Sonic Labyrinth (Sega Game Gear)

Sonic LabyrinthQuando a febre do Sonic surgiu, veio mesmo em força e não faltou muito para que se começasse a ver alguns jogos “secundários”. Coisas como o Sonic Spinball e Dr. Robotnik Mean Bean Machine, por exemplo. Mas a portátil Game Gear foi de longe a plataforma que mais títulos destes recebeu. Para além dos títulos já acima mencionados, ainda tivemos direito a jogos como Tails Adventure e Skypatrol, Sonic Drift 1 e 2, ou este Sonic Labyrinth, que é um jogo inteiramente jogado na perspectiva isométrica e muito diferente dos demais. O meu exemplar foi comprado a um vendedor da feira da Ladra em Lisboa, tendo-me custado cerca de 3€. Está completíssimo e em excelente estado.

Jogo completo com caixa e manuais
Jogo completo com caixa e manuais

Havia aqui algo que não fazia a mínima ideia até ter lido o manual. Sonic Labyrinth é um jogo bastante lento para o que o ouriço azul nos habituou, e lá está explicado o porquê. O Robotnik roubou as sapatilhas de Sonic, tendo-as trocado por umas que o deixa bem mais lento e sem a habilidade de saltar.  Então pelos vistos a única maneira que temos em reaver as nossas sapatilhas xpto e derrotar o Robotnik é persegui-lo por um grande labirinto criado por ele e reaver as esmeraldas caóticas. Mas apesar de não podermos saltar nem correr, felizmente o Spin Dash continua a ser possível de fazer, caso contrário isto tornava-se numa grande monotonia.

Existe também um nível de bónus algo secreto, onde o objectivo é apanhar o maior número de anéis enquanto o tempo não se esgota. No final somos recompensados com uma esmeralda secreta, necessária para obter o melhor final do jogo.
Existe também um nível de bónus algo secreto, onde o objectivo é apanhar o maior número de anéis enquanto o tempo não se esgota. No final somos recompensados com uma esmeralda secreta, necessária para obter o melhor final do jogo.

A jogabilidade é portanto muito diferente. Em primeiro lugar, pela perspectiva isométrica que lhe dá um ar de quase “Sonic 3D”. Mas ao contrário desse clássico da Mega Drive, não há practicamente nenhum platforming precisamente pela impossibilidade de saltar. Este é um jogo maioritariamente de exploração, onde em cada nível teremos de percorrer o mesmo em busca de 3 chaves, que nos permitem progredir para o nível seguinte. Nesses níveis não existem anéis para apanhar, mas sim inimigos. Então o que acontece quando um inimigo nos atinge? Bom, não perdemos uma vida, mas sim é-nos descontado algum tempo daquele que temos disponível para encontrar as 3 chaves e a respectiva saída. Por outro lado, se encontrarmos chaves ou destruimos os inimigos, ganhamos algum tempo extra como recompensa. Existem também alguns power ups, como invencibilidade ou rapidez temporárias,  derrotar todos os inimigos presentes no ecrã, vidas extra ou simplesmente adicionar tempo extra. No quarto nível de cada zona as regras do jogo mudam um pouco pois é aí que enfrentamos o boss. Começamos por descer uma grande rampa, repleta de anéis e obstáculos. O objectivo é apanhar o maior número de anéis possível (sendo que a cada 100 é nos presenteada uma vida extra), sendo que se formos atingidos por uma armadilha perdemos todos os anéis coleccionados até ao momento, sendo esses impossíveis de recuperar. Em seguida defrontamos o boss, onde a mesma regra se aplica. De resto, temos também um outro modo de jogo para além do normal, o Time Attack. Aqui o objectivo é mesmo o de tentar obter o melhor tempo possível em cada nível.

Saltar? Só com recurso a "springs" como esta
Saltar? Só com recurso a “springs” como esta

No que diz respeito aos audiovisuais sinceramente não é um jogo que me seja memorável. Os labirintos não são nada de especial, apenas as zonas mais avançadas, já com alguns portais de teletransporte à mistura é que poderão ser um pouco mais difíceis de navegar. Graficamente é um jogo muito simples, com sprites e backgrounds pouco detalhados. Mas num jogo em pseudo-3D compreende-se que sejam sacrifícios necessários. As músicas infelizmente também são algo desinspiradas.

No fim de contas este para mim é infelizmente um daqueles jogos algo descartáveis que a Sega lá ia lançando sobre o Sonic. Infelizmente não é o único de qualidade dúbia a existir na Game Gear, mas para mim este é mesmo dos piorzinhos. Um Sonic lento e sem poder saltar não faz sentido absolutamente nenhum.

