Golden Axe (Sega Mega Drive)

Golden AxeHá imenso tempo que estava cheio de vontade de escrever sobre o primeiro Golden Axe, um dos videojogos preferidos da minha infância, mas como ainda não o tinha em standalone, nem para a Mega Drive (versão preferida) ou para a Master System, tenho adiado sempre. Mas fartei-me de esperar e vou usar como base a versão que vem incluída na compilação Mega Games 2, juntamente com o primeiro Streets of Rage e o Revenge of Shinobi, o que perfaz um conjunto de 3 jogos fantásticos e que transpiram “Mega Drive” por todos os poros. Já não me lembro onde esta compilação foi comprada nem quanto custou, portanto, paciência!

Compilação com caixa e manuais portugueses
Compilação com caixa e manuais portugueses

Durante os anos 80, a maior fonte de inspiração para os videojogos era nada mais nada menos que o cinema, tendo sido uma década forte em filmes e videojogos de ninjas e ficção científica. Mas houve um outro filme muito peculiar, o de Conan o Bárbaro, protagonizado por Arnold Schwarzenegger. Esse era um filme de fantasia obscura, onde habitavam criaturas sinistras e muita violência. E Golden Axe é practicamente um videojogo com a mesma temática, misturando a temática fantasiosa de Conan, com a jogabilidade de um beat ‘em up de rua como Final Fight. E a meu ver acho que resultou lindamente!

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Choose your destiny! Para mim, ainda é o melhor ecrã de selecção de personagens de sempre.

Ao contrário do solitário Conan, temos aqui 3 heróis para jogar: Ax Battler, o típico guerreiro bárbaro que deve ser um primo afastado do próprio Conan, A amazonas Tyris Flare, um pouco mais fraca fisicamente que Ax, mas com poderes mágicos superiores, e o velho anão Gilius Thunderhead, o que mais poder físico tem, mas menos de magia. Qual o nosso objectivo? Procurar e derrotar o vilão Death Adder, que para além de ter raptado o rei e a princesa daquele reino, ursupou-se do Golden Axe, um poderoso artefacto mágico que está a ser utilizado para semear o caos e destruição pelos povos.

Usar criaturas para atacar os nossos inimigos? Siga!
Usar criaturas para atacar os nossos inimigos? Siga!

Tal como referi acima, a jogabilidade é a de um beat ‘em up de rua, mas passado numa idade média fantasiosa, com vários guerreiros, cavaleiros e respectivas armaduras, esqueletos armados e várias outras criaturas mágicas, como dragões. Mas não é só pancadaria da grossa que este Golden Axe nos apresenta, podemos também montar nessas estranhas criaturas e usá-las para atacar os nossos oponentes, da mesma forma que eles também as tentam montar e usá-los contra nós. Para além disso, temos ainda os ataques mágicos que referi anteriormente. Ao longo do jogo vamos ver alguns duendes de trajes verdes ou azuis e com sacos às costas. Se os atacarmos eles deixam cair comida que nos regenera alguma vida (no caso dos verdes), ou uns potezinhos azuis. Esses potezinhos são utilizados para encher uma espécie de barra de magia presente no canto superior esquerdo do ecrã. Dependendo da personagem escolhida, essa barra de energia vai ter vários slots numéricos, sendo que cada slot pode albergar 1 ou mais desses potezinhos que apanhamos por aí. Cada um desses níveis representa um poder mágico cada vez mais forte, embora sempre que desencadeamos um ataque mágico gastamos logo tudo de uma vez. Ou seja, quanto mais preenchida estiver a barra de magia, mais forte o ataque será. Para além do modo de jogo normal, temos ainda o The Duel, que é uma espécie de Survival, onde teremos de enfrentar um inimigo de cada vez, mas tentando conservar o mais possível a nossa vida.

Isto é só das cenas mais awesome de sempre da era 16bit
Isto é só das cenas mais awesome de sempre da era 16bit

Outra coisa que sempre gostei neste jogo é mesmo dos seus visuais que são excelentes para o final da década de 80. Aqui atravessamos florestas sinistras, pequenas aldeias e vilarejos que depois nos apercebemos que são na realidade construídas nas costas de uma tartaruga gigante… ou uma águia gigante que voa pelos céus, bem como finalizar na fortaleza de Death Adder que aqui se encontra expandida face à versão original arcade, ao apresentar um nível e um boss extra. De resto a nível gráfico propriamente dito, acho que está um jogo bem detalhado, em especial os ataques mágicos que por vezes são mesmo um mimo para os olhos, como aquele dragão gigante que Tyris invoca. Depois todos aqueles detalhes como o ecrã de escolha de personagens só lhe abonam! A nível de músicas e efeitos sonoros, bom a música título continua gravada na minha memória, e os efeitos sonoros foram outra das coisas “inspiradas” pelo filme do Conan! Basta fazerem uma pequena pesquisa no youtube que vêm logo as semelhanças!

