Yakuza 6 (Sony Playstation 4)

A ideia era ter jogado este Yakuza 6 no mês de Junho. Mas, como a vida tem sempre tendência a trocar-nos os planos, apenas o comecei no mês seguinte. E, 50 horas bem passadas depois, cá estou eu para vos dar a minha opinião sobre mais uma entrada desta já longa série. O meu exemplar foi comprado há uns bons anos, na Worten do Gaia Shopping por 20€, uma edição especial que inclui uma sleeve de cartão e um livro de arte elaborada por fãs.

Jogo com caixa em sleeve de cartão e livro de arte criada por fãs

Ora, este novo capítulo decorre no ano de 2016, quando, após os eventos narrados em Yakuza 5, Kiryu é obrigado a cumprir uma pena de 3 anos de prisão. A sua “protegida”, Haruka, decide também colocar um fim à sua carreira artística e regressar ao orfanato para acompanhar o crescimento das crianças que lá vivem. No entanto, durante o encarceramento de Kiryu, e uma vez que os media continuam a assediá-la, Haruka teme que o seu passado ligado à yakuza prejudique as oportunidades de vida daqueles jovens. Decide então fugir para parte incerta, sem que Kiryu alguma vez o soubesse. Em 2016, quando é libertado, Kiryu é surpreendido pelo desaparecimento de Haruka e regressa a Kamurocho para investigar o seu paradeiro. Lá descobre que o clã Tojo atravessa dificuldades: o seu líder fora preso e os que restaram entraram em guerra com as tríades chinesas. No meio desse caos, Kiryu recebe uma notícia dramática: Haruka foi atropelada, ficando em estado crítico e em coma. Para sua surpresa, Haruka deixa para trás um pequeno bebé chamado Haruto, aparentemente seu filho. Kiryu assume os cuidados da criança enquanto segue pistas que o levam à região de Hiroshima, acabando, inevitavelmente, por se ver envolvido em conflitos com a yakuza local. Ao longo do restante jogo iremos alternar entre ambas as regiões, não só para investigar o passado de Haruka nos últimos três anos e procurar o pai da criança, como também para desvendar o mistério por detrás dos conflitos actuais.

Uma das principais novidades introduzidas no sistema de combate são as armas não poderem ser permanentemente equipadas. Apenas podemos usar o que estiver à mão durante os combates.

No que diz respeito às mecânicas de jogo, na sua essência estas mantêm-se idênticas. Yakuza 6 é um jogo de acção com um mundo aberto, onde podemos explorar uma pequena parte de Tóquio e, agora, também de Hiroshima. É igualmente um título que herda várias mecânicas de RPG, na medida em que, apesar de os combates decorrerem em tempo real (e com pancada a sério), vamos ganhando experiência que pode ser utilizada para evoluir a personagem, seja fisicamente, ao melhorar os seus atributos, seja através do desbloqueio de inúmeras novas habilidades. O sistema de progressão é, aliás, uma das novidades aqui introduzidas, pois agora ganhamos experiência em cinco categorias distintas, todas elas necessárias para desbloquear diferentes tipos de habilidades. Tal como nos outros títulos da série, andar à porrada, cumprir sidequests (ou simplesmente progredir na história principal), ir comer a restaurantes, ou até participar em mini-jogos, tudo isto contribui para o ganho de experiência.

Usar um telemóvel para tirar selfies? Bem-vindo a 2016, Kiryu!

Foram feitas mais algumas mudanças importantes. O combate em si apresenta diferenças, agora com combos distintos. A utilização de armas deve ser feita exclusivamente com os objectos disponíveis nos cenários ou com as armas empunhadas pelos inimigos. No final do combate, Kiryu descarta qualquer arma ou objecto que tenha em mãos, pelo que o equipamento permanente se limita a acessórios e armaduras. Tal como nos restantes jogos da série, há mil e uma fontes de distracção, com inúmeros mini-jogos e também alguns coleccionáveis. No que toca aos mini-jogos propriamente ditos, muitos dos clássicos, como os jogos de casino, bowling ou bilhar, desapareceram por completo. Os dardos contam agora com uma nova interface, enquanto baseball, mahjong e karaoke mantêm-se inalterados. Nas arcades da SEGA, os UFO catchers desapareceram, mas em seu lugar temos clássicos absolutos da SEGA como Space Harrier, OutRun, Super Hang-On, Fantasy Zone e uma conversão de Virtua Fighter 5 Final Showdown. Não me posso queixar, de todo! Ainda nas arcades, temos também uma versão moderna de Puyo Puyo. Outras “distracções” notáveis fora das arcades incluem as conversas nos bares de acompanhantes, diálogos com habitantes perfeitamente banais num bar em Hiroshima, e até pesca subaquática, também em Hiroshima. Existem ainda duas sidequests de maior pujança: também em Hiroshima, podemos liderar uma equipa de baseball, num simulador que nos permite gerir os jogadores (e, ocasionalmente, dar umas tacadas), e o Clan Creator. Este último fez-me lembrar o Majima Construction, introduzido mais tarde em Yakuza Kiwami 2. Aqui, construímos um gangue que participa em batalhas de rua, cabendo-nos o papel de dirigir os combates, movimentando as personagens para onde quisermos e utilizando as suas habilidades quando for mais conveniente.

