The King of Fighters 2000-2001 (Sony Playstation 2)

Voltando à saga dos The King of Fighters, vamos ficar com mais uma compilação lançada para a Playstation 2, que contém o KOF 2000 e 2001. Estes The King of Fighters marcam um período conturbado no seio da SNK que, durante o desenvolvimento do KOF 2000 viu-se obrigada a abrir falência, pelo que o KOF 2001 já foi produzido por uma empresa diferente. Estas versões chegaram à PS2 já sob o nome de SNK Playmore e o meu exemplar foi comprado há uns bons anos atrás na Feira da Vandoma no Porto (no antigo recinto das Fontainhas), creio que na altura custou-me uns 2€!

Jogo com caixa, manual e papelada

Mas vamos começar com o The King of Fighters 2000. Este é o segundo jogo que relata os eventos dos NESTS, uma organização terrorista que procura dominar o mundo através de meios algo questionáveis. Mas na verdade pouco disso importa e no que diz respeito à jogabilidade, esta é uma sequela que mantém (e evolui) os conceitos introduzidos no KOF 99. Ou seja, temos na mesma equipas de 4 lutadores, sendo que a quarta escolha antes de cada combate pode ser apenas usada como striker, isto é, uma personagem que podemos chamar para desencadear alguma acção, não sendo directamente controlada por nós. A maior diferença é que, para além de um maior número de strikers e lutadores disponíveis, os strikers podem agora ser chamados em diversas situações, seja quando estamos a atacar ou a defender. A gestão da barra de combos é feita da mesma forma, com esta a poder alojar até 3 níveis de energia e a possibilidade de entrar nos modos Counter Mode e Armor Mode mantem-se também semelhante.

No KOF2000, Kula, a primeira midboss que encontramos, pode ser desbloqueada como personagem jogável

Mas mais uma palavra em relação aos strikers, cujos podem ser invocados mediante se tivermos “munições” para tal. Mas desta vez podemos obter mais chances de invocar strikers não só ao perder uma ronda, mas também ao ridicularizar os oponentes. De resto, é um jogo que introduz uma série de caras novas. Podemos escolher uma equipa de 4, seja ao usar alguma das equipas pré-estabelecidas, seja ao criar uma equipa da forma que bem entendermos. Antes de cada combate temos de seleccionar a ordem em que cada uma das nossas personagens actua, sendo que a última opção fica sempre como striker, ou seja, apenas poderá assistir-nos durante os confrontos. Mas é aqui que entram os conceitos do another striker, ou seja, a nossa quarta escolha tem sempre um striker alternativo que poderemos escolher, logo este jogo acaba por ter muitas, muitas mais personagens aqui inseridas, mesmo que os another strikers não possam ser controlados directamente. Por exemplo, assumindo que escolho a equipa Fatal Fury, com Terry e Andy Bogard, Joe Higashi e Blue Mary. Assumindo que deixo a Blue Mary como a quarta escolha, posso deixá-la como sendo ela própria a striker daquele combate, mas também poderia escolher o seu another striker que neste caso é o Ryuji Yamazaki. No caso do Terry ou Andy Bogard, os seus another strikers seriam o Geese Howard ou Billy Kane, respectivamente! Cada personagem jogável tem um another striker, pelo que o número de caras conhecidas deste KOF 2000 é bastante elevado. No caso desta versão PS2, poderemos ainda desbloquear uma série de strikers adicionais, os chamados Maniac Strikers!

