Nightbreed (ZX Spectrum)

Continuando pelas rapidinhas, hoje voltamos ao mítico ZX Spectrum, o microcomputador 8bit da Sinclair que levou vários países europeus ao rubro. Nightbreed foi um filme de terror do início da década de 90, realizado por Clive Barker, já conhecido autor e realizador de livros e filmes do género. E tal como muitos filmes da década de 80 e 90, a britânica Ocean Software acabou por garantir os direitos para uma conversão para videojogos, que foi lançada para variados sistemas na altura. O meu exemplar foi comprado algures no final do ano passado na Feira da Vandoma no Porto por 5€. É um jogo 100% original.

Jogo em caixa com manual

O jogo tenta seguir mais ou menos a história do filme, onde encarnamos no Aaron Boone, que viaja até ao mundo de Midian, onde monstros vivem e outros seres renegados pela humanidade vivem, os chamados Nightbreed. Eventualmente coisas acontecem e temos de salvar os Nightbreed para além da nossa namorada Lori que por sua vez foi raptada pelo psiquatra/serial killer Dr. Phillip Decker… bom, perdi-me aqui pelo meio, tenho mesmo de ver o filme.

Os cenários até que estão bem detalhados para o Spectrum. O problema está mesmo na falta de cor das sprites que nos screnshots dificulta as coisas

Na sua essência, este jogo é um sidescroller/plataformas, com um bocadinho de Metroid pelo meio visto que teremos de explorar o cenário e fazer algum backtracking, seja para procurar itens, falar com alguns NPCs e por aí fora. Temos um botão para saltar e um outro para atacar, o que pode ser um nadinha frustrante visto que o nosso ataque principal é um pontapé quando alguns dos nossos inimigos estão equipados com metralhadoras e não têm medo de as usar. O sistema de saúde/vidas é interessante. Inicialmente dispomos 3 vidas que são identificadas com 3 caras humanas no canto superior direito do ecrã. Cada vez que sofremos dano, uma das caras vai-se transformando em caveira e assim que estiver completamente transformada, é como se perdesse uma vida e o dano que vamos recebendo começa a deformar a cara seguinte. Entretanto por vezes lá vemos umas bolhas de ar a percorrer o ecrã e sempre que as tocamos, a nossa vida vai regenerando. Entretanto, se já tivermos uma ou mais caveiras completes, essas não podem ser regeneradas, são mesmo vidas perdidas.

Portanto este acaba por ser um jogo desafiante, na medida em que inicialmente não sabemos muito bem o que fazer nem como recuperar dano perdido (e vamos perder muita vida), e o combate nem sempre é satisfatório pelo curto alcance dos nossos pontapés. Por outro lado, a nível audiovisual, este é um jogo decente para um ZX Spectrum, com cenários bem detalhados, que mostram um submundo demoníaco e desolador. Sendo este um jogo que suporta o ZX Spectrum 128K e respectivas variantes, existem também algumas músicas que vamos poder ouvir aqui e ali. Só é chato que esteja constantemente a pedir para carregar no play, stop e rewind quando andamos a navegar de um lado para o outro no mapa.

Virtua Racing Deluxe (Sega 32X)

Continuando pelas rapidinhas, mas desta vez pela 32X, o jogo que cá vos trago hoje é mais uma das conversões do Virtua Racing, o clássico arcade da SEGA que estreou o sistema arcade MODEL 1, desenvolvido em conjunto com a Lockheed Martin. Para os padrões de 1992, era practicamente o estado da arte, pelo que conversões para consolas domésticas seriam muito desafiantes. A Mega Drive foi a primeira consola a receber uma conversão, sendo o único jogo da biblioteca desta consola que usa um chip auxiliar para o cálculo dos gráficos em 3D, o SVP. Com o desenvolvimento da 32X, acharam por bem lançar também uma outra conversão para esse novo add-on, que possui melhores capacidades para gráficos em 3D. O meu exemplar foi comprado algures em Janeiro por 16€.

