Professor Layton and the Lost Future (Nintendo DS)

Professor Layton and the Lost FutureDe volta para mais um artigo sobre a série Professor Layton para a Nintendo DS, e não será certamente o último pois ainda tenho mais um para falar em seguida  (o Spectre’s Call). Mais uma vez, aconselho a leitura do artigo do primeiro jogo da série (Curious Village) pois este mais uma vez mantém as mesmas mecânicas de jogo e aspecto audiovisual. Também como os outros dois jogos anteriores, este foi adquirido recentemente na Rádio Popular do Norteshopping, por uma quantia próxima a 10€.

Professor Layton and the Lost Future - Nintendo DS
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Mais uma vez, o jogo coloca a dupla Layton e Luke no meio de uma trama mirabolante, repleta de vários mistérios para resolver e na minha opinião esta é a melhor história de todas na série. O jogo abre com Layton e Luke a atenderem a uma demonstração de uma máquina do tempo por parte do Dr. Alain Stahngun. Infelizmente a coisa corre para o torto, resultando no desaparecimento do primeiro ministro britânico que lá estava a assistir ao evento. Eventualmente outros cientistas vão desaparecendo gradualmente, até que Luke e Layton recebem uma carta intrigante, endereçada pelo próprio Luke 10 anos no futuro. Ao investigar esta coisa absurda, a dupla depara-se com uma outra máquina do tempo que os transporta a uma diferente realidade, onde conhecem o Luke do futuro e Layton nesse período aparentemente tornou-se líder de um gang mafioso, sendo temido por todos. A história diverge bastante a partir daqui, e como sempre vamo-nos aperceber que nem tudo o que parece é, para além de vislumbrarmos um pouco mais do passado amoroso de Layton.

screenshot
A misteriosa máquina do tempo que tanto iremos utilizar

As mecânicas de jogo são essencialmente as mesmas dos jogos anteriores. A aventura principal está assim dividida numa mistura entre a jogabilidade de um jogo de aventura tradicional com a pura resolução de enigmas. A parte de aventura consiste em explorar diversos cenários, para encontrar items ou puzzles escondidos, e falar com as personagens ou interagir com alguns objectos de forma a resolver mais enigmas e progredir na história. Os enigmas são mais uma vez contextualizados com a história ou com os problemas que os habitantes locais se queixam, e continuam a ser variados, desde temas de lógica, matemática ou outros puzzles mais convencionais de tentativa-erro como os de arrastar painéis que eu tanto “adoro”.

screenshot
Estes género de puzzles irritam-me solenemente, mas como há quem gosta…

Como vem sendo habitual, existem algumas recompensas em procurar resolver todos os puzzles e explorar os cenários ao máximo, pois para além das hint coins que podem ser utilizadas na resolução dos enigmas, podemos também descobrir outros items que podem ser utilizados em vários mini-jogos, acessíveis a qualquer altura da aventura principal. E nesta aventura contamos diversos mini-jogos, um deles consistindo em coleccionar diversos autocolantes para preencher alguns livros com pequenas histórias, mediante o seu contexto. Um outro consiste em colocar uma série de trampolins em pontos chave de um cenário com alguns obstáculos, de forma a lançar um papagaio do ponto A ao ponto B para fazer entregas. O que eu achei mais piada foi o mini-jogo que consiste em colocar uma série de setinhas num circuito de carros de brincar, de forma a obrigar o carro a virar para onde a seta indicar para que o mesmo se desvie de alguns obstáculos e atinja a meta. Para além do mais existe muito outro conteúdo bónus a ser desbloqueado ao completar-se 100% do jogo, como tem sido habitual na série, bem como alguns enigmas para se fazer download através da estrutura online da Nintendo DS.

No que diz respeito ao audiovisual, este é o jogo mais bem conseguido dos 3 primeiros, na minha opinião. Em parte pela história que acaba por ser muito bem elaborada, noutra nota pela capacidade de armazenamento deste jogo ter quadruplicado face aos primeiros. Aqui temos mais de meia hora de animações de alta qualidade, tendo em conta a baixa resolução da DS e capacidade de armazenamento limitada. E isto é também válido tanto para as músicas que estão excelentes, bem como para o voice-acting que mantem o mesmo nível de charme e peculiaridades das diferentes personagens que vão surgindo. O mesmo pode ser dito para o artwork no geral que, como já referi nos anteriores, mantém um estilo banda desenhada europeia que tanto gosto.

screenshot
Layton e ambos os Lukes

No fim de contas este pode ser “mais um Professor Layton”, com poucas novidades de grande relevo. Na verdade não inova muito para além dos novos minijogos, mas possui uma história que a meu ver está muito boa e quem gostou dos anteriores, certamente irá também gostar deste Lost Future, como foi o meu caso.

