Dragon’s Fury (Sega Mega Drive)

Dragon's FuryÉ verdade que nunca fui o maior dos fãs de jogos de pinball. Há um da Epic Mega Games cuja versão de shareware joguei bastante no meu primeiro PC, o Sonic Spinball da Mega Drive e Master System também foi outro dos poucos contemplados, visto eu sempre ter gostado dos jogos do ouriço azul, principalmente quando era mais novo. Pelo que este Dragon’s Fury sempre me passou um pouco ao lado. Mas eis que há uns meses atrás vi um vídeo no youtube com um top pessoal de jogos da Mega Drive e o Dragon’s Fury foi um dos jogos lá mostrados. A excelente banda sonora, aliada aos visuais bem sinistros fez-me mudar de ideias por completo e curiosamente, uns dias depois, aparece-me um exemplar como novo na Cash Converters de Alfragide. Talk about timing! Já não me lembro ao certo quando me custou, mas creio que foi 7.5€.

Jogo completo com caixa e manuais
Jogo completo com caixa e manuais

Na verdade, este é um jogo cujo lançamento tem alguma história por detrás. Isto porque pertence à série Crush da Naxat Soft, cujos primeiros jogos (Alien Crush e Devil’s Crush) haviam sido lançados para a PC-Engine/TurboGrafx. Ambos os títulos, apesar de possuirem temáticas distintas (sci-fi vs oculto) tinham aquele feeling de terror que bem os diferenciavam dos demais. Eventualmente o Devil’s Crush foi convertido para a Mega Drive, cujo lançamento ocidental ficou a cargo da Tengen, que é nada mais nada menos que um dos braços mascarados da Atari, nomeadamente a Atari Games que apenas podia lançar jogos nas arcadas com esse nome, já nos computadores e consolas seria a Atari Corporation, pelo que a Atari Games criou essa nova “label” exclusivamente para entrar no mercado das consolas e computadores também. Bom, confusões à parte, a Tengen decidiu mudar o nome do jogo para Dragon’s Fury, e censurou alguns dos pentagramas existentes na versão japonesa. Mesmo a Tengen não ser propriamente um estúdio licenciado pela Nintendo, empresa que é muito mais picuinhas com essas coisas, eles decidiram fazer essa pequena censura na mesma.

Atenção com a bela adormecida!
Atenção com a bela adormecida!

E então o que aqui temos é uma mesa de pinball dinâmica, com 3 andares, e repleta de coisas fofinhas, como esqueletos, demónios, mulheres serpente, dragões, entre outras coisas simpáticas. O objectivo do jogo é atingir um milhar de milhão de pontos (billion, como dizem os americanos), sendo que para isso teremos de acertar com a bola em inimigos, enfiá-la em alguns buracos (ok isto soa um pouco mal), e por aí fora. Standard pinball business. Temos também de completar com sucesso as 8 mesas de bónus, que podem ser lançadas ao entrar nalguns portais para o efeito. Estas mesas podem ter mini-bosses para ser derrotados, ou algo mais puzzle-based, como é o caso de uma mesa em que temos de atacar demónios de fogo quando passam directamente acima de uns certos buracos. Com essas mesas de bónus concluídas e atingindo 1 milhar de milhão de pontos então lá somos levados para a mesa de pinball final onde defrontamos o último boss.

Algumas das mesas de bónus são mais de puzzle do que combate directo.
Algumas das mesas de bónus são mais de puzzle do que combate directo.

E eis que chegamos aos visuais! Bom, este jogo está realmente excelente. Para quem gosta destas coisas mais do oculto, claro! Isto porque tal como referi acima, o que não falta são caveiras, demónios, dragões e outras criaturas sinistras nas mesas de pinball. A mesa central tem uma cabeça de uma bela adormecida. À medida em que lhe vamos batendo, vemos-la a acordar e a ganhar uma expressão verdadeiramente maléfica, transformando-se gradualmente numa serpente. Esse pormenor em particular achei mesmo muito bem conseguido, até deixa uma pessoa um pouco desconfortável só de olhar. E as músicas, bom, essas são mesmo excelentes! Pesquisem pela banda sonora na internet que é algo que vale mesmo a pena.

