Solar Jetman (Nintendo Entertainment System)

Voltando às rapidinhas, o jogo que cá trago hoje é mais um título interessante da Rare, numa fase em que eles deixaram o ZX Spectrum de lado e começaram mais a apostar no ramo das consolas, com um foco maior na NES. E este Solar Jetman é um interessante título de exploração espacial, com um grande foco na gravidade que vai diferindo de planeta para planeta e isso influencia bastante a nossa maneira de controlar o personagem principal. O meu exemplar foi comprado no passado mês de Maio numa Cash Converters, tendo-me custado 5€.

Apenas cartucho

Na verdade, este Solar Jetman é uma evolução de alguns jogos do passado da Rare como Ultimate, pois herda várias mecânicas de jogo dos seus predecessores do ZX Spectrum, Lunar Jetman e Jetpac. Aqui controlamos o mesmo astronauta que está a tentar reconstruir uma nave espacial poderosa, a warpship, que lhe permitirá explorar os confins do espaço. Para isso teremos de visitar mais de uma dezena de planetas, explorar as suas cavernas em busca das peças da nave, mas também de combustível, para que a nossa nave-mãe consiga viajar para o planeta seguinte e possamos repetir todos estes passos.

Para além de termos de nos concentrar vivamente em não bater em nada, também teremos inimigos para destruir

Começamos por conduzir uma pequena nave, uma probe, e a primeira coisa que me vem à cabeça é que jogar isto é quase como o Lunar Lander, onde temos de usar a propulsão dos motores para aterrar em segurança na superfície. Aqui a diferença é que não queremos propriamente aterrar, até porque qualquer contacto com as superfícies nos causa dano, pelo que temos de rodar a nave e usar o seu propulsor para nos mover de um lado para o outro. Agora com diferentes gravidades, a propulsão que temos de usar nunca é bem a mesma de um nível para o outro e a inércia também tem de ser tida em conta, caso contrário vamos andar sempre a embarrar nas paredes. Temos inimigos para destruir e os itens que encontramos, onde se incluem o combustível e as peças da nave já referidas, são transportados através de um cabo, o que nos baralha ainda mais as contas quando tentamos controlar a nave. É um jogo que nos obriga a algum treino e adaptação, sem dúvida.

Caso fiquemos sem combustível ou soframos muito dano, temos de tentar sobreviver sem a probe até arranjarmos uma substituta

Para além do combustível e peças da nave, podemos também encontrar outros itens como cristais ou caixas de materiais diversos que se traduzem em mais pontos. Para além disso, nos primeiros 2 planetas podemos também encontrar algum equipamento adicional para as nossas probes, como escudos (que não podem ser usados quando estamos a transportar itens), boosters que nos dão maior poder de propulsão mas consomem mais combustível, ou mapas que nos dão uma vista geral da área à nossa volta. Os pontos que vamos amealhando são também a unidade monetária do jogo e entre planetas poderemos comprar equipamento mais poderoso com esse dinheiro, que pode posteriormente ser equipado nas nossas probes. Desde vários tipos de armas e bombas, propulsores mais potentes, motores mais eficientes no consumo de combustível, escudos melhores, um automapper que passa a mostrar pontos de interesse nos mapas, entre muitas outras opções.

O combustível perdendo todo o combustível da nossa probe (que também diminui cada vez que sofremos dano), passamos a controlar o astronauta directamente, com o seu jetpack. É bem mais ágil para se controlar, porém muito mais frágil, no entanto pode ser o suficiente para conseguirmos regressar à base e entrar numa nova probe, ou então recuperar uma das probes suplentes que poderemos encontrar algures nos níveis. Caso contrário, perdemos uma vida. Felizmente temos também alguns níveis bónus que podemos encontrar e nos dão vidas extra.

Podemos encontrar alguns portais que para além de nos transportar de uma zona do mapa para outra, ajudam-nos a deixar as nossas cargas directamente na nave mãe, que poderá estar bastante longe.

No que diz respeito aos audiovisuais este é um jogo competente. É certo que os planetas em si não são muito diferentes uns dos outros, a não ser pela diferente temática nas cores. De resto podem encontrar montes e cavernas para explorar. Os inimigos vão sendo algo variados, pois à medida em que vamos explorando planetas novos, novos e mais poderosos inimigos vão surgindo. As músicas são agradáveis, embora sejam bastante discretas, principalmente quando estamos plenamente focados na exploração e evitar colidir com tudo e mais alguma coisa!

Portanto este Solar Jetman até que é um jogo interessante da Rare, embora não seja para todos, pois possui mecânicas de jogo que exigem algum treino e adaptação de planeta para planeta. Felizmente que vamos poder ir gravando o nosso progresso no jogo com recurso às belas das passwords. Para um desafio maior seria interessante se os planetas fossem gerados aleatoriamente, bem como a disposição dos seus itens, mas provavelmente isso iria ainda alienar mais gente.