Urban Chaos: Riot Response (Sony Playstation 2)

Urban Chaos Riot ResponseUrban Chaos: Riot Response é um videojogo da Rocksteady Studios (os mesmos que desenvolveram recentemente os Batman Arkham Asylum e City) lançado em 2006 para a Playstation 2 e Xbox original. Com um lançamento já algo tardio no ciclo de vida destas plataformas, acabou por ser um jogo que passou debaixo do radar de muita gente, o que é pena, visto ser um FPS de altíssimo nível (embora tenha as suas falhas). A minha cópia chegou-me às mãos algures durante o ano de 2012, tendo sido comprada na loja portuense TVGames e custando-me 6€, se a memória não me falha.

Urban Chaos Riot Response - Sony Playstation 2
Jogo completo com caixa, manuais e papelada. Infelizmente tem algumas etiquetas e marcas que algumas lojas teimam em fazer sabe-se lá porquê.

A história não tem nada de complexo. Encarnamos em Nick Mason, membro da polícia de intervenção T-Zero de uma qualquer grande cidade norte-americana. Inicialmente a população dessa cidade não gostou da grande despesa pública utilizada na criação de uma polícia tão fortemente armada, mas eis que uma grande vaga de criminalização surgiu por intermédio de um enorme gang armado – os Burners – que foram espalhando o caos e destruição e a intervenção dos T-Zero foi finalmente necessária. De resto a história vai evoluindo com outras teorias de conspiração que o presidente da câmara local ou outra grande empresa estariam por detrás do aparecimento dos Burners, mas nada de complexo.

Mas é na jogabilidade que este jogo marca realmente muitos pontos, misturando um pouco conceitos de FPS modernos com os da velha guarda e acrescentando um sabor em especial com toda a parafernália de uma polícia de choque urbana. O jogo está dividido em capítulos que decorrem em localidades diferentes da cidade. No que diz respeito aos conceitos modernos, eu diria que Urban Chaos: Riot Response os tem na medida em que cada nível é guiado por objectivos, está dividido por checkpoints, e possui uma interessante componente de co-operação com bombeiros e paramédicos. Podemos comandar um bombeiro de forma a desobstruir alguns caminhos, apagar fogos, ou carregar vítimas. Já os paramédicos (ou diria melhor a paramédica), pode ser comandada para prestar socorro a vítimas, ou providenciar primeiros socorros ao jogador. Ao contrário de muitos outros FPS modernos, este não tem um sistema de regeneração automático de vida, nem usa medkits encontrados ao longo do jogo. Terá de ser a paramédica a prestar os socorros ao jogador quando solicitada, podendo fornecer “painkillers” ou lá o que sejam por 3x ao longo do nível ou entre alguns checkpoints. Assim sendo é necessário jogar com algum cuidado pois recuperar a saúde nem sempre será possível. E para ajudar Nick Mason, podemos equipar um forte escudo policial, com que nos podemos proteger de virtualmente todo o fogo inimigo frontal. E é aqui que entra a vertente mais old-school ou mesmo arcade do jogo, a violência desenfreada. Ao contrário de outros jogos, não há um limite de armas que possamos carregar. Começamos inicialmente com uma pistola e nada mais, mas vamos adquirindo um arsenal mais vasto, desde shotguns, metralhadoras, vários tipos de granadas e armas brancas/cocktails molotov utilizadas originalmente pelos Burners. Para além do arsenal mortífero, existem também algumas armas não letais, como tasers poderosos ou um tipo específico de granada não letal. E porque carga d’água é que haveriamos de querer utilizar armas não letais naquela bandidagem? Pelos objectivos secundários que cada nível possui e suas recompensas.

screenshot
Usar as armas dos Burners contra eles próprios por vezes pode ter este efeito.

