Indiana Jones e a Última Cruzada (Sega Master System)

IndianaJonesAndTheLastCrusade-SMS-PTVamos lá para mais um lançamento para a Master System que por uma razão ou outra levou com esta edição “Portuguese Purple”. Este jogo do Indiana Jones como pode ser visto no título é baseado no terceiro filme com o mesmo nome, e devo dizer desde já que era daqueles jogos dignos de aparecer num dos vídeos do Angry Videogame Nerd, de tão injogável que é. Ah, mas afinal sempre apareceu, na sua versão NES, que por muito má que seja ainda vai sendo mais completa que esta pois inclui bosses e outras coisas que falarei mais à frente. Este jogo foi-me oferecido por um particular, está em bom estado, mas falta-lhe o manual.

Indiana Jones e a Ultima Cruzada - Sega Master System
Jogo com caixa – edição Portuguese Purple com o título em Português

O jogo tenta seguir os acontecimentos dos filmes, dentro dos limites impostos pelo hardware da época. Começamos o jogo numa caverna onde podemos encontrar a cruz de S. Coronado, o segundo nível já nos coloca a escapar dos bandidos num comboio circense, mas ao contrário dos filmes, em vez destes níveis serem jogados com o jovem escuteiro Indiana Jones, é a sua forma adulta que aparece durante todo o jogo. Prosseguindo com o jogo, vemo-nos numas catacumbas onde procuramos o escudo de um cavaleiro templário que nos dá mais pistas sobre a localização do Santo Graal, o quarto e quinto níveis já são passados com Indy à procura do diário do seu pai, um deles nas muralhas do castelo Brunwald e o seguinte num Zeppelin em primeiro voo. Por fim o sexto e último nível decorre na caverna onde se acaba por descobrir o Graal, tendo nós de guiar o Indy por uma série de armadilhas, incluindo o famoso “puzzle” IEHOVA.

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Antes de cada nível temos um ecrã deste género

Mas ao contrário do que seria de esperar, não é necessário apanhar nenhum desses itens para progredir no jogo, esses só nos servem para aumentar a pontuação. De resto o objectivo de cada nível é então ir do ponto A ao ponto B, evitando ou derrotando os inimigos que nos atravessam à frente e esquivar de todos os obstáculos. Bom, até aqui nada de especial, não fossem os controlos uma miséria. É impossível controlar os saltos, ou damos um salto vertical ligeiro, ou um salto em comprimento fixo mediante a direcção por onde nos estamos a movimentar. O mau que isto tem é que o jogo está repleto de precipícios e não tendo maneira de controlar os saltos, teremos de ter uma precisão milimétrica para saber onde saltar. Depois o Indiana Jones tem uma barra de energia que baixa muito rapidamente: tocar nuns espinhos ou tecto, lá se vai parte da vida. Levar um tiro ou uma facada, igualmente. Cair de uma altura elevada? Também. Mas se apenas tocarmos num inimigo é logo morte certa.

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Estas bolas de fogo são outro dos perigos mortais e ainda por cima têm uma cadência difícil de adivinhar.

E o pior é que inicialmente apenas podemos atacar utilizando os punhos, o que nos dá logo uma grande desvantagem face aos ataques de longo alcance dos inimigos. Depois lá vamos apanhando chicotes espalhados pelos níveis, mas estes podem apenas ser utilizados 5 vezes, depois lá teremos de procurar outro. Um outro item que podemos encontrar espalhado pelos níveis é uma ampulheta que para além de regenerar o tempo limite, serve de checkpoint no nível. Ao morrermos, poderemos recomeçar daquele ponto no nível. Os níveis acabam por ser bastante labirínticos e por vezes com timers bem apertados, pelo que conjugando os maus controlos, a facilidade em sofrer dano, o tempo apertado e uma munição limitada de chicotes vão tornar este jogo muito, mas mesmo muito frustrante. Bastava melhorarem os saltos e tornar o chicote com uso ilimitado que o jogo acabava por se tornar bem mais divertido.

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Mesmo com o chicote, temos de atacar os inimigos com o timing e distância certa.

