Transbot (Sega Master System)

TransBot-SMS-PTDe volta para a consola de 8bit da Sega para um artigo bastante curto, assim como o jogo que possui apenas 2 níveis únicos. Tal como My Hero, Transbot é um daqueles jogos completamente arcade que ainda se faziam em plenos anos 80, onde não existe um final e o único objectivo é obter o máximo de pontos possível. Lançado originalmente no japão com o nome de Astro Flash e no mercado brasileiro como Nuclear Creature, Transbot foi um dos poucos jogos que tiveram direito a um relançamento dos chamados “Portuguese Purple”, edições com a capa roxa exclusivas ao mercado português. Como este Transbot veio parar à minha colecção, eu sinceramente não me recordo muito bem. Penso que tenha sido comprado através de um leilão no já defunto miau.pt e não me terá custado mais de 5€. Infelizmente está sem manual.

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Jogo com caixa. O artwork na release Portuguese Purple foi bastante modificado face ao original

Este é daqueles jogos que tem uma história, mas acaba por não ter importância nenhuma no jogo. O jogo decorre no ano 2000, após uma guerra nuclear que dizimou toda a civilização humana, excepto alguns sobreviventes que tinham tomado abrigo. Mas após o final da guerra, um supercomputador com inteligência artificial tomou o planeta de assalto, e neste momento a única esperança que a Humanidade tem é o jogador, que pilota uma especial nave de combate, capaz de se transformar em várias outras formas, daí o nome Transbot.

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O primeiro nível é logo o que acaba por ser visualmente mais variado

É pena o jogo ser incrivelmente curto e ter apenas 2 níveis que se repetem à exaustão, aumentando o grau de dificuldade gradualmente. Digo isto pois Transbot tinha potencial para ser um bom jogo. A jogabilidade é a básica de um shooter vertical à lá R-Type, contudo o jogador tem de ter em atenção a duas barrinhas que aparecem no canto superior direito. Power é essencialmente a barra de vida, deixando-a ir a zero o jogador perde uma vida. A outra é a barra da munição. Ao longo do jogo, enquanto vamos combatendo contra outros inimigos variados, surge uma carrinha a conduzir na superfície, essa carrinha tem powerups que devemos apanhar. Quando apanhamos esse powerup, umas letras vão saltando no ecrã, de A a G, cada letra representa uma arma diferente, excepto a A que é uma arma básica com munição infinita e a G que simplesmente restabelece a barra de munições no máximo para a arma que já está equipada. O jogador pode escolher assim a arma que mais lhe convém em cada situação, o que é uma mecânica de jogo interessante na altura.

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O segundo nível já é mais repetitivo, porém tem um boss

Transbot, devido ao seu pouco conteúdo, foi um dos poucos jogos cujo lançamento original não foi em cartucho, mas sim em cartão, com 32KB de memória. Ainda assim, mesmo para a pouca coisa que tem mostra ser um jogo tecnicamente muito bom para os padrões de 1985/1986. Os gráficos são bastante coloridos, e no primeiro nível (o que decorre no exterior) tem um bonito efeito de parallax, que consiste basicamente no background a mover-se mais lentamente que o resto da acção, causando um efeito de profundidade. Não são muitos os jogos da Master System que usam esta técnica (pouco mais de 30) e as músicas, mesmo não utilizando a expansão FM são bastante boas para a consola que é. É de facto uma pena o jogo não ter mais conteúdo, pois na minha opinião poderia ser um clássico do género para a Master System. Assim sendo, esses títulos permanecem com o Power Strike 2 e R-Type.