Para além dos objectivos principais que levam à conclusão de cada nível, existem uma série de outros objectivos secundários que, uma vez obtidos, levam à atribuição de medalhas que por sua vez desbloqueiam outros goodies como novas armas e diversos upgrades às armas já existentes no arsenal de Nick Mason. Ora esses objectivos especiais consistem em neutralizar um certo número de bandidos em cada nível, obter uns quantos headshots, não morrer nenhuma vez no nível ou descobrir uma série de máscaras utilizadas pelos burners espalhadas ao longo de cada nível. Um outro objectivo especial que nem sempre é necessário é o de neutralizar um líder do gang de forma a obter novas informações que desbloqueiam níveis especiais, os ditos Emergencies. Estes níveis adicionais são essencialmente corridas contra o relógio, onde temos de cumprir os seus objectivos num determinado intervalo de tempo. Tanto os níveis normais, como emergências também têm as suas próprias medalhas para obter, em todos os diferentes graus de dificuldade, totalizando em 204 medalhas e imensos upgrades e novo material.

screenshot
Alternar rapidamente entre o escudo e a arma é muitas vezes a chave para alguns tiroteios mais apertados

Depois não posso deixar de referir a jogabilidade visceral que o jogo oferece. Os controlos são bons, com os analógicos a serem utilizados para movimentação e activar o ironsight, o direccionais para ordernar os nossos companheiros, os faciais para alternar entre armas de fogo, melee ou armas não-letais e por fim os botões de cabeceira para as armas e escudo. Apenas sinto falta de um botão para correr, é o que sinto mesmo falta num jogo tão caótico e frenético como este. Sim, porque os Burners acabam por aparecer em todo o lado, insultando-nos do piorio e atirando com cutelos do talho e cocktails molotov, coisa que nós podemos retribuir com carinho. Ou então mandar-lhes com o escudo policial na cara, mesmo com manda a lei. Por fim, enchê-los de chumbo, como é sempre agradável. Em algumas alturas matamos um bandido de uma forma mais aparatosa, o que é acompanhada um momento em câmara lenta. Infelizmente esse “charme” inicial vai desaparecendo, acabando por ser uma situação algo repetitiva. Outra mecânica de jogo interessante e que infelizmente também vai ficando repetitiva são as situaçõesde reféns. Por vezes encontramos um Burner que utiliza um inocente como escudo humano, atirando constantemente em nós e ameaçando para não nos aproximarmos. A táctica? Utilizar o escudo e ir perseguindo o bandido e refém lentamente, na altura em que o bandido precisa de recarregar, a acção passa a ficar momentâneamente em câmara lenta e temos de aproveitar esse espaço para disparar.

É engraçado ver as marcas das balas marcadas no escudo. Infelizmente ele é practicamente indestrutível, já que até aguenta com rockets
É engraçado ver as marcas das balas marcadas no escudo. Infelizmente ele é practicamente indestrutível, já que até aguenta com rockets

Há também algumas partes que me fizeram lembrar o saudoso Gunblaze N.Y. da Sega para as arcades, onde estamos a bordo de um helicóptero munidos de uma chaingun a arrebentar com tudo. Para além da campanha single-player o jogo oferece 2 modos multiplayer, mas infelizmente nenhum deles é o bom velho splitscreen. É então possível jogar com um total de 8 jogadores, sejam em partidas LAN sejam online. Algures no ano passado andei a passar a pente fino todos os jogos online que eu tinha de PS2 na altura, e este Urban Chaos ainda tinha os seus servidores activos, apesar de estarem vazios como é óbvio. Assim sendo não deu para experimentar nenhum dos modos de jogo disponíveis, e sinceramente nem sei do que se tratam pois não há nenhuma referência sequer no manual.

screenshot
Apresento-vos Lani York, a pivot do noticiário lá do sítio que nos vai actualizando a história ao longo do jogo

Graficamente não é o jogo mais bonito de sempre, apesar de a versão Xbox ser superior. O jogo peca neste quesito por ter bandidos e demais NPCs muito semelhantes entre si, para além dos próprios níveis serem algo repetitivos por serem sempre em ambientes urbanos. Mas isso seria algo que eu à partida já estaria a contar. Mas existe algo interessante nos audiovisuais do jogo, e isso está nas cutscenes. Antes de começarmos cada nível vemos um trecho de um noticiário do canal fictício Channel 7, gravado com actores reais, que nos vai pondo ao corrente do jogo e introduz o nível seguinte também. Depois as restantes cutscenes já são in-game, utilizando o próprio motor gráfico do mesmo. O voice acting é um pouco repetitivo ao longo do jogo, com toda a gente a utilizar constantemente as mesmas falas, já nas cutscenes em vídeo achei mais convicente, assim como os outros relatos de repórteres no final de cada nível. A música tem toda uma toada rock e a música que se ouve no ecrã título do jogo é perfeitamente adequada ao contexto.