No entanto, apesar de possuir apenas 6 níveis, há algo que capta a atenção deste jogo: os seus visuais bem trabalhados e sprites com boas e fluídas animações, tendo em conta as limitações da Master System, claro está. Mas de que serve um jogo com gráficos bonitos se é injogável? Admito, apenas consegui chegar ao final através do save state, e mesmo assim ainda foi preciso muita paciência. As músicas é outro ponto fraco do jogo, isto porque existem apenas 3 músicas ao longo de todo o jogo: temos a música temática do Indiana Jones a tocar durante o título e duas outras pequenas músicas que tocam sempre que começamos/terminamos um nível ou perdemos uma vida. Só isso, durante do jogo somos deixados com os efeitos sonoros também simples e nada mais.

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O foco dado nos highscores é influenciado pelos sidescrollers arcade da velha guarda

De resto, há imensa confusão em relação a este jogo, pelo menos para mim. Essencialmente existem 2 vertentes diferentes de jogos Indiana Jones and the Last Crusade – uma aventura gráfica desenvolvida pela própria LucasArts e com lançamento em vários computadores da época, e o jogo de acção, onde esta versão da Master System se insere, desenvolvido pela Tiertex e publicado pela U.S. Gold. Dentro deste jogo de acção, existem lançamentos para imensas outras plataformas como o PC, Commodore 64 e Amiga, Zx Spectrum, MSX, Game Gear ou Mega Drive, cada versão com as suas peculiaridades nos níveis e pontos fortes/fracos na jogabilidade e audiovisual. Mas chegando à NES, vemos 2 versões com o mesmo nome, uma produzida pela Taito e uma outra pela Ubisoft que, numa primeira vista parece herdar imensas coisas deste jogo, como os gráficos. Mas por outro lado, e apesar de ter a mesma (in)jogabilidade, parece-me ser um jogo mais completo. Não sei se a Ubisoft reaproveitou os mesmos assets deste jogo, não consegui encontrar informação disso na Internet, se alguém souber agradeço a informação.

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A sprite do Indiana Jones em particular está muito bem trabalhada para uma Master System

No fim de contas este é daqueles jogos que apesar de ter tido pontuações altas para a altura em que saiu, não consigo mesmo perceber o porquê dessas mesmas pontuações, visto que o jogo tem tantos problemas tantos nos controlos como no level design que para mim é practicamente injogável. Mas não deixa de ser um jogo com lançamento Portuguese Purple e só por aí já vale a pena ter.

Star Wars (Sega Master System)

Star Wars - Master SystemContinuando com artigos sobre a consola 8bit da Sega, desta vez para mais pequeno artigo sobre um jogo da franchise de ficção científica mais popular de toda a galáxia. Star Wars é uma conversão algo tardia de um jogo da NES de mesmo nome lançado em 1991. E tal como o nome indica, é um jogo que decorre durante os acontecimentos do primeiro filme da saga, nomeadamente o quarto capítulo. Este Star Wars entrou na minha colecção há uns anos atrás, através dum bundle de 7 jogos que comprei no Miau.pt, tendo-me ficado muito, muito barato mesmo (menos de 1€ por jogo).

Star Wars - Sega Master System
Jogo com caixa. Sempre gostei deste artwork.

O que mais me impressionou no jogo foi que mesmo sendo para uma consola de 8bits com as limitações óbvias de hardware, Star Wars segue muito bem os acontecimentos do filme, excepto faltar ali o fulcral encontro com Darth Vader em pessoa. Em primeiro lugar somos  largados no planeta deserto de Tatooine como Luke Skywalker, o jovem jedi wannabe, aprendiz de Obi-Wan Kenobi. A bordo de um Landspeeder, podemos explorar várias cavernas. Essa exploração é maioritariamente opcional, mas é fortemente aconselhado que seja feita, pois podemos encontrar powerups para as armas, ou outras personagens úteis no jogo. Tal como no filme, é na superfície de Tatooine que podemos resgatar R2-D2, Obi-Wan Kenobi ou Han-Solo no bar de Mos Eisley. A partir daí resta viajar na Millenium Falcon até à Death Star, resgatar a princesa Leia e voltar a um assalto à Death Star, desta vez a bordo de uma X-Wing.