Halo: Combat Evolved (PC)

Halo PCO jogo que trago cá hoje é a adaptação para PC do primeiro jogo de uma série que, para o bem ou para o mal moldou toda uma série de first person shooters em consolas e no PC também. Estou a referir-me ao Halo, claro está. Originalmente em desenvolvimento para os Macintosh, o jogo causou um burburinho com a compra da Bungie pela Microsoft Game Studios, tornando Halo num jogo de lançamento da primeira consola de videojogos da Microsoft, a Xbox. Halo: Combat Evolved foi um sucesso de vendas, ganhando uma legião de fãs que perdura até hoje, ainda assim a Microsoft acabou por converter o jogo para as plataformas PC e MAC, tendo sido lançadas 2 anos após o lançamento para a Xbox. Ora a minha versão chegou-me às mãos após ter sido comprada recentemente na Feira da Ladra em Lisboa, por uns módicos 1 ou 2€. Infelizmente não tem manual.

Halo Combat Evolved - PC
Jogo com caixa

Resumindo o conceito da história por detrás de Halo, a humaninade chegou a um ponto tecnológico em que viajar pelo espaço mais rápido que a velocidade da luz se tornou uma realidade. O planeta Terra por seu lado estava  a ficar cada vez mais sobrepopulado, pelo que a Humanidade começou a colonizar outros planetas. Entretanto, as forças militares estavam também cada vez mais tecnologicamente avançadas, tendo desenvolvido um grupo de soldados biologicamente e ciberneticamente modificados, os super-soldados SPARTAN-II. Eventualmente a Humanidade acaba por ser atacada por um grupo de seres alienígenas chamados “The Covenant”, que acabam por causar muitas derrotas do lado dos humanos. Os super-soldados SPARTAN-II  ainda acabam por ser bastante eficazes no combate aos Covenant, porém são em pequeno número para mudar o balanço da guerra. Numa altura em que todos os SPARTAN-II estavam concentrados na colónia Reach para preparar uma importante missão em assaltar a origem dos Covenant, acabam por ser atacados de surpresa, com a colónia a ser completamente destruída. Os únicos sobreviventes foram os da nave espacial “Pillar of Autumn”, a mesma que transporta o SPARTAN-II Masterchief. Enquanto a nave tenta escapar do assalto Covenant, eles encontram Halo, um misterioso planeta artificial na forma de anel, controlado pelos Covenant. Decidem investigar o misterioso planeta e o resto é resto.

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Neste jogo cooperamos também com vários NPCs que nos vão auxiliando no combate ao longo do jogo

Vou ser sincero. Já tinha jogado este Halo há uns anos atrás, na altura em que tinha saído para PC e ligeiramente na própria Xbox. Em alguns aspectos confesso que tenha sido revolucionário, noutros nem por isso. Acho este jogo em particular completamente overhyped, pois tirando alguns aspectos que irei referir em seguida, é para mim um FPS banal. E que inovações trouxe Halo? Em primeiro lugar, o mecanismo de combate. Em vez de podermos carregar um arsenal imenso, Halo apenas nos permite carregar 2 armas de cada vez, o que apesar de ser mais realista, é uma mudança que não gosto. Ainda assim o arsenal não deixa de ser vasto, misturando armas humanas com outras alienígenas e com diferentes funcionalidades entre si. Para além de 2 armas apenas, podemos carregar com mais 2 tipos de granadas e, ao contrário dos outros jogos, podemos atirar granadas  com um botão exclusivo, sem ter a necessidade de mudar de arma entretanto. É possível também executar golpes melee com qualquer arma, permitindo matar inimigos por detrás de forma silenciosa para que não alertem os restantes. Isto na minha opinião são mudanças positivas. Apesar de não ter sido o primeiro FPS a fazê-lo, Halo também inclui alguns segmentos onde termos de conduzir alguns veículos, mas desta vez com melhores controlos e com a possibilidade de os NPCs nos darem algum apoio ao disparar na metralhadora acoplada, por exemplo. Mas infelizmente as grandes mudanças que perduram até hoje e que não me agradam nada é o sistema de save por checkpoints, e a vida regenerativa. Na verdade o esquema de vida regenerativa neste jogo ainda é algo misto, mas a semente ficou lançada. O Masterchief possui um escudo que se regenera ao fim de algum tempo de o jogador não sofrer dano, contudo quando esse escudo se encontra completamente descarregado o jogador fica vulnerável, com a sua barra de vida a diminuir. Essa barra de vida já não é autoregenerativa, precisando dos bons velhos medkits para o jogador recuperar esse dano sofrido.

