Recentemente fui desafiado por um dos meus colegas do podcast TheGamesTome para jogar este Metroid Prime 3, no âmbito da nossa rubrica “Backlog Battlers”. Bom, eu simplesmente adorei os Metroid Prime e Metroid Prime 2 na GameCube, mas apesar de ter este terceiro jogo na colecção há já bastantes anos (sinceramente não me recordo onde e quando o comprei mas foi seguramente barato), sempre o deixei em backlog porque tenho uma certa resistência em usar o Wiimote em jogos de acção. E então desde que a Nintendo lançou um remaster do primeiro Metroid Prime para a Switch, estava a aguardar que lançassem um remaster para este jogo também. Bom, entretanto lá fui desafiado a jogar esta versão pelo que aproveito para deixar aqui também a minha análise. Como tem sido habitual em posts deste género, deixo-vos também o episódio deste Backlog Battlers onde me poderão ouvir falar um pouco deste jogo, assim como os meus colegas.
A história leva-nos seis meses após os acontecimentos do Metroid Prime 2, onde a “Dark Samus“, a tal entidade phazon que “rouba” a aparência e habilidades da caçadora de prémios mais conhecida da galáxia, acaba por de certa forma se juntar aos Space Pirates, controlando-os e tornando-os mais poderosos devido ao tal phazon. O plano é então o de invadir uma série de planetas controlados pela federação dos “bons da fita”, corrompendo-os com phazon para depois se alastrar ao restante universo. E isto leva a que Samus e três outros caçadores de prémios sejam chamados por um dos líderes militares da federação para cooperar num plano para contrariar esta nova ameaça. E é logo aí que começam algumas diferenças perante os Metroid anteriores. É que pelo menos neste início de jogo (e perto do final também), Samus não está sozinha e teremos de interagir e “dialogar” (as aspas são porque Samus se mantém muda o tempo todo) com várias outras personagens, o que é um total oposto ao sentimento de solidão constante que temos nos outros jogos da série. Depois dessa introdução lá teremos de explorar vários outros planetas e aí sim, vamos estando mais sozinhos, embora sejamos contactados regularmente por uma ou outra inteligência artificial que nos vai indicando quais os próximos objectivos a cumprir.

Tal como os seus predecessores, este Metroid Prime 3 é um jogo de acção e exploração na primeira pessoa, onde à medida que vamos explorando iremos também ganhar novas habilidades que nos permitirão alcançar zonas previamente inatingíveis em vários locais. Também tal como nos outros Metroids a exploração é fortemente encorajada pois poderemos encontrar toda uma série de expansões escondidas nos cenários, como energy tanks, mísseis extra, entre outros. No que diz respeito aos power ups / habilidades, existem uns quantos que regressam de outros jogos e outros totalmente novos. Uma das diferenças mais notáveis é que Samus começa a aventura já com alguns power ups disponíveis (e que não os perde!) como é o caso da morph ball e suas bombas ou o space jump. Alguns power ups habituais não regressam neste jogo, como é o caso das super bombas e mísseis, mas para colmatar essa falha o jogo introduz uma série de novos power ups tanto para a Samus, como para a sua nave. Por exemplo, a nave pode ter um sistema de mísseis equipado que nos permite a chamar em certos locais mais abertos para abrir fogo sobre os inimigos ou obstáculos que precisem de ser destruídos. Certos locais podem também ser pontos de aterragem da nave, que poderá ser chamada para esse local recorrendo a um visor próprio. Outra das novidades aqui introduzidas é o hypermode. Basicamente a Samus também está infectada com phazon e recorrendo ao pressionar de um botão poderemos activar temporariamente o hypermode que nos deixa practicamente invencíveis e com ataques poderosíssimos, a troco da nossa barra de vida. Cada vez que activamos este modo consumimos um energy tank inteiro e a restante vida vai sendo consumida com o tempo ou com os ataques que executemos. Deveremos no entanto desactivar este modo assim que possível pois a Samus corre também o risco de sucumbir à corrupção phazon e assim levar-nos a um game over. À medida que vamos avançando no jogo, iremos também poder utilizar muitos dos power ups que vamos coleccionando nas suas versões hyper, permitindo-os serem utilizados neste modo e com características diferentes.

Mas indo para os controlos propriamente ditos e visto que o jogo foi criado para tirar partido de todas as capacidades de sensores de movimento introduzidas pelo wiimote e nunchuck, como é que isto resulta mesmo? Bom, o analógico do nunchuck controla o nosso movimento, sendo possível controlar a câmara ao apontar o cursor do wiimote para as extremidades do ecrã. Ao pressionar o botão Z podemos trancar a câmara na direcção onde estaríamos a olhar no momento e apontar livremente o cursor, sem correr o risco de mexer a câmara se o aproximarmos para as extremidades do ecrã. Com algum inimigo visível e próximo do cursor quando pressionarmos o botão Z, faz com que o mesmo fique “trancado” na câmara, permitindo-nos movimentar à sua volta. No entanto o botão Z apenas tranca a câmara, pois teremos na mesma de usar o cursor controlado pelo wiimote apontar. O botão C serve para alternar entre a morph ball e a nossa postura normal e o sensor de movimento do nunchuck serve para utilizar um dos novos power ups, o grapple lasso, que é uma espécie de chicote de energia que pode, por exemplo, ser usado para agarrar inimigos/objectos e puxá-los para nós, o que pode ser útil para arrancar os escudos de alguns inimigos que os tenham.