O modo The Duel coloca-nos a lutar contra oponentes cada vez mais complicados
O modo The Duel coloca-nos a lutar contra oponentes cada vez mais complicados

Este é sem dúvida um dos meus videojogos preferidos, tanto da Mega Drive, como do panorama geral. É ainda algo simples na sua jogabilidade, mas apresentou um mundo fantasioso que eu sempre gostei e acho que das imensas propriedades intelectuais que a Sega ainda detém, o mundo de Golden Axe ainda hoje seria óptimo para ser revisitado em jogos mais modernos. Sim, já o fizeram no Beastrider que dizem ser terrível, mas hei-de lá chegar.

Brothers: A Tale of Two Sons (PC)

Como não há duas sem três, o próximo artigo é também uma rapidinha a um outro indie que entretanto terminei. E este Brothers: A Tale of Two Sons há muito que estava no meu backlog e quando finalmente peguei nele, acabou por se revelar uma óptima surpresa. Apesar de ser perfeitamente possível jogá-lo sozinho, é fortemente recomendável que o joguemos inteiramente de forma cooperativa local. Este meu exemplar terá chegado à minha colecção por intermédio de algum bundle, para não variar muito.

BrothersAqui somos levados a um belo mundo fantasioso, repleto de criaturas fantásticas, paisagens belíssimas, ruínas de outras eras e não só. Aqui tomamos o papel dos irmãos Naia e Naiee, que acordam um dia para verem o seu pai gravemente doente. As primeiras mecânicas de jogo são logo aprendidas ao tentar transportar o pai até ao médico da aldeia: os dois irmãos têm de se ajudar ao levar a maca, mas também ao mexer em várias alavancas e afins de forma a ultrapassar alguns obstáculos. Naiee é mais novo, não tem a mesma força física do irmão mais velho, mas por outro lado é um pouco mais ágil e sendo pequeno consegue-se esgueirar por sítios mais apertados. Creio que já dá para ter uma ideia do estilo de cooperação que é necessário ter neste jogo. E tal como referi acima, apesar de ser possível jogá-lo todo sozinho, é preferível ter a ajuda de alguém, principalmente se tivermos a utilizar o teclado. Naia controla-se com o WASD mais a tecla de espaço para botão de acção, Naiee controla-se com as setas do teclaco mais o Ctrl direito para tecla de acção. Manter os 2 irmãos coordenados de forma independente pode ser chato em algumas ocasiões.

O jogo está repleto de paisagens fantásticas e pequenos detalhes
O jogo está repleto de paisagens fantásticas e pequenos detalhes

Para além das mecânicas de jogo, a narrativa e os visuais são outros pontos fortes desta aventura. A primeira é bastante dramática até porque a mãe dos dois rapazes morreu afogada e por isso o mais novo tem trauma com a água, impossibilitando-o de nadar. Claro que não vão faltar alturas no jogo onde teremos mesmo de nadar… Depois temos a questão da língua ser um dialecto estranho, completamente imperceptível, mas no entanto conseguimos compreender perfeitamente o que está a acontecer e qual o teor das conversas. Faz-me lembrar de certa forma os jogos da Team Ico de Fumito Ueda! Mas não só nesta narrativa peculiar, nos visuais também é perfeitamente notório que este é um jogo inspirado nos projectos da Team Ico, com as suas paisagens belíssimas, ruinas e cidades fantasiosas para serem exploradas. Experimentem-no!

Crimzon Clover: World Ignition (PC)

Para não variar muito, o artigo de hoje é mais uma rapidinha a um indie. Crimzon Clover é um shmup indie japonês, ou seja, esperem por um bullet hell daqueles de vos testar a paciência aos limites! Mas para um jogo fruto de uma pessoa só, este Crimzon Clover acaba por ser bastante superior a outros shooters indies do género que eu já tenha abordado por cá. E tal como muitos outros jogos na minha conta do steam, este veio cá parar por intermédio de algum indie bundle a um preço bem reduzido.