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Apesar de achar as áreas de jogo muito repetitivas, há alguns locais que são realmente mais bonitos

Estas são na minha opinião as grandes mudanças de jogabilidade que Halo introduziu. De resto, graficamente era um jogo impressionante para a altura em que saiu na Xbox. Quando chegou à vez do PC, não é nada que já não se tenha visto melhor antes. Ainda assim reconheço o mérito no jogo em apresentar níveis bastante vastos, apesar de achar que os mesmos são muito monótonos por haver pouca variedade. Os Covenant então… lutar contra extraterrestres coloridos num FPS que tem uma legião de fãs tão grande e onde muitos se gabam de jogarem videojogos violentos, tem o seu quê de ironia. A história, desde a narrativa até mesmo ao voice acting também achei completamente banal, apesar de reconhecer que existe potencial de crescimento ao longo da série.

Para além do modo campanha, Halo originalmente teria um modo online muito forte. No entanto, com a estrutura Xbox Live então ainda incompleta, a Microsoft decidiu remover a componente online do primeiro jogo na Xbox, introduzindo um modo cooperativo, para além de outros modos multiplayer splitscreen ou por ligações em LAN, cujos foram depois adaptados para se jogar online por outros meios não oficiais. Já a conversão para PC não tinha essa desculpa, apresentando assim um modo multiplayer online tradicional, mas infelizmente sem a componente cooperativa. E focando mais no multiplayer, muitos fãs do jogo afirmam que é o multiplayer que realmente coloca Halo num pedestal elevado. E aí realmente poderei dar o braço a torcer. Mesmo sem uma componente online no lançamento original para Xbox, existem imensos modos de jogo que podem ser também bastante customizados, à semelhança de outras séries como Timesplitters, por exemplo. Para além de imensas variantes de deathmatch e capture the flag, o jogo introduziu alguns outros modos de jogo bastante interessantes como o Phantoms ou o Reverse Tag. Infelizmente nunca tenho muito tempo a perder com vertentes multiplayer, mas pareceu-me algo bastante completo.

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Algumas armas têm modos alternativos de fogo, ou miras telescópicas, como é o caso

E pronto, é isto que eu acho do primeiro Halo. Um FPS com uma campanha e história completamente banal, mas com algumas mecânicas de jogo que moldaram todos os outros que lhe seguiram. Para mim umas mudanças boas, outras más. No entanto, apesar de não ter dado muita atenção, possuia uma vertente multiplayer bastante completa para a altura. Tenho aqui também o Halo 2 para PC que irei jogar pela primeira vez do inicio ao fim (joguei um pouco na Xbox há muitos anos atrás), estou curioso para ver em que melhoraram.

Duke Nukem 3D (Sega Saturn)

Duke 3D SaturnÉ tempo de retornar à consola de 32 Bit da Sega, com uma excelente conversão de um jogo de culto. E esse jogo é nada mais nada menos que o Duke Nukem 3D, um first person shooter lendário, com um protagonista inconfundível, repleto de sexo, drogas e rock ‘n roll. Ah, e one liners também, muitas one liners. Duke Nukem era uma personagem com um carisma muito próprio e isso aliado a uma boa jogabilidade, mapas variados repletos de pequenos segredos e humor, tornaram Duke Nukem 3D num jogo muito popular, acabando por ser convertido a todas as plataformas existentes na altura. A Sega Saturn foi uma delas, com esta versão a cargo da Lobotomy Software, estúdio também responsável pelas óptimas conversões de Exhumed e Quake. O jogo chegou-me à colecção por intermédio de um amigo meu, que mo vendeu a 5€, estando completo e em bom estado.