Passando para o wiimote, o cursor serve então para controlar a nossa mira, enquanto o botão A dispara (ou planta bombas no caso da morph ball) e o B serve para saltar ou usar a habilidade de boost assim que a tivermos desbloqueado para a morph ball. Do direccional apenas utilizamos o botão baixo que serve para disparar mísseis. O botão “-” serve para seleccionar que tipo de visor queremos equipar, se bem que inicialmente apenas temos disponíveis o visor normal de combate e o de scan, sendo possível desbloquear visores adicionais para interagir com a nossa nave ou para activar uma visão de raio-X. O botão “+” serve para activar ou desactivar o hypermode. O botão 1 é o botão de pausa que nos permite consultar o mapa, logbook ou opções e o botão 2 serve apenas para nos informar qual o próximo objectivo, ou obter algumas dicas adicionais. Portanto como podem constatar, practicamente todos os botões que temos à disposição são utilizados e alguns com usos bastante frequentes, o que acentuam o facto de o wiimote não ser um comando nada ergonómico. A mão na sua posição natural tem os botões A, B e o direccional bastante próximos. Como apenas usamos o direccional (baixo) para disparar mísseis, todas as outras funções, que ainda as iremos utilizar de forma algo regular, obrigam-nos a fazer ou uma grande ginástica no polegar, ou mudar ligeiramente a forma como agarramos no comando, ou simplesmente usar a mão que está a agarrar o nunchuck para os pressionar. Não é de todo a solução mais ergonómica ou agradável de se jogar um Metroid Prime! Entendo perfeitamente o apelo de querer mostrar as capacidades dos sensores de movimento da Wii e a forma como mudam completamente a experiência de controlo de um jogo de tiro na primeira pessoa, mas para um jogo complexo como o Metroid Prime que nos obriga mesmo a ter muitos botões distintos para diferentes acções, o resultado final não é o melhor e gostaria que o jogo nos desse, pelo menos, a possibilidade de utilizar um comando de Gamecube ou um classic/pro controller.

Uma outra diferença perante os Metroid Prime anteriores prende-se com o mapa que teremos para descobrir. Aqui em vez de um único planeta a explorar, teremos vários planetas e ainda outros locais de menor dimensão como uma nave espacial em ruínas em pleno espaço. No entanto, ao contrário dos Metroid Prime anteriores que nos apresentavam áreas consideravelmente grandes a explorar, aqui cada planeta possui vários conjuntos de áreas mais pequenas, muitas delas desconexas entre si e que apenas as poderemos visitar recorrendo à nossa nave. Para além disso, cada uma dessas áreas é bastante linear, com a maioria das salas a possuirem apenas 2 portas, uma de entrada e outra de saída. Tudo isto aliado ao facto de termos alguém constantemente a dizer-nos o que devemos fazer, tornam a exploração e não linearidade deste Metroid bem mais simples que nos seus predecessores. Por fim resta-me mencionar que o jogo possui algum conteúdo desbloqueável como diversas galerias de arte ou a banda sonora do jogo. A maior parte destes desbloqueáveis são “comprados” com várias medalhas coloridas que poderemos, na sua maioria, ganhar ao explorar veentemente tudo o que o jogo nos tem para oferecer. Fazer scans a todos os inimigos, itens ou a alguns objectos chave são apenas algumas das possibilidades. A parte mais chata são as medalhas verdes que nos obrigariam a trocar códigos com amigos no primitivo modo online oferecido pela Wii. Bah.

Passando para os audiovisuais, sinceramente acho que o jogo está bem conseguido tendo em conta que a Wii é uma Gamecube com overclock e mais memória disponível. O jogo possui melhores efeitos de luz e visto que a Wii tem mais RAM disponível também permitiu a que tivéssemos salas bem maiores, amplas e espaçosas a explorar. De resto cada planeta possui uma arquitectura muito própria e o mundos estão muito bem representados no geral. Gostei particularmente de visitar o próprio mundo dos piratas, que possui uma atmosfera bastante opressiva! Alguns outros efeitos como os reflexos da cara de Samus no seu visor ou as gotas de água ou vapor que se vão formando são mais alguns detalhes bem conseguidos. No que diz respeito ao som, já referi que o jogo possui voice acting e apesar de este não ser mau de todo, estraga um pouco todo aquele sentimento de solidão pelos quais os Metroid são bem conhecidos. Já a banda sonora é uma vez mais excelente, possuindo inúmeros temas mais atmosféricos e alguns bem tensos, como tem vindo a ser habitual na série.

Portanto, e apesar de ter sido bastante crítico deste jogo nas mais variadíssimas razões, a verdade é que este Metroid Prime 3 não deixa de ser um óptimo jogo e no fim de contas o balanço foi positivo e gostei bem do tempo que passei com ele. Pena que no entanto sejamos obrigados a usar os controlos de movimento que da forma que estão implementados realçam o facto do wiimote não ser de todo um comando ergonómico e equilibrado. Isso e ser um jogo mais simples e linear na sua exploração, apesar de ter introduzido algumas novidades interessantes como o hypermode.