Jogo completo com caixa, e manuais!

Virtua Racing Deluxe é mais que uma simples adaptação do clássico arcade. Para além dos 3 circuitos originais, esta conversão dá-nos mais 2 pistas para correr, bem como mais 2 tipos de carros diferentes. Se no original apenas conduzimos um carro de Formula 1, aqui temos também um Stock Car (tipo Daytona USA) e um carro protótipo, com design mais futurista. Os modos de jogo também são idênticos com a versão arcade, um versus para 2 jogadores e também um modo time attack onde o objectivo é mesmo fazer o melhor tempo possível. De resto as mecânicas de jogo são mesmo o mais arcade possível, com o objectivo primordial ser sempre o de ter tempo disponível para chegar ao checkpoint seguinte. Terminar a corrida em primeiro? Só quando formos bons!

Embora não pareça, esta versão está bem mais próxima do original!

No que diz respeito aos audiovisuais, esta é uma adaptação mais fiel do original visto que possui mais polígonos e uma maior fluidez nas corridas. Ainda assim, e como seria de esperar, não é tão visualmente impressionante quanto a versão arcade e alguns sacrifícios tiveram de ser feitos, como a detecção de colisões que é inexistente ao embater em objectos pequenos como árvores ou sinais de trânsito. As músicas são bastante agradáveis, o jogo está repleto de pequenas melodias que vão sendo tocadas sempre que passamos um checkpoint, o que é engraçado.

Portanto, apesar da 32X ser um acessório questionável, a verdade é que este Virtua Racing Deluxe cai que nem uma luva no sistema, e se a 32X tivesse sido melhor planeada, talvez a versão de Mega Drive nunca tenha sido necessária!

PGA Tour Golf III (Sega Mega Drive)

Mais uma rapidinha para a Mega Drive, o jogo que cá trago agora é nada mais nada menos que mais um de desporto da Electronic Arts, desta vez um simulador de Golf, o PGA Tour Golf III. Enquanto que jogos bem mais simples como Mario Golf até que são bastante divertidos, estes acabam por ser mais numa onda de simulação, logo só mesmo os fãs do desporto o irão realmente apreciar. O que não é o meu caso. O meu exemplar veio de uma loja no Porto por 5€, estando completo e em bom estado.

Jogo completo com caixa e manuais

Tal como já referido, este é um simulador de golf, permitindo-nos jogar em diversos modos de jogo, alguns com capacidade para até 4 jogadores. Alguns como o Practice, Driving Range ou Putting Green permitem-nos treinar as nossas habilidades, enquanto que os torneios já são mais a doer. Nos torneios normais, escolhemos um campo de golfe e teremos de completar os seus 18 buracos, ao longo de 4 jornadas, sendo que os jogadores mais fracos (os que necessitam de mais tacadas) vão sendo consecutivamente eliminados no final de cada jornada.

Graficamente é um jogo que tenta incluir alguns elementos 3D que melhor simulem o campo de golfe.

A jogabilidade é então bastante técnica, mesmo para uma Mega Drive. Por um lado temos aqueles medidores habituais que medem o poder da nossa tacada bem como a sua direcção, aquelas mecânicas de jogo que existem desde sempre. Mas por outro lado também temos de contar com factores como o vento, ou os diferentes tipos de tacos a usar, sendo que cada um é mais adequado para situações específicas, algo que eu sou mesmo clueless. Quando estamos próximo de algum buraco, podemos activar o grid mode, que mostra uma porção do mapa em 3D, para que melhor consigamos perceber qual o relevo do campo, e assim conseguir decidir no tipo de tacada, direcção e força a aplicar.

A nível audiovisual, este é um jogo interessante, na medida em que os gráficos vão sendo detalhados e possui alguns detalhes interessantes, como os comentários de outros jogadores de golf aos cursos de golf que vamos abordar, os replays em pseudo 3D que reproduzem automaticamente quando fazemos uma boa jogada e as músicas alegres que vão tocando entre cada ronda e nos menus.

