Voltando aos point and click clássicos da Sierra, vamos agora começar por explorar a série Space Quest. Enquanto que a série King’s Quest era dedicada à fantasia medieval, a Police Quest bem mais realista ao narrar a vida do combate ao crime moderno, já a série Space Quest tem fortes influências de filmes de ficção científica. O meu exemplar digital veio num excelente bundle dedicado à Sierra, foram dezenas de jogos por uma ninharia.
E nesta série encarnamos em mais um herói improvável: Roger Wilco, o não muito competente funcionário de limpeza a bordo da nave Arcada, repleta de cientistas que estavam a trabalhar num projecto secreto. A meio da sua viagem são interceptados por uma nave de guerra da civilização Sarien que, para além de dizimarem toda a restante tripulação a bordo, roubaram o protótipo do projecto secreto que os cientistas a bordo estavam a trabalhar: a máquina Star Generator. O nosso primeiro objectivo será o de sobreviver e escapar escapar ileso da nave, o que nos levará a despenhar mais tarde no planeta deserto de Kerona, onde uma vez mais teremos de lutar pela nossa sobrevivência.

Tal como o primeiro Larry e Police Quest, este primeiro Space Quest teve dois lançamentos distintos. O original de 1986, que utiliza o antiquado motor gráfico AGI e com parser de texto, mas também um remake em 1991, já com o novo motor de jogo que suporta gráficos VGA e um interface verdadeiramente point and click. A história é muito semelhante em ambas as versões, existindo porém alguns puzzles que são jogados de forma algo diferente. O original obriga-nos a escrever numa linha de comando quais as acções que queremos executar, o que nem sempre funciona bem a menos que usemos as palavras certas e no local certo também. O remake já tem um interface verdadeiramente point and click, onde poderemos alternar a forma do ponteiro do rato para realizar diferentes acções como mover, observar, falar, interagir, cheirar ou usar algum item do nosso inventário. De resto, tanto o original quanto o remake possuem imensas formas de morrer, à boa maneira da Sierra, o que nos irá obrigar a gerir bem os saves.

A nível audiovisual, tanto no primeiro Larry como no primeiro Police Quest, eu sempre afirmei que preferi os visuais mais simplistas das versões originais, apesar dos remakes possuirem de longe cenários, personagens, efeitos sonoros ou música muito superiores. Neste caso, tirando um ou outro ecrã em que realmente apreciei os visuais mais pixel art minimalistas do original, como um todo devo dizer que preferi o remake. Tanto num lançamento como no outro temos imensas referências a filmes como Star Trek e Star Wars, desde o planeta deserto a fazer lembrar Tatooine, inclusivamente aquele bar manhoso frequentado por pessoas não muito honestas. E quando visitamos esse bar vemos também outras referências, pois quem está no lugar da banda podem ser artistas como os Blues Brothers ou ZZ Top, se bem que a banda sonora em PC-Speaker do original AGI não abona muito a seu favor.
Portanto devo dizer que não desgostei de todo deste Space Quest. É um jogo algo curto, mas repleto de perigos e situações de vida ou de morte que nos irão obrigar a ter um cuidado especial em gerir save games. Sinceramente acabei também por gostar mais do seu remake, não só pelos seus audiovisuais serem melhores, mas também pela narrativa ser mais trabalhada. A ver como a personagem Roger Wilco vai crescendo nas aventuras seguintes!