundo dos oceanos onde tubarões e outros mergulhadores são a nossa maior preocupação

Thunder Jaws é um jogo de acção onde mistura níveis subaquáticos com outros níveis mais tradicionais de um 2D sidescroller, com bastantes influências do Rolling Thunder da Namco, não só pelos seus 2 planos de acção, mas também por existirem imensas portas de onde inimigos vão surgindo. E nós controlamos um agente secreto que terá de se infiltrar nas diferentes bases da Madame Q, que planeia dominar o mundo através das suas criaturas mutantes, e vamos precisamente alternando entre os tais níveis subaquáticos e os seus laboratórios que deveremos destruir.

Usar um lança chamas debaixo de água? Porque não?

A jogabilidade é teoricamente simples, pois é um jogo que está preparado para usar um joystick de um botão apenas. Podemos então movimentar o nosso personagem livremente com o joystick (incluindo saltar) e o único botão de acção serve para disparar a arma. Tanto nos níveis aquáticos, como nos laboratórios, começamos inicialmente com um lança arpões de munição infinita, mas poderemos encontrar outras armas como Uzi, uma arma que lança projécteis explosivos ou um lança chamas, mas a munição dessas esgota-se com alguma facilidade. O principal problema a meu ver é que o jogo é bastante difícil e de forma injusta, pois os inimigos surgem de todos os lados e tipicamente são bem mais ágeis que nós, o que nos deixa numa posição de completa desvantagem. Temos uma barra de vida, algumas vidas e continues para gastar, mas rapidamente eles são gastos! E ainda nos controlos, para saltar alto e subir para os níveis superiores, teríamos de pressionar para cima e o botão de fogo em simultâneo, o que também não resulta bem, infelizmente.

O jogo é frustrante pela quantidade e agilidade dos inimigos. Para além disso os arpões, apesar de terem munição infinita, não causam tanto dano quanto isso

Graficamente, o original arcade era de facto muito interessante, com cenários e personagens bem definidos, coloridos, com boas animações e detalhe! O Commodore 64 é um sistema 8bit muito mais modesto, pelo que já não tem o mesmo apelo. Ainda assim, comparando com outros sistemas 8bit da época, o Commodore 64 até me surpreende positivamente e isso é notório nas sprites bem detalhadas que o jogo apresenta. Mas a nível de cor e detalhe de cenários, é muito mais modesto sim. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros e a música essa infelizmente apenas existe no ecrã título.

Portanto este Thunder Jaws para a Commodore 64 é infelizmente um jogo para esquecer. A sua dificuldade injusta e mau controlo especialmente com os saltos tornam-no numa experiência bastante frustrante! O original arcade até parece ser um jogo divertido, talvez as conversões para o Amiga ou Atari ST se tenham safado melhor, até porque suportam multiplayer cooperativo.