No fim de contas, apesar de ser um jogo um pouco repetitivo em alguns aspectos, acho que é francamente um FPS bastante divertido e visceral, oferecendo também um bom desafio a quem quiser coleccionar todas as medalhas de forma a obter um arsenal cada vez mais imponente. É um jogo violento sem dúvida, mas também dá meios de o jogador optar por uma jogabilidade mais defensiva e não letal, se assim o desejar. Introduz ideias e mecânicas de jogo que achei muito interessantes e por todos esses motivos acho que é um jogo que deve ser jogado por todos os que se dizem fãs de first person shooters.

Professor Layton and Pandora’s Box (Nintendo DS)

Professor Layton and Pandora's BoxE vamos para mais um artigo da série Professor Layton, desta vez será um pouco mais curto (assim como os restantes), pois as mecânicas de jogo permanecem idênticas, com algumas mudanças para melhor. Assim sendo o artigo do primeiro jogo da série (Curious Village) acaba por ser recomendável para uma leitura com maior detalhe. De qualquer das formas, este segundo jogo da série Professor Layton chegou-me à colecção da mesma maneira que o Curious Village, foi comprado por sensivelmente 10€ na Rádio Popular do Norteshopping.

Professor Layton and Pandora's Box - Nintendo DS
Jogo completo com caixa, manual e papelada

O jogo coloca a dupla Layton e Luke a caminho de visitar o mentor de Layton, o Dr. Schrader. O motivo da sua visita prende-se com a notícia que Schradher alegadamente veio a possuir a misteriosa Elysian Box, uma caixa mística cuja lenda diz que sempre alguém a abre, morre. E na verdade, quando Layton e Luke encontram o Dr. Schrader, o homem estava em completamente paralisado, mas sinais da Elysian Box nem vê-los. As únicas pistas estão no bilhete do comboio Molentary Express que Schrader possuia, para além das informações no seu diário, que indicam que a Elysian Box teria a sua origem na cidade de Folsense. A dupla (acompanhada depois por Flora, uma personagem que viemos a conhecer no primeiro jogo) parte assim para Folsense mas, ao contrário do primeiro jogo, aqui a exploração não se restringe a uma localidade apenas. Desde o próprio Molentary Express que até tem um capítulo unicamente dedicado ao mesmo, passando pelas localidades de Dropstone, Folsense e mesmo vários pontos de Londres. E mais uma vez a história está sempre repleta de mistério e com alguma fantasia pelo meio. Mas essa magia faz parte do universo Layton.

screenshot
A história é contada mais uma vez em capítulos, tendo o jogador muitas vezes de completar “n” puzzles para progredir

Assim sendo, mais uma vez o jogo divide-se no modo aventura, onde se comporta quase como um point and click se tratasse, de forma a explorar os cenários e falar com todas as personagens, no puzzle solving literal de diversos enigmas que vão surgindo, e também com vários mini-jogos. Nesta aventura dispomos de um mini-jogo em que temos de ajudar um hamster balofo a emagrecer, colocando diversos objectos que se vão obtendo ao longo da aventura em circuitos de forma a que ele consiga correr uma série de passos. Um outro é montar uma máquina fotográfica, peça a peça, de forma a usá-la posteriormente para tirar fotos de alguns cenários e descobrir as diferenças. Mais uma vez, com base em objectos que podemos adquirir ao longo do jogo, um outro mini-jogo consiste em obter ingredientes para chá e posteriormente misturá-los de forma a obter diferentes receitas. O objectivo está em oferecer o chá certo a vários personagens que vão tendo “sede” ao longo do jogo. Por fim, reconstruir um diário especial. Mais uma vez, completar estes mini-jogos dão direito a jogar-se mais uns quantos enigmas bem mais avançados de forma a obter-se 100% de conclusão do jogo e desbloquear mais uns quantos conteúdos bónus, como artwork, perfis das personagens, os filmes, música e vozes do jogo.

screenshot
Os puzzles são mais uma vez resolvidos unicamente com a interface touch da DS, com o ecrã superior a servir apenas para apresentar o problema e as suas dicas