Clan Creator, um dos mini-jogos mais “musculados” desta iteração. Construir o nosso próprio gangue e comandá-lo em batalhas campais

Portanto, no seu todo, este Yakuza 6 apresenta uma história principal mais curta do que a dos restantes jogos da série, até porque é um título inteiramente focado em Kiryu Kazuma como protagonista, ao passo que os seus predecessores directos introduziram sempre várias novas personagens jogáveis. Por outro lado, conta com bastante conteúdo opcional, o que aumenta consideravelmente a sua longevidade caso decidamos enveredar por esse caminho — sendo que a experiência adicional é sempre vantajosa. No entanto, a sua escala é consideravelmente mais reduzida: a área que exploramos em Kamurocho é menor, com o Champion District encerrado, tal como toda a parte norte que faz fronteira com o centro comercial Kamurocho Hills. Muitos dos restaurantes e lojas que conhecíamos anteriormente foram encerrados e substituídos por outros. A zona de Hiroshima que exploramos é também um espaço pequeno, mais rural, quase como uma pequena cidade piscatória, mas que acaba por representar uma adição refrescante à série. Ainda no que toca às mecânicas de jogo, convém mencionar que o sistema de save foi alterado. Já não precisamos de nos deslocar a cabines telefónicas para guardar o progresso. Este é agora feito de forma automática em certos momentos da história ou após determinadas acções que nos façam ganhar experiência, como combates, participação em mini-jogos ou refeições em restaurantes. Podemos, no entanto, gravar manualmente o progresso através dos menus, em diferentes slots. Importa referir que, a partir do momento em que o fazemos, esse novo slot passará também a ser utilizado para todos os saves automáticos seguintes.

Outra das possibilidades é a de gerir uma equipa de baseball completa. Estou quase a entender o desporto!

Yakuza 6 marca também a estreia de um novo motor gráfico na série: o Dragon Engine, com o qual já tinha tido contacto anteriormente, após ter jogado Yakuza Kiwami 2. As melhorias introduzidas por este novo motor são bastante evidentes, especialmente nos efeitos de luz (Kamurocho está lindíssima à noite) e no maior nível de detalhe das personagens. É certo que as personagens principais continuam a apresentar muito mais detalhe do que as figuras genéricas que encontramos nas ruas, mas desta vez a diferença não é tão gritante. A exploração tornou-se também mais imersiva, não só podemos utilizar o modo de primeira pessoa livremente, como, sempre que entramos em lojas ou restaurantes, a câmara já não muda para uma posição fixa: tudo permanece contínuo e sem loadings visíveis para o jogador. Isto permite-nos explorar por completo uma série de edifícios, devidamente sinalizados no mapa. Um dos pontos menos conseguidos deste novo motor gráfico está nas físicas, que por vezes ainda se comportam de forma bizarra. É frequente vermos objectos (ou mesmo personagens) projectados a alta velocidade ao mínimo toque, ou animados com aquele típico efeito de “boneco de trapos” — algo que continua a ser comum. Já a banda sonora mantém o excelente nível habitual, com destaque para as faixas com uma forte toada rock, repletas de guitarradas enérgicas. O voice acting, inteiramente em japonês, continua a ser um dos pontos altos da série.

Engatar miúdas em chats para adultos. Nunca chega a haver nudez, mas confesso que não estava à espera desta.

Portanto, este Yakuza 6, apesar de todas as diferenças que introduz, foi um jogo que me agradou bastante. É verdade que reduziram a escala da área explorável em Kamurocho e que não sou o maior fã do novo sistema de combate. Ainda assim, ao fim de algumas horas, isso deixou de ser um problema para mim. Apesar da menor escala e de uma história principal mais curta, continuam a existir inúmeras distracções e conteúdo opcional bastante variado, que acaba por prolongar consideravelmente a longevidade do jogo. O novo motor gráfico, apesar de alguns problemas ao nível das físicas, foi para mim um passo na direcção certa, especialmente tendo em conta que tanto Yakuza 0 (lançado originalmente ainda como um jogo de PS3 no Japão) como o primeiro Kiwami estavam claramente subaproveitados na PlayStation 4. E a narrativa mantém-se bastante interessante, misturando com mestria momentos de bom humor com outros mais dramáticos. A forma como o jogo encerra a história de Kiryu como protagonista principal da série está, na minha opinião, muito bem conseguida.

Yakuza 5 Remastered (Sony Playstation 4)

O quanto eu esperei para jogar este jogo! Lembro-me perfeitamente de ver vários trailers por altura do seu lançamento original japonês na PS3, todos cheios de acção e coisas completamente estapafúrdias, como o Kiryu Kazuma a fazer corridas num taxi. O hype para este Yakuza 5 era real mas a Sega tardou bastante em confirmar o seu lançamento para o Ocidente. Para terem uma noção, o jogo foi originalmente lançado em Dezembro de 2012 no Japão, mas só em Dezembro de 2015 é que a Sega o traz para o Ocidente. Nessa altura, já a Playstation 4 estava com força no mercado, pelo que esse lançamento da PS3 acabou por ser apenas digital, com muita pena minha. Entretanto, na altura eu era subscritor do Playstation Plus e um dos últimos jogos PS3 que a Sony disponibilizou aos subscritores foi precisamente o Yakuza 5! Mas entretanto a minha vida nessa altura já era bastante ocupada e poucos foram os jogos mais longos que peguei. Entretanto avançemos para o início de 2020, onde a Sega lança uma colectânea intitulada de Yakuza Remastered Collection, contendo os Yakuza 3, Yakuza 4 e este quinto jogo da saga, pela primeira vez disponível em formato físico no Ocidente. Foi o primeiro jogo que fiz uma pré-reserva em muitos anos e esta colectânea é uma edição limitada que traz, entre outras pequenas coisas, uma caixa vazia do Yakuza 5 para a PS3. Sinceramente nem sei se fique triste ou contente (era óptimo que essa caixa tivesse um blu-ray da versão PS3 também).