Duke Nukem 3D - Sega Saturn
Jogo completo com caixa e manual

Bom, eu já analisei o Duke Nukem 3D para PC anteriormente, pelo que este artigo irá-se focar mais nas diferenças existentes entre as versões e suas peculiaridades. Aliás, recomendo mesmo a sua leitura pois francamente acho um artigo bem completo. A história coloca Duke Nukem, herói a regressar ao planeta Terra após ter derrotado uns quantos aliens e supostamente impedindo que os mesmos invadissem a Terra, vê-se atacado por mais aliens, despenhando-se assim em plena baixa de Los Angeles. O resto é conversa e afinal, “nobody steals our chicks, and lives“.

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Há coisas que não mudam. A menos que estejamos a jogar numa Nintendo 64

Uma das razões pelas quais o DN3D teve tanto sucesso é mesmo pela sua jogabilidade. Em primeiro lugar pois, para os padrões de 1996 é um jogo bastante interactivo, sendo possível jogar bilhar ou interagir com imensos NPCs ou objectos. O design dos níveis também é algo com um nível de detalhe impressionante para a época, para além de serem variados. Ao longo da aventura vamos percorrendo locais “shady” da baixa de Los Angeles, explorar uma penitenciária, uma enorme estação espacial e regressar a Los Angeles de novo. Os níveis incluem também um grande número de segredos, desde simples passagens secretas para mais goodies, passando por imensas referências a outros videojogos ou ícones da pop-culture de então. A referência “that’s one doomed space marine” para um Marine do Doom é icónica. A acompanhar Duke nesta aventura repleta de violência está um arsenal à altura, algo que também era original para a época. Para além de armas standard como revólveres, caçadeiras, metralhadoras e lança-rockets, neste jogo foram introduzidas diversas outras armas que eram algo inovadoras. Desde as pipebombs e outros explosivos activados ao atravessar um laser que introduziram uma vertente mais estratégica, até aos infames shrink rays que transformam os inimigos no tamanho de um insecto, podendo ser esmagados em seguida e uma arma que também os pode congelar, para que se desfaçam facilmente em pedaços. Isto sem falar claro está no Devastator, uma arma que dispara projécteis explosivos com uma grande cadência de fogo.

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Em alguns pontos o jogo pode ser bastante escuro, mas eu diria que a iluminação está mais realista

Mas após este breve resumo do que é o Duke Nukem 3D, vamos ao que esta versão de Saturn tem de diferente. Em primeiro lugar, tal como outros jogos com o selo da Lobotomy como o Exhumed/Powerslave, aqui existe um mini-jogo para ser desbloqueado: Deathtank Zwei. Este é uma espécie de clone do Worms, mas desta vez com tanques e com as batalhas em tempo real. É um jogo que tira proveito do multi tap, permitindo sessões de jogo de até 7 jogadores em simultâneo. Infelizmente nunca cheguei a jogá-lo, mas está lá. Pode ser desbloqueado ao ter um save do Quake ou Exhumed/Powerslave na memória, ou simplesmente por partir todas as sanitas/urinóis do jogo. Nesse mini-jogo, a ideia é sobreviver a cada round. Inicialmente dispomos apenas de uns simples projécteis, cujas trajectórias devem ser cuidadosamente calculadas para obter o arco perfeito. Contudo com o decorrer do jogo teremos acesso a armas e items que podem tornar as partidas bem mais caóticas e divertidas.

Infelizmente a melhor característica deste jogo para a Saturn não foi trazida para a versão europeia do jogo. Nos Estados Unidos e Japão a Sega Saturn tinha algumas funcionalidades online, através do serviço Sega Netlink. Este aparelho, na verdade um modem que se liga numa das portas da consola permitia à Sega Saturn aceder à internet através de browsers simples ou jogar online num catálogo selecto de jogos. Este Duke Nukem 3D é um deles, permitindo jogar todo o jogo em co-op com mais uma pessoa, ou entrar em Dukematches tal como na versão PC. Multiplayer local em split screen tal não existe, apenas a versão Nintendo 64 inclui essa funcionalidade. Nós, os europeus limitamo-nos a receber o jogo completamente em singleplayer.