Alien Carnage (PC)

A rapidinha de hoje, agora que voltei à civilização, é sobre mais um dos jogos cuja versão shareware muito tinha jogado eu no meu velhinho Pentium. Mais uma vez algo do catálogo da Apogee, o Alien Carnage, mas também conhecido como Halloween Harry nas suas primeiras versões. E tal como muitos outros jogos da Apogee presentes na minha conta do Steam, este veio também na 3D Realms Anthology que por sua vez foi comprada a um preço bastante reduzido num bundle da Bundle Stars, há uns meses atrás.

Alien CarnageEm Alien Carnage encarnamos no herói Harry que tem a pesada missão de salvar os humanos de 2 clichés num só: uma invasão alienígena e um apocalipse zombie (provocado pelos aliens). Para isso temos equipados um lança chamas e um jetpack com combustível partilhado, sendo que ao longo do jogo, com o dinheiro que vamos amealhando ao derrotar os inimigos que nos aparecem à frente poderemos comprar outras armas e munições em várias máquinas de vending que vão aparecendo. Coisas úteis como granadas, mísseis tele guiados, bolas de plasma ou mesmo pequenas nukes passam a dar muito jeito. Como o lança chamas e jetpacks têm combustível partilhado, temos de ter alguma moderação no seu uso, o que nem sempre é fácil pois os inimigos fazem respawn e não existe qualquer botão de salto, com o jetpack a ser necessário para subir tudo e mais alguma coisa. Pode acontecer ficarmos presos nalgum abismo sem hipóteses de subir. Então, para facilitar um pouco as coisas, o combustível pode ser reabastecido de forma gratuita nas máquinas de vending respectivas. Sempre que virem uma, não custa nada reabastecer!

Ao longo do jogo iremos encontrar várias máquinas de vending que nos permitem adquirir diferentes armas e restabelecer o nosso stock de munições. Aqui representada a máquina de vending dos mísseis tele-guiados, sem dúvida a arma mais útil de todo o jogo.
Ao longo do jogo iremos encontrar várias máquinas de vending que nos permitem adquirir diferentes armas e restabelecer o nosso stock de munições. Aqui representada a máquina de vending dos mísseis tele-guiados, sem dúvida a arma mais útil de todo o jogo.

Para verem um pouco mais das coisas em movimento, aconselho este meu vídeo no youtube onde jogo um pouco do Alien Carnage:

Uma das minhas gaffes nesse vídeo é em relação aos terminais. O que eu pensava que marcavam checkpoints, são na verdade save points que nos permitem gravar o progresso no jogo. De resto dá para ver que o mesmo é desafiante quanto baste, pois os inimigos fazem respawn por vezes de uma forma algo rápida demais, e nos graus de dificuldade “não easy” não é difícil vermos a nossa vida a descer vertiginosamente. Felizmente que a mesma pode ser restabelecida com alguns power ups para o efeito, ou de cada vez que resgatemos um refém. Algo que eu também não sabia era que a ordem de níveis foi trocada aquando da mudança de nome de Halloween Harry para Alien Carnage. A missão 3 no Alien Carnage era a primeira missão no Halloween Harry, o que depois até acaba por ser notório, com a quantidade de dicas e explicações das mecânicas de jogo que nos são dadas.

A nível de audiovisuais é um jogo bastante competente. Já com gráficos em VGA e suporte completo a placas de som, este acaba por ser um jogo bastante colorido, bem detalhado graficamente (e com vários inimigos a lembrarem outras séries como Alien ou Gremlins) e as músicas têm sempre um feeling mais rock que eu bem aprecio. Um óptimo jogo de plataformas que recomendo vivamente! E desde que foi tornado freeware em 2007 deixaram de haver desculpas!

Kirby’s Dream Land (Nintendo Gameboy)

KirbyVamos lá a mais uma rapidinha para fazer render as minhas férias e compensar os dias em que vou estar fora e sem poder actualizar aqui o blog. E posso desde já dizer que nunca fui o maior fã de Kirby. De todas aquelas franchises mais “importantes” que a Nintendo possui no seu catálogo, a de Kirby sempre foi a que menos interesse me causou. Não que sejam maus jogos, mas é tudo bastante cor de rosa e cutxi-cutxi para o meu gosto. Este Kirby’s Dream Land é o primeiro jogo dessa franchise, tendo saido originalmente para a Game Boy algures durante o ano de 1992. Este meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide há uns meses atrás, custou-me cerca de 2€.

Apenas cartucho. Mais um da edição "Francisco" que por cá tenho.
Apenas cartucho. Mais um da edição “Francisco” que por cá tenho.