Compilação com sleeve exterior, steelbook, papelada diversa e uma caixa vazia do Yakuza 5 para a PS3 só porque a Sega achou piada.

A história leva-nos precisamente a Dezembro de 2012 (a coincidir com a data do lançamento original japonês) onde encarnamos uma vez mais no Kiryu Kazuma que continua afastado da organização Yakuza onde pertenceu mas agora até abandonou o orfanato que estava a cuidar, sendo agora um mero taxista em Fukuoka. Mas claro, os problemas acabam sempre por lhe bater à porta e não me vou alongar na descrição da história, pois um dos pontos fortes deste jogo é precisamente a sua narrativa, agora um pouco mais lenta, mas em constante crescendo e foi algo que eu gostei bastante. A dizer apenas que ao longo do jogo iremos controlar 5 personagens distintas: o já referido Kiryu, o bicho Saejima (que regressa do Yakuza 4), a jovem Haruka (que possui mecânicas de jogo completamente diferentes), o Akiyama (que também regressa do Yakuza 4) e o Shinada, uma personagem inteiramente nova e que apesar de eu não ter sido o maior fã do seu sistema de combate é uma personagem bastante interessante. É um antigo jogador de baseball que apesar de super talentoso teve de colocar um ponto final na sua carreira e está agora falido, cheio de dívidas e a sua ocupação é fazer reviews a espaços de diversão nocturna para adultos. A história vai-se também desenrolando através de 4 localidades distintas. Kiryu começa em Fukuoka, enquanto Saejima terá uma vez mais de se escapar de uma prisão e acaba por visitar Hokkaido. Haruka e Akiyama começam a sua aventura em Sotembori (Osaka), já o Shinada em Nagoya. O capítulo final, onde todos se encontram é claro em Tokyo, na habitual Kamurocho.

Temos várias novas cidades a explorar: Fukuoka, Hokkaido e Nagoya!

Na sua essência, este Yakuza 5 não foge muito dos anteriores, com várias cidades baseadas em localizações reais para serem exploradas, onde poderemos fazer muita coisa opcional desde cumprir sidequests, jogar em arcade, bowling, casino, pescar, cantar karaoke e muitos outros mini-jogos, assim como comer em restaurantes e beber uns copos em bares. Ou engatar miúdas em clubes nocturnos! Para além de tudo isso, iremos na maior parte do tempo andar à porrada contra outros bandidos, com o jogo a assumir mecânicas de beat ‘em up e toques ligeiros de RPG, visto que cada personagem vai ganhando experiência, subindo de nível e aprender novas habilidades. A jogabilidade de Kiryu é a mesma de sempre, o homem é uma besta e consideravelmente ágil. Saejima é ainda mais forte mas mais lento, se bem que felizmente se controla muito melhor que no Yakuza 4, aqui Saejima é mais fluído. O Akiyama é super ágil e com pontapés de meter inveja ao Van Damme e o Shinada… bom… confesso que não gostei muito das suas mecânicas de combate. A menos que o equipem armas, aí ele já ganha uma nova vida. Tendo em conta que as armas com ele até duram mais tempo, é mesmo suposto utilizarmos armas nos seus combates mais desafiantes.

As arcades da Sega, para além das habituais máquinas de apanhar bonecos ou tirar fotos, têm alguns jogos a sério também. Um deles um shmup feito especialmente para o Yakuza 5, outro é o clássico Virtua Fighter 2 e por último uma adaptação do Taiko no Tatsujin, um jogo rítmico… da Namco!

Antes de avançar para a Haruka, que possui mecânicas de jogo completamente distintas como já referi, deixem-me só deixar algumas notas adicionais da minha experiência em jogar com todas as personagens masculinas. A primeira coisa que me chamou à atenção é o facto de termos muitos mais combates do que seria normal. Os combates, tirando aquelas associados à história e sidequests, são algo aleatórios como é normal na série. Os inimigos surgem no ecrã com balões de diálogo vermelhos sobre as suas cabeças e começam a correr na nossa direcção, se nos apanharem somos levados para um combate. No entanto, foi muito frequente eu sair de um combate, dar um ou dois passos e entrar logo noutro. Por vezes chateava um pouco, mas ao menos facilitou o grinding necessário para que as nossas personagens ganhem mais experiência. Duas coisas que também me irritaram: há bem mais gente nas ruas e por vezes andar em ruas mais estreitas é um problema, visto que as pessoas simplesmente não saem da frente. Outra coisa que me incomodou um pouco e só reparei que afinal não era culpa minha já no último terço do jogo é o facto de nós estarmos a ir numa direcção, entramos num combate e quando saímos do mesmo a câmara e o nosso personagem estão voltados noutra direcção qualquer, o que me fez muitas vezes andar algo perdido e achar que eu é que estava a perder o meu sentido de orientação. Por fim, a última coisa que me incomodou em todo este sistema de combate está precisamente no uso das armas. À medida que as vamos usando em combate, vamos ganhando experiência na aptidão para utilizar certas armas. O problema é que existem armas bem poderosas no jogo que poderemos vir a ganhar e muito jeito podem dar em certos confrontos mais difíceis. O problema é que as personagens muito provavelmente não terão a experiência necessária para as conseguirem utilizar, logo obrigando-nos ainda a mais grind.

Cada personagem (excepto o Akiyama) possui toda uma história secundária à parte que podemos também completar. Kiryu tanto tem de transportar passageiros em segurança no seu taxi, como participar em corridas ilegais na auto estrada!