O que mais há são novos strikers, que por sua vez podem ser chamados em diversos contextos

De resto, no que diz respeito aos modos de jogo, temos os habituais versus para 2 jogadores e contra o CPU, que tanto podem ser jogados em combates de equipas como no lançamento arcade, mas também em confrontos de 1 contra 1. Temos também um modo de treino e por fim o party mode. Este é essencialmente um modo survival, mas também é aqui onde desbloqueamos todos os strikers adicionais que esta conversão tem para oferecer. Temos também a possibilidade de desbloquear as aberturas de todos os King of Fighters lançados aneriormente, mas os requisitos para o fazer são bastante diversificados. A nível audiovisual devo dizer que gosto do design das novas personagens. Já as arenas, apesar de não serem más, creio que lhes faltam, mais numas que noutras, alguma inspiração. A banda sonora é bastante diversificada e agradável e nas opções poderemos alternar entre as músicas Neo Geo ou os remix desta conversão.

Esta é uma das arenas que achei interessantes no KOF 2000, principalmente pelos efeitos da tempestade de areia

Passando agora para o KOF 2001, esse é o jogo que fecha a trilogia dos NESTs, onde iremos finalmente acabar por conhecer os seus manda-chuvas, bem como teremos mais uns clones como personagens jogáveis. Foi também o primeiro KOF a ser desenvolvido após o encerramento do estúdio original. A coreana Eolith, que tinha comprado os direitos da série KOF após a falência da SNK, assumiu a produção do jogo, tendo tido a ajuda da BrezzaSoft, empresa formada por ex-funcionários da SNK. No que diz respeito às mecânicas de jogo, este apresenta uma evolução ainda maior perante as mecânicas de jogo introduzidas nos jogos anteriores. Temos uma vez mais uma base de 4 lutadores por equipa, mas ao contrário dos últimos jogos, onde a quarta opção ficaria renegada como striker, aqui podemos escolher livremente, dentro desses 4, quantos lutam e quantos ficam como strikers. Quer dizer que é possível colocar as 4 personagens como lutadoras e não ter nenhum striker, ou até lutarmos só com uma personagem, mas podermos chamar 3 strikers.

No KOF 2001, o número de barras de special é directamente proporcional ao número de strikers que temos

E isto terá um grande impacto na estratégia entre cada combate, pois quanto menos lutadores activos tivermos, melhor será a sua defesa/ataque, bem como maior será a percentagem de vida recuperada entre cada combate. Para além disso, em vez de gastarmos um “power up” de cada vez que invocamos um striker, estes estão associados à barra de special, que por sua vez terá mais níveis quantos mais strikers tivermos activos. Por exemplo, com 4 lutadores activos e nenhum striker, a barra de special só aguenta um nível, enquanto se no outro extremo tivermos apenas um lutador e 3 strikers, a barra de special terá 4 níveis. Sempre que há mais que um striker poderemos criar também alguns combos ao chamar strikers consecutivamente! Sinceramente já achei estas mecânicas de jogo um pouco mais overkill, algo que foi revertido nos King of Fighters que se seguiram.

Heidern de Ikari Warriors é uma das várias personagens que estão de regresso!

De resto é um jogo que volta a introduzir algumas caras novas, repesca caras antigas e troca uma série de equipas. Por exemplo, Kyo Kusanagi, o principal protagonista da série durante a saga Orochi, está de regresso à sua equipa com Benimaru, Goro Daimon (que por sua vez está também de regresso) e Shingo. Ao Iori Yagami também lhe assignaram uma nova equipa e os próprios NESTs também possuem uma equipa própria. No que diz respeito a esta conversão para a PS2, foram introduzidos os mesmos modos de jogo, com o Party Mode a servir uma vez mais para desbloquear uns quantos extras, como novos strikers, os bosses como personagens jogáveis ou novos cenários para as arenas.

As arenas do KOF2001 foram refeitas na PS2, mas por vezes o resultado final é um pouco estranho

A nível audiovisual confesso que este KOF 2001 me deixou um pouco desiludido. A banda sonora não é nada de especial, e as arenas também não. Faz-me lembrar um pouco o KOF97 na medida em que as arenas eram um pouco genéricas, com público a assistir e cameramen a filmar. A versão PS2 as arenas refeitas com mais algum detalhe, mas não tem o mesmo toque de brilhantismo que as versões Dreamcast do KOF98 e 99 conseguiram introduzir. Ao menos as personagens continuam bem detalhadas e animadas!