Algo que eu me esqueci de referir em Curious Village é o facto de ambos os jogos possuirem também uma série de puzzles disponíveis para download através da rede online da Nintendo. Não cheguei a experimentar esta funcionalidade. Mas voltando aos enigmas que são a mais forte componente deste jogo, desde já é possível observar-se uma grande melhoria que se arrastou para todos os outros jogos da série. Desta vez os enigmas (pelo menos a grande maioria deles) fazem sentido de acordo com o seu contexto em que estão inseridos. Desde simples puzzles “mecânicos” para se abrir uma porta, aos vários puzzles lógicos inseridos no contexto das falas das personagens, ou mesmo dos eventos do jogo. De resto existe uma grande variedade nos tipos de puzzles, incluindo aqueles que eu não gosto por nada, bem como o sistema de hint coins que continua implementado.

screenshot
As cutscenes continuam com uma animação fantástica. O que me levra a pensar que tenho de ver o filme de Layton.

Graficamente é mais uma vez um jogo soberbo. A qualidade das cutscenes está ligeiramente superior, apesar de o jogo possuir um cartucho com a mesma capacidade de armazenação que o anterior. Mais uma vez as personagens possuem um carisma muito forte, e a qualidade do desenho é algo que eu já disse no outro artigo que me agrada bastante. Enquadra-se perfeitamente com o estilo de jogo e onde o mesmo se passa, tanto nos locais, como no tempo. Apesar de ser produzido por um estúdio japonês, o jogo é todo ele europeu, por assim dizendo. O voice acting está igualmente excelente, e estes eram dos poucos jogos em que eu fazia questão em jogar com som na Nintendo DS. O mesmo posso dizer da banda sonora que é muito bem adequada para o jogo em questão.

Em jeito de conclusão, Professor Layton and Pandora’s Box é uma sequela que melhora em todos os aspectos sobre o primeiro jogo. Oferecendo mais uma vez uma boa história com personagens muito bem conseguidas, bem como uma exploração mais variada com mais locais a explorar. Os enigmas estão bem mais contextualizados e continuam a ser bastante inteligentes, muitos deles oferecendo desafios lógicos que bem me agradam. Já aqueles puzzles que consistem em arrastar telas de um lado para o outro, não comento.

Metal Gear Solid: Peace Walker (Sony Playstation Portable)

MGS Peace WalkerVoltando à grande saga dos Snakes, Bosses e afins personagens da mente de Kojima, aqui fica a minha breve análise a mais um lançamento para a portátil da Sony – PSP. Posso dizer desde já que é um jogo que tem as suas falhas, mas ainda assim acho que é um dos melhores lançamentos da série, e um dos melhores jogos que a PSP tem para oferecer. Este jogo veio-me parar à colecção algures em 2012 salvo erro, onde o comprei numa GAME a 5€. Sei bem que estaria melhor servido se comprasse antes a colectânea com alguns Metal Gears em HD para a PS3, mas não me arrependo desta compra.

Metal Gear Solid Portable Ops - Sony Playstation Portable
Jogo completo com caixa, manual e papelada

A história coloca Big Boss (e Master Miller) já ao comando da sua própria força militar – os Militaires Sans Frontières, uma organização militar completamente independente de qualquer governo. Tal como os jogos anteriores em que controlamos Big Boss, a narrativa decorre ainda em plena guerra fria, desta vez no ano de 1974 no país da Costa Rica. Como é normal nos jogos desta série, a história começa num ponto e depois dá bastantes reviravoltas com conspirações políticas/militares por detrás, e este não é uma excepção. Acontece que, à semelhança de vários países da América Latina em plena guerra fria, movimentos revolucionários foram acontecendo um pouco por todo lado. No caso da Costa Rica, o país vê-se invadido por uma organização militar (os Peace Sentinels) que planeia fazer testes nucleares naquele país. Esses Peace Sentinels suspeitam-se que têm ligações ao governo norte-americano, mais precisamente à CIA. E como a constituição da Costa Rica supostamente não permitiria a formação de nenhum exército, o governo local, por intermédio do académico Ramón Gálvez Mena e sua protegé Paz Ortega solicita a Big Boss (ou Snake) que os seus MSF intervenham no conflito, de forma a descobrir o que andam os outros a tramar e expulsá-los da Costa Rica. Como recompensa, é atribuida à MSF uma base em pleno alto-mar nas Caraíbas, tornando-se o seu quartel general. O seu nome viria a ser Outer Heaven, e o resto é história.

screenshot
Antes de começar cada missão podemos escolher que items levar, para além do uniforme a equipar. Cada fato tem as suas vantagens e desvantagens.