Em relação à Haruka, bom ela não pode simplesmente andar à porrada com bandidos. A parte dela da história (que sim, mais tarde se vem a perceber que está relacionada com tudo o resto que está a acontecer) é que Haruka foi recrutada por uma agência que a está a treinar para a tornar numa vedeta. Tudo o que anda à volta de Haruka é portanto um jogo de ritmo, seja a dançar, seja a cantar. Felizmente não há batalhas aleatórias, mas nas ruas de Sotenbori vemos várias outras meninas dispostas a serem desafiadas para uma dance battle, sendo essa uma das formas que temos de ganhar experiência. As dance battles são um dos diferentes mini-jogos com mecânicas de ritmo, mas de longe as mais complexas de tudo o que a Haruka faz. Felizmente que à medida que vamos ganhando experiência e subindo de nível ganhamos também habilidades que nos permitem ter mais alguma vantagem neste tipo de batalhas. Para além das danças, outra actividade recorrente de Haruka é cantar, sendo este um jogo rítmico mais convencional, diria. Para além disso, Haruka tem também sidequests e pode explorar Sotenbori à vontade, não podendo no entanto consumir álcool ou entrar em estabelecimentos de gambling ou outro tipo de diversão para adultos.

As batalhas de dança da Haruka são um pouco chatas. Com o direccional devemos escolher a barra certa e pressionar o botão certo no tempo certo. Por exemplo, neste caso deveríamos pressionar o direccional para a direita e depois pressionar X e X na altura certa.

Para além de tudo isto, cada personagem (excepto o Akiyama) tem também uma side story (ou uma sidequest musculada se lhe quiserem assim chamar). Começando pela Haruka, ela vai ter de participar numa série de eventos organizados pela sua agência, cada qual com diferentes mini-jogos associados. Desde performances de dança e canto, passando por meet and greets com fãs, presença em diversos programas na TV (cada qual com diferentes mecânicas de jogo também) entre outros. Aliás, para além de tudo isto, Haruka pode também participar num espectáculo de comédia standup como assistente de um comediante! O Kiryu tem o seu emprego de taxista e tanto teremos missões de levar passageiros do ponto A ao ponto B, onde teremos de ter cuidado com acelerações/travagens bruscas e respeitar todas as regras de trânsito como usar piscas, parar em semáforos, etc, tudo isto enquanto vamos conversando com os nossos passageiros, ou simplesmente fazer corridas em autoestrada para combater um “gangue da alta velocidade”. O Saejima a certo ponto na história vai ficar retido numa aldeia remota nas montanhas, pelo que o seu minijogo é explorar a floresta gelada e caçar animais. Já o Shinada, sendo ele um prodígio do baseball, a side story dele anda à volta de desafios no batting center, com mecânicas de jogo ligeiramente diferentes e, principalmente depois de treinarmos, nos dão muita mais precisão e uma preciosa câmara lenta para dar tacadas certeiras.

O Saejima vai ter de andar à porrada com um urso gigante porque sem isso este não seria um Yakuza

A nível audiovisual este é um jogo lançado originalmente para a PS3 e utiliza o mesmo motor gráfico do Yakuza 4, pelo que não esperem por grandes melhoramentos nos gráficos em si. As personagens principais estão bem detalhadas, mas a maioria dos transeuntes ou bandidos com os quais lutamos são bem mais genéricos, o que tem sido normal na série. Mas sim, há uma maior variedade de cenários com todas as novas localidades que podemos explorar. O voice acting é todo em japonês como seria de esperar e parece-me bem competente! A banda sonora anda à volta daqueles temas mais rock principalmente nos combates, mas temos também muita coisa mais pop devido à história da Haruka.

Como sempre, o que não falta aqui são momentos bizarros!

Portanto este Yakuza 5 é um jogo que gostei, mas ainda assim deixou-me com um sentimento algo agridoce. Como já referi, confesso que não gostei muito das mecânicas de jogo da Haruka visto eu não ser o maior fã de jogos rítmicos mas podemos sempre jogar essas secções num modo de dificuldade mais baixo. O Shinada, apesar de ter adorado a personagem, também não me agradou a 100% o seu sistema de combate. O excesso de combates “aleatórios” e algumas dificuldades na exploração foram também pontos que não me agradaram muito. Mas tirando isso, há que dar a mão à palmatória e também parabenizar a equipa de desenvolvimento pelo esforço que tiveram em introduzir muita coisa nova: novas localizações a explorar, muitos novos mini-jogos e imenso conteúdo opcional para fazer, muito desse conteúdo feito com bastante criatividade também. No entanto tenho 105 horas de jogo em cima e no final já me estava a aborrecer um pouco. A gota de água foi quando tentei derrotar os Amon (os super bosses da série), mas desisti de lutar contra o Jo Amon. No Yakuza 5 ele é absolutamente demolidor e com a frustração decidi avançar e terminar a história em si. Do que eu habitualmente costumo fazer nos jogos da série ficou-me a faltar os torneios de luta underground em Kamurocho (para além do Victory Road, mais um conteúdo opcional e esse sim , terminei), assim como ainda me faltam evoluír a 100% algumas personagens. Fica para uma outra altura que decida revisitar o jogo e continuar num post game. Mas não quero deixar uma má imagem do jogo, pelo que termino a reforçar que pesando tudo, gostei bastante de jogar este Yakuza 5, a sua história é excelente!