Portanto estas conversões do KOF 2000 e 2001 são dois itens de colecção interessantes, embora ambos os jogos não sejam dos mais aclamados dentro da série. Ainda assim, a menos que possuam uma Neo Geo, são 2 opções bem mais económicas para os jogarem, para não mencionar os extras que adicionaram em ambas as conversões.

The King of Fighters Collection: The Orochi Saga (Sony Playstation 2)

Uma das coisas que mais gozo me dá ao coleccionar para a Playstation 2, é a grande variedade que existe de compilações de jogos mais retro para a consola. Este The Orochi Saga é então uma compilação que traz os primeiros 5 jogos da mítica série de jogos de luta da SNK, The King of Fighters, mais uma série de extras que irei detalhar em seguida. Para além dos extras, vou abordar muito ligeiramente cada um dos títulos aqui presentes nesta colectânea, excepto os King of Fighters 97 e 98 que analisarei mais a fundo noutra ocasião, pois tenho-os para a Neo Geo MVS. O meu exemplar desta colectânea foi comprado numa Cash Converters algures em 2015/2016 por um preço muito reduzido. A ver se em breve me aparece um completo com manual!

Jogo com caixa

A série The King of Fighters começou precisamente com o KOF 94. Aqui a SNK apresentou mais um jogo de luta 2D de 1 contra 1, mas com equipas 3 lutadores, num formato de “team battle“. Ou seja, para finalizar um combate, teríamos de derrotar os 3 lutadores da equipa adversária sequencialmente, com a barra de vida a ser ligeiramente restabelecida entre cada combate para o lutador vencedor. No nosso caso naturalmente também representamos uma equipa de 3 lutadores, pelo que o adversário só vence após os derrotar a todos. Mas para além disso, King of Fighters, como o nome da série indica, é também um crossover do universo da SNK, ao incluir não só personagens de outros jogos de luta como Fatal Fury ou Art of Fighting, mas também vai buscar personagens a séries que nada tinham a ver com o género, como os Ikari Warriors ou Psycho Soldiers, para além de introduzir algumas personagens inteiramente novas.

Os loadings são um pouco demorados, mas ao menos alguns dos ecrãs são úteis para nos relembrar alguns dos golpes especiais

Neste primeiro King of Fighters ainda não tínhamos a liberdade total de escolher os membros da nossa equipa, pelo que temos de escolher uma das 8 equipas diferentes que teoricamente representam um país e as personagens novas estão alocadas nas equipas do Japão e Estados Unidos. Do Japão temos Kyo Kusanagi, Benimaru Nikaido e Goro Daimon, sendo que Kyo iria ter um papel de destaque bem maior nos títulos seguintes. Já a equipa norte-americana não teve a mesma sorte e as suas personagens (Heavy-D!, Lucky Glauber, Brian Battler) acabaram por ficar completamente esquecidas ao longo da série. Mas no que diz respeito às mecânicas de jogo, os 4 botões faciais servem para desferir socos e pontapés ligeiros ou fortes, sendo que cada personagem possui também uma série de golpes especiais. À medida que vamos combatendo temos uma barra de energia que se vai enchendo (se bem que a podemos encher manualmente mas ficamos vulneráveis enquanto o fazemos) e uma vez essa barra cheia, ou quando estamos com pouca vida, podemos também desferir os desperation attacks, golpes especiais bastante poderosos.

A nível audiovisual, este era um jogo impressionante para 1994, com personagens muito bem animadas e com bastante detalhe tanto nas mesmas, como nos próprios cenários que eram também bastante diversificados entre si. Pontos extra para os cameos de outras personagens do universo SNK que vão surgindo em algumas arenas e também para as pequenas animações que antecedem cada combate! As músicas são agradáveis, mas nada que seja propriamente memorável, na minha opinião. Em suma este King of Fighters 94 não é um mau jogo, mas era ainda uma espécie de protótipo para o que viria a sair depois! E tirando a sua presença em compilações como esta, bem como o “remake” King of Fighters ’94 Re-Bout lançado em 2004 para a Playstation 2 no Japão, este primeiro KOF acabou por ter saído apenas originalmente nos sistemas NeoGeo (MVS, AES e CD).

