E para fechar (por enquanto) a série de artigos sobre os Blackwell, é tempo de analisar brevemente o quarto jogo da série – Blackwell Deception, e perceber porque, na minha opinião, é o melhor dos 4 jogos. Tal como os anteriores, este foi adquirido num qualquer bundle de jogos indie, a um preço irrisório.
No final do jogo anterior, Rosangela decide mudar um pouco a sua abordagem no “tratamento” das almas penadas que encontra. Ao invés de ir farejando os tablóides do costume para procurar novos “casos”, desta vez Rosangela decide avançar com o seu website, anunciando-se como espírita, oferecendo os seus serviços a quem a quiser contactar. E como os outros jogos, este Deception começa de uma forma algo ligeira, colocando a dupla Rosangela/Joey a investigar um caso sem relação com a trama principal que se irá depois desenrolar. A história “a sério” começa quando Rosangela recebe um telefonema de um antigo colega jornalista que lhe pede ajuda numa investigação para um artigo jornalístico. Após um encontro surpreendente com esse colega, Rosangela vê-se envolvida numa conspiração que engloba uma misteriosa rede de outros psíquicos, e mortes misteriosas. No que diz respeito à história, este Blackwell foi o que me melhor encheu as medidas. Enquanto os outros jogos eram curtinhos, sendo facilmente terminados em cerca de 2h, este jogo duplicou o conteúdo, e a maneira como a história foi sendo contada agradou-me mais, tendo inclusivamente desvendado algum mistério sobre a origem de Joey. Já o jogo anterior tinha aberto algumas portas no final indicando que este Deception seria mais épico, enquanto que este por sua vez fez o mesmo.
As mecânicas de jogo permaneceram practicamente inalteradas desde o jogo anterior. Ainda assim tem algumas pequenas diferenças: a interacção entre Rosangela e Joey é maior, existindo portanto um maior número de puzzles e situações em que temos de colocar ambas as personagens a trabalhar em equipa, tirando partido das suas habilidades. As pesquisas que podíamos fazer anteriormente no computador de Rosangela podem agora ser feitas utilizando o seu smartphone. Desde telefonar a outras personagens, pesquisar no “oogle”, ou consultar o seu “bmail” são algumas das funcionalidades do aparelho. O telemóvel serve também para Rosangela anotar as suas pistas que vai recolhendo ao longo do jogo, bem como podemos interligá-las de forma a obter novas pistas, tal como se fez no primeiro jogo.
Falando no audiovisual, no artigo do Blackwell Deception eu referi que o aspecto gráfico do jogo evoluiu um pouco, não sendo tão retro como nos primeiros jogos. Bom, aqui evoluiu ainda mais. Enquanto se mantém o visual pixel-art que acompanha a série desde o primeiro jogo (pelo menos nas personagens), os cenários por sua vez já apresentam um detalhe muito maior, bem como alguns efeitos gráficos interessantes. Continuo a preferir o charme saudosista dos primeiros dois jogos, mas devo confessar que acabei por gostar deste jogo nesse campo. Apenas não gostei de uma coisa: o artwork das personagens que aparece nos diálogos. O que começou por pixel art puro, chegou neste jogo como desenho de banda desenhada, o que na minha opinião tirou alguma piada ao jogo. Já no que diz respeito ao audio, este continua excelente, com voice acting bastante competente e uma banda sonora baseada em smooth jazz, embora com uma ou outra incursão noutros géneros musicais. O que regressa desde o primeiro jogo é um modo de comentários, que desta vez engloba também os bloopers nas falas por parte dos actores.
No final de contas acho este Deception o melhor dos Blackwell até à data. O conteúdo do jogo que duplicou para 4 horas, acompanhado de uma história muito interessante e como sempre com uma boa narrativa por detrás. É sem dúvida o jogo mais épico da série e deixa antever coisas muito boas para o Blackwell Epiphany, a sair no último trimeste deste ano.