Kurohyou 2: Ryu ga Gotoku Ashura Hen (Sony Playstation Portable)

Na minha demanda para reduzir drasticamente o meu backlog da série Yakuza/Like a Dragon, ao longo do último mês e meio fui jogando aos poucos este Kurohyou 2 (Yakuza Black Panther 2), um spin-off da série principal e exclusivo da portátil da Sony. Tal como o seu antecessor, este é um exclusivo PSP e nipónico também, onde controlamos o mesmo protagonista e herda muitas das particularidades do lançamento original. A mesma equipa que traduziu o primeiro jogo lançou também um patch de tradução deste segundo, embora infelizmente ainda não esteja perfeito, nem finalizado, pelo que acabei por me focar mais na história principal e apenas algumas das sidequests. O meu exemplar foi comprado no eBay algures em Abril de 2021, tendo-me custado algo à volta dos 15€.

Jogo com caixa, manual e papelada diversa

A narrativa coloca-nos uma vez mais no papel de Tatsuya Ukyo, que havia passado um ano a lutar no estrangeiro, voltando uma vez mais a Kamurocho e prestes a assinar um contrato profissional. No entanto, acaba por se envolver uma vez mais no Dragon Heat, a tal arena de lutas ilegais que foi tema central da narrativa do primeiro jogo. Sob uma nova gestão, o Dragon Heat agora emprega jovens adolescentes dos quais Tatsuya acaba por simpatizar. No entanto, surgem outros rufias da zona de Kansai que começam a causar imensos problemas em Kamurocho e causam também problemas para os jovens lutadores do dragon heat. Tatsyua decide então abdicar da sua carreira profissional de lutador para ajudar os miúdos do novo dragon heat a ultrapassarem este novo desafio. Infelizmente uma vez mais não acho a narrativa deste jogo tão boa como na série principal, no entanto acaba por ser ligeiramente melhor que no jogo anterior, na minha opinião. Mas por exemplo, a maneira como apresentaram o líder da empresa para a qual Tatsuya iria trabalhar, dava a entender que ele seria uma pessoa perigosa e nos daria problemas mais tarde, mas desde que Tatsuya decidiu abandonar a sua carreira profissional, nunca mais ouvimos falar no homem…

As cut-scenes são todas narradas com voice acting e mantêm o mesmo estilo artístico do seu antecessor

A nível de jogabilidade este é também um jogo que vai buscar muita coisa ao seu antecessor. Por um lado mantém a mesma vertente de exploração de Kamurocho da série principal, com todas as diferentes sidequests e actividades que nos podemos envolver (incluindo os diferentes empregos part time com mini-jogos associados). A maior diferença aqui é que podemos também explorar a zona de Sotenbori. De resto, no combate o jogo já tem várias diferenças consideráveis face à série principal, com os combates a serem muito mais focados no 1 contra 1 (embora por vezes possamos lutar contra 2 ou 3 adversários em simultâneo) e aí o jogo herda todos os controlos e mecânicas do seu antecessor directo da PSP. Ou seja, poderemos direccionar os nossos golpes para diferentes zonas do corpo do adversário e temos também de ter atenção a eventuais lesões que podemos sofrer, para além da nossa barra de vida. Combater, comer ou concluir sidequests dão-nos pontos de experiência que podem posteriormente serem utilizados para melhorar vários stats da nossa personagem. Para além disso, vamos poder desbloquear e alternar entre diversos estilos de luta, cujos também podem ser evoluídos com base em experiência de combate apenas e esse processo aqui até foi mais simplificado. De resto contem também com ocasionais sequências de perseguição (que se bem me recordo foram introduzidas no Yakuza 3), assim como encontros fortuitos para salvar civis de serem assaltados ou meninas molestadas.

Também tal como no seu antecessor, temos de ter em atenção ao dano sofrido em certas zonas do corpo

A nível audiovisual esta sequela segue também o mesmo estilo do seu antecessor, com os cenários a serem todos pré-renderizados, excepto durante os combates, onde as “arenas” já são todas renderizadas em 3D poligonal, com a desvantagem de serem poucas. Ou seja, dependendo da zona do mapa onde estivermos quando o combate é iniciado, iremos para uma arena específica. De resto as personagens como um todo vão tendo um nível de detalhe interessante para uma PSP, sendo especialmente bem detalhadas precisamente durante os combates. A narrativa vai sendo avançada com cut-scenes do estilo banda desenhada idêntico ao do primeiro jogo, sendo também muitas vezes mais longas do que eu gostaria. O voice acting no entanto parece-me bastante competente. A banda sonora vai tendo alguns temas mais electrónica e rock nalguns combates, mas está com um foco bem maior no hip-hop desta vez, o que eu sinceramente dispensaria, mas de certa forma compreende-se.

Há um novo mini jogo nas arcades, inspirado pelo Yakuza Dead Souls!

Portanto para quem gostou do primeiro Kurohyou irá certamente gostar desta sequela visto que herda todas as mecânicas do original, melhorando certos aspectos e introduzindo também algumas coisas novas. Eu pessoalmente acho ambos os jogos da PSP uns bons furos abaixo da série principal, principalmente pela narrativa não ser tão envolvente. De resto, devo também sublinhar que apesar do conteúdo principal ter sido completamente traduzido, o patch de tradução em si ainda está longe de ser o final. Para além de algum conteúdo opcional ainda não ter sido traduzido (actividades relacionadas com clubes nocturnos uma vez mais), existem também alguns problemas que poderão levar a crashes após certas lutas. No caso de o jogarem com o emulador PSPP ainda poderão ter outras limitações, pelo que recomendo uma leitura atenta ao readme incluído com o patch.

