Gamebox: Série Esportes (Sega Master System)

GameBoxSerieEsportes-SMS-PTPara fechar por enquanto o set de jogos Portuguese Purple (pelo menos enquanto não encontrar o Sonic Spinball e Cheese Cat-Astrophe a bom preço), resta-me agora falar da compilação Gamebox: Série Esportes, que é uma de quatro compilações “Gamebox” lançadas pela Tec-Toy no Brasil, mas a única que acabou por ter um lançamento exclusivo em Portugal na forma de Portuguese Purple. No entanto, já que a Ecofilmes se deu ao trabalho de redesenhar a capa da compilação, bem que poderia localizar a palavra “Esportes” para “Desportos” ou algo do género. Honestamente não me recordo quando comprei esta compilação nem quanto me custou, mas certamente não terá sido mais de 10€ até porque lhe falta o manual. Edit: Recentemente arranjei uma versão completa por 8€ na Cash Converters.

Jogo com caixa e manual

Esta compilação vem com 3 diferentes jogos. Super Futebol II é nada mais nada menos que o já analisado World Cup Italia 90, pelo que não me vou alongar nesse. No Brasil, o Super Futebol 1 é o jogo clássico que conhecemos cá como World Soccer. Great Volley é o jogo conhecido no resto do mundo como Great Volleyball, mais um jogo desportivo da série “Great”, lançados nos primeiros anos de vida da plataforma. Como tal, esperem um jogo simples. O último jogo da compilação é um jogo de Ténis chamado Wimbledon que é na minha opinião o melhor jogo do grupo.

screenshot
O ecrã título do Great Volleyball é tão rosa que até dói

O Great Volley é um jogo algo primitivo como já tinha referido antes, mas ainda assim possui 3 modos de jogo distintos: Practice – que tal como o nome indica podemos praticar as nossas habilidades; Goodwill Match, um jogo amigável e por fim temos o Tournament Mode que também dispensa apresentações. Esses dois modos de jogo podem ser jogados por um ou 2 jogadores, onde podemos escolher uma de 8 equipas para representar. E ao contrário dos restantes jogos, a única diferença entre as equipas está mesmo na cor dos seus uniformes. Nos modos de jogo Goodwill ou Tournament, após seleccionarmos a equipa que queremos representar, podemos atribuir uma série de skill points nas categorias Service, Spike e Receive, e é aí que podemos customizar a nossa equipa mediante como bem acharmos. O segundo jogador pode fazer o mesmo, já se jogarmos contra o CPU, ele faz essas escolhas automaticamente. O jogo tem uma boa jogabilidade, tendo em conta a simplicidade do comando da Master System, mas não sendo eu um grande fã do desporto, confesso que não tenho grandes bases de comparação, mesmo dentro da própria consola. Graficamente é um jogo simples, porém colorido, e as músicas também não são nada de especial.

screenshot
O campo de jogo é sempre o mesmo.

Passando para o Wimbledon, devo dizer que é um jogo de Ténis bastante competente tendo em conta que estamos a falar de uma consola de 8bits. Também aqui temos 2 modos de jogo principais: o modo de torneio e o jogo amigável, que por sua vez pode ser jogado numa série de diferentes vertentes: 1P vs 2P, 1P vs CPU e em pares com todas as possibilidades, excepto a de termos partidas inteiramente controladas pela CPU. Para além disso podemos também escolher qual o tipo de campo pretendido: relvado, tartan ou rígido. No modo de torneio somos largados nos quartos de final de um torneio, começando na Austrália, França e finalmente discutir o jogo final em Wimbledon. Tal como o Great Volley, neste modo de jogo também podemos customizar o nosso anónimo jogador, desde dar-lhe um nome e atribuir-lhe uma série de pontos a vários atributos como Speed, Power e Skill. O único problema neste jogo na minha opinião é mesmo a velocidade com que o jogo se desenrola. Os jogadores mexem-se muito rapidamente e as bolas ainda mais. No entanto é apenas uma questão de nos habituarmos.

screenshot
No jogo amigável podemos seleccionar a mesma personagem, o que é um bocado estranho ter 4 clones em campo

Apesar de as personagens serem pequenas, na minha opinião é um bom jogo graficamente, pelo menos tendo em conta os jogos de Tennis desenvolvidos até à altura (Great Tennis ou Tennis Ace, por exemplo). Claro que depois temos um Wimbledon II ou um Pete Sampra’s, mas isso será para um artigo futuro. Pelo menos o Wimbledon II será certamente. O outro ponto baixo neste Wimbledon na minha opinião são os efeitos sonoros e música que não são nada de especial, mas mais uma vez isso é algo inerente ao próprio hardware da Master System, com o seu chip de som limitado. É preciso ser-se mesmo talentoso para fazer boas músicas com o SN76489, um chip de som criado nos primórdios da década de 80.

screenshot
Podemos seleccionar também qual o tipo do pitch, que influencia a jogabilidade.