Battletoads in Battlemaniacs (Super Nintendo)

Já aqui trouxe o Battletoads, um jogo da Rare lançado originalmente para a NES e que deu muito que falar na altura em que foi lançado. Se por um lado parece uma imitação das Tartarugas Ninja, uma franchise muito na moda na época, por outro surpreendeu pela sua grande variedade na jogabilidade, onde nenhum nível era igual aos outros. Esta sequela para a SNES mantém o mesmo padrão e, apesar da história ser diferente, devo desde já dizer que me desiludiu um pouco visto os níveis serem muito semelhantes aos do jogo original. O meu exemplar foi comprado a um particular no mês passado, tendo-me custado algo entre os 12 e 15€ se a memória não me falha.

Apenas cartucho

A história envolve qualquer coisa como um videojogo que usa a realidade virtual e os vilões desse mesmo videojogo conseguiram saltar para o mundo real, raptaram uma rapariga importante e mais um dos sapos, desta vez o Zitz, em vez do Pimple como tinha acontecido no primeiro jogo. Então cabe aos outros 2 sapos (Pimble e Rash) entrarem nesse mundo virtual e defrontarem Silas Volkmire, o seu novo arqui-inimigo. Se bem que a Dark Queen também está por detrás dessa tramóia e vamos vendo várias cutscenes com ambos ao longo do jogo.

Gostava que isto tivesse mais níveis de beat ‘em up puro!

O primeiro nível é mais um beat ‘em up à lá Final Fight, se bem que desta vez temos mais combos e cada sapo possui diferentes golpes à sua disposição. No entanto, o combate contra o boss desse nível não é tão original quanto no clássico da NES. O segundo nível é também inspirado no segundo nível do jogo anterior, na medida em que os sapos vão descendo uma grande conduta, desta vez a bordo de uma plataforma voadora ao invés de estarem a ser segurados por uma corda, mas a premissa é a mesma. O terceiro nível… adivinharam, é semelhante ao terceiro nível do jogo da NES…. aquele onde conduzimos uma espécie de Speeder Bikes do Star Wars e temo-nos de nos desviar de uma série de obstáculos sem fim e evitar perder a nossa sanidade mental.

Aqui precisamos de reflexos felinos, ou de grande capacidade de memória. Ou ambos.

O quarto nível já é similar ao sexto nível do primeiro jogo, onde usamos umas cobras gigantes como plataformas, enquanto elas percorrem uma grande sala cheia de obstáculos. Os dois níveis seguintes, que por sua vez são os últimos, são também muito similares a outros dois níveis da versão NES. No penúltimo estamos agarrados a uma maquineta que percorre um carril num nível cheio de obstáculos. Temos de estar atentos quando for para mudar de direcção e mais uma vez temos de estar também atentos aos obstáculos que nos forem surgindo. No último nível temos de descer uma torre cheia de plataformas e obstáculos o mais rápido possível, sobretudo temos de garantir chegar primeiro que o rato Scuzz, caso contrário já fomos. No fim dessa corrida lá defrontamos o boss final. Portanto a primeira crítica que faço é mesmo ao facto do jogo me ter desiludido pois apenas reciclou ideias da primeira aventura, e mesmo assim o jogo de NES possui mais uns quantos níveis. É verdade que temos aqui dois níveis de bónus com mecânicas de jogo semelhantes entre si, e esses não apareceram no primeiro jogo, mas mesmo assim este Battletoads acaba por saber muito a pouco nesse campo.

A única coisa realmente original deste Battlemaniacs são os níveis de bónus. Infelizmente é pouco.

No que diz respeito aos audiovisuais, bom, esses já são excelentes. Os cenários vão sendo bastante detalhados e diferenciados entre si, e as sprites estão muito bem animadas e detalhadas também. Gosto particularmente das animações exageradas dos sapos quando aplicam golpes mais poderosos, como os braços a transformarem-se num martelo, por exemplo. As músicas, apesar de a sua maioria me parecerem novas versões das músicas do primeiro jogo, também me agradaram bastante visto que são numa toada mais rock que eu aprecio, e sinceramente até acho bem que se adequa ao tipo de jogo.

Portanto, se por um lado não tenho nada de especial a apontar à qualidade do jogo em si, tanto nos seus audiovisuais como jogabilidade (e sim, o jogo é também difícil como o primeiro!!), por outro lado não consigo deixar de ficar um pouco desapontado também, pelo facto de não terem conseguido ser tão originais quanto no primeiro jogo. E se fossem só fazer uma espécie de remake do clássico da NES, mesmo assim esta entrada da série na Super Nintendo deixa algo a desejar pois houve também muita coisa que ficou de fora.