Kirby é um ser estranho, cor-de-rosa, com a habilidade de engolir os seus inimigos. Mais tarde ganhou também o poder de herdar as habilidades dos inimigos que engole, o que acaba por expandir muito mais as possibilidades de diferentes mecânicas de jogo, mas neste primeira obra ainda não fazemos isso. E o vilão de Kirby é o King DeDeDe, que tenta sempre tramar os habitantes de Dream Land.

Gostava de saber que mal é que esta árvore fez para ser sempre mal tratada pelo Kirby
Gostava de saber que mal é que esta árvore fez para ser sempre mal tratada pelo Kirby

Na sua essência, este é um jogo de plataformas em 2D algo tradicional, mas também possui algumas nuances. Uma é precisamente as habilidades de Kirby, que lhe permitem comer itens ou inimigos, podendo usá-los depois como arma de arremesso ao cuspi-los. Ou podemos simplesmente digeri-los. Ao saltar, é possível também Kirby ingerir ar e com isso conseguir voar, enquanto mantiver a boca cheia de ar. Ao cuspi-lo causa também dano nos inimigos. Os níveis estão divididos em salas grandes, onde ao atravessar cada porta serve de checkpoint do jogo. No final de cada nível teremos então de enfrentar um boss, algo que no último nível os teremos de enfrentar novamente, um a seguir ao outro. Basicamente é isso. Temos power ups que restauram alguma da energia de Kirby, outros que fazem Kirby cuspir bolas de fogo (um em terra, outro a voar) ou mesmo um microfone que faz com que todos os inimigos no ecrã sejam derrotados. Chegando ao fim do jogo normal, poderemos experimentar o Extra mode, que é essencialmente o mesjo jogo, mas muito mais desafiante.

Ao engulir ar durante os saltos, podemos voar enquanto não cuspirmos o ar para fora
Ao engulir ar durante os saltos, podemos voar enquanto não cuspirmos o ar para fora

Graficamente é um jogo competente para uma Game Boy. As sprites e backgrounds são bem detalhados e o facto de ser tudo monocromático também oculta alguma de toda a “fofura” em demasia pela qual a série é bem conhecida. Até porque na própria capa da versão ocidental o Kirby ainda é branco. As músicas são igualmente alegres, bem como a HAL e a Nintendo nos habituaram. No fim de contas acho um jogo competente, embora aqui Kirby ainda pouco mais seja do que um Yoshi cor-de-rosa. Afinal Yoshi também podia comer e cuspir inimigos, e até quase que conseguia voar. O poder de Kirby ganhar as habilidades dos inimigos que consome é que demarca a série das demais e isso só mais tarde é que foi introduzido.

Dracula 4 and 5 Steam Edition (PC)

A rapidinha de hoje incide sobre os últimos capítulos da série de aventuras na primeira pessoa sobre o vampiro mais famoso de sempre. E se o Dracula 3 foi um interessantíssimo renascer de uma série cujos primeiros capítulos eram ainda algo amadores, estes dois últimos acabaram por se revelar uma desilusão, infelizmente. Mas já lá vamos. E tal como os outros títulos desta série, deram entrada na minha colecção de steam através de um bundle, comprados a um preço muito reduzido.

headerEm vez de continuar a história iniciada no seu predecessor, que tinha culminado em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, o jogo leva-nos aos tempos mais modernos, algures no final da década de 80, de acordo com o equipamento tecnológico que vamos vendo. A protagonista chama-se Ellen Cross e trabalha para um importante museu de arte em Nova Iorque, museu esse que esperava uma importantíssima encomenda de arte vinda de um coleccionador privado de Inglaterra. Acontece que, numa grande tempestade no Atlântico, essas obras de arte tinham sido perdidas no fundo do mar. Até que o museu recebe uma notícia que um dos quadros foi encontrado em Budapeste, levando-nos até lá. A partir daí vamos tentar encontrar o rasto dos outros quadros desaparecidos e ligações ao oculto e invariavelmente a Drácula começam a ser traçadas.

O primeiro cenário que visitamos é o de uma esquadra de polícia algures em Budapeste
O primeiro cenário que visitamos é o de uma esquadra de polícia algures em Budapeste

Infelizmente, como títulos separados, são ambos bastante curtos. Não é por acaso que no steam se encontram os dois jogos num único pacote, até porque foram lançados no mesmo ano e são a sequela directa um do outro. E se por um lado eu preferia de longe aquele setting dos anos 20 numa Roménia desvastada pela primeira grande guerra, a maneira como a história estava sendo contada no Dracula 3 era perfeita, as coisas levavam o seu tempo e ia havendo uma espécie de crescendo na narrativa. Aqui tudo parece feito mais À pressa e de forma algo desconexa, o que para mim é o ponto mais negativo que posso traçar nestes 2 jogos face ao seu predecessor. De resto a a jogabilidade é muito idêntica, sendo na mesma um jogo de aventura point and click na primeira pessoa, com a movimentação a dar-se de ecrã em ecrã, mas com a liberdade de podermos olhar em qualquer direcção. Vamos ter vários puzzles lógicos para resolver, e muitos objectos para interagir e manipular. A grande diferença face aos outros jogos da série é que Ellen possui um grave problema de saúde e tem de constantemente tomar medicação. Os medicamentos não são ilimitados e se deixarmos a barra de energia de Ellen chegar a um mínimo deixamos de nos conseguir mover ou realizar algumas acções. Sinceramente é algo que também achei um pouco desnecessário.