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Encontrar aquele alien na casa de banho a tratar do seu serviço, para mim continua a ser um dos momentos mais WTF da história dos videojogos

Outra característica diferente da versão Sega Saturn é a mesma utilizar o próprio motor gráfico da Lobotomy, a SlaveEngine, ao contrário do motor gráfico BUILD no PC. E no que se traduziu essa mudança? Para além de os inimigos e NPCs continuarem a ser sprites em 2D, os restantes cenários ganharam um aspecto 3D mais verdadeiro. É certo que algumas texturas perderam alguma definição, mas no entanto o jogo mantém-se bastante agradável, inclusivamente foram melhorados alguns efeitos de luz e outros como as explosões, fazendo deste e outros jogos que correm esta engine como dos melhores jogos 3D que a Saturn teve. As banda sonora é idêntica, embora incluam alguns remixes ou remasters das músicas originais. De resto o jogo contém quase todos os níveis dos 3 episódios originais para PC, não incluindo o add-on Plutonium Pack e mais uns 3 níveis que faltam. De resto, em conjunto com um nível original (Urea 51) e alguns secretos, existe um total de 30 níveis nesta conversão.

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Esventrar estes bichinhos continua a ser bastante divertido

Posto isto, acho o Duke Nukem 3D para a Saturn como uma excelente conversão, embora não inclua tudo o que a versão PC tem. Para além desta, o jogo saiu também relativamente na mesma altura para a PS1 e Nintendo 64. A versão da Sony é também uma boa conversão embora não possua nenhum modo multiplayer, porém inclui os 3 conjuntos de níveis do original mais um novo conjunto de níveis exclusivo dessa plataforma. Já a versão N64 apesar de ter multiplayer local com splitscreen, possui imensa censura e os níveis bastante alterados, pelo que não é uma versão que recomendo de todo.

Capsized (PC)

De volta aos jogos indie para PC, pois tem sido o que mais tenho vindo a jogar ultimamente, para mais um artigo curto. Capsized é um sidescroller futurista, misturando a jogabilidade de um Metal Slug e Bionic Commando com um interessante sistema de física. Produzido pelo estúdio Alientrap, é um jogo lançado originalmente durante o ano de 2011, tendo sido também lançado para a X360 durante este ano de 2013. A minha cópia digital veio-me parar ao catálogo do Steam por intermédio de mais um Humble Indie Bundle, desta vez o oitavo, em conjunto com jogos como Dear Esther ou Proteus.

Capsized PCA história é simples, tomamos o papel de um astronauta que vê a sua nave a despenhar-se num planeta hostil. Ao longo do jogo teremos de encontrar os restantes companheiros, eventualmente reparar a nave e escapar do planeta, enfrentando imensos inimigos pelo caminho. A jogabilidade é a de um sidescroller, porém com diversas peculiaridades. A personagem pode ir saltitando de parede em parede, utilizar um gancho para se balancear ou puxar inimigos/objectos, ou mesmo atirar com esses objectos para os inimigos. Para além do mais possuimos também um jetpack que permite navegar mais livremente em áreas abertas, contudo o combustível é escasso. O arsenal que vamos encontrando ao longo do jogo é bastante vasto, desde metralhadoras, passando por rockets, lança-chamas e outras armas variadas, cada uma com um modo secundário de disparo e também cada uma indicada para diversas situações. Os controlos é que me foram um pouco confusos. Utilizando um setup de teclado e rato, o teclado é utilizado para movimentar a personagem, bem como utilizar o gancho ou o jetpack. Já o rato é utilizado para apontar a arma e disparar, tanto no modo normal como no secundário. Ora para quem se habituou a jogar sidescrollers deste género como o já referido Metal Slug ou até os Contra, sempre os jogou apenas com um D-Pad para controlar o movimento e a mira, mais uns botões para distribuir lenha. Aqui é frequente eu atrapalhar-me ao andar com o boneco para trás, a pensar que iria disparar nessa direcção e acabo por mandar uns tiros noutra direcção completamente diferente, pois era aí que estava o ponteiro do rato. É certo que é apenas uma questão de hábito, mas old habits die hard.

