The Last Door: Complete Edition (Nintendo Switch)

Nos últimos dias acabei por ir jogar este The Last Door, um jogo que já tinha na minha wishlist de steam há muito tempo mas acabei por nunca o comprar. Quando me apercebi há uns bons meses atrás que havia sido lançada uma edição física já com todo o conteúdo incluído, então passei a estar mais atento a eventuais campanhas. E foi o que aconteceu, vi-o a um óptimo preço na Amazon algures no mês passado e lá deu entrada na colecção.

Jogo com caixa e um pequeno livro de arte que até chega a ser cómico visto que os retratos que contém têm o mesmo nível de detalhe das personagens do jogo.

O The Last Door é uma aventura gráfica do estilo point and click, sendo passada numa Inglaterra do final do século XIX (logo, época Victoriana) e com uma temática de terror ao estilo de H.P. Lovecraft. Tudo isto com visuais pixel art muito minimalistas e quem diria que mesmo assim é possível criar algo com uma atmosfera tão boa? Sem querer entrar em grandes detalhes, o jogo abre com uma cena de alguém prestes a enforcar-se, enquanto menciona que espera que um dos seus amigos consiga resolver um certo problema. E o jogo passa depois para Jeremiah Devitt, o tal amigo que recebe uma carta com um pedido de ajuda urgente, vinda da personagem que havia acabado de se enforcar, pelo que acabamos por investigar o que aconteceu realmente ali. Naturalmente, sendo este um jogo com influências dos trabalhos de H.P. Lovecraft, o que não vão faltar são referências ao ocultismo e deixo o resto da história para ser descoberta por vocês mesmos. Digo só que o jogo foi sendo lançado originalmente num formato episódico, onde todos os episódios foram sendo crowdfunded pelo kickstarter. Tirando algum conteúdo extra de menor dimensão (e que está também aqui incluído nesta versão), a história divide-se em 2 temporadas de 4 capítulos cada.

Uma aventura gráfica com um estilo visual muito retro. Mas não se iludam, resulta muitíssimo bem.

As mecânicas de jogo são bastante simples mesmo para um point and click, existindo apenas um botão de interacção com os cenários, cuja acção muda consoante o contexto. Por exemplo, ao arrastar o cursor para certos pontos de interesse do cenário, o mesmo pode ser uma lupa que tem a função de observar/comentar, uma mão para interagir ou apanhar, ou um balão de diálogo para falar. Ocasionalmente vamos coleccionando vários objectos, cujo inventário está sempre visível no ecrã, na parte inferior do ecrã. Usar um objecto é só arrastar o ponteiro, clicar para o seleccionar e arrastar o ponteiro para o alvo, clicando no fim uma vez mais. Existem também teclas de atalho (os triggers) para mais rapidamente circular pelos itens do inventário, assim como um outro botão para mostrar no ecrã todos os pontos de interesse que podem ser interagidos, o que dá sempre muito jeito.

Em baixo temos o inventário sempre visível e mesmo que queiramos combinar um objecto com o outro é super simples, é clicar num e clicar no outro em seguida!

Mas é mesmo no audiovisual que o jogo excede as expectativas, pelo menos para mim. Se forem leitores assíduos cá do espaço, já devem saber que sou um grande apreciador de uma boa pixel art. Jogos indie que o façam ainda melhor! E este não é qualquer tipo de pixel art, mas sim uma arte muito mais minimalista que poderia estar presente num computador de 8bit tipo Commodore 64. E mesmo assim, em conjunto com a banda sonora, conseguiram transparecer uma atmosfera aterradora. Não me interpretem mal, este não é um jogo assustador, mas sim com uma atmosfera bastante tensa e sempre sinistra. A banda sonora é composta por temas acústicos, principalmente simples melodias de piano, o que por um lado nos deixa um certo sentimento contemporâneo pela época em que a narrativa decorre (final do século XIX), por outro lado é também bastante eficaz em contribuir para essa atmosfera aterradora que mencionei. Não existe no entanto nenhum voice acting, com algumas vozes a surgirem apenas como som de fundo para contribuir para a tal ambiência.

Tal como nalguns clássicos, ocasionalmente temos algumas escolhas para fazer nos diálogos que poderão ter ligeiras consequências.

Portanto devo dizer que gostei bastante deste The Last Door e fiquei muito contente por ter esperado e eventualmente comprado este lançamento físico para manter na colecção. Felizmente os sistemas actuais têm vindo a receber muitos indies conceituados em formato físico, é algo que planeio continuar a explorar futuramente. Já o The Last Door, uma aventura gráfica relativamente curta, mas muito bem feito, particularmente a forma como a narrativa nos é apresentada e o pixel art minimalista que usa nos seus gráficos não prejudica o jogo em nada.

The Lady (PC)

Não confundir este jogo com o The Cat Lady, um outro videojogo igualmente bizarro e chocante, mas com muito mais conteúdo. The Lady é só bizarro e chocante por vezes, mas bastante curto, pelo que esta será mais uma super rapidinha. Se a memória não me falha, este foi comprado em conjunto com algum bundle para steam a um preço muito reduzido, como é habitual.

The LadyDescrever este jogo não é tarefa fácil pois sinceramente eu não percebi muito bem o que raio estava ali a fazer. Indo à descrição do mesmo na sua página do Steam, podemos ver que o conceito seria uma viagem por uma série de sonhos ou alucinações de uma mulher com graves problemas de depressão e ansiedade. Bom e de facto as coisas começam a fazer um bocadinho de mais sentido assim, até porque vamos lutar contra nós próprios e as coisas tornam-se mesmo bizarras por vezes.

Categorizar este jogo é difícil mas vamos chamá-lo de um sidescroller pois na verdade é isso que fazemos na maior parte do tempo, andar para a esquerda e direita ao longo de vários ecrãs. Eventualmente conseguimos desbloquear algumas portas que nos dão acesso a outras partes do nível e também teremos de combater alguns “inimigos”. Para mover usamos o esquema de WASD, mas para atacar utilizamos as setas do teclado para disparar uns projécteis – chamemos-lhes assim – nessas mesmas direcções. Para avançar no jogo teremos por vezes pequenos puzzles a resolver, mas nada de especial. Coisas como descobrir o caminho a seguir! No final de cada nível temos um boss… e se o primeiro boss acaba por ser algo mais tradicional em sidescrollers 2D, todos os outros acabam por ser algo muito diferente e inusitado: são combates de shmups com 2 cabeças a dispararem lasers pelos olhos!

screenshot
A atmosfera sempre tensa é sem dúvida a melhor coisa do jogo.

Visualmente é um jogo bastante desconcertante. A nossa protagonista, a Lady, aparenta ser mutilada, e cheia de cicratizes, com um aspecto completamente miserável. Os nossos inimigos são coisas que provocam dor, como pedaços de vidro a cair, arame farpado ou então personificações da protagonista. A música é apenas noise, pelo que em conjunto com estes visuais torna-se numa atmosfera de cortar à faca, o que para mim é realmente a única coisa que eu consigo elogiar este The Lady. O resto como conceito de jogo sinceramente achei muito fraco.