Peace Walker é um Metal Gear perfeito para ser jogado em portáteis, herdando os melhores conceitos da jogabilidade de Snake Eater e dos Portable Ops. O jogo está divido em missões, tanto que façam parte da história principal, como outras extra. Por outro lado existe toda uma vertente de “simulação” de um exército como existia nos Portable Ops, mas desta vez mais completa. As missões da história naturalmente são na sua maioria missões de infiltração, se bem que de vez em quando lá encontramos alguns bosses. As missões extra (que são bastantes) já costumam ter diversos objectivos, desde resgatar reféns/soldados, matar todos os inimigos num determinado intervalo de tempo, atravessar uma área sem ser descoberto, obter documentos secretos, entre muitas outras, algumas até bastante cómicas. Ao contrário do Portable Ops onde podiamos alternar entre vários soldados na mesma missão, aqui apenas podemos escolher um. As story missions naturalmente exigem o Snake, já nas restantes podemos utilizar quaisquer recrutas que temos ao nosso dispor. E o próprio sistema de recrutamento é um pouco diferente. Enquanto que no Portable Ops teriamos de carregar o corpo inconsciente dos soldados para o camião que Snake utilizava, aqui é usado o “Fulton Recovery System”, que basicamente consiste em agregar um balão ao corpo do soldado/refém em questão, que o mesmo é logo puxado para o céu para que um avião o depois recolha. Por um lado isto é bem mais cómodo pois permite transportar soldados não apenas inconscientes, já por outro tem algumas falhas de design, pois mesmo nos interiores é possível mandar um gajo pelo ar como se nada fosse.

screenshot
O R&D pode criar novas armas e items, que podemos consultar e ver as suas características

No final de cada missão é-nos atribuído uma avaliação da nossa performance, ao que o facto de utilizarmos uma abordagem stealth e não-letal é sempre recompensada com uma nota alta. É possível depois rejogar as missões anteriores de forma a obter o melhor ranking possível. Esta divisão por missões torna também o jogo bastante apetecível para uma consola portátil, que geralmente é utilizada em períodos mais curtos. No entanto a jogabilidade não é perfeita, o que suspeito que tal se deva aos controlos da PSP não serem tão precisos como se num dualshock estivéssemos a jogar. Senão vejamos, existe um auto-aim, quando miramos com a arma (que deixou de ser em primeira pessoa, passando a ser numa perspectiva sobre o ombro). Esta decisão é compreensível pois a PSP tem um analógico algo fraco, e a falta de um segundo analógico também é prejudicial. No entanto a Inteligência Artificial também é muito mázinha. É perfeitamente normal estarmos no campo de visão de uma pessoa normal, mas os inimigos só nos descobrem quando estamos mesmo a 2 palmos das suas testas. Quando surpreendemos um inimigo ao gritar “Freeze”, o mesmo rende-se incondicionalmente, deitando-se no chão. Podemos ir depois à nossa vida que ele fica lá.

screenshot
Sim, existem missões com bichos do Monster Hunter. E habilidades dos Assassins Creed também, já agora.

Em relação à vertente “The Sims” do jogo, os soldados, reféns, voluntários e outras personagens que vamos trazendo para Outer Heaven, podem ser alocados em diversos departamentos. Para além das unidades de combate, inteligência, médica e R&D que já existiam em Portable Ops, aqui foram também introduzidas outras como a messe (para providenciar comida e aumentar a moral dos restantes), enfermaria para os que se lesionam ou celas para os recrutas que se portarem mal (estou a falar a sério). Ao aumentar a eficiência destes departamentos, ao alocar as personagens certas para os mesmos e treiná-los, só traz coisas boas. Em especial o departamento de R&D que, com base nos blueprints obtidos em certas missões, o dinheiro disponível, e o nível a que o departamento se encontra, nos permite desenvolver imensas novas armas e items que podem ser usados nas missões. Muitos deles até bastante cómicos, como a tradicional caixa que podemos usar para nos esconder, mas desta vez uma Love Box para 2 pessoas, ou uma banana como arma, entre outras bizarrices. Uma outra novidade são as Outer Ops, onde podemos enviar pequenos esquadrões de soldados e eventualmente veículos de guerra se os tivermos, para combater outros esquadrões em background, enquanto nós vamos jogando as nossas missões sossegados. Existem também vertentes multiplayer que não explorei, desde missões cooperativas, ao já conhecido Versus Ops do jogo anterior.