Visualmente os jogos desta saga são muito bons, com personagens grandes, bem animadas e as arenas repletas de detalhes interessantes

No ano seguinte tivemos então o The King of Fighters 95, que segue a mesma fórmula básica do seu antecessor, mas desta vez com liberdade total para escolher a nossa equipa de 3 lutadores. É também o primeiro jogo que entra oficialmente no arco de história dos Orochis, com a história a dar mais foco ao Kyo Kusanagi como personagem principal, mas também com a introdução do seu rival, Iori Yagami. As personagens e equipas pré-definidas mantêm-se quase idênticas às do jogo anterior, com a saída da equipa dos Estados Unidos do KOF 94, ao serem substituídos por Iori Yagami e vilões da série Fatal Fury e Art of Fighting, nomeadamente o Billy Kane e Eiji Kisaragi. No que diz respeito aos visuais, o jogo é muito bom para a altura, com arenas muito bem detalhadas e personagens bem animados e também bastante carismáticos. A banda sonora é também mais variada e acabei por gostar mais do que a do primeiro jogo. Ao contrário do primeiro jogo este acabou por receber conversões para outras consolas da época para além dos sistemas da SNK e confesso que gostaria de arranjar a versão Sega Saturn num dia destes.

O KOF 94 tinha uma equipa norte americana repleta de lutadores genéricos e que rapidamente passaram ao esquecimento

Já em 1996 a SNK lançou mais uma sequela, o The King of Fighters 96, onde a maior novidade na jogabilidade está na introdução dos Super Desperation Moves. Nos títulos anteriores, os Desperation Moves podiam ser despoletados quando a barra de energia no fundo do ecrã estivesse cheia, ou quando a personagem tivesse pouca vida. Agora, se ambas as condições se verificarem, cada personagem pode despoletar o seu Super Desperation Move, um ataque especialmente poderoso! De resto é um jogo que traz muitas mudanças no leque de lutadores. Alguns saíram, outros mudaram de equipa e outros tantos entraram como é o caso de Leona Heidern do universo de Ikari Warriors, Kasumi Todoh de Art of Fighting, Mysterious e Vice, antigas secretárias do Rugal e que se aliam à equipa de Iori Yagami, bem como uma nova equipa com vilões conhecidos: Geese Howard, Krauser e Mr. Big.

A narrativa também está mais desenvolvida, com o poder dos Orochi a ser o tema central do jogo, com Kyo Kusanagi e Iori Yagami a serem os principais protagonistas novamente. A nível audiovisual é mais um jogo excelente, com arenas repletas de pequenos detalhes deliciosos e personagens bem desenhadas e animadas. A banda sonora é uma vez mais bastante eclética, com aqueles temas mais rock a sobressaírem-se, pelo menos para os meus gostos pessoais. De resto, este título, para além dos habituais sistemas Neo Geo, teve também um lançamento na Playstation 1 e Sega Saturn, mas infelizmente desta vez ficaram-se pelo Japão.