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Inicialmente andamos a viajar pelo planeta de Tatooine num Landspeeder

Luke Skywalker é a personagem principal com que podemos jogar, mas Han Solo ou a Princesa Leia, caso tenham sido resgatados, poderão também ser seleccionados para entrar em acção a qualquer momento, bastando para isso seleccioná-los no menu de pausa. A diferença é que Han Solo e Leia possuem apenas uma vida, ao contrário de Luke que poderá ter várias. Han Solo é mais forte e pode aguentar com mais dano, bem como ter ataques mais fortes. Já Leia é mais ágil. Obi Wan Kenobi é a chave para que Luke venha a obter o seu lightsaber e pode também ressuscitar algumas vezes tanto Han Solo como Leia. Os Robots C3PO e RD-D2 têm também as suas utilidades. O primeiro pode-nos dar algumas dicas ao longo do jogo, já R2-D2 para além de regenerar os escudos da X-Wing, pode também mostrar um mapa dos corredores labirínticos da Death Star, muito útil para a secção de plataforma nesse ponto do jogo.

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Ao carregar no botão de pausa podemos escolher outras personagens para jogar, ou para usar as suas habilidades.

As secções de plataforma são sidescrollers perfeitamente normais, com um botão para saltar, outro para atacar. É possível trocar de arma, no caso de Luke Skywalker, onde podemos alternar entre a pistola laser pelo lightsaber. O lightsaber é uma arma bastante forte, capaz de derrotar todos os inimigos num só golpe, mas tem a desvantagem de ser uma arma de curta distância, ou seja, se não tivermos cuidado podemos sofrer bastante dano. A condução de veículos é simples e eficaz. Viajar pelo planeta de Tatooine não tem nada que saber, mas já a perseguição a alta velocidade pelas trincheiras da Death Star pode mesmo ser frustrante. Os outros momentos em que “conduzimos” algo são as viagens pelo espaço na primeira pessoa, a bordo da Millenium Falcon ou de uma X-Wing. A primeira viagem na Millenium Falcon é um pouco aborrecida, pois apenas temos de nos desviar de um indindável número de asteróides, já as outras viagens têm combate, onde não controlamos a nave em si, mas os seus lasers para derrotar os inimigos.

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Os níveis em sidescrolling têm diferentes cenários, as cavernas são logo dos primeiros.

Graficamente é um jogo bastante colorido e bem conseguido para uma Sega Master System. Achei impressionante a qualidade que conseguiram alcançar ao renderizar vários retratos de personagens como Han Solo ou Obi Wan Kenobi, bem como nas cenas de game over ou no final do jogo. As músicas não são más de todo, mas aquelas mais icónicas da saga Star Wars ficaram a soar um pouco estranhas no chip de som da Master System. Mas no geral foi um bom trabalho audiovisual desenvolvido pela Tiertex.

Star Wars para a Master System pode não ser o melhor jogo de sempre, pode ser uma conversão tardia de um jogo de NES do mesmo nome, mas não achei de todo que seja um mau jogo. Não é dos melhores que a Master System possui no seu catálogo, mas acho que é um jogo bastante sólido e que me impressionou pela representação +/- fiel ao filme que conseguiram transpor para um videojogo. Só faltou mesmo uma lutazinha contra o Darth Vader!

Super Space Invaders (Sega Master System)

Super Space Invaders

Deixando um pouco de lado os jogos indie para o PC, vou então voltar à minha querida Sega Master System para um pequeno artigo. O jogo que trago hoje é a adaptação para a consola 8bit da Sega de um dos mais importantes videojogos da indústria, o mítico Space Invaders da Taito. Este Super Space Invaders é na verdade a conversão caseira de uma das sequelas do original, o Super Space Invaders ’91 cujo lançamento ficou a cargo da Domark. Empresa essa que lançou o jogo para quase toda a máquina que vendia bem em solo europeu, desde as consolas 8bit da Sega aos velhinhos ZX Spectrum, Commodore 64 e restantes computadores domésticos. Mais uma vez a conversão para a Master System ficou a cargo dos estúdios The Kremlin e/ou Tiertex. Ora a minha cópia veio-me parar às mãos junto com um pack de 7 jogos que comprei no Miau por 5€, infelizmente não vem com manual, mas pelo preço que foi não me posso queixar.