No que diz respeito ao audiovisual, está também um jogo muito bem conseguido para o hardware da PSP. Os gráficos 3D têm bastante detalhe e são variados, apresentando os mesmos visuais de selva que já tinhamos visto em Snake Eater, bem como pequenas aldeias, ou zonas mais industriais/militares. As cutscenes herdam o estilo muito característico de banda desenhada tal como o eram em Portable Ops, havendo a possibilidade de interagir nas mesmas, em alguns momentos. O voice casting está bem implementado, e acho francamente impressionante como conseguiram meter tanto conteúdo num único UMD. Para além de o jogo ter bons gráficos e imenso conteúdo, é impressionante a quantidade de falas existente no jogo. Um outro ponto positivo neste jogo é que os longos diálogos por rádio que as personagens costumam ter, podem ser avançados. Durante o jogo é normal existirem comunicações em tempo real, sem interromper a acção, já antes de cada missão da história podemos escolher assistir aos briefings de cada personagem, e ouvir os seus longos diálogos sobre tudo e mais alguma coisa… se bem nos apetecer.

screenshot
Se fizerem zoom nesta cutscene só-se vão deparar com a mentalidade pervertida do Kojima. E provavelmente têm a PJ à porta.

Ainda muito mais haveria a dizer sobre este jogo, existem imensos detalhes que não referi, pois o artigo também já vai um pouco longo. Apesar de ter algumas falhas na jogabilidade, é um excelente jogo no catálogo da PSP. Ainda assim, para quem preferir jogar em consolas domésticas, a versão HD do jogo disponível tanto na PS3 como na X360 apresenta gráficos um pouco melhorados, para além de melhores controlos, sendo isto o ponto mais importante sem dúvida.

Professor Layton and the Curious Village (Nintendo DS)

Professor Layton and The Curious VillageA série Professor Layton é possivelmente a minha franchise preferida que a Nintendo DS nos introduziu. Produzida pela Level 5, o estúdio japonês que já nos presenteou diversos RPGs como Dragon Quest VIII ou Rogue Galaxy, apresenta este jogo com uns visuais e animações fantásticas para os padrões da Nintendo DS. Mas os jogos da série não são RPGs, mas sim uma bela mistura entre jogos de aventura do estilo point and click com a resolução dos mais variados quebra-cabeças. Este jogo veio-me parar à colecção há poucas semanas atrás, após ter visitado a Radio Popular no Norteshopping e ter encontrado os primeiros 3 jogos da série a sensivelmente 10€ cada um.

Professor Layton and the Curious Village - Nintendo DS
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Este é então o primeiro jogo em que somos apresentados a dupla dinâmica do Professor Hershel Layton e o seu aprendiz Luke Triton, embora não seja a primeira aventura de ambos, cronologicamente falando. Layton é um arqueologista e professor universitário da área, sendo também um verdadeiro gentleman e com um imenso gosto em resolver puzzles e quebra cabeças, tal como o seu jovem aprendiz Luke. Nesta primeira aventura Luke recebe uma carta da Lady Dahlia, recém viúva do Barão Augustus Reinhold, o homem mais rico da vila de St. Mystére. O Barão indicou no seu testamento que apenas quem resolver o enigma da Maçã Dourada é que herdará toda a sua a sua fortuna, pelo que Lady Dahlia solicita a ajuda da maior autoridade de puzzles e quebra-cabeças: Hershel Layton. A vila de St. Mystére, como o próprio nome indica é bastante misteriosa, estando repleta de gente bizarra, locais sinistros e muitos segredos para descobrir. Mas uma coisa une os habitantes de St Mystére com Layton e Luke: a sua paixão em resolver puzzles. Na verdade esta vem a ser uma categoria que acompanhará toda a restante série. Não me vou alongar muito mais na história, pois a mesma merece ser vivida, apenas refiro que já neste jogo surgem diversas outras personagens que irão aparecer ao longo da série, como Don Paolo, o auto-proclamado arqui-inimigo de Layton, ou o Inspector Chelmey, detective vindo directamente de Scotland Yard, Londres.

screenshot
Na fase de exploração, o ecrã de cima serve como mapa, o de baixo para interagir com as pessoas e objectos através do touchscreen

Como já referi acima, a jogabilidade é um misto de um jogo de aventura point and click e puro puzzle solving. Normalmente controlamos a dupla ao longo de um mapa, onde podemos visitar diversas localidades, falar com pessoas ou inspeccionar os cenários, ao clicar em objectos e afins à procura de mais pistas, tudo isto utilizando a stylus da DS e o seu ecrã tactil. Esta é a parte do jogo em que nos armamos em detectives, ao falar com as pessoas ou tentar obter mais pistas. Ainda assim, nem todas as localizações estão inicialmente “desbloqueadas”, para as visitar é necessário progredir na história, ou resolver um determinado número de puzzles. E puzzles é o que todas as diferentes personagens de St. Mystére nos vão dando: “Ai querem uma pista? Então resolvam-me lá este enigma.”. E esses enigmas são bastante variados entre si, desde simples puzzles de lógica, alguns até matemáticos, e como não poderia deixar de ser existem também os puzzles de arrastar blocos, cujos eu tenho sempre um ódiozinho de estimação. Mas comum a todos os puzzles, é que os mesmos são resolvidos com o ecrã tactil apenas. Assim como os próprios menus e tudo o resto. Este é daqueles jogos que não necessitamos mais nada a não ser a interface touch.

screenshot
Ao resolver puzzles, o ecrã de cima mostra a descrição do problema, o touch serve para o resolver, onde podemos até escrever se pretendido

Para resolver cada puzzle podemos dispor também de algumas ajudas. Existem 3 dicas para cada desafio, contudo as mesmas têm o custo de uma hint coin. E essas moedinhas podem ser descobertas ao clicar em certos pontos chave nos diversos cenários, estando naturalmente escondidas. Mas não são apenas essas moedas que podemos tentar descobrir ao clicar em tudo o que pareça suspeito. Para além de puzzles secretos podemos também encontrar peças para construir um cão mecânico, cão esse que posteriormente nos ajuda na aventura ao farejar puzzles escondidos e hint coins. Os jogos Professor Layton possuem sempre alguns mini jogos a acompanhar a aventura principal e o primeiro jogo da série não é excepção. Para além do cão mecânico que podemos construir, alguns habitantes de St Mystère nos vão premiando com peças de mobília, que podemos utilizar para decorar os quartos de Layton e Luke, ou pedaços de uma pintura que podemos posteriormente reconstruir. Estes mini jogos ou side quests se lhes queremos chamar assim desbloqueiam no final do jogo uma série de novos puzzles bastante complicados, necessários para completar 100% o jogo, sendo que depois também somos recompensados com diverso artwork e perfis de todas as personagens do jogo.

screenshot
As cutscenes têm uma qualidade de animação fantástica

O audiovisual é certamente um dos pontos mais fortes de toda a série e este Curious Village não é uma excepção. O voice acting é exemplar para uma consola como a Nintendo DS, e tanto Layton com as suas boas maneiras dignas de um “sir”, o espírito irreverente do jovem Luke e a bizarrice dos habitantes de St Mystère tornam as personagens com um carisma muito próprio e que me deu sinceramente um enorme gozo de as conhecer. Sem mencionar o sotaque britânico que é bastante fancy, claro está. A arte do jogo, quer das personagens quer dos próprios cenários faz-me lembrar bastante a animação/banda desenhada europeia clássica, como Tintin, por exemplo. O que a meu ver é algo bastante incomum vindo de um estúdio japonês. As cutscenes têm uma óptima qualidade, tendo em conta a baixa resolução do ecrã da portátil da Nintendo e a baixa capacidade de armazenamento dos seus cartuchos. Mas geralmente todos os jogos que utilizem o codec  “ActImagine” costumam ter bons resultados nas cutscenes.

Concluindo, acho Professor Layton and the Curious Village uma excelente estreia de uma série que sempre me prendeu e muito provavelmente me vai fazer comprar uma 3DS mais tarde ou mais cedo. É certo que não é um jogo perfeito e a sequela melhora logo nalguns aspectos que posteriormente irei referir, mas não deixa de ser um jogo excelente. Os seus puzzles, especialmente aqueles de pensamento lógico deixam-nos a pensar horas e horas até que no momento mais inoportuno conseguimos chegar à solução. O charme de todas as suas personagens, a sua história envolvente e intrigante e o estilo gráfico que tanto me agrada convenceram-me de imediato a jogar esta série de rajada.