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O gancho pode ser utilizado em qualquer superfície, objecto ou mesmo inimigo e é fulcral ao longo do jogo.

Ainda assim, acho interessante toda a física que está envolvida no jogo. Utilizar o Jetpack tem uma certa aceleração, o “swing” com o gancho requer ganhar balanço, inimigos que aumentam a sua forca gravítica de forma a “sugar” todos os objectos (e projecteis) à volta para depois os cuspir novamente para o jogador, entre outros. A variedade de armas também é benvinda e em conjunto com uma munição restrita faz-nos sempre pensar 2x antes de puxar o gatilho. O modo campanha do jogo decorre ao longo de 12 níveis, cujos podem ter diferentes objectivos, desde simplesmente encontrar a saída, como resgatar todos os colegas, encontrar objectos ou destruir uns certos inimigos. Em todos os outros casos é até possível finalizar os níveis sem matar mais ninguém sequer – embora seja difícil. Esses objectivos estão marcados no ecrã, com uma “bússola” tal como é utilizada em FPS como Call of Duty, indicando com setinhas a posição do(s) objectivo(s). Para além do modo campanha existem também outros modos de jogo. Dentro do menu “Arcade” podemos encontrar um modo cooperativo local que nos permite jogar toda a campanha a 2, onde um jogador utiliza o teclado e rato, outro um gamepad. Um deathmatch em splitscreen está também presente, bem como outros modos como timetrials, survival ou o “Armless fighting“, onde jogamos sem qualquer arma.

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De notar o círculo no fundo, à direita, que nos indica o objectivo do nível

Graficamente é um jogo interessante. Desde as cutscenes claramente inspiradas em banda-desenhada, até pelo mundo vibrante em que nos encontramos. Desde os nativos que nos atacam com lanças e tudo o resto, passando pela inofensiva fauna local ou outros insectóides mais agressivos – que até me fazem lembrar de certa forma os Metroids – é um jogo visualmente bem conseguido e com bonitos efeitos de luz. A banda sonora é que me passou de certa forma ao lado.

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Não se pode dizer que Capsized não tenha uns bonitos visuais

No fim de contas Capsized é um sidescroller que pode agradar aos fãs do género, contudo a mim não deixa assim grandes recordações. Algumas armas são bastante interessantes, assim como a física que implementaram no jogo. Contudo aqueles controlos acho que poderiam ter sido melhor adaptados. Ainda assim, tendo em conta o preço reduzido a que o comprei, e provavelmente mais tarde ou mais cedo fará parte de mais algum Humble Bundle, poderá ser um jogo a ter em conta para quem gosta.

Streets of Rage (Sega Master System)

Streets of Rage Master SystemFazer uma análise a um port 8bit de um dos maiores clássicos da Mega Drive tem o que se lhe diga, pois um dia que venha a possuir o jogo original a sua análise já será um pouco menos detalhada. Ainda assim acho que a conversão para a Master System tem o seu mérito, por ter sido muito bem conseguida tecnicamente, na minha opinião. A série Streets of Rage surgiu durante o ano de 1990, com a SEGA a capitalizar sobre o grande sucesso que jogos como Double Dragon ou Final Fight tinham feito nas arcades. A Sega antecipou-se assim à Capcom com a conversão do Final Fight para SNES, lançando este jogo na Mega Drive em primeiro lugar. Infelizmente, a versão Sega Master System deste Streets of Rage apenas chegou às lojas já no ano de 1993. A minha cópia do jogo chegou-me às mãos por volta de 2005, onde me custou uns 7.5€ num leilão no Miau.pt. Está completa e em bom estado.

