Probotector (Nintendo Gameboy)

ProbotectorContra. Toda a gente, até nós europeus, conhecemos muito bem esse nome. Certamente que influenciados por toda esta globalização de informação que vivemos desde a massificação da internet, pois até ter saído um Contra Legacy of War, para nós Contra era sinónimo de Probotector, denominação essa que atravessou todos os clássicos. Ou Gryzor para a malta da velha guarda que acompanhou a jogatina nos microcomputadores Spectrum, Amiga e afins. Tal mudança de nome, e do próprio conteúdo do jogo, que substituiu os nossos heróis humanos por robots futuristas deveu-se a políticas de censura por parte de alguns países europeus durante aquela época. E este Probotector da Gameboy não foi excepção à regra, sendo conhecido no outro lado do atlântico por Operation C. E o cartucho foi comprado no mês passado na cash converters de Alfragide por 3€.

Probotector - Nintendo Gameboy
Jogo, apenas cartucho infelizmente.

Mas apesar de pertencer a uma das mais importantes franchises de acção devido ao seu legado, esta iteração para Gameboy, tendo sido lançada algures nos idos de 1991, ainda é um jogo bem mais pobrezinho quando comparado com os originais da NES ou Arcade. Creio que apenas com o lançamento de Super Mario Land 2 é que começamos a ver jogos a retirar muito melhor partido da mítica portátil da Nintendo, pelo que esperem que este seja algo bem mais simples num aspecto técnico.

screenshot
Nos níveis em sidescrolling nunca vemos muitos inimigos

Aqui mais uma vez encarnamos num mercenário, digo, robot, para lutar contra uma invasão de alienígenas… robots… que tomaram de assalto o nosso planeta. O jogo segue a tradicional fórmula da série, apresentando tanto níveis de um sidescroller 2D com alguns elementos de plataforma, bem como outros numa perspectiva top-down view, fazendo lembrar jogos como Commando ou Ikari Warriors. Tanto numa como na outra, o objectivo mantém-se: destruir tudo o que se mexa! E para isso temos os habituais powerups que alternam o nosso modo de tiro. Onde antes apenas poderíamos disparar em linha recta, vamos poder apanhar alguns powerups que nos dão outro poderio de fogo, como o spread shot, disparos teleguiados, entre outros como os que actuam numa área mais vasta. Mas como não poderia deixar de ser, qualquer hit que nos acerte, lá se vai uma preciosa vida.

screenshot
Sinceramente?? Acho o título Probotector mais badass.

Nos níveis em side scrolling, devido às limitações da Gameboy, nunca vemos muitos inimigos no ecrã o que tira alguma dificuldade ao jogo, mas tirando os bosses que têm sempre alguns padrões em que nas primeiras tentativas ainda os estamos a tentar assimilar, apenas na secção de um elevador manhoso é que já me deu algum trabalho. Por outro lado, nos níveis top-down, já há mais confusão a acontecer em todos os segundos, pelo que também teremos de ter maior cuidado nesses.

Graficamente não é nada do outro mundo. Nos níveis em sidescrolling é frequente termos backgounds bastante simples e o tal reduzido número de sprites, já nos outros vemos sprites inimigas bem maiores, como vários veículos, mas também não se pode esperar muito de um jogo monocromático, e em 1991 muitos estúdios ainda não sabiam tirar o melhor partido da plataforma. Os sons são OK e as músicas muitas delas serão familiares a quem tiver jogado o primeiro jogo da NES.

screenshot
Por acaso também acho piada À veia futurista e o design que sempre fizeram aos robots

De resto, apesar de não ser um mau jogo, principalmente considerando a concorrência da época para a mesma consola, não consigo dizer que este Probotector é um jogo indispensável na franchise, assim como digo o mesmo dos Castlevanias da Gameboy clássica. No entanto, não deixa de ser um interessante collectible item precisamente por pertencer à série Contra/Probotector.

Excitebike (Nintendo Entertainment System)

ExcitebikePara os que viram no vídeo que postei antes deste artigo, em Setembro comprei uma série de jogos retro, incluindo este Excitebike, pelo que contem com mais análises retro num futuro próximo. E o Excitebike foi um dos jogos que mais joguei na minha Famiclone, ao longo de várias tardes de sábados chuvosos  onde não tinha muito mais que fazer. Mas a versão que aqui trago é a da própria NES, que me custou uns 7.5€ na Cash converters de Alfragide, estando com caixa.

Excitebike - NES
Jogo com caixa e sleeve habitual de plástico.

Excitebike é um dos primeiros jogos da NES, representativos de um tempo em que a Nintendo tinha uma veia criativa enorme e, não que não a tenham hoje em dia, mas naquela altura eles não tinham quaisquer problemas em criar jogos seja de qual subgénero, ao contrário dos dias de hoje se focarem muito mais em franchises já bem estabelecidas no mercado. E no meio de jogos como Duck Hunt, Wild Gunman, Donkey Kong, Super Mario, Urban Champion, entre outros, lá estava este muito interessante (e simples!) jogo de motocross.

screenshot
Quando corremos com mais oponentes em pista, nota-se algum flickering nas suas sprites, aqui bem visível

No ecrã título, temos três modos de jogo disponíveis para escolher: Selection A, Selection B e Design. Nos primeiros dois, jogamos nos 5 (ou seis) circuitos disponíveis desenvolvidos pela própria Nintendo. A diferença é que no Selection A poderia ser eventualmente considerado uma espécie training mode, na medida que jogamos sozinhos e temos uma maior liberdade para conhecer os circuitos e os seus obstáculos. No Selection B já temos outros pilotos a competirem connosco e sempre a atrapalhar-nos a vida. O Design deixa-nos criar o nosso próprio circuíto, onde podemos fazer coisas completamente estapafúrdias e depois jogá-los. Mas claro, na falta de baterias para se fazer um save game, ao desligar a consola, lá se vai a nossa obra de arte.

screenshot
Quando corremos com mais gente na pista, as coisas podem ficar caóticas

Mas é mesmo na jogabilidade que Excitebike marca pontos. Os circuitos estão cheios de rampas malucas e enquanto estamos no ar a descrever a nossa parábola do salto, temos de ter em conta a maneira em como “caímos” no solo, podendo controlar a inclinação da nossa moto. Cair de cabeça numa rampa nunca é boa ideia, ou cair a fazer um cavalinho numa descida íngreme também não é propriamente um bom plano. Depois podemos (e devemos!) também acelerar like a boss ao longo do circuito, seja para ganhar lanço nalguns saltos mais exigentes, ou recuperar após uma queda. Mas também não podemos exagerar na coisa, pois corremos o risco do motor sobreaquecer, perdendo depois alguns segundos preciosos. E quando corremos contra outros oponentes? Podemos deitá-los abaixo ao reduzir a velocidade e esperar que eles batam contra nós, mas por outro lado, em especial nos últimos circuitos em que temos tempos mais apertados para bater, vamos estar mais preocupados em acelerar do que outra coisa, e depois quem acaba por capotar somos nós. Mas faz parte da magia deste Excitebike!

screenshot
Alguns saltos são mais chatinhos e requerem que demos um boost inicial na velocidade

Visualmente é um jogo muito simples, afinal de contas até pertence ao primeiro período de vida da consola, com a versão japonesa do jogo a chegar ao mercado em 1984, um ano depois do lançamento da consola nesse mercado. Contem então com visuais muito repetitivos, onde as únicas coisas que mudam são as palette swaps, indicando a mudança da altura do dia. Tudo o resto é super simples, e mesmo tendo alguns problemas técnicos quando corremos contra outros oponentes, não lhe retira nenhum divertimento. As melodias também são curtinhas e apesar de não serem tão memoráveis como muitos outros jogos da Nintendo daquela época, cumprem bem o seu papel.

De resto bem sei que hoje em dia coleccionar NES é um desporto para elites, mas considero este um dos jogos indispensáveis da consola, se bem que o que não lhe faltam são jogos indispensáveis. Como tal, se o virem por aí perdido baratinho, mesmo que seja só o cartucho, aproveitem e levem-no. Se forem como eu, já o conhecem bem de tanto famiclone que se viu (e vê) e os seus cartuchos com 9999999 jogos, portanto já sabem o que vos espera.

[GHZ] – Pick Ups #00 – Setembro 2014 – beta testing!

Neste mês de Setembro lancei o primeiro vídeo do GHZ, um vídeo de aquisições mensais. Foi ainda um beta testing, pois não gravei com todas as condições que desejaria e a falta de luz é evidente. O próximo vídeo será gravado durante o dia.