A arte deste jogo é algo incrível
A arte deste jogo é algo incrível

Portanto, devo dizer que gostei bastante deste jogo, mesmo não sendo o maior dos fãs de jogos de pinball, como referi logo no primeiro parágrafo. Fiquei cheio de curiosidade em jogar o resto da série “Crush” da Naxat Soft, embora as temáticas de cada capítulo sejam um pouco diferentes, mas mantêm toda esta atmosfera de terror que me agrada bastante. A Tengen acabou por lançar mais tarde uma sequela directa deste jogo, chamada Dragon’s Revenge. É um jogo que nada tem a ver com os originais da Naxat Soft, mas também lhe darei a devida atenção se me aparecer à frente pelo preço certo.

Gauntlet (Sega Master System)

GauntletMais uma rapidinha a um jogo que eu tinha bastante curiosidade em experimentar mais aprofundadamente para a Master System. Gauntlet é um jogo originalmente lançado nas arcades, onde se tinha o objectivo de percorrer várias dungeons em busca de tesouros, e sobreviver o máximo de tempo possível, pois os inimigos eram às dezenas. E isto com a possibilidade de ser jogado com 4 jogadores em simultâneo, o que em 1985 deve ter sido algo muito porreiro de se fazer. Este meu exemplar foi comprado a um particular e custou-me cerca de 7€ se não estou em erro.

Gauntlet - Sega Master System
Jogo com caixa apenas

Mas a verdade é que eu nem sei muito bem que port esta versão Master System se encaixa! Não há assim muita informação sobre isso na internet, infelizmente. De qualquer das formas como a Master System não tem nenhum multitap, apenas poderemos no máximo jogar com 2 jogadores em simultâneo. Podemos escolher um herói no meio de 3 classes diferentes: o guerreiro, o elfo, a valkyria e o feiticeiro. Como seria de esperar, cada classe tem as suas vantagens e desvantagens, mas todas elas possuem ataques melee e de longo alcance ou magia, com dano variável mediante a classe escolhida. E atacar à distância acaba por ser bastante útil, pois muitas vezes temos autênticas multidões de inimigos para lidar! Até me surpreendeu, acho que nunca vi tanta sprite junta num jogo de Master System.

Alguns mapas são bastante abertos, acabando por ser normal alguns inimigos tentarem nos rodear
screenshot

Depois este é daqueles jogos que não têm fim. Na parte detrás da caixa diz que tem 512 níveis, mas na memória do jogo tem apenas cerca de 100, que a certo ponto se começam a repetir. O objectivo é avançar para o nível seguinte, marcado como um buraco no ecrã. Para além dos inimigos, temos de ter em conta a nossa saúde/fome, que se vai gastando lentamente com o movimento, ou mais rápido se levarmos com dano. E dada à natureza labiríntica dos níveis, muitas vezes acaba por não ser uma boa ideia explorar cada nível a 100% pois poderemos perder pontos de vida que poderão se tornar valiosos. Felizmente temos também alguns power ups para apanhar (cuidado para não os destruir!), que nos regeneram alguns pontos de vida, outros que nos aumentam vários stats como armadura, ataque, velocidade, magia, ou outros que nos deixam temporariamente invisíveis, por exemplo.

screenshot
Os tesouros servem apenas para nos aumentar a pontuação. Por vezes não vale o risco.

Graficamente é um jogo bastante simples, cenários com pouco detalhe visual, apenas um chão e várias paredes e com os inimigos também pequenos. Também pudera, com a quantidade deles que por vezes vemos no ecrã, não poderia ser de outra forma. A nível de som também é um jogo muito minimalista, com a música apenas a tocar entre cada nível, já o núcleo do jogo propriamente dito acaba por ser jogado todo em quase silêncio, não fossem os efeitos sonoros. Resumindo, apesar de não achar este um dos jogos de topo da Master System, devo dizer que esta conversão até que nem me pareceu nada má e satisfez plenamente a minha curiosidade com a série Gauntlet, que me pareceu interessante mas com imenso potencial para melhorar. A ver eventualmente como se safaram os restantes!