O jogo que cá trago hoje é um pioneiro do género dos survival horrors, que indubitavelmente terá influenciado outros jogos como os clássicos Resident Evil, muito devido aos cenários pré-renderizados com ângulos de câmara fixa. Mas apesar de ter sido inovador para a época em que foi lançado (logo em 1992), naturalmente é um jogo que não envelheceu lá muito bem e muitas das suas mecânicas de jogo ainda são algo cruas. Este meu exemplar foi comprado há uns meses atrás na feira da Ladra em Lisboa por cerca de 2.5€, estando a jewel case ainda selada.
Este jogo decorre na mansão de Derceto, algures no Louisiana, nos inícios do século XX. Essa era uma mansão já bem antiga e com uma reputação de longos anos de estar assombrada e com uma aura maligna que pouca sorte trouxe a quem por lá passou. O seu último residente foi um tal de Jeremy Hartwood que acabou por se enforcar por razões misteriosas. E o jogo lá nos pergunta se queremos jogar com uma de duas personagens: Emily Hartwood, sobrinha de Jeremy, que não se conforma com a morte do seu tio pois acha que ele seria incapaz de tal coisa e quer investigar a mansão em busca de pistas que expliquem as acções do seu falecido tio. A outra personagem é o investigador privado Edward Carnby, a quem lhe pedem também que investigue a mansão e algumas das suas antiquidades.

As duas personagens com as quais podemos jogar. Apenas os seus backgrounds diferem, a jogabilidade é idêntica
Os controlos são os infames tank controls, que por sua vez também figuraram nos Resident Evil clássicos, vários anos mais tarde. De resto o jogo obriga-nos a explorar todas as divisões da mansão, abrindo e fechando gavetas e armários, apanhando e interagindo com vários objectos de forma a progredir na mansão, abrindo portas que nos levam a outras partes da casa previamente inacessíveis. Também teremos várias armas que podemos descobrir, desde revólveres ou caçadeiras com munição limitada, até espadas ou arco e flecha. Isto porque naturalmente vamos ter vários inimigos sobrenaturais para enfrentar, como ratazanas gigantes, zombies ou outras criaturas estranhas, algumas indestrutíveis por métodos normais. Infelizmente o combate e demais interacções também não são lá muito intuitivas. Isto porque temos de ir a um menu e seleccionar o tipo de acção que desejamos executar, como procurar/abrir/fechar/empurrar que acabam por ser mapeadas na tecla espaço. Se desejarmos combater temos de seleccionar essa opção e depois, mantendo o botão do espaço pressionado, é com as teclas direccionais que vamos desencadeando os vários tipos de ataque. Sinceramente poderia ser muito mais intuitivo.

Aqui já haviam muitas mecânicas de jogo que mais tarde viriam a ser aproveitadas no Resident Evil. No entanto a sua implementação ainda deixou algo a desejar
Graficamente é um jogo pioneiro para a sua época, tal como referi logo no primeiro parágrafo. Apesar de possuir um 3D poligonal muito primitivo, as fundações de como viriam a ser os survival horrors no final da década de 90 teriam sido lançadas, ao introduzir os gráficos pré-renderizados, ângulos de câmara fixos e outras pequenas coisas como a escassez de munições. Os ângulos de câmara fixos infelizmente por vezes também são problemáticos, em especial com uns controlos tão mauzinhos, que nos podem tornar os combates ainda mais frustrantes. Felizmente que podemos evitar muitos desses confrontos, logo na primeira sala que exploramos se não taparmos uma janela e um alçapão com outros objectos, saltam logo dois inimigos! Indo para o audio, já que esta é uma versão em CD Rom, então temos direito a muitos monólogos em audio real, na forma de vários livros, notas ou cartas que podemos encontrar e ler. Infelizmente o voice acting não é o melhor, mas aguenta-se bem, até porque nessa altura não era nada incomum o voice acting em videojogos ser fraquinho. As músicas também só teriam a ganhar em serem mais tensas do que o que são…
De resto, para além do jogo normal este disco ainda contém o “Jack in the Dark”, um pequeno jogo produzido na altura em que a Infogrames já estaria a desenvolver a sequela. Este é principalmente um jogo de aventura, onde encarnamos numa pequena menina em noite de Halloween que se encontra aprisionada numa loja de brinquedos cujos ficam vivos e a tentam atacar. É um pequeno jogo mesmo, mas já se nota aqui e ali uma ligeira melhoria gráfica.
No fim de contas, e apesar de todas as suas limitações pelos jogos em 3D ainda serem bastante primitivos nessa altura, tanto a nível gráfico como de jogabilidade pois as empresas ainda não sabiam muito bem o que fazer a nível de controlos, Alone in the Dark não deixa de ser um título bastante original, e pioneiro dentro de um género. Gostava de ter visto a reacção do Shinji Mikami quando o jogou pela primeira vez.