Aero the Acro-Bat (Sega Mega Drive)

Já há muito que a Sega tentava arranjar uma mascote para rivalizar com Mario e quando Sonic se revelou no sucesso que foi, declarou-se aberta a “corrida às mascotes”, pois todas as empresas de videojogos queriam o mesmo lugar na spotlight. Inúmeras foram as tentativas e o braço americano da Sunsoft, através da Iguana Entertainment, também tentou a sua sorte com este Aero The Acro-Bat. E na verdade até que fizeram um jogo de plataformas bem sólido! O meu exemplar foi comprado a um particular algures no verão deste ano. Custou-me uns 12€ se bem me recordo.

Jogo com caixa

O protagonista principal é o Aero, um morcego acrobata num circo qualquer. Por algum motivo o circo é invandido por um gangue de palhaços bandidos, liderados pelo Edar Ektor e um ex-colega de Aero, o esquilo Zero, que pelos vistos tem ciúmes do morcego por ter mais popularidade que ele alguma vez teve no circo. Começamos o jogo então no próprio circo, onde o iremos explorar exaustivamente, bem como o parque de diversões anexo, a floresta ou umas dungeons mais sinistras e que funcionam como base dos vilões.

Graficamente este até que é um jogo muito bem conseguido, com boas cores e detalhe nos cenários.

Para além da temática do circo que não é algo muito comum nos videojogos a jogabilidade deste Aero the Acro-Bat até que é bastante interessante. O jogo está dividido em 4 zonas diferentes, cada uma com pelo menos 5 níveis bem grandinhos e um boss por zona. Em cada nível podemos ter diferentes objectivos, como encontrar uma série de plataformas especiais espalhadas no nível, atravessar um certo número de arcos no ecrã, sobreviver a um percurso de montanha russa ou simplesmente explorar o nível até encontrar a saída. Indepentemente do objectivo que temos de cumprir para avançar de nível, vamos tendo vários objectos circenses ou festivos para interagir: podemos ser disparados de canhões, onde geralmente até temos de atravessar alguns anéis, saltar em trampolins, ou trapézios para mergulhar para uma piscina longínqua, andar de monociclo, etc.

Vamos perder muitas vidas ao tocar em espinhos!

Fora isso a jogabilidade é relativamente simples, com um botão para saltar, outro para atacar, ao disparar umas estrelas que servem de shurikens mas que aparecem em número muito reduzido e por fim outro botão para fazer com que Aero bata as asas e consiga levitar por alguns segundos. Como atirar estrelas não é lá muito viável pois quase nunca temos munições, o método principal de ataque do Aero consiste em ele rodopiar sobre si mesmo e projectar-se contra os inimigos, rodopiando em espiral como uma broca para furar paredes. Para isso temos de saltar e, enquanto estivermos no ar, devemos pressionar o botão de salto novamente em simultâneo com uma diagonal. Isto porque este ataque apenas funciona em diagonais, o que na verdade também acaba por ser uma mecânica chave para usar em alguns momentos mais exigentes no platforming. Isto porque, à medida que vamos avançando no jogo, vamos tendo cada vez mais obstáculos como plataformas ou superfícies com espinhos e que nos fazem logo perder uma vida se lhes tocarmos, mesmo que tenhamos a nossa barra de vida cheia.

A temática do circo não é uma coisa que se veja todos os dias.

Por outro lado também vamos tendo uma série de itens que podemos apanhar e obter usos diferentes. Os itens de comida apenas servem para nos aumentar a pontuação, as estrelas servem para atirar como shurikens, embora apareçam em muito poucos números. Os páraquedas julgo que não necessito de explicar para que servem e as asas deixam-nos voar livremente por alguns segundos. Os itens em forma de A servem para restabelecer ou extender a nossa barra de vida e podemos também encontrar vidas extra ou relógios que nos dão tempo adicional para terminar o nível em questão.

No entanto, tirando a questão das estrelas/shurikens em número muito reduzido e que já referi várias vezes, o jogo possui mais alguns pequenos problemas. Um deles é o facto que Aero ganha bastante velocidade como o Sonic. A diferença é que aqui a câmara não mantém o Aero no centro do ecrã, o que geralmente nos dá muito pouco tempo para nos desviarmos de obstáculos. Ou seja, temos de ter alguma paciência e evitar a velocidade pura, até porque como também já referi, qualquer toque em superfícies que contenham espinhos dá direito a uma vida perdida, pelo que temos de ter algum cuidado com os saltos que fazemos. E sim, também temos de ter cuidado com as diagonais que escolhemos para o duplo salto/ataque em rodopio, que também nos podem atraiçoar por vezes.

No final de cada nível a nossa performance é avaliada. Se apanharmos todos os itens e derrotarmos todos os inimigos ganhamos uma vida extra no final.

De resto, a nível audiovisual sinceramente até que gostei deste jogo. Os cenários são bastante coloridos e detalhados, principalmente nas animações do próprio Aero. As músicas são também agradáveis e variadas, tendo tanto temas com melodias tipicamente circenses, como outras músicas mais rock ou electrónica.

Portanto este Aero the Acro-Bat não é um jogo perfeito, está longe disso, mas até que teve um sucesso considerável pelo que no ano seguinte não uma, mas duas sequelas acabaram por ser produzidas. Pena que andem tão caras! De resto, este mesmo jogo foi também lançado para a SNES que pelo que me informei, é em tudo idêntico a esta versão, excepto nos níveis de bónus que foram modificados para usarem o efeito gráfico Mode 7. Para além disso, anos mais tarde foi lançada uma conversão para a Gameboy Advance, que seria até o ponto de partida para os outros dois jogos da série serem também convertidos, o que infelizmente não aconteceu.

NBA Jam (Sega Mega Drive)

Por um lado, continuando pelas rapidinhas e pelo basquetebol, hoje vamos mudar as agulhas para um tipo de jogo inteiramