Dustforce (PC)

O artigo que trago cá hoje foi originalmente publicado na PUSHSTART #26. Eu ainda sou um novato em toda a cena indie, mas com o surgimento de vários indie bundles que nos permitem adquirir uma série destes jogos por uma bagatela, tem-me vindo a abrir os horizontes para todo este mercado. Este Dustforce é mais um desses jogos, tendo feito parte do recente Humble Indie Bundle 6.

Dustforce

Dustforce é mais um dos jogos revivalistas dos jogos de plataforma old-school dos anos 90. Tal como o Super Meat Boy, este é mais um daqueles jogos exigentes que precisam de reflexos bem rápidos e com uma dificuldade elevada, contudo mantém aquele vício sádico de jogar, jogar e voltar a jogar o mesmo nível de forma a obter o melhor resultado possível. Neste jogo somos colocados no papel de uma equipa de 4 ninjas equipados com vassouras, com a missão de tornar o mundo num local melhor, limpando todo o lixo espalhado nas ruas, florestas e vários outros locais. Ok, são apenas varredores, mas têm um nível acrobático que me faz lembrar em certas alturas a jogabilidade de jogos como Strider ou os primeiros Ninja Gaiden, sendo possível saltar em paredes, saltos múltiplos no ar, correr nos tectos e usar as suas vassouras como armas melee para defrontar alguns inimigos e/ou obstáculos. Cada um dos 4 varredores tem habilidades ligeiramente diferentes, variando o alcance e potência dos seus ataques, e a altura que os seus saltos atingem. Um pouco como foi feito em Super Mario Bros 2, na minha opinião. Com isto em mente, o jogo tem então como objectivo limpar o lixo dos vários níveis que vamos percorrendo. Existe lixo espalhado ao longo de várias superfícies que o varredor limpa automaticamente à medida que vamos percorrendo as mesmas, existem também obstáculos e inimigos cobertos de lixo que podemos combater usando as vassouras. Existe um sistema de combos muito interessante que acaba por ser obrigatório dominar se querermos concluir alguns níveis mais desafiantes. Em conjunto com as habilidades de salto e percorrer paredes/tectos como mencionei anteriormente, ao acertar num inimigo mantemos o balanço e permite-nos dar mais um salto no ar, conseguindo dessa forma saltar sobre precipícios gigantes ou secções de níveis bastante complexas e repletas de armadilhas. Os controlos são simples, para além da movimentação apenas dispomos de um botão de salto, um de ataque leve e um outro de ataque forte. O ataque forte para além de ser mais lento deve ser usado com alguma discrição pois acaba por espalhar mais algum lixo no nível que teremos depois de limpar para manter uma pontuação elevada (mais informações no parágrafo seguinte). À medida em que vamos limpando o lixo de um nível e combatendo sucessivamente os vários inimigos, vamos enchendo uma barra de energia que, quando estiver cheia pode ser utilizada para realizar um ataque muito poderoso capaz de limpar uma área inteira. Mais uma vez é uma técnica que não deve ser desperdiçada pois por vezes é a única maneira de se limpar algumas secções dos níveis. Confusos? Experimentem o demo por algum tempo que depressa se habituam a estas mecânicas de jogo. Os controlos são eficazes, contudo com o nível de precisão de platforming pretendido é aconselhável utilizar-se um gamepad com um direccional analógico. Para além do mais, é um jogo em que a inércia tem também um papel crucial na jogabilidade, é importante saber-se utilizar correctamente as superfícies e os combos aéreos para se ganhar o balanço certo para ultrapassar alguns obstáculos.

Screenshot

Os inimigos só são agressivos quando estão cobertos de lixo

Após um nível introdutório onde nos são explicadas as diferentes habilidades que o nosso varredor consegue fazer, somos então largados numa espécie de hub world, onde poderemos entrar em várias outras áreas com um conjunto diferente de níveis. Para além disso, podemos também entrar noutros modos de jogo através do hub world, tal como o editor de níveis. Os níveis em si estão muito bem construídos, oferecendo ao jogador várias possibilidades de percorrer o mesmo, utilizando as habilidades e a física do jogo da forma que achar melhor. Isto é um factor determinante se quisermos tirar partido do máximo que o jogo oferece, na medida em que no final de cada nível a nossa performance é avaliada em 2 factores: completion e finesse. O primeiro dá conta da quantidade de lixo que limpamos em cada nível, o segundo depende do número de combos consecutivos que conseguimos realizar. Obtendo boas pontuações em cada nível vamos desbloqueando uma série de chaves que nos dão acesso a níveis extra com dificuldades mais elevadas. Isto, aliando a um sistema de leaderboards compele-nos a re-jogar imensas vezes os níveis de forma a obter a melhor performance possível.

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A perícia é requisito constante neste jogo

Tal como referido anteriormente o jogo vem com um editor de níveis, onde podemos criar os nossos próprios níveis e partilhá-los com a restante comunidade Dustforce. Obviamente isto implica que podemos também jogar níveis feitos por outros utilizadores. Existe também um modo multiplayer, que infelizmente apenas pode ser jogado localmente até 4 jogadores. O modo de jogo é uma espécie de King of the Hill, onde temos de “dominar” uma série de pontos chave.

Passando para o audiovisual, Dustforce apresenta um aspecto da “velha guarda”, com as personagens em sprites e os cenários como se tivessem sido tirados de um jogo de plataformas da SNES. Apesar de tecnicamente simples, Dustforce não deixa de ser um jogo visualmente apelativo com o factor nostálgico de quem atravessou a fase dos 8 e 16bit. A banda sonora é muito bem conseguida, misturando de forma sublime os sons típicos de uma NES, porém com uma qualidade moderna. As músicas têm todas um feeling mais electrónico e adaptam-se perfeitamente à ambiência e dificuldade apertada do jogo. Podemos estar a repetir o mesmo nível pela enésima vez, mas a música acalma aquela vontade incontrolável de mandar o comando pela janela fora, tal como em muitos outros jogos.

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Ecrã inicial das batalhas multiplayer

Resumindo, Dustforce é um jogo de plataformas bastante interessante e muito desafiador, com uma mecânica de jogo simples de compreender, mas difícil de dominar. Quem gostou do Super Meat Boy e for fã de jogos de plataforma dos velhos tempos, aconselho vivamente que passem pelo Dustforce.

Sobre cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.
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