O modo treino permite-nos practicar os diferentes golpes em cada jogo

Esta compilação traz também os King of Fighters 97 e 98, que irei detalhar separadamente. Mas no que diz respeito às especifidades desta compilação em si, todas as versões que cá estão presentes são emulações dos originais Neo Geo, tal como noutras compilações do género que já cá trouxe, como a Art of Fighting Anthology, Fatal Fury Battle Archives ou World Heroes Anthology. E esta compilação aparentemente não possui uma emulação muito fiel, principalmente no que diz respeito aos controlos. Eu sinceramente sendo um jogador mais casual deste género, certas aspectos como esse acabam por me passar um pouco ao lado, mas já não é a primeira pessoa que me diz que esta compilação tem input lag em vários jogos e pelo que li nalgumas reviews parece ser mesmo o caso. Mas para além de problemas de emulação, esta compilação traz outras coisas boas, como vários desafios que podemos tentar cumprir (basicamente vencer combates sob condições muito específicas) que por sua vez nos desbloqueiam conteúdo bónus como músicas ou artwork. Para além disso cada um dos jogos desta compilação tem também um modo de treino onde poderemos ver como executar cada um dos golpes especiais e colocá-los em práctica.

Um dos extras interessantes desta compilação está precisamente nos seus desafios adicionais, que nos desbloqueiam conteúdo bónus. (screenshot da versão Wii)

Portanto esta é uma compilação muito interessante que traz os primeiros King of Fighters, sendo uma alternativa bem mais barata de os jogar de forma legítima. Para além da versão PS2, esta compilação foi também lançada para a PSP e Wii, estando também disponível de forma digital noutras plataformas como a PS4.

SNK vs Capcom Card Fighters DS (Nintendo DS)

O primeiro crossover entre a Capcom e a SNK não foi o popular jogo de luta com personagens das duas empresas, mas sim um jogo de trading card para a Neo Geo Pocket, algo semelhante no seu conceito ao Pokémon Trading Card Game para a Gameboy Color. Aqui o crossover estava mesmo nas cartas usadas, que tinham por protagonistas precisamente as principais personagens de ambas as empresas. À boa moda dos Pokémon, esse jogo foi disponibilizado em 2 versões, uma mais focada na Capcom, outra na SNK. Dois anos mais tarde, em 2001 e já com a plataforma Neo Geo Pocket (Color) em pleno declínio, foi lançada uma sequela em exclusivo no Japão. Depois todos sabemos o período conturbado que a SNK passou nos anos seguintes e só em 2006/07 é que voltamos a receber um título novo desta série, exclusivamente para a Nintendo DS. O meu exemplar foi comprado numa Cash Converters ao desbarato, algures em Novembro de 2016.

Jogo com caixa, manual e papelada

Enquanto que os originais possuiam uma história com algumas parecenças com a série Pokémon, na medida em que protagonizavamos uma criança que ia viajando pelo seu país, enfrentando vários oponentes, incluindo o campeão local, para conseguir entrar no principal torneio de cartas da região e enfrentar os oponentes mais fortes. Nada de muito excitante mas sempre dava para entreter. Aqui infelizmente simplificaram ainda mais as coisas. Encarnamos uma vez mais numa criança/jovem adolescente que se preparava para participar num grande torneio numa torre, mas coisas acontecem, todas as pessoas na torre, à excepção do protagonista foram hipnotizadas para se tornarem agressivas e teremos de os vencer a todos em combates de cartas à medida que vamos subindo na torre, defrontando também os vilões responsáveis por toda a confusão. Portanto aqui não há grande variedade de cenários e infelizmente os diálogos também são muito simples (e até algo estúpidos). As coisas não começam lá muito bem então!

Em cada andar na torre, apenas nos podemos deslocar nos pontos ilustrados no ecrã inferior