Para concluir este artigo, devo dizer que não sou o maior fã de compilações de videojogos, principalmente se forem demasiado “sortidas” em conteúdos e sem nenhum extra que me cative, como é o caso das Mega Games da Mega Drive, por exemplo. Nesse caso tento sempre arranjar os jogos na sua versão em stand-alone, e não sendo eu um fã de jogos desportivos, não é segredo nenhum que comprei esta colectânea pela única razão de ser um lançamento Portuguese Purple. No entanto, para quem não for picuinhas como eu, tem aqui alguns jogos sólidos como o Super Futebol II (World Cup Italia 90) e o próprio Wimbledon.

Ghost Vibration (Sony Playstation 2)

ghost-vibration-coverContinuando com as rapidinhas, desta vez vamos voltar à Playstation 2, essa notável consola da Sony que no meio do seu imenso catálogo de videojogos, existem umas quantas hidden-gems que passaram despercebidas a muita gente, incluindo a mim próprio. Este Ghost Vibration da Artoon é um desses jogos que nos passou despercebidos, mas de hidden-gem não tem nada. Comprei-o na Feira da Ladra em Lisboa algures durante o Verão no ano passado, por volta de 2 ou 3€. Foi uma compra por engano, pois achei que este era um outro jogo de PS2 que tinha lido vagamente no Hardcoregaming 101 e até hoje ainda não me recordo que jogo seja. A única coisa que me lembro é que era um jogo na terceira pessoa e a parte do “Vibration” era elemento fulcral na jogabilidade.

Ghost Vibration - Sony Playstation 2
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Ghost Vibration é um pseudo-survival horror. A história começa quando George, caçador de fantasmas por hobby, recebe um telefonema da sua amiga Alicia a pedir-lhe um dos seus kits para caçar fantasmas. Sem querer dizer mais, George decide viajar até à Europa e, juntamente com Alicia ver no que ela se estava a meter. Como de costume, somos deixados numa enorme mansão abandonada que se encontra infestada de fantasmas e cabe-nos a nós, como George, capturar o máximo de fantasmas possível para que, ao reter as suas memórias, consigamos entender qual o mistério por detrás da mansão e a causa-raiz de todas as suas assombrações.

screenshot
Alicia tem uma espécie de ligação a todo este mistério, mas só mais tarde percebemos porquê

A jogabilidade é muito simples, onde nós vamos apenas alternando entre a primeira e a terceira pessoa. Geralmente estamos na terceira pessoa, onde podemos explorar a mansão. O problema é que apenas nos podemos movimentar numa direcção, como se estivéssemos on-rails. Quando vimos um fantasma, então mudamos para a primeira pessoa e é aí que começa o combate. A arma que temos é parecida com a dos Ghostbusters, mas lança uma espécie de arpão para os fantasmas e se lhe acertarmos, então é que os começamos a “sugar”. O problema é que a arma sobreaquece muito rapidamente e teremos de deixar de puxar com alguma frequência para fantasmas mais poderosos. Para além dessa arma temos também uma sub-weapon que podemos utilizar, mediante a energia restante no respectivo medidor no topo do ecrã. Esta arma é uma espécie de shotgun, que enfraquece e paralisa temporariamente os espíritos à nossa frente. Ao atacar os fantasmas vamos também encontrar uma série de items, que podem ser regeneradores de vida, energia, ou outros especiais, que não deixem a nossa arma sobreaquecer, por exemplo.

screenshot
Os fantasmas que começam a ficar amarelos intermitentes, estão em vias de nos atacar e devemos concentrar-nos nesses primeiro

Graficamente o jogo não é nada de especial, mas também é normal visto ser um jogo de 2002 para uma Playstation 2, mesmo nas cutscenes a Artoon tentou dar um aspecto mais cartoony aos personagens principais, o que retira logo alguma da suposta atmosfera a terror. A câmara segue-nos muitas vezes em ângulos estranhos e temos de estar especialmente atentos a movimentos e barulhos estranhos se quisermos capturar alguns fantasmas mais escondidos. E isso será mesmo necessário caso queiramos completar o jogo a 100%, capturando todos os fantasmas e suas memórias e com isso obter o final verdadeiro do jogo. A música e efeitos sonoros também não são nada de outro mundo, mas adequam-se bem a um jogo que tenta ser tenso.

screenshot
Nem todos os fantasmas se mostram livremente, em muitos outros teremos de estar bastante atentos ao que se passa em background

Ghost Vibration não é propriamente um must-have na consola e percebe-se bem o porquê de ter passado despercebido aos olhos gerais dos jogadores. Na internet há pouca informação do mesmo, incluíndo reviews e os grandes sites apontam que o jogo foi inclusivamente cancelado em solo europeu, existindo apenas no Japão. E se calhar até foi mesmo cancelado em alguns países europeus, ou com lançamentos muito reduzidos, mas Portugal lá deve ter ficado de fora dessa blacklist pois este Ghost Vibration já não é o primeiro que vejo por cá.

