Thunder Force III (Sega Mega Drive)

Vamos voltar aos shmups e desta vez para a Mega Drive com este Thunder Force III, o único jogo da série desta consola a não ter um lançamento oficial na Europa, apesar de vários países europeus terem comercializado (porventura através de diferentes distribuidores) a versão Genesis, ocasionalmente até com manuais customizados nas suas línguas. Se foi o caso deste meu exemplar sinceramente não sei, visto que de momento apenas tenho o seu cartucho que me foi oferecido por um amigo no passado mês de Dezembro e a quem eu muito agradeço.

Cartucho solto

O seu antecessor, o Thunder Force II, ainda herdava muita bagagem do primeiríssimo jogo da série (que até à data ainda apenas está disponível para computadores nipónicos da década de 80), ao manter vários níveis com uma perspectiva vista de cima e liberdade de movimento em todas as direcções, bem como outros níveis já com uma jogabilidade e perspectiva de um shmup horizontal. A partir deste Thunder Force III a Technosoft focou-se unicamente nos shmups horizontais e sinceramente, a meu ver, o jogo e a série ganharam bastante com isso. No que diz respeito aos controlos, o botão B serve para disparar, enquanto que o botão A serve para alterar a velocidade da nave. Já o botão C serve para seleccionar qual a arma que queremos ter equipada. Começamos com versões fracas de duas armas distintas, mas como devem calcular teremos a possibilidade de coleccionar muitas mais, cada uma com os seus padrões de fogo distintos e, caso apanhemos um power up de uma arma que já tenhamos coleccionado antes, esta passa a ficar mais forte. Outros itens podem ser as options que orbitam em torno da nossa nave, dão-nos poder de fogo adicional e protegem-nos ligeiramente contra algum fogo inimigo. Vidas extra ou escudos, ambos super preciosos são também possíveis de serem coleccionados.

Tal como a Technosoft veio a fazer na sequela, os primeiros níveis podem ser jogados em qualquer ordem.

Como seria de esperar, este é também um jogo bastante exigente. Os inimigos vão tendo padrões de movimento distintos e temos também um daqueles níveis chatos em cavernas onde teremos de não só escolher o caminho certo para prosseguir, mas o próprio cenário também nos vai atacando, com paredes que se movem e outros obstáculos. E claro, ao mínimo de dano sofrido pela nossa nave perdemos uma vida. Cada vez que percamos uma vida perdemos também os satélites que tenhamos eventualmente coleccionado e mediante a dificuldade escolhida, perdemos também pelo menos a arma que tenhamos actualmente equipada. Isto na dificuldade normal, nas dificuldades superiores perdemos ainda as restantes armas e power ups coleccionados também, pelo que recuperar um poder de fogo decente ainda nos vai dar algum trabalho e tornar os bosses mais complicados.

Como seria de esperar no final de cada nível temos sempre um boss para enfrentar

Já no que diz respeito aos audiovisuais sinceramente gostei bastante deste jogo pois possui níveis variados entre si, desde florestas, montanhas, cavernas, debaixo de água e claro, níveis no espaço. Os cenários vão tendo um bom nível de detalhe e com bonitos efeitos de parallax scrolling. É claro que ficam abaixo daquilo que o Thunder Force IV veio a fazer poucos anos depois, mas ainda assim é um jogo bem competente nesse departamento. O som continua excelente, particularmente a sua banda sonora, repleta de músicas rock bem cativantes e orelhudas. A banda sonora do Thunder Force IV é geralmente mais apreciada pelos fãs e eu, como gosto de metal, também gosto bastante dessa banda sonora bem agressiva. Ainda assim, acho que a qualidade do som em si está bem melhor neste Thunder Force III.

Apesar de uns furos abaixo do seu sucessor, este jogo continua com uns visuais bem competentes e bonitos efeitos gráficos nos seus cenários, como esta distorção da imagem a simular o calor

Portanto estamos aqui perante mais um shmup bem sólido da geração dos 16 bit. Foi um passo na direcção certa para a obra prima que foi o seu sucessor, Thunder Force IV. Ainda assim não é propriamente um jogo exclusivo, apesar desta versão ser a original. A Technosoft, em parceria com a Sega, lança posteriormente uma versão arcade ligeiramente modificada intitulada Thunder Force AC, versão essa que posteriormente recebe também uma versão para a Super Nintendo.

Thunder Force II (Sega Mega Drive)

Depois de cá já  ter trazido o Thunder Force IV, nessa altura referi que era um pouco ingrato começar a escrever sobre a série logo com último jogo da mesma a sair na 16bit da Sega. Mas na verdade é interessante ver a evolução da franchise ao longo dos anos. A série Thunder Force teve as suas origens numa série de computadores japoneses, com o primeiro jogo a nunca ter saído numa consola, muito menos fora do Japão. O segundo título começou da mesma forma, tendo sido lançado inicialmente para o fantástico computador da Sharp, o X68000, mas a Mega Drive recebeu uma conversão no ano seguinte. O meu exemplar foi comprado numa Cex por 15€, algures no mês passado. Foi comprado online, infelizmente o que recebi não correspondeu às expectativas, pois recebi a versão Genesis, com a capa em mau estado e sem manual. Será para substituir assim que a oportunidade surgir.

Jogo com caixa na sua versão americana

E o jogo volta-nos a colocar em confronto directo com o império de ORN que aparentemente continuam a tramar alguma. Na verdade, a história não costuma ser o ponto forte neste tipo de jogos e nem precisa de ser, pois tudo se resume a controlarmos uma nave e enfrentar sozinhos um poderoso exército armado até aos dentes.

O primeiro Thunder Force era um shmup com uma perspectiva de top-down, onde poderíamos navegar a nave livremente por uma área de jogo, com o objectivo de destruir uma série de alvos primários espalhados pelos níveis. Esta sequela ainda possui esses conceitos, mas alterna-os com as mecânicas de jogo de um shmup horizontal clássico, como Gradius ou R-Type. Ao longo do jogo iremos então alternar constantemente entre ambos os modos de jogo, sendo que nos níveis na perspectiva top-down, vamos navegando por áreas fechadas e o objectivo vai sendo o de destruindo uma série de bases inimigas, para além de sobreviver aos ataques dos outros inimigos que nos vão atacando. Seguimos depois por um nível mais tradicional shmup horizontal, que culmina sempre no confronto contra um boss.

Nos níveis top-down, temos uma série de bases como esta para descobrir e destruir

Depois tanto num tipo de nível como no outro, iremos encontrar diversos power ups que os inimigos deixam depois de serem destruídos, estes consistem na sua maioria, diferentes tipos de armas, que poderemos alternar livremente entre elas com os botões A ou C. Estas podem ser diferentes tipos de raios laser, projécteis que dispersam na sua trajectória ou mesmo outros teleguiados. As armas que apanhamos nos níveis top down e sidescrolling horizontal são diferentes e claro, se perdermos uma vida, perdemos todos os power ups que tinhamos equipado até então, mas apenas as armas referentes ao tipo de nível que estamos a jogar no momento, as restantes mantêm-se. Outros power ups que podemos encontrar consistem em escudos que nos dão invencibilidade temporária, ou pequenas naves que orbitam à nossa volta, não só para nos proteger dos projécteis inimigos, mas também para ampliarem o nosso poder de fogo.

Já nos níveis em sidescrolling horizontal, espera-nos sempre um boss no final

A jogabilidade é exigente, tal como seria de esperar. Os primeiros níveis não são propriamente difíceis, mas a certa altura a dificuldade começa a escalar. Nos níveis top-down vamos tendo corredores cada vez mais estreitos para atravessar, bem como algumas paredes que devem ser destruídas para podermos navegar em segurança. A certa altura também teremos alguns inimigos practicamente indestrutíveis a voar à nossa volta. Como estamos em movimento constante, temos de ter muito cuidado para não embater numa parede ou inimigo, caso contrário perdemos uma vida e todos os power ups que carregamos. Nos níveis mais tradicionais, a dificuldade também escala, com imensos inimigos e projécteis a voar pelo ecrã, bem como alguns obstáculos para ultrapassar.

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo bem mais simples do monstro (no bom sentido) que o Thunder Force IV se veio a tornar. Os gráficos são bastante simples, particularmente os dos níveis em scrolling horizontal, com planos de fundo com pouco detalhe. O design dos inimigos, e particularmente dos bosses, também não é o melhor, pois são, à falta de melhor palavra, simples. Mas é um jogo lançado originalmente nos primeiros anos de vida da Mega Drive, pelo que até se compreende. As músicas são uma vez mais numa onda mais rock e mesmo metal, embora a qualidade das mesmas ainda seja algo inconstante.

Mesmo que estejam inimigos do lado de fora da fronteira, não é boa ideia tentar atravessá-la

Portanto este Thunder Force II não é um mau jogo de todo, e é interessante ver como a Technosoft foi evoluindo a mesma ao longo dos anos. Thunder Force começou como sendo um top-down shooter com total liberdade de movimentos, e aqui assistimos a uma transição para uma jogabilidade mais tradicional dentro dos shmups, ao incluir níveis que vão alternando entre ambos os estilos de jogo. Tecnicamente é ainda um jogo algo primitivo visto ser um fruto dos primeiros tempos de vida da consola, mas não deixa de ser uma entrada interessante no catálogo da Mega Drive.

Thunder Force IV (Sega Mega Drive)

A série Thunder Force, desenvolvida pela Technosoft, tem as suas origens nos computadores nipónicos da década de 80. Começou por ser um shmup onde teríamos a liberdade de navegar em qualquer direcção no mapa, de forma a destruir todos os objectivos primários, antes de aparecer um boss que, depois de destruído, nos levava ao nível seguinte onde repetiríamos o processo. A partir do segundo jogo, já começou a seguir um modelo mais próximo dos outros shmups mais convencionais, e no caso do Thunder Force III e este IV, já foi a Mega Drive a plataforma de eleição para o seu desenvolvimento. O meu exemplar foi comprado num pequeno bundle de jogos e acessórios para a Mega Drive  a um particular, algures em Setembro, tendo-me ficado por cerca de 25€.

Jogo com caixa e manual

Não possuo os outros Thunder Force, mas este quarto jogo, continua a luta da resistência contra o império de Ohn, que ameça extinguir toda a vida humana. Num shmup não precisamos de saber muito mais, na verdade. E aqui começamos por poder escolher livremente a ordem pela qual queremos jogar os primeiros 4 níveis, sendo que os restantes 6 são jogados pela mesma ordem.

A tempestade de areia no nível do deserto é apenas um dos efeitos gráficos interessantes que o jogo possui

A nível de mecânicas de jogo, o botão B serve para disparar a nossa arma principal, enquanto o botão A serve para ajustarmos a agilidade da nave consoante a nossa conveniência. Já o botão C servirá para alternar a arma que temos equipada. Naturalmente iremos encontrar imensos power ups e diferentes armas, que podem disparar  projécteis, míssesis ou raios laser em diferentes padrões de movimento (alguns até só disparam para trás, o que pode dar jeito em certas alturas), pelo que guardar usar as armas certas consoante o que o jogo pede, faz parte da estratégia! Naturalmente também poderemos desbloquear até 2 naves auxiliares que circulam à nossa volta, não só aumentando o nosso poder de fogo, mas também servindo de protecção adicional. Escudos também podem ser encontrados. Este é também um shooter com scrolling horizontal automático, no entanto também nos permite explorar na vertical, pois a área de jogo é consideravelmente grande quando comparada com outros shmups.

Sinceramente acho o design dos inimigos muito bem conseguido

A nível gráfico, para 1992, é realmente um feito técnico impressionante para a Mega Drive. Os níveis são variados entre si, onde atravessamos montanhas, cavernas, desertos, oceanos, espaço ou bases militares e todos eles possuem um nível de detalhe impressionante. O parallax scrolling está muito bem feito, transmitindo-nos uma óptima sensação de profundidade. Logo no primeiro nível de Strite (se assim o escolhermos), isso é logo visível na velocidade relativa a que as nuvens e montanhas se movem, e caso nos deslocamos verticalmente, há uma certa distorção do background que adiciona uma camada adicional de imersão. Os inimigos possuem um bom design, estando bem detalhados e os bosses são gigantescos. Temos outros efeitos como rotação, distorção e ampliação de sprites que estão de facto muito bem conseguidos e a banda sonora, bom esta é das melhores bandas sonoras da Mega Drive. Para quem for fã de metal como eu, teremos aqui imensos riffs de guitarra bastante orelhudos, embora a banda sonora também vá explorando outras sonoridades aqui e ali. No geral está muito bem conseguida.

Podemos escolher a ordem pela qual jogamos os 4 primeiros níveis

Ora este Thunder Force IV é sem dúvida o melhor jogo da série até ao momento e o facto de ter sido desenvolvido pela mesma equipa que antes produziu a conversão do Dragon’s Fury para a Mega Drive foi uma aposta ganha, pois houve um notável salto na qualidade geral da série. Naturalmente que um dia quererei actualizar o meu exemplar de apenas um cartucho para uma cópia completa e um dia que arranje os jogos anteriores da saga, enfrentarei um maior desafio para não os tentar comparar com esta obra prima.

Elemental Master (Sega Mega Drive)

Continuando pelos shmups, vamos agora para um muito mais interessante para a Mega Drive. Desenvolvido pela Technosoft (a mesma empresa por detrás de Thunder Force) e lançado em 1990 no Japão, só em 1993 é que chegou ao Ocidente por intermédio da publisher Renovation, em solo norte americano. Infelizmente nunca chegou a ser lançado na Europa, mas um amigo meu encontrou um exemplar num bundle que comprou no Reino Unido e acabou por me oferecer.

Jogo com caixa

A história leva-nos ao reino fantasioso de Lorelei, onde um poderoso feiticeiro (que logo na cutscene inicial descobrimos que afinal é o irmão perdido do protagonista) aprisiona o rei e tenta ressuscitar um deus maléfico qualquer. Nós encarnamos no feiticeiro Laden, que para derrotar as forças de Gyra (o tal mau da fita), terá primeiro de conquistar uma série de poderes elementais. Começamos com o poder da Luz, e para conquistar os outros temos liberdade de escolher a ordem pela qual queremos jogar os primeiros 4 níveis, cujos desbloqueiam novos poderes no final.

O powerup do espelho cria um clone que nos segue e também pode disparar

Este é um shmup vertical com autoscrolling, onde o nosso feiticeiro anda, não voa, pelos cenários, pelo que esperem por ter vários obstáculos para evitar, para além dos inimigos habituais. Temos um botão para disparar para cima, outro para baixo e o C permite-nos alternar entre poderes, à medida em que os vamos desbloqueando. Deixar um botão de disparo premido durante alguns segundos faz uma barrra de energia se carregar e quando estiver cheia, e largarmos o botão, faz desencadear uma grande explosão que causa muito dano numa certa área – óptimo para os bosses. Para além de poderes elementais, temos também uma série de power ups que podemos encontrar, desde escudos que nos protegem de algum dano sofrido, itens que nos regeneram ou extendem a nossa barra de vida, ou um espelho que cria clones do protagonista e que seguem os nossos movimentos.

A nível gráfico é um jogo muito interessante, pois gosto do design dos níveis e dos inimigos. Possui uns rasgos de dark fantasy que eu aprecio bastante! Para além disso, ocasionalmente temos algumas cutscenes em anime, que só pecam por estarem pouco animadas. Os gráficos, para um jogo de 1990 considero-os bons, com níveis diversos e bem detalhados. As músicas são também muito agradáveis!

Por vezes temos algumas cutscenes anime para conduzirem a história

Portanto este Elemental Master revelou-se uma óptima surpresa, não só pelas suas mecânicas de jogo peculiares, mas também pelos cenários fantasiosos e ritmo de jogo bastante frenético, algo que a Technosoft fazia muito bem. É uma pena que practicamente todos (senão todos mesmo) os jogos que a Renovation publicou para a Mega Drive não tenham saído cá na Europa, pois são todos títulos interessantes e infelizmente mesmo nos Estados Unidos o seu preço tem vindo a encarecer bastante.