Entretanto, como Trading Card Game acho que o sistema até que é bastante sólido. Sinceramente já não me recordo bem das mecânicas de jogo dos primeiros jogos da Neo Geo Pocket, pois já os joguei (através de emulação) há mais de 15 anos seguramente, mas aqui as mecânicas são muito parecidas com as de Magic: The Gathering, para quem as conhecer. Possuímos 3 tipos de cartas distintas, as Character Cards, que tal como as criaturas standard de MTG apenas as podemos lançar no nosso turno, ficando bloqueadas sem poder atacar ou defender até ao nosso turno seguinte. Possuimos também as Action Cards, que tal como os Sorcery de MTG podemos apenas jogar no nosso turno, sendo estas cartas de suporte com habilidades distintas como regenerar os pontos de vida das nossas Character Cards ou alterar os seus atributos. Por fim temos os counters, também cartas de suporte mas que apenas os podemos jogar no turno dos nossos oponentes. Estas permitem-nos, por exemplo, desbloquear todas as cartas de Character que temos no tabuleiro, sejam cartas que tenhamos lançado no turno anterior, ou outras que tenhamos usado para atacar. Ou seja, tal como o MTG, as criaturas que usarem para atacar no nosso turno, não podem ser usadas para defender dos ataques do nosso oponente no turno seguinte. E claro, o objectivo é o de reduzir a vida do nosso oponente a zero.

Tal como no MTG, vamos ter cartas de suporte, algumas que devem ser jogadas no nosso turno apenas como é o caso das Action Cards

Agora, para usar todas estas cartas e suas habilidades precisamos de mana, ou como o jogo lhe chama, force. Tal como o MTG temos manas de diferentes elementos/cores mas não usamos terrenos para ir amealhando e gerindo a nossa pool de mana, aqui já entram mecânicas de jogo diferentes de MTG. Começamos cada partida com 3 manas de cor branca/neutra e, nos turnos seguintes vamos ganhando uma mana neutra eoutras consoante o número de cartas de criatura que tenhamos no tabuleiro, sendo que as manas que ganhamos são de acordo com as “cores” das cartas que temos em jogo. Mas claro, existem muitas cartas com custos altos, pelo que podemos também ganhar mana de outras formas. A primeira é a de descartar cartas que tenhamos na mão, ganhando uma força correspondente à cor da carta descartada. Outra forma é a de “trancar” criaturas que tenhamos em jogo – ou seja não poderão atacar ou defender até ao nosso turno seguinte – sendo que estas libertam uma quantidade variável de mana de carta para carta.

As cartas que usemos para atacar, tipicamente não podem ser usadas para bloquear no turno do adversário.

As cartas de criaturas possuem também outras habilidades especiais que podem ser usadas com recurso a mana, claro, com efeitos diversos, desde regenerar pontos de vida de criaturas, modificar-lhe os seus stats, obrigar o oponente a descartar cartas, entre outros, inclusivamente regenerar alguma da nossa mana. Existem ainda outras mecânicas de jogo que podemos ter em conta como a possibilidade de “back-up”, ou seja, para regenerar alguns pontos de vida de alguma  criatura que tenhamos em jogo. Para isso teremos de pagar um pequeno custo de mana e descartar uma carta da mesma cor que tenhamos em mão. Existem ainda outras mecânicas que devemos ter em conta, mas creio que já me alonguei bastante neste tema.

No que diz respeito à parte gráfica, bom, o facto de o jogo decorrer apenas numa torre não lhe dá grande variedade nos cenários. Para além disso, nem sequer nos podemos mover livremente pela torre, sendo obrigados a seleccionar os pontos de interesse no ecrã de baixo da Nintendo DS, com a personagem a deslocar-se automaticamente para lá no ecrã superior. Sinceramente até que gostei do artwork das cartas, estando mais fiel ao artwork original das personagens. Nos primeiros jogos desta série na Neo Geo Pocket, as cartas possuíam um design muito super deformed. Mas se por um lado até que gostei do design das cartas, por outro o dos protagonistas do jogo nem por isso. O facto de os diálogos também serem horríveis creio que não ajuda nada! Já no que diz respeito às músicas, nada a apontar. Não são músicas propriamente memoráveis, mas eram agradáveis e variadas quanto baste.