The Ninja (Sega Master System)

Ninja-SMSVoltando a mais uma rapidinha de um jogo de Master System da velha guarda. The Ninja é uma espécie de Commando ou Ikari Warriors, mas em vez de Rambos wanabees, temos um ninja em pleno Japão Feudal. The Ninja ao contrário do que se calhar muita gente pensa, não é um jogo completamente original, mas sim uma sequela ou remake de um jogo ainda mais antigo da Sega, o Ninja Princess, ou Sega Ninja, como ficou conhecida a versão arcade ocidental desse jogo. Ninja Princess acabou também por ter um lançamento para a primeira consola da Sega, a SG-1000, com este The Ninja a reciclar muito desse conteúdo. O jogo entrou na minha colecção há um ou dois meses atrás, após ter sido comprado a um particular por 5€. Está completo e em bom estado.

The Ninja - Sega Master System
Jogo com caixa e manual

A história por detrás do The Ninja não é nada original. Um tirano, Gyokuro passou a controlar uma província japonesa, neste caso a província de Ohkami, e como se não bastasse também temos uma princesa para salvar. O costume, portanto. A jogabilidade, tal como referi acima é muito semelhante à dos jogos run ‘n gun como o Mercs, Commando ou Ikari Warriors, na medida em que controlamos o ninja numa perspectiva aérea e temos de sobreviver ao ataque de imensos inimigos que vão surgindo.

screenshot
Neste nível a nossa mobilidade é muito reduzida

Possuímos um stock ilimitado de kunais, e os inimigos vão sendo outros ninjas (que podem estar disfarçados de rochas, kunoichis (ninjas femininas), lobos-ninja e samurais. Um botão dispara as kunais na direcção em que estamos virados na altura, e o outro dispara sempre para cima, independentemente da direcção em que estejamos virados. Carregando nos botões 1 e 2 ao mesmo tempo, tornamo-nos temporariamente invisíveis e invencíveis, uma habilidade bastante útil tendo em conta o grau de dificuldade do jogo. Ao longo do percurso poderemos encontrar 3 tipos de scrolls escondidas, umas que nos deixam com shurikens mais poderosas, outras que nos deixam temporariamente mais rápidos e por fim temos umas verdes que são obrigatórias coleccionar para que possamos descobrir uma passagem secreta que nos levem ao esconderijo onde a princesa se encontra aprisionada. Caso cheguemos ao final dos níveis e nos faltem algumas dessas scrolls, o jogo automaticamente circula e nos devolve ao nível em questão onde podemos encontrar alguma dessas scrolls que nos faltem, tendo na mesma de percorrer novamente os restantes níveis até que possamos encontrar a tal passagem secreta.

screenshot
Quando temos muitos inimigos no ecrã, mais que estes, nota-se algum slowdown

Graficamente é um jogo muito simples, tendo em conta que para além de ser um jogo de 1986, é também um remake/conversão reforçada de um jogo ainda bem mais antigo, o já falado Sega Princess. Os cenários vão sendo variados, embora tenham backgrounds bastante simples, assim como as sprites dos inimigos que vão surgindo no ecrã. Quando deixamos muitos inimigos acumularem no ecrã nota-se algum slowdown, mas isso é algo normal. Uma coisa que achei curiosa é que cada vez que matamos um inimigo, fica uma silhueta humana no chão, antes de desaparecerem por completo. A mesma silhueta aparece com os lobos ninja, foi um detalhe que eles se esqueceram de reparar, ou não, pois no manual diz que esses inimigos são ninjas mascarados de lobos – ha!

Por outro lado os efeitos sonoros são bastante simples, mas as músicas apesar de não serem muitas são bastante competentes, mesmo tendo em conta o calcanhar de Aquiles da Master System, o seu chip de som.

screenshot
Estes cavalos são invencíveis, não adianta tentar derrotá-los

No fim de contas, The Ninja é um jogo bastante simples e algo rudimentar, pois é de uma era ainda algo embrionária neste género de jogos. Ainda assim, não deixa de ser uma peça importante desta escola primitiva da Sega, e se o virem a um preço simpático, não o deixem escapar.