Super Space Invaders - Sega Master System
Jogo com caixa, infelizmente falta o manual, pelo que já vi, é muito interessante.

Após uma introdução retirada de uma prompt de comandos como os terminais da velha guarda faziam, ficamos a saber que a terra está a ser alvo de uma invasão alienígena, e um briefing de quais as armas que temos ao nosso dispor, e quais as naves aliens que iremos defrontar, com os respectivos detalhes técnicos. Um pormenor interessante, e de facto nada mais é preciso saber acerca do Space Invaders, onde controlamos um veículo terrestre que se move da esquerda para a direita e vai disparando vários tiros para o ar de forma a destruir os aliens que ameaçam destruir o nosso planeta.

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Este title screen é mesmo à jogo europeu dos anos 90…

Mas este Super Space Invaders tem várias diferenças face ao original, embora muitas das mecânicas originais se mantenham. O jogo coloca então o jogador a enfrentar uma matriz de várias naves alienígenas que se movem em conjunto e disparam contra o jogador, movendo-se cada vez mais rápido quanto menos naves estiverem disponíveis. Consoante o jogo vai progredindo, a dificuldade também aumenta, pelo que os inimigos ficam cada vez mais “ferozes”, multiplicando-se ou mudarem o seu padrão de movimento. Felizmente este não é um dos shooters 1 hit kill, o jogador possui um escudo que permite absorver algum dano antes de se perder uma vida, de qualquer das formas sempre que uma nave consiga aterrar em terra firme perde-se uma vida. Também existem alguns powerups que podemos ir apanhando, dando ao jogador diferentes armas que se tornam bastante úteis, entre outros como por exemplo paralizar temporariamente os inimigos. Algumas das outras novidades introduzidas neste jogo face ao original é a implementação de um modo de 2 jogadores em simultâneo, a inclusão de bosses gigantescos no final de alguns níveis ou mesmo de níveis de bónus algo remeniscientes de um outro clássico das arcades, o Galaga. Nesses níveis de bónus chamados “Cattle Mutilation”, temos de proteger uma série de vaquinhas que estão tranquilamente a pastar no campo, de uma série de OVNIs que as tenta raptar – é bom ver algum sentido de humor no jogo. O progresso no jogo também é algo que fica a cargo do jogador, podendo este escolher o nível seguinte a jogar, totalizando 12 níveis distintos.

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Algumas naves inimigas não explodem ao primeiro contacto, umas duplicam de tamanho, outras multiplicam-se… é uma festa!

Visualmente, longe estão os níveis monocromáticos do Space Invaders original. Aqui todos os níveis têm uma paisagem de fundo, sendo que alguns incluem também scrolling. Óbvio que o detalhe gráfico está longe do original Super Space Invaders ’91 da arcade, ou mesmo das conversões para os computadores mais poderosos como o Commodore Amiga ou a Atari ST. Uma coisa interessante de mencionar é que pelo menos estas 3 edições possuem cutscenes de abertura (e de fecho, presumo eu) completamente diferentes e todas bastante originais. Tal como a versão arcade, practicamente não existe música nesta adaptação para a Sega Master System, apenas no final do jogo e, por sinal, é uma música muito bem conseguida, aproveitando da melhor forma os recursos limitados que a Master System oferece neste campo. De resto, ao longo do jogo, os “barulhinhos” que vamos ouvindo são os típicos de uma arcade dos anos 80, neste aspecto conseguiram recriar um clima mais nostálgico. A acompanhar esses efeitos sonoros existe uma espécie de batida que vai acompanhando o ritmo do jogo. Cada vez que o bloco de naves se move, ouve-se um som grave, à medida em que vamos destruindo as naves, as restantes vão-se movendo cada vez mais rápido, o que aumenta também o ritmo da batida, o que cria algum ambiente mais tenso.

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Ecrã de selecção de níveis

Concluindo, a versão Sega Master System apesar de estar tecnicamente longe do Super Space Invaders 91 da Arcade ou as suas adaptações para os computadores de 16/32 Bit Atari ST e Commodore Amiga, ainda assim é um port interessante que consegue reter todo o sentimento nostálgico do Space Invaders original.