Mas antes de terminar, convém também mencionar algo muito importante. Pelo que pesquisei na internet, não é claro para mim se este é um bug que afecta também as versões europeias do jogo, mas a primeira versão norte-americana possui um bug gritante que impede as pessoas de chegarem ao fim do mesmo. Isto porque, após a primeira vez que chegamos ao topo da torre e defrontamos os bosses finais, somos convidados a jogar uma segunda volta e percorrer a torre novamente para alcançar o verdadeiro final do jogo. Ora nesta segunda volta há uma personagem que, quando começamos a dialogar com a mesma, o jogo encrava completamente. Tendo em conta que precisamos de falar e combater com todos os NPCs para progredir no jogo, este bug não nos deixa mesmo chegar ao fim. Isto é um bug muito grave que só prova que não houve o mínimo de QA, pois o primeiro teste que deveriam fazer era precisamente chegar ao fim do jogo! Ora tal como referi acima, não tenho a certeza se as versões europeias foram afectadas. As norte-americanas foram certamente e a SNK Playmore acabou por as substituir por uma versão corrigida. No meu caso, sinceramente não tive paciência para jogar a segunda volta, para além disso estava a jogar num flashcart pela comodidade adicional. Mas fica o aviso.

Metal Slug 7 (Nintendo DS)

Voltando à Nintendo DS, o jogo que cá trago hoje é o sétimo capítulo da série principal do Metal Slug, que é também o primeiro jogo da série principal que não sai primeiramente em arcades. Aliás, pelo menos até ao dia de hoje não saiu em arcade nenhuma, tendo sido desenvolvido a pensar na Nintendo DS como plataforma. Felizmente não usa muitas das particularidades da portátil da Nintendo, mantendo-se algo fiel às suas origens. O meu exemplar foi comprado algures em Julho do ano passado numa CeX de Lisboa. Custou-me 10€ se a memória não me falha.

Jogo com caixa e manual

A história leva-nos de novo a lutar contra o general Morden, que está novamente a tentar um novo golpe de estado. Após uma vitória inicial sobre as forças de Morden, eis que surge de um portal uma série de soldados futuristas e uma série de equipamento de guerra hi-tech, que prometem ajudar o general Morden a conquistar o mundo.

Para além do modo de jogo principal, tentaram incluir alguns extras de forma a aumentar a sua longevidade

A nível de jogabilidade é um jogo que herda muitas das novidades introduzidas no Metal Slug 6, como o facto de cada personagem jogável ter habilidades diferentes, ou a capacidade de armazenar 2 armas especiais e poder alternar entre elas de forma livre. A nível de novidades temos os 2 ecrãs da Nintendo DS. A acção decorre no ecrã de topo, enquanto no touch screen podemos ver um mapa da zona em que estamos. Esse mapa pode ser “mexido” e usado para descobrir onde estão powerups e prisioneiros por resgatar. De resto a jogabilidade deste Metal Slug 7 é semelhante aos clássicos e ainda bem! Para além do modo campanha temos também um outro modo de jogo baseado em missões, onde teremos de cumprir objectivos como chegar ao final de um determinado nível no melhor tempo possível, resgatar todos os prisioneiros, não deixar nenhum inimigo escapar, entre outros.

Apesar dos visuais não serem tão bem definidos quanto nos originais, continua a ser um jogo bastante divertido!

A nível audiovisual, apesar de o jogo manter o mesmo estilo gráfico e as sprites bem detalhadas e animadas, infelizmente os ecrãs da DS não apresentam a mesma resolução e com isso as sprites não possuem o mesmo grau de detalhe. Em alguns momentos mais críticos, com demasiados inimigos e projécteis a voar pelo ecrã, nota-se algumas quebras de framerate. As músicas são agradáveis e possuem aquele feeling épico que apesar de não ficar mal, prefiro aquelas bandas sonoras mais rock que alguns jogos da saga possuem.