Streets of Rage - Sega Master System
Jogo completo com caixa e manuais

A história é o cliché do costume. Um enorme gangue de criminosos toma de assalto uma grande metrópole norte-americana, tornando a cidade bastante insegura para todos os seus cidadãos. Um grupo de jovens polícias fartaram-se da situação e decidem fazer justiça pelas suas próprias mãos, distribuindo pancada por todos os bandidos que encontrarem pela frente, desde o “soldado raso”, até ao kingpin lá do sítio. Pode ser um cliché, mas a verdade é que nestes jogos o que um gajo quer é encher a bandidagem de pancada, o resto é bónus. Os polícias que podemos jogar são Axel Stone, Adam Hunter, ou a menina Blaze Fielding, cada um com as suas peculiaridades, com Blaze ser mais fraca porém mais ágil, Adam mais forte e lento, e Axel como uma personagem “all around“.

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Antes do ecrã título também existe uma “cutscene” toda fancy como no original

Antes do Streets of Rage ter sido lançado para a Master System, a Game Gear recebeu também uma conversão. Ao contrário de practicamente todos os outros jogos que existem tanto para a Master System como a Game Gear que têm muito poucas diferenças entre si, devido ao hardware das 2 plataformas  ser muito semelhante, estes Streets of Rage são uma excepção. Na versão Game Gear, para além dos gráficos serem diferentes, a jogabilidade foi modificada, com as personagens a perderem alguns golpes, o Adam não pode ser seleccionado e como seria de esperar não existe nenhum modo multiplayer. A versão Master System inclui todos os 3 personagens e os seus combos na totalidade, mas infelizmente também não incluiu nenhum modo multiplayer. A jogabilidade, apesar de herdar todos os combos  do parente 16bit da Mega Drive, não é das melhores infelizmente. Existem alguns bugs de detecção de colisões, especialmente quando o jogador agarra numa arma. A dificuldade do jogo também é muito maior na versão 8bit, na minha opinião, por culpa também destes problemas. O botão de ataque especial, na falta de mais botões no comando, acabou por ser o botão de pausa da Master System, cujo sempre foi bastante incomodativo, mas é o que há.

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Ecrã de escolha da personagem com que queremos jogar, notem as diferenças

Visualmente a conversão para a Master System está muito competente. É certo que as sprites das personagens e objectos no geral estão muito mais pequenas e com menos detalhe do que a versão Mega Drive, é perfeitamente normal, embora os bosses continuem com sprites bem grandinhas e que pouco ficam a dever às suas incarnações originais. Mas os cenários variados e as cores garridas do original também estão aqui presentes. Logo no icónico primeiro nível, com todas as lojas repletas de letreiros de neon coloridos, dá para perceber que foi feito um enorme esforço por parte da Sega na conversão deste jogo. Ao contrário da versão Game Gear, que naturalmente corre a uma resolução inferior, esta apresenta um maior detalhe e número de objectos nos níveis, para além de ter os 8 níveis originais, ao contrário dos 6 da Game Gear. As músicas são remixes das originais do Yuzo Koshiro para a versão da Mega Drive, embora a qualidade do chip de som da Master System deixe muito a desejar neste aspecto.

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Sempre achei piada ao ataque especial. E com o carro do E-Swat!

Ainda assim, mesmo com as suas falhas, acho o Streets of Rage para a Sega Master System uma conversão muito boa, tendo capturado todo o “charme” do original da Mega Drive num sistema nitidamente inferior. Óbvio que a versão de 16bit continua a ser a melhor escolha, mas a Master System tem uma conversão muito bem conseguida. A Master System viria também a receber uma conversão do Streets of Rage 2 mais tarde, embora não seja tão fiel ao original.