Yakuza Dead Souls (Sony Playstation 3)

Vamos voltar agora à série Yakuza / Like a Dragon para mais um jogo terminado desta série que eu tanto gosto. E este Dead Souls é mais um dos vários spin offs à série principal que a Sega foi lançando na sétima geração de consolas. Lançado originalmente no Japão em 2011 e no ocidente no ano seguinte, este jogo segue a “moda” dos zombies que bem se fazia sentir nessa altura, com séries televisivas como The Walking Dead ou videojogos como Left 4 Dead ou Dead Rising. O meu exemplar deu entrada na colecção há já uns bons anos. Creio que foi comprado numa Mediamarkt por cerca de 15€ se a memória não me falha.

Jogo com caixa, manual e papelada

Mas como é que um jogo desta série se consegue adaptar a um contexto de zombies? Bom, em vez de andarmos à pancada com bandidos e outros infelizes que se atravessem no nosso caminho, o jogo descarta (quase) por completo o seu sistema de combate em detrimento da utilização de armas de fogo. Mas sim, continuamos a poder pegar em objectos espalhados nos cenários e usá-los para atacar zombies! Mas se por um lado o sistema de combate ser então consideravelmente diferente, o jogo ainda mantém toda a identidade da série ao manter mecânicas ligeiras de RPG, sidequests para completar e toda uma série de diferentes minijogos que poderemos vir a ter acesso.

O jogo abre com Kiryu a receber a notícia do rapto da “sua” Haruka, mas até que este a consiga salvar ainda muita coisa vai acontecer.

Detalhando então o sistema de combate, os controlos são agora distintos com os botões L1 e R1 a servirem para apontar e disparar e os botões faciais passam a ter funcionalidades diferentes. O X continua a ser para esquivar e o círculo para apanhar/atirar objectos. O quadrado recarrega a arma que temos equipada no momento e o triângulo serve na mesma para activar o modo “heat” que neste jogo se resume a disparar alguns tiros certeiros em certos pontos de interesse, como barris de combustível, condutas de gás, entre outros, ou mesmo para contra-atacar algum ataque inimigo, como disparar sobre cocktails molotov que alguns zombies chatos teimam em atira contra nós. À medida que vamos avançando no jogo, combatendo, comendo em restaurantes e completando sidequests vamos ganhando pontos de experiência que nos permitirão subir de nível e ficar mais fortes, para além de ganharmos skill points que por sua vez poderão ser gastos em melhorar a nossa personagem, incluindo aumentar o número de itens e armas que podemos carregar. Apesar de eventualmente pudermos vir a carregar mais do que quatro armas, apenas 4 poderão estar equipadas e alternamos entre as mesmas com recurso ao botão direccional.

Sim, logo que a personagem esteja virada para zombies, pressionar o botão de disparo sem apontar irá na maior parte das vezes atingi-los. Mas apontar permite-nos ter mais precisão e alvejá-los nos seus pontos fracos.

As armas de fogo poderão vir em várias formas e feitios, desde simples pistolas, passando por várias armas automáticas, lança granadas, shotguns, entre outras. Cada arma usa uma munição diferente que por sua vez também ocupa espaço no inventário, pelo que teremos de o gerir bem com munições, itens regenerativos e outros que eventualmente possamos precisar. As pistolas possuem munição infinita, no entanto! Eventualmente vamos também desbloquear uma série de “parceiros” que podem explorar a cidade infectada de Kamurocho connosco e estes também vão ganhando experiência e adquirir novas habilidades que poderemos customizar. De resto, a única coisa que não gostei do sistema de combate é o facto de, quando pressionarmos o botão L1 para apontar a arma, esta não fica apontada para onde a câmara está virada, mas sim na direcção da personagem, o que nos irá obrigar vezes sem conta a perder alguns segundos para corrigir a nossa pontaria. Eventualmente lá nos vamos habituando a isto, mas preferia que funcionasse de outra forma.

À medida que vamos avançando na história, cada vez mais partes de Kamurocho irão sucumbir à invasão zombie.

Mas, também tal como já referi acima, o jogo herda todas as mecânicas de aventura da série principal. Isto porque poderemos na mesma cumprir sidequests, engatar miúdas e toda uma série de outras actividades paralelas como jogar em casinos, pescar, dar umas tacadas de baseball ou golfe, entre muitas outras. Algo que ainda não referi mas convém fazê-lo é o facto de nos podermos movimentar pela Kamurocho infectada de zombies e a parte da cidade que ainda está segura, sendo que à medida que o jogo vai avançando, a área infectada da cidade irá crescendo. Mas mesmo nas zonas infectadas (que é o único sítio onde poderemos de facto combater) há mais coisas a explorar. Lojas ou locais de interesse como os tais clubes nocturnos poderão ser libertados para poderem ser visitados novamente, algumas das sidequests apenas são possíveis de serem inicializadas na zona infectada, bem como o acesso ao Subterranea. Este é um sistema de túneis labirínticos associado a uma grande sidequest que nos irá acompanhar ao longo de todo o jogo. Os túneis são gerados aleatoriamente e teremos de descer cada vez mais fundo à medida que vamos avançando no jogo.

Tal como na restante série, o que não faltam são coisas para passar o tempo. Algumas com piada!