Greendog (Sega Mega Drive)

Hoje voltamos a visitar a Mega Drive para mais um dos seus muitos jogos de plataformas. Greendog, desenvolvido pela Interactive Designs, estúdio outrora independente que mais tarde se tornou na Sega Interactive, um dos estúdios da Sega of America. Este, juntamente com o Talespin, ambos lançados em 1992, foi um dos primeiros jogos do estúdio lançados pelo selo da Sega. Infelizmente não foi um bom pronúncio… mas já lá vamos. O meu exemplar custou-me 5€, estando novo, mas com a capa desgastada pelo sol, pois esteve numa montra de uma loja durante largos anos. Edit: recentemente troquei a capa por uma nova!

Jogo completo com caixa e manuais

Neste jogo tomamos o papel de Greendog, um surfista adolescente que estava precisamente a surfar quando cai da prancha e ao levantar-se repara que tem vestido um estranho colar. Mas esse não é um colara normal, é amaldiçoado, não saindo do seu corpo e Greendog perde a habilidade de surfar. Para vencer a maldição, terá de procurar uma série de tesouros da antiga civilização Azteca, que lhe permite montar uma prancha de surf mágica. Videogame logic!!

A história é bastante bizarra no mínimo!

As mecânicas de jogo são simples, com Greendog a possuir um botão para atacar (ao atirar o seu disco voador), outro para saltar e um outro para usar itens que vamos apanhando e armazenando num inventário. Destes itens podemos ter diversos power ups como um que congela temporariamente os nossos inimigos, um guarda-sol que nos dá invencibilidade temporária, ou um power up do disco voador  que ataca automaticamente os inimigos. Estes power ups e outros itens como comida (que nos dão pontos extra) ou latas de coca-cola que nos restauram parte da nossa barra de vida, podem ser encontrados ao defrontar inimigos ou a atacar objectos estáticos como estátuas ou pequenos baús.

Os nossos inimigos ficam doidos só de nos ver, supostamente é pela maldição do colar que encontramos

Ocasionalmente lá podemos andar de skate ou de patins em linha e entre cada nível temos sempre um outro nível intermediário onde Greendog anda de girocóptero com as mecânicas de jogo a aproximarem-se mais de um shmup. Aqui temos de estar constantemente a “pedalar” para manter o girocóptero no ar e a arma é uma luva de boxe sem muito alcance, o que também não ajuda muito. O que me remete para o maior problema do jogo a meu ver: o seu mau design de níveis. Greendog é um jogo difícil, não necessariamente por exigir grande habilidade da nossa parte mas porque o posicionamento e respawn dos inimigos e obstáculos. Muitas das vezes não conseguir evitar de todo sofrer dano, e aí não há perícia que nos salve, só mesmo mau design.

Também não nos safamos de um nível subaquático!

A nível audiovisual, é um jogo de altos e baixos. O próprio Greendog, que tenta ser uma personagem muito cool, acho que deveria ter uma atitude muito mais irreverente, típica dos anos 90, mas aparentemente o jogo já é inspirado numa personagem existente (pelos vistos existe num jogo de tabuleiro do final da década de 80), pelo que não havia muito a fazer aí. Os gráficos vão sendo algo variados, com os níveis em selvas, cidades e templos ou monumentos antigos. Alguns níveis são bastante coloridos e detalhados quanto baste, já outros são bastante pobres graficamente. Por outro lado, as músicas acabam por ser agradáveis, principalmente para quem gosta daquelas melodias mais surf rock, o que não é necessariamente o meu caso.

Portanto, este Greendog apesar de ter os seus momentos interessantes, merecia sem dúvida ter ficado mais um ou outro mês na incubadora, para se aperfeiçoar o design dos níveis e de algumas das suas mecânicas de jogo.