Vamos continuar pelos indies, para mais um lançamento altamente inspirado numa série clássica muito conhecida. Anodyne foi desenvolvido pela Analgesic Productions que na verdade consistia numa dupla composta por Sean Hogan e Jonathan Kittaka. Este é um jogo de acção/aventura bem no estilo dos primeiros The Legend of Zelda em 2D, na medida em que temos um overworld grandinho para explorar, bem como várias dungeons com os seus puzzles característicos e bosses no final. Tal como o Ittle Dew, que por acaso é do mesmo género, este jogo também entrou para a minha conta steam após o ter ganho num sorteio.
Apesar de ter uma jogabilidade muito familiar, Anodyne é um jogo bastante bizarro. A sua história nunca é muito clara, aqui encarnamos no jovem Young (passe a redundância) que visita um mundo nos seus sonhos e o seu objectivo aparentemente é apenas para derrotar alguém chamado Briar. Mas ao longo do jogo, ao falar com os vários NPCs que se vão atravessando no caminho, iremos ler muitas mensagens mais introspectivas, abordando temas como a solidão, medo de ser rejeitado e outras questões mais sociais. Portanto tudo indica que esta é uma jornada algo introspectiva, onde vamos tentar ultrapassar os nossos medos e receios, mas isso nunca é muito claro. Ah, e o jogo tem também o seu sentido de humor, o que também contrasta um pouco com aquela abordagem mais depressiva, a começar pela nossa arma que não é nada mais nada menos que uma vassoura.

Tanto no overworld como nas dungeons, se activarmos estas telas com um C, as mesmas passam a servir de checkpoint.
Somos então largados para descobrir esse mundo, e apesar de existirem algumas áreas que são temporariamente inacesíveis, existe alguma não-linearidade nessa exploração, pois podemos seguir algumas das dungeons pela ordem que bem entedermos. No entanto, para chegar ao boss final, temos de coleccionar umas 36 cartas espalhadas pelo mundo, tanto no overworld, como nessas dungeons. E como existem 37 cartas no total (desconsiderando o conteúdo extra acessível após finalizarmos o jogo), isso vai-nos obrigar a explorar ao detalhe todos os ecrãs existentes. À medida que vamos progredindo no jogo, vamos encontrar alguns upgrades para a nossa vassoura ou mesmo uns sapatos especiais que nos deixam saltar. Algumas das zonas apenas podem ser acedíveis depois de termos os sapatos, pois caso contrário não se conseguiria saltar uns pequenos buracos que nos aparecem à frente. E também tal como nos Zeldas clássicos, também há umas fadas que nos restabelecem a vida, mas também nos adicionam mais um slot de vida, como se um heart container se tratasse. Mas ainda assim vamos ver algumas zonas que não podemos aceder pois têm uma rocha ou um arbusto a impedir o nosso caminho.

Sage é um dos nossos mentores ao longo da aventura. Esta dimensão é o hub com os vários portais que activamos.
Pois bem, apenas no final do jogo, quando recebemos o update da vassoura com a funcionalidade de “swap” é que conseguimos remover esses obstáculos do caminho, tendo assim algumas áreas extra e dungeons para explorar, com mais cartas para descobrir. De resto, como o jogo tem uma transição de ecrãs como nos Zeldas em 2D, por vezes temos de optar por diferentes passagens para chegar àquele baú escondido, o que por vezes torna as coisas algo labirínticas. Isto é especialmente crítico numa dungeon com uma temática muito 8bit. Ainda assim, para facilitar um pouco as coisas, existem vários locais que nos deixam fazer checkpoint e caso morramos, renascemos nesse ponto com a vida toda. Para além disso, temos também um sistema de portais em hub que nos permitem viajar de uma zona para a outra mais rapidamente, o que a meu ver dá bastante jeito. De resto contem com dungeons mais voltadas para o combate e puzzle solving, envolvendo conceitos habituais de carregar em botões, saltos bastante precisos, derrotar todos os inimigos numa sala para avançar, ou mesmo arrumar lixo com a nossa vassoura.
Graficamente é um jogo com um look retro, como se pode depreender pelos screenshots. Há é uma grande variedade nos cenários, onde tanto temos zonas mais naturais como praias, montanhas ou florestas, ou outras coisas mais urbanas como cidades, hotéis entre outras coisas bem bizarras como um mundo todo avermelhado que sinceramente espero que não represente aquilo que eu fiquei a pensar que representava. As músicas também são algo díspares entre si. Tanto temos melodias bem agradáveis e viciantes, como outras faixas mais contidas ou mais invulgares. A da dungeon retro é um óptimo exemplo disso, onde primeiro se estranha, mas depois lá acaba por entranhar e sinceramente é a única que acabou por me ficar mesmo na cabeça.
É impossível para mim não traçar um paralelismo entre este Anodyne e Ittle Dew e apesar de no geral o Ittle Dew ter acabado por me entusiasmar mais, não posso dizer que não me diverti com o Anodyne. Quem gostar dos Zeldas clássicos de NES/SNES e Gameboys terá aqui mais uma boa proposta pela frente.