Crimzon CloverSinceramente não faço ideia de qual é a história, mas deve ser o habitual de um piloto a bordo da sua nave super poderosa a enfrentar todo um exército de algum ditador ou civilização alienígena. O que interessa é a jogabilidade, e apesar deste jogo ser bastante exigente como muitos shmups bullet hell o são, parece-me excelente e bem fluída. Temos ao nosso dispor 3 naves diferentes, cujas diferenças estão no número de naves ajudantes que a acompanham, o modo de fogo normal ou na sua velocidade. As mecânicas de jogo permanecem idênticas entre cada e consistem no seguinte: temos um botão para usar as armas normais com rapid fire, ou seja, podemos deixar o dedo a pressionar a tecla que a nave está constantemente a disparar. O ataque secundário consiste num sistema de lock, onde a nave adquire uma série de alvos com o pressionar de um botão e quando o soltarmos lança projécteis em todos os alvos que tenha feito o lock on com sucesso. E com a quantidade de inimigos que por vezes vamos ter no ecrã, essa sempre é uma mais valia. Como habitual temos também um ataque especial capaz de danificar todos os inimigos presentes no ecrã. A forma como o utilizamos é que é inteligente, pois se largarmos essas bombas quando uma certa barrinha de energia estiver preenchida, entramos no Break Mode, onde temporariamente aumentamos o nosso poder de ataque. Todas estas ferramentas à nossa disposição tornam-nos de facto bastante fortes, mas os inimigos também não são pêra doce, obrigando-nos a ter reflexos rápidos de forma a conseguirmos sempre esgeuirar-nos pelo buraco das agulhas.

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Sim, o que não faltam são situações apertadas

A nível gráfico este apresenta um 2D bem competente. Já vi outros shmups contemporâneos bem piores neste campo. Os níveis são também algo variados levando-nos por florestas, oceanos ou áreas urbanas, sempre apresentando naves inimigas diferentes e cada vez mais complexas e com detalhes interessantes. As músicas também focam-se na electrónica e/ou melodias mais rock com guitarradas quanto baste, o que a meu ver se adapta bem ao estilo de jogo apresentado.

O maior defeito deste tipo de jogos é que por vezes temos tanta coisa no ecrã que acabamos por nos perder
O maior defeito deste tipo de jogos é que por vezes temos tanta coisa no ecrã que acabamos por nos perder

Resumindo, apesar de ser um jogo bem difícil e exigente, a jogabilidade deste Crimzon Clover faz com que este seja um jogo que valha a pena experimentar, que sejam fãs de shmups – e se o forem presumo que já o tenham convosco – ou apenas gostem do género de uma forma mais casual como eu.

Fighting Fantasy: The Forest of Doom (PC)

Hoje é tempo de mais uma rapidinha a um jogo muito peculiar. Fighting Fantasy: The Forest of Doom é uma adaptação de uns livros muito especiais de Ian Livingstone. A série Fighting Fantasy misturava a história de um livro de fantasia com os jogos de tabuleiro ou seja, teríamos de criar a nossa própria personagem e ao longo do jogo teríamos de tomar certas decisões e enfrentar algumas batalhas, com o livro a obrigar-nos a saltar da página x para a y mediante a decisão tomada ou o desfecho de alguma batalha. Esta adaptação para PC segue precisamente o mesmo conceito e este meu exemplar digital foi certamente comprado nalgum indie bundle a um preço muito reduzido.

headerAqui o nosso objectivo é precisamente o de atravessar a Forest of Doom. Qual o motivo? Bom, aparentemente teremos de encontrar as diferentes partes de um Warhammer dos dwarfs de Stonebridge que andavam em guerra com uns trolls quaisquer. Stonebridge está do outro lado da floresta e aparentemente as partes do seu warhammer também estão por lá perdidas, após terem sido roubadas por uns trolls. Começamos o jogo a criar a nossa personagem, o que consiste essencialmente no lançamento de 3 dados, um para dar a nossa Stamina que na realidade são os pontos de vida, outro para dar o Skill que pode ser traduzido pelo ataque e o factor sorte que sinceramente não cheguei a perceber bem como funcionava ao certo. Depois lá começa a aventura e acabamos por parar na torre do feiticeiro Yaztromo, onde podemos comprar alguns itens para a nossa aventura, mas temos de saber escolher pois inicialmente só temos 30 moedas de ouro para gastar. Depois lá vamos explorando o mapa, onde nas encruzilhadas podemos escolher que direcção tomar, levando por vezes a encontros com criaturas que poderão dar em batalhas ou não. Também podemos passar ao lado de edifícios ou cavernas que podemos decidir se as exploramos ou não.