Ellen Cross, a protagonista destes Dracula 4 e 5. Infelizmente não tem metade do carisma do padre de Dracula 3
Ellen Cross, a protagonista destes Dracula 4 e 5. Infelizmente não tem metade do carisma do padre de Dracula 3

No que diz respeito aos audiovisuais, o jogo mantém-se com os seus gráficos pré-renderizados, bem à moda do que o Myst nos habituou há carradas de anos atrás. Já tinha gostado dos gráficos de Dracula 3, e nestes 2 jogos os mesmos são ainda mais detalhados. Só as animações faciais das personagens é que me pareceram ser um passo atrás. Mas não adianta ter gráficos mais bonitos se a ambientação e a própria narrativa não é a melhor. Mais uma vez digo, é essa a maior falha destes Dracula 4/5 e é uma pena que assim seja.

Dracula 3 The Path of the Dragon (PC)

Os Dracula anteriores eram jogos de aventura interessantes, mas tinham o seu quê de amadorismo, tanto nos visuais como nos próprios diálogos, que tiveram direito a traduções e voice overs integrais em Português e o resultado não foi grande coisa. Mas algo mudou no terceiro jogo da série, uma vez mais com a Microids à sua frente, este The Path of the Dragon revelou-se num excelente jogo de aventura, bastante competente a todos os níveis. Tal como os anteriores no steam, este deu entrada na minha conta através de um bundle, onde foram todos comprados a um preço bastante reduzido.

Dracula_3_-_The_Path_of_the_DragonEste novo capítulo descarta os acontecimentos narrados nos dois jogos anteriores, acabando por decorrer no início da década de 1920. Encarnamos no padre Arno Moriani, que pertence a uma ordem sagrada no Vaticano e é enviado para a Transilvânia de forma a investigar a possível canonização de uma Martha Calugarul, médica e cientista que havia recentemente falecido. E ao lá chegar, teremos de invariavelmente investigar o passado de Martha e à medida que o vamos fazendo, começamos a notar que algo de estranho se passa naquela zona, até que acabamos mesmo por investigar o paradeiro do próprio Drácula.

Durante o jogo teremos muitos objectos para interagir, mas felizmente o inventário é bem grandinho
Durante o jogo teremos muitos objectos para interagir, mas felizmente o inventário é bem grandinho

A jogabilidade é idêntica à de muitos jogos deste género, pois este continua a ser um jogo de aventura na primeira pessoa, onde temos a liberdade de olhar em qualquer direcção, mas apenas nos podemos movimentar onde os ponteiros do rato nos levem. Dialogar com outras pessoas, interagir e combinar objectos é algo que iremos também fazer bastante. Mas desta vez tudo (ou quase tudo) tem bastante lógica e acabaremos mesmo por nos sentir detectives, ao investigar salas, procurar por pistas escondidas e resolver alguns puzzles de forma a progredir no jogo. E textos e gravuras são coisas que não faltam para analisar, até obras inteiras como a Bíblia ou o Drácula de Bram Stoker podem ser consultadas na íntegra no nosso inventário. Para quê? É verdade que podemos ler ambos os livros se estivermos bastante entediados, mas temos ali uma opção que se chama de “random page”. Em certos pontos do jogo teremos mesmo de usar essa opção para recolher algumas pistas de como prosseguir.

Muitos dos puzzles que temos de resolver aplicam-se a situações algo corriqueiras e são lógicos para resolver.
Muitos dos puzzles que temos de resolver aplicam-se a situações algo corriqueiras e são lógicos para resolver.

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo de 2008 e como tal apresenta um grafismo muito melhor aos seus predecessores. É verdade que mesmo sendo gráficos pré-renderizados se poderia esperar muito mais, mas sinceramente acho que fizeram um bom trabalho. As animações e expressões faciais são muito mais convincentes, assim como os cenários que fazem um óptimo papel em nos levar até uma zona rural e algo decadente ainda com um clima de pós-guerra. A narrativa está também muito bem conduzida, com algumas personagens bem caracterizadas. Sem dúvida um salto muito grande a nível de qualidade face a quase qualquer jogo da Microids que tinha jogado até então.