De resto, convém também referir que, tal como no Yakuza 4, este é um jogo onde iremos controlar 4 personagens distintas, cada qual com uma arma única e uma secção de jogo dividida em 4 capítulos. A primeira personagem que controlamos é o ricaço Shun Akiyama (primeira personagem do Yakuza 4 também) e a sua arma única são as pistolas duplas. Em seguida jogamos com Goro Majima (tendo em conta que o Yakuza 0 sai depois, esta é a primeira vez que podemos jogar com ele) que fica radiante por Kamurocho ser invadida por zombies e a sua arma é uma shotgun poderosa. A terceira personagem jogável é nada mais nada menos que Ryuji Goda, o principal antagonista do Yakuza 2, que possui um braço biónico que se transforma numa gatling gun capaz de facilmente dizimar multidões de zombies. Por fim controlamos Kazuma Kiryu, se bem que a sua arma única apenas é desbloqueada já perto do final do jogo.

O regresso desta personagem é de louvar e que satisfatório foi utilizar a sua gatling gun!

A nível audiovisual sinceramente acho este um jogo bem conseguido. Tendo em conta que joguei tanto o Yakuza 3 como o 4 nas suas versões remastered na PS4, esta é a primeira vez que jogo um jogo desta série na Playstation 3 propriamente dita. E devo dizer que me pareceu bem melhor conseguido que o Yakuza 3, pelo menos! E sim, apesar de a cidade de Kamurocho ser a mesma de sempre, a equipa aqui teve o esforço adicional de a redesenhar à medida que a mesma ia sendo destruída com o avanço da infecção dos zombies. O voice acting pareceu-me óptimo como sempre e as músicas também são agradáveis, com a banda sonora a ficar mais tensa sempre que exploramos a parte infectada da cidade. E tem alguns detalhes super interessantes como as músicas que passam nalguns estabelecimentos serem à volta dos zombies. Sim, as músicas são todas em japonês, mas a palavra zombie é universal e essa saltava logo à atenção. De resto só mesmo a acrescentar que o jogo possui algumas quebras severas de framerate, especialmente quando existem explosões à mistura.

Não serão só zombies normais que teremos de combater, mas também uma série de mutantes e bosses também!

Portanto devo dizer que este Yakuza Dead Souls foi uma experiência interessante. É um jogo muito diferente nas suas mecânicas de combate, mas a Sega está de parabéns ao ter conseguido manter a identidade da série num contexto muito distinto. Pena no entanto aquele problema da mira nos levar sempre para o ponto de vista da personagem e não para onde a câmara estava a apontar. Presumo no entanto que o jogo não tenha tido um grande sucesso comercial pois não só este Dead Souls se mantém exclusivo da PS3 até à data de publicação deste artigo, como a Sega ainda esteve algum tempo sem lançar novos jogos da série no Ocidente. O Yakuza 5 por exemplo, acabou por sair na PS3 já uns anos depois do seu lançamento original, mas apenas em formato digital. O Ishin! apenas recebeu uma versão localizada para inglês no seu remake recente e o Zero apenas chega cá 2 anos depois do seu lançamento, em 2017. Felizmente desde essa altura que não temos perdido muita coisa da série.

Kurohyou: Ryu ga Gotoku Shinshou (Sony Playstation Portable)

Também conhecido como Yakuza: Black Panther, este é um spin-off da série da Sega exclusivo para a PSP e que se ficou retido no Japão. Há uns anos atrás foi lançada uma tradução feita por fãs (que ainda está algo incompleta para ser sincero) pelo que aproveitei e comprei o jogo no ebay, algures em 2021 por pouco mais de 11€. O jogo foi desenvolvido pelos nipónicos syn Sophia (outrora AKI Corporation) que por sua vez estiveram também por detrás do desenvolvimento de vários jogos de wrestling ou da própria série Def Jam.

Jogo com caixa, manual, mapa e papelada.

A história leva-nos, uma vez mais, às ruas de Kamurocho mas desta vez com um protagonista diferente: o jovem delinquente Tatsuya Ukyo que planeava assaltar alguém ligado à máfia chinesa, enquanto Tatsuya se fazia passar por um membro yakuza local. As coisas não correm bem e Tatsuya acaba mesmo por matar o seu oponente. Para piorar as coisas, o seu oponente não pertencia à máfia chinesa mas sim à yakuza, pelo que Tatsuya acaba por ser apanhado pelo chefe de uma das famílias. Este tendo provas do envolvimento de Tatsuya na morte da outra pessoa acaba por fazer chantagem: ou Tatsuya entra num torneio de lutas ilegais organizado pelo mesmo e é obrigado a vencer 10 lutas consecutivas, ou então as provas do seu crime serão entregues à polícia.

Este jogo passa-se apenas em Kamurocho, com muitos locais habituais que podem ser revisitados

No que diz respeito à jogabilidade, se virmos as coisas de forma algo superficial, então esta aventura não difere muito dos restantes Yakuza clássicos, visto que temos todo o distrito de Kamurocho para explorar (e apenas Kamurocho), temos várias lutas pelas ruas contra outros bandidos e onde poderemos utilizar muitos dos objectos que por lá estão espalhados como armas e a experiência e dinheiro amealhados vão servindo para melhorar a nossa personagem. Para além da trama principal, temos também toda uma série de sidequests e mini jogos onde poderemos gastar mais do nosso precioso tempo, tudo isto de uma forma mais simplificada ou compacta.