Battletoads (Nintendo Entertainment System)

BattletoadsSe costumam seguir os vídeos do Angry Videogame Nerd, certamente já terão visto o vídeo em que ele fala do Battletoads, mostrando o quão difícil e frustrante o jogo é. E sim, Battletoads é um desafio colossal à nossa paciência, mas no entanto também o acho de certa forma um jogo cheio de estilo e boas ideias por parte da Rare. E sim, sou sincero, apenas consegui chegar ao fim disto na raça do save state em emulador. Não me crucifiquem! Este jogo foi comprado ha coisa de um ou 2 meses atrás na cash converters de Alfragide por 5€, tendo a caixa.

Battletoads - Nintendo Entertainment System
Jogo com caixa e sleeve de plástico

Enquanto umas certas tartarugas ninja ganhavam popularidade na TV, a Rare decidiu criar os seus próprios bichos mutantes. Em vez de 4 tartarugas, temos 3 sapos bombadões e musculados e em vez de uma ratazana como seu mestre, temos um pássaro qualquer. E enquanto os outros viviam no esgoto, estes battletoads são mercenários intergalácticos! A história neste jogo é simples, a princesa Angelica e o seu companheiro battletoad Pimple foram raptados pela sexy vilã Dark Queen. Caberá então aos outros 2 sapos, Rash e Zitz, percorrer uma série de obstáculos para os salvar, derrotando a Dark Queen pelo caminho.

screenshot
Possivelmente o rappel mais perigoso de sempre

Este jogo pode ser dividido em uns 2 ou 3 subgéneros distintos, começando por ser um beat ‘em up à moda de um Double Dragon ou Streets of Rage, passando por níveis em sidescrolling, tanto de plataforma, como de corrida. As coisas começam relativamente simples, com os sapos a serem largados na superfície de um planeta e começarem a distribuir pancada por vários inimigos que lhes atravessam à frente. Esta vertente de beat ‘em up resulta bastante bem, sendo possível fazer alguns combos e com os golpes a serem até um pouco cómicos, bem como também é possível pegar em itens do chão (nomeadamente bastões) e usá-los como arma, para uma maior brutalidade. Depois entra um boss bastante original. Um enorme robô/mecha e a perspectiva passa para os “olhos” do próprio piloto. Aqui vemos a mira a mover-se pelo ecrã e quando se fixa nalgum ponto, vemos os canhões a disparar. Depois apenas temos de pegar numa rocha e atirar de volta para o mecha, repetindo o processo até finalmente vermos o seu vidro a rachar-se. Muito original, na minha opinião!

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O terceiro nível é uma das maiores frustrações de todo o jogo.

Depois, para variar completamente, no nível seguinte estamos presos por um cabo a descer um enorme precipício, onde nos vamos ter de ir balanceando e atacar os inimigos que nos rodeiam, ou evitar outros obstáculos. No terceiro nível já temos um infame percurso de moto, onde vamos correr a alta velocidade por uma bem longa pista de obstáculos, com pequenas paredes, muros e rampas a surgirem cada vez mais rápido. Basta bater em uma para se ir uma das nossas vidas. Felizmente vamos tendo alguns checkpoints mas ainda assim é uma secção bem longa e percebe-se perfeitamente o porquê deste jogo ser considerado tão difícil. Cada nível tem um desafio diferente, com níveis de estrito platforming, outro em que vamos ter de nos agarrar a uma série de cobras gigantes enquanto as mesmas vão atravessando uma enorme sala, outros níveis subaquáticos onde estamos rodeados de rochas com espinhos e como devem de adivinhar, basta embarrar num que lá se vai logo uma vida. Mas repito, cada nível é um caso, e mesmo as outras secções de “corrida” não são iguais entre si.

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O jogo está repleto de expressões cómicas, como esta sempre que enfrentamos um boss portentoso

Graficamente este Battletoads é um jogo excelente, tendo em conta que estamos a jogar num hardware de 1983, 8 anos antes deste jogo ter sido lançado. As sprites são muito bem detalhadas, em especial a dos próprios Battletoads e as suas animações também são bastante cartoonescas e cómicas. Os cenários vão sendo também detalhados, embora não tanto coloridos. Ainda assim, aqui e ali, em especial nesses níveis de “corrida” nota-se um efeito de paralaxe muito interessante, ou mesmo o da torre rotativa está muito bem conseguido para uma NES. Ah, e está repleto de cutscenes com óptimas animações, em especial as de início e fim do jogo. As músicas… bom, tanto tem algumas músicas excelentes como a faixa título, cheia de groove e com uma óptima batida, como outras a meu ver não tão boas. É uma questão de gostos, se calhar.

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Entre os níveis vamos vendo o desenrolar da história com estes diálogos

Em suma, Battletoads pode ter um pouco de má fama devido à sua enorme dificuldade e quanto a isso sinceramente não há como dar a volta, o jogo é bem durinho. Mas tudo o resto é excelente e a Rare para mim está de completos parabéns por ter incluido tanta variedade num só jogo. E as coisas até que são bem feitas, se conseguirmos ver para além do óbvio grau de dificuldade. Acho que merece sem dúvida alguma uma oportunidade. Ou então joguem antes a versão Mega Drive que é igualmente difícil, mas com uns looks 16bit.