Algumas das decisões só as podemos tomar se tivermos na nossa posse alguns objectos chave obtidos anteriormente
Algumas das decisões só as podemos tomar se tivermos na nossa posse alguns objectos chave obtidos anteriormente

No grau de dificuldade normal, apesar de podermos fazer saves ao colocar um bookmark na “página” em questão, não podemos voltar atrás, pelo que também acaba por ser um pouco difícil explorar novamente o que deixamos passar ao tomar uma outra direcção. Os itens que compramos na loja do Yaztromo ou outros que podemos encontrar ao explorar sítios ou derrotar criaturas poderão também ser úteis noutras situações. Por exemplo, há um sítio em o narrador decide que vamos pernoitar lá. Aí somos sempre atacados por um lobisomem. Se na batalha o lobisomem nos atacar com sucesso, causando nem que seja um ponto de dano, ficamos logo amaldiçoados e a menos que tenhamos no inventário um item que se chama “Belladonna” não nos podemos curar e é logo game over. Por outro lado esse item era encontrado numa outra posição do mapa que poderíamos não ter visto, onde teríamos de dialogar com um caçador (e não o atacar). Ou seja, na dificuldade “normal” ou na mais difícil onde simplesmente os nossos stats são inferiores, dificultando as batalhas, acaba por ser necessário jogarmos várias partidas diferentes, explorando diferentes opções e caminhos para termos uma panorâmica geral da coisa.

As batalhas são passadas meramente com o lançamento de dados, cujo valor, somado ao nosso valor de skill resulta no ataque
As batalhas são passadas meramente com o lançamento de dados, cujo valor, somado ao nosso valor de skill resulta no ataque

Nas batalhas também se usam dados. Tanto nós como os nossos inimigos lançam 2 dados e os pontos que saem são somados ao valor de skill de cada um, quem tiver o valor total mais alto, é quem consegue desferir um ataque com sucesso. Se sair um valor final igual para ambos os intervenientes, todos falham aquele golpe. Podemos depois, se tivermos itens para isso, recuperar alguns pontos de stamina. Existe ainda uma outra dificuldade mais baixa para quem quiser só mesmo explorar o livro à vontade, que nos permite voltar atrás nas decisões, curar a nossa personagem sempre que quisermos ou mesmo tomar algumas decisões que poderiam não ser possíveis no nosso caso, como por exemplo “se tiveres o item x, faz y”, mesmo não tendo o tal item em questão.

A qualquer momento fora das batalhas podemos consultar o nosso inventário e usar alguns dos itens para regenerar vida, skill ou luck
A qualquer momento fora das batalhas podemos consultar o nosso inventário e usar alguns dos itens para regenerar vida, skill ou luck

No fim de contas achei esta uma experiência bastante interessante, mesmo nunca tendo jogado nenhum dos livros verdadeiros da série Fighting Fantasy. A história é algo simples, com uma narrativa nada complicada, mas o conceito em si acaba mesmo por ser bastante interessante a quem gostar de RPGs no geral.

Streets of Rage 2 (Sega Mega Drive)

Streets of Rage IIO Streets of Rage original é um dos meus jogos preferidos da Mega Drive. Quando penso na consola de 16bit da Sega, são jogos como o Streets of Rage, Golden Axe, Shinobi e Sonic the Hedgehog que saltam imediatamente à memória e que transpiram “Mega Drive” por todos os poros. Mas vendo as coisas com calma e se calhar pondo um pouco o valor sentimental e nostálgico de lado, o primeiro Streets of Rage apesar de não ser nada mau, teria ainda muita margem de manobra para melhorias. E felizmente foi isso que a Sega fez, ao nos presentear esta bela sequela logo no início de 1993. Este meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide há uns bons meses atrás por 10€.

Streets of Rage II - Sega Mega Drive
Jogo completo com caixa e manuais

O meu artigo original foi publicado na revista PUSHSTART #56, o primeiro volume que acabamos por imprimir em papel e que entretanto já esgotou. Para já não temos os artigos online, se isso um dia acontecer acabo por colocar aqui o link, como é habitual. Mas o grande resumo desse meu artigo é o seguinte: Streets of Rage II é uma sequela perfeita, pegando em tudo o que o primeiro tinha de bom e melhorando-o em todos os níveis. Resumindo, se são fãs de beat ‘em ups de rua e gostaram do Streets of Rage original, irão certamente adorar este segundo capítulo, com uma jogabilidade mais refinada, gráficos e música excelente e maior variedade nos níveis. Absolutamente recomendado.