Um ano depois deste lançamento, o Metal Slug 7 viu-se lançado na PSP com o nome de Metal Slug XX. Esta sim, é na minha opinião a melhor versão deste jogo. Perde-se o segundo ecrã mas a funcionalidade de um mapa num jogo tão simples e directo não é tão importante assim. Para além disso a versão PSP, para além de ter os gráficos mais refinados, restaura a vertente multiplayer cooperativo, bem como introduziu também alguns DLCs como a possibilidade de jogar com a Leona Heidern (da série King of Fighters).

Metal Slug Anthology (Sony Playstation 2)

Já o referi várias vezes. A Playstation 2 foi uma consola colossal. Teve tanto sucesso que muitas empresas se deram ao trabalho de lançar várias compilações de jogos clássicos. A menos que sejam jogos ocidentais como foi o caso da Williams, essas compilações tendem a ficar-se apenas pelo Japão, mas não, na Playstation 2 muitas foram as que chegaram até nós Europeus. E as compilações com o selo da SNK sempre foram as que mais me interessaram, tal como é este Metal Slug Anthology, cuja minha cópia foi comprada numa Player aqui no Maiashopping algures em Maio deste ano. Custou-me cerca de 15€.

Compilação com caixa e manual

Metal Slug é uma série que dispensa apresentações. Uma excelente série de acção / plataformas / shooters que começou o seu legado nos sistemas arcade e Neo Geo. Esta compilação inclui o Metal Slug, Metal Slug 2, Metal Slug X, Metal Slug 3, Metal Slug 4, Metal Slug 5 e por fim o Metal Slug 6. Para todos estes jogos, excepto o Metal Slug 6 e o Metal Slug X que é na verdade uma versão melhorada do Metal Slug 2, todos eles possuem já artigos próprios, pelo que recomendo a sua leitura para uma análise mais detalhada. Vou aproveitar este artigo para escrever um pouco sobre o Metal Slug 6, o primeiro jogo da série já a não ser desenvolvido no velhinho hardware da Neo Geo, mas sim na Atomiswave da Sega, uma espécie de sucessor do sistema Naomi.

No Metal Slug 6 o elenco de personagens possui habilidades diferentes entre si

No Metal Slug 6 a história retorna de novo à aliança entre o ditador Morden e os marcianos, mas depressa vemos que afinal os marcianos foram invadidos por uma outra espécie ainda mais letal de alienígenas, que se preparam para invadir a terra também. Ao longo do jogo vamos então cooperando com as forças do ditador Morden, bem como os próprios marcianos enquanto enfrentamos esta nova ameaça.

No Metal Slug 6 os backgrounds são mais bem definidos, o que não me agrada tanto pois sou fã devoto do pixel art desta série

A nível de jogabilidade o Metal Slug 6 trás muitas novidades, incluindo o facto de cada personagem jogável possuir diferentes habilidades e pontos fortes ou fracos. Por exemplo, algumas personagens já vêm equipadas com metralhadoras, ou são mais fortes quando conduzem veículos, outros são mais fortes no combate desarmado, entre outras habilidades. Outra das novidades está mesmo no facto de podermos carregar 2 armas especiais ou conduzir novos slugs, como o burro equipado com uma metralhadora, ou uma “escavadora-helicóptero”, para aquele segmento em que temos de escavar um fosso e combater alguns inimigos subterrâneos.

Por outro lado, o que não falta são coisas grandes para destruir!!

De resto é um jogo repleto de acção como todos os da série Metal Slug, ficando apenas a perder um pouco nos audiovisuais. Isto porque os gráficos estão mais clean, especialmente o dos cenários de funto, que sinceramente já não me agrada muito visto eu ser um grande fã do pixel-art introduzido nesta série. As músicas também não são lá muito cativantes. Preferia que fossem mais rock como em alguns jogos da série!

A compilação em si é excelente, incluindo também alguns extras desbloqueáveis, como uma galeria de imagens alusivas aos jogos aqui incluídos. É um título de peso para se ter numa colecção de Playstation 2, pena que tenha vindo a encarecer bastante nos últimos tempos. Se o virem baratinho aproveitem que vale bem a pena!