O sistema de combate é o que traz mais diferenças, a começar nos controlos e diferentes tipos de artes marciais que poderemos usar

Mas é mesmo no sistema de luta que temos mais mudanças perante a série principal. Embora ocasionalmente poderemos combater contra mais que uma pessoa, a maior parte dos combates são mesmo de um contra um e as mecânicas de jogo assemelham-se mais às de um jogo de luta em 3D. O quadrado e triângulo serve para socos e pontapés, o círculo para agarrar os adversários (se bem que aqui precisamos de pressionar L+O para apanhar objectos) e o X para nos desviarmos. L serve para defender e o R permite-nos mudar o foco de um oponente para o outro ou, se mantivermos o mesmo botão pressionado, permite-nos navegar mais livremente pela arena. As heat actions são agora mais reduzidas, podendo ser apenas despoletadas ao pressionar X depois de agarrar algum adversário. De resto, outras diferenças estão no facto de, enquanto combatermos, podermos direccionar os nossos golpes para alguma secção do corpo em específico, em conjunto com o d-pad ou analógico. Isto porque nós também podemos receber mais ou menos dano em certas partes do corpo e eventualmente ficarmos lesionados, pelo que para além da barra de vida teremos também de ter em conta o nível de dano sofrido. Para recuperar vida temos itens para o efeito ou basta ir comer uma refeição a qualquer restaurante, já para recuperar de lesões existem também alguns itens que nos ajudam, ou teremos mesmo de fazer uma visita a um médico. Sinceramente não fiquei fã deste sistema.

As cut-scenes seguem todas este estilo de arte. Infelizmente a narrativa não é a melhor, pelo que o facto de serem muito estáticas também não ajuda nada.

As mecânicas RPG são também um pouco mais acentuadas neste jogo, isto porque no final de cada combate recebemos dinheiro e agora dois tipos de experiência. A experiência “normal” leva-nos a subir de nível mas também ganhamos outros pontos de experiência associados ao estilo de luta que temos “equipado” no momento. Começamos pelo típico “street fighting“, depois pelo boxe e à medida que vamos evoluindo estes estilos ou também cumprindo sidequests poderemos ganhar muitos outros estilos de luta como wrestling, MMA, jiu-jitsu, entre outros, todos eles com algumas distinções entre si. Para além disso teremos também acesso a um dojo onde poderemos treinar e melhorar os nossos stats, bem como aprender alguns golpes especiais a troco de algum dinheiro. Dinheiro esse que é muito escasso neste jogo (talvez por jogarmos com um menor?), pelo que também poderemos participar nalguns empregos em part-time, que na verdade se traduzem em alguns mini-jogos. Desde secar noodles, servir gelados ou hambúrgueres, mas o melhor mesmo é o emprego que temos no bar de strip onde teremos de mandar uns sopapos nos membros do público que não se saibam comportar como pessoas civilizadas. Infelizmente mesmo assim o dinheiro continua escasso, principalmente se quisermos evoluir a nossa personagem a 100% ou completar o jogo na totalidade, o que inclui várias visitas dispendiosas a certos clubes nocturnos para engatar miúdas.

Muitos minijogos já conhecidos marcam o seu regresso, embora por vezes de uma maneira mais minimalista

A nível audiovisual, como já referi acima este jogo tem o distrito de Kamurocho fielmente representado e muitos dos locais que poderemos visitar nos outros jogos estão também aqui representados, embora de uma forma mais simplificada. Enquanto exploramos o mapa principal, os cenários são pré-renderizados, o que nos obriga a ângulos de câmara fixos. Já quando transitamos para algum combate, então aí os gráficos já transitam para arenas em 3D poligonal. O problema é que há pouca variedade de arenas e vamos acabar por combater sempre nas mesmas, mediante o local onde o combate foi despoletado. Por exemplo, se combatermos relativamente perto da Millennium Tower, a arena será sempre perto da sua entrada principal, enquanto que se combatermos algures na Pink street a arena será sempre na porta de entrada dessa rua.

O patch de tradução, apesar de ter ainda vários erros ortográficos, está bastante completo, faltando no entanto ainda algum conteúdo “opcional” ser traduzido.

De resto, e tal como os Yakuza das consolas de mesa, a narrativa está repleta de cut-scenes, mas aqui, ao invés de serem renderizadas com o motor e assets do jogo ou então em CGI, são todas apresentadas com desenhos como uma banda desenhada se tratasse. Inicialmente até achei piada a este conceito, mas acabou por me aborrecer ao fim de algum tempo. Por um lado porque não sou fã do traço do artista responsável pelas mesmas e isso é mesmo uma mera questão de gosto pessoal. Por outro lado porque digamos que a narrativa deste jogo é muito aborrecida ao contrário dos restantes jogos da série e muitas vezes estas cut-scenes arrastavam-se até mais não. Já no que diz respeito ao som, nada de especial a apontar ao voice acting que me parece bastante competente, nem aos efeitos sonoros que cumprem bem o seu papel. Já a banda sonora, bom gostava de ter algo melhor a dizer da mesma, mas na verdade esta acabou por me passar de uma forma completamente despercebida, isto porque practicamente apenas se ouvia música durante os combates (e estas até são agradáveis pois têm sempre uma toada mais rock). A exploração da cidade é toda com som ambiente e as cut-scenes apenas têm voz, pelo menos do que me lembro.

Infelizmente vamos andando sempre apertados de dinheiro, pelo que ocasionalmente teremos de participar em alguns empregos part-time que se traduzem em mais mini-jogos. Mas muito mal pagos.

Portanto este Yakuza Black Panther é um jogo que me deixa com um sentimento algo agridoce. Por um lado sinto que as novas mecânicas de jogo que aqui introduziram não foram mudanças para melhor, nomeadamente as mecânicas de lesões nos combates ou mesmo a enorme variedade de estilos de luta disponíveis. A narrativa está também muitos furos abaixo da série principal e sendo assim entendo perfeitamente o porquê da Sega nunca ter manifestado o desejo de trazer este título para o ocidente, ou mesmo de o relançar no mercado japonês. Mas também não quero ser demasiado penalizador, o jogo não é nada mau de todo. Só não é tão bom!