A minha disponibilidade para gravar nem sempre é a melhor, pois devido a motivos profissionais, mesmo em alguns fins de semana poderei ter de trabalhar. Assim sendo, os próximos vídeos do género poderão sair até uma semana antes ou depois do final do mês, mediante a minha disponibilidade. Sem mais demoras, poderão ver este primeiro (e longo) vídeo aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=LYA02LWiuyk

Continue?9876543210 (PC)

Como não há cinco sem seis, o próximo artigo é mais uma rapidinha a um jogo indie. Continue?9876543210 é na verdade mais uma obra artística e filosófica digital, porque na verdade, a nível de gameplay, deixa muito a desejar na minha opinião. Tal como muitos outros jogos indie no PC, este também veio parar à minha conta no steam através de um dos vários indie bundles que se vê por aí, tendo-me custado uma ninharia como habitualmente.

ContinueBasicamente encarnamos numa personagem de um videojogo que morreu, e o jogador não quis continuar a aventura. Então passamos o resto resto do jogo a vaguear pela RAM de um computador e evitar ao máximo que os programas de limpeza de memória nos limpem da existência de uma vez por todas. Ora eu acho esta ideia muito boa e de facto o jogo coloca uma série de questões existenciais interessantes, mas com muita pena minha, o conceito do jogo deveria ser bem melhor explorado.

screenshot
Um dos possíveis boses faz lembrar o Space Invaders

Essencialmente visitamos uma série de “níveis” perdidos algures no espaço cibernético. A ordem pela qual visitamos esses níveis é aleatória, mas o que temos de fazer é comum em todos: falar com NPCs, adivinhar algumas passwords a dizer a alguns, alugar abrigos (que também podem ser armadilhas) e de vez em quando lutamos contra alguns inimigos. Nesses níveis temos também um timer em contagem decrescente e sempre que o mesmo chega a zero, temos uma espécie de uma boss battle pela frente. Essas alturas de “pânico” tanto podem ser pequenas dungeons que temos de atravessar em contra relógio, ou lutar contra algum programa gigante que nos tenta eliminar de uma vez por todas. Depois temos também as escolhas de “My lightning, my prayer”. A primeira faz com que caiam uns raios eléctricos do céu, podendo estes destruir algumas das saídas do nível em questão, abrindo assim as portas para avançar para o próximo. Escolher a segunda ergue-nos um abrigo que será necessário para sobreviver em alguns ataques futuros do programa de limpeza da RAM. Então no fim de contas em cada nível teremos de tentar desbloquear uma saída e também ter o máximo de abrigos possível para essas tempestades futuras.

screenshot
Por vezes temos de adivinhar a coisa certa a dizer

Mas tudo isto é bastante abstracto, este é um jogo que precisa mesmo de ser jogado para ser compreendido. Até porque os próprios NPCs falam com um inglês muito “macarrónico” – devido às suas habilidades linguísticas terem sofrido um grande abalo porque partes do seu inglês terem sido eliminadas pelos tais programas que limpam a RAM. Visualmente é um jogo engraçado, onde tudo é um 3D pixelizado e as localidades estão todas perdidas num limbo informático. A música é também sempre algo deprimente, assim como a própria história do jogo, sempre com as suas questões existencialistas.

screenshot
O momento da nossa “morte”, onde as ligações ao programa principal são todas cortadas.

Continue?9876543210 não é para todos. Às vezes digo isto no bom sentido, quando falo complexo de assimilar, mas que no entanto acaba por ser bem feito. Já neste caso é mesmo por ser um jogo que tem uma excelente ideia, até poderá passar algumas mensagens inteligentes, mas como jogo em si, ainda deixa muito a desejar.

Famaze (PC)

Para não destoar dos últimos artigos, cá vai mais uma rapidinha a um jogo indie no PC que verdade seja dita, tem sido das únicas coisas que tenho jogado ultimamente. Famaze é um dungeon crawler em 2D onde somos largados em vários labirintos, mas com uma jogabilidade mais roguelike, na medida que os layouts das dungeons são todos gerados aleatoriamente e o perigo espreita em cada esquina (embora não tanto no easy mode que é o único modo de jogo disponível logo de início). E tal como a maioria dos jogos indie que tenho na minha conta do steam, este veio também através de um indie bundle qualquer a um preço muito acessível.