VVVVVV (PC)

De volta para as análises indie, com mais um jogo de plataformas/metroidvania que apesar de ser brutalmente sádico, não deixa de ser extremamente viciante. VVVVVV é um jogo desenvolvido pela malta da Distractionware e que, tal como muitos jogos indie, projectos de mesinha de cabeceira, teve o seu início como um jogo flash, até que alguém decide converter o mesmo para C++, com uma série de novidades. Essa versão acabou por o levar à sua inclusão no Humble Indie Bundle III, bundle esse que me foi oferecido.

VVVVVVA história é simples: nós encarnamos na personagem Captain Viridian, capitão de uma nave espacial com mais 5 tripulantes cujos nomes são também começados por V. Daí o nome do jogo ser VVVVVV, penso eu. Ora a nave a certa altura encontra uma forte “interferência dimensional” e Viridian, tal como o resto da sua tripulação, tentam evacuar a nave, escapando através de um portal de teletransporte. No entanto Viridian encontra-se perdido numa dimensão bastante estranha e para piorar as coisas, não encontra nenhum dos seus outros tripulantes. Assim sendo somos largados neste estranho mundo e tal como num metroidvania, teremos de o explorar, de forma a descobrir os amigos de Viridian e se possível escapar em segurança.

screenshot
Podemos salvar o jogo em qualquer sala com o teletransporte

Sem dúvida que o grande ás na manga deste jogo é mesmo a habilidade de trocar a gravidade, sempre que estamos em contacto com uma superfície. Sem mais nenhuma habilidade, nem sequer a de saltar, será apenas alternando a gravidade e nos movimentarmos para a esquerda e direita que conseguiremos progredir no jogo. Claro que o que não falta são obstáculos, espinhos e criaturas a atrapalharem-nos a vida. O jogo está dividido em várias salas estratégicamente pensadas a que as consigamos atravessar com movimentos simples, mas que demorem uma eternidade a serem apreendidos. Isso porque a certa altura começam a brincar com barreiras que invertem a gravidade a meio dos saltos, tapetes rolantes, portais, salas em que se saires pela direita apareces na mesma posição na esquerda, entre muitos outros. Como não poderia deixar de ser, morremos mal nos deixemos tocar por alguma das criaturas, ou nos espetemos num espinho. No entanto, com vidas infinitas e vários itens com um C estampado que servem de checkpoints, fazem com que o jogo apesar de ser difícil e algo frustrante, continue viciante na sua jogabilidade de tentativa-erro. Em alguns segmentos teremos até umas “escort missions”, onde teremos de guiar não só Viridian, mas também outra personagem, por meio de armadilhas mortíferas.

screenshot
Cada sala tem uma descrição própria, por vezes com humor negro ou bizarrices

Para além da aventura principal de descobrir os 5 restantes membros da tripulação e descobrir o que está a causar essa interferência dimensional, poderemos explorar os mundos de VVVVVV livremente, mesmo depois de termos passado o jogo normal. Isto porque existem muitos caminhos alternativos e escondidos, não fosse este um Metroidvania, e vários coleccionáveis para apanhar. E se forem dos que não têm paciência para esta jogabilidade de tentativa-erro, esta versão 2.0 vem também com alguns cheat codes embutidos, como a capacidade de nos movimentarmos em câmara lenta, para melhor fugir dos obstáculos, ou tornar-nos mesmo invencíveis, tirando assim o desafio por completo do jogo, ficando só o apelo para explorar mais e mais.

Graficamente é um jogo bastante simples. Como muitos jogos desta “new wave of retrogaming“, o jogo tem um aspecto retro, mas em vez de apostar em visuais 8bit à lá NES ou 16bit como na SNES/Mega Drive, este VVVVVV vai ainda mais além, com os seus gráficos completamente lo-fi como se uma Commodore 64 ou ZX Spectrum se tratasse. Para além do ecrã de introdução imitar o mesmo da C64, temos sprites bastante simplistas e cenários quase monocromáticos. Obviamente que isto foi tudo intencional, mas faz todo o sentido no contexto do jogo. Os efeitos sonoros também são do mais primitivo possível, no entanto as músicas já são num chiptune bem “potente” e são bem viciantes. Uma outra coisa que gostei bastante são as descrições dadas a cada sala, e que podem ser lidas no fundo do ecrã. Essas descrições estão cheias de referências escondidas ou humor negro, perfeitamente adequado a um jogo em que se morre entre cada poucos segundos.

screenshot
Podemos dialogar com as personagens para ver o desenrolar da história

No fim de contas, VVVVVV é um dos jogos indie que assentam num dos seus nichos mais populares: o retrogaming. Mas é certamente um dos melhores, num oceano povoado por jogos de plataforma. A sua jogabilidade simples, mas com um level design muito bem pensado e desafiante, tornam VVVVVV num excelente jogo de plataformas e exploração. Se gostam de metroidvanias e jogos difíceis de tentativa-erro como Super Meat Boy, então este VVVVVV é uma excelente escolha.