Famaze PCA história por detrás deste jogo não é nada que se deva levar muito a sério. Nós encarnamos num cavaleiro, ladrão ou feiticeiro com uma missão de encontrar uma série de artefactos para o nosso rei, incluindo a “lente da verdade” e um livro de receitas para procurar uma receita há muito perdida. Podemos escolher uma de três classes, cada uma com as suas particularidades. Knight é a classe com mais poderio físico e a sua habilidade especial é o smite, um poderoso ataque capaz de destruir os inimigos à nossa volta. O ladrão é mais versátil e a sua habilidade especial consiste em desarmar as inúmeras armadilhas que nos esperam. O feiticeiro é uma treta para combate físico, mas consegue criar items necessários, que as outras personagens apenas os podem apanhar nos corredores.

screenshot
As três classes de heróis com as quais podemos jogar.

O jogo é apresentado numa estranha resolução que mais se parece encaixar num modelo de uma Nintendo DS e o seu ecrã duplo. No ecrã de cima vemos o mapa que nos vai sendo mostrado à medida que exploramos o labirinto, em baixo vemos o nosso personagem e as suas imediações. Os controlos são bastante simples: botões direccionais para nos movimentarmos, botão 1 e 2 para usar os items, e o espaço para usar a habilidade especial da nossa personagem (quando disponível) ou apanhar os items que vamos encontrando. Para atacar basta ir de encontro aos inimigos, sendo que 90% das vezes também sofremos dano. Armadilhas como espinhos a meio do caminho, inimigos que nos aparecem pelas costas ou tesouros armadilhados também estão sempre à espreita e devemos tentar dar sempre um passo de cada vez, sempre com pelo menos 3 pontos de vida. O jogo de luz/escuridão também deve ser reaproveitado. Salvo a entrada do nível em si, tudo o resto está às escuras e por vezes encontramos umas tochas fixas que podem ser acesas, iluminando uma grande àrea do mapa. Ora os inimigos que sejam iluminados assim de surpresa acabam por se transformar nos inofensivos Rutabagas, que até nos regeneram um pouco a vida sempre que os apanhamos. Por isso é que os items que vamos apanhando também devem ser usados sempre de maneira inteligente. Para além de items regenerativos, temos flares que iluminam uma pequena área, cristais de teletransporte, ou poderosas bolas de fogo que dão um dano em linha a uma série de inimigos.

screenshot
Os pontos vermelhos no mapa representam os inimigos que encontramos. Estes aqui são chatos porque nos deturpam a visão durante alguns tempos, “estragando” o mapa acima.

Para além de os níveis serem gerados aleatoriamente a cada partida, muitas vezes temos também percursos alternativos, pelo que isso se torna em mais uma razão em voltarmos a jogar este Famaze mais que uma vez. Até porque com a primeira partida é impossível vermos o final verdadeiro do jogo e também começamos apenas no modo easy, tornando este jogo num roguelike algo casual pelo menos de início, o que acaba também por ser uma óptima forma de introdução às pessoas deste subgénero tradicionalmente bastante exigente e unforgiving.

screenshot
Após acender a chama, o inimigo da direita é o único que não é afectado pela luz. Aliás, até e acordado pela mesma.

Nos audiovisuais, os screenshots dizem tudo. Este jogo tem um look bastante retro, fazendo-me lembrar bastante os videojogos da era de 16bit, tanto no nível de detalhe das sprites e backgrounds, como nos próprios efeitos sonoros e músicas que apesar de não estarem sempre a tocar, são bastante apelativas. Espreitando o catálogo da Oryx Design (os criadores deste Famaze), deixaram-me bastante curioso em experimentar os seus restantes jogos, que me parecem ser todos roguelikes. Este subgénero não é dos meus preferidos, apesar de ser um derivado dos RPGs, devido à sua jogabilidade demasiado metódica, desafiante e também ser necessário muita sorte à mistura de nos aparecerem os items certos na altura certa. Mas aqui em Famaze esses elementos apesar de existirem, são bem mais contidos, resultando assim numa experiência bem agradável e certamente a ser um cartão de visita para quem depois quiser experimentar roguelikes mais desafiantes. Até porque hoje em dia o jogo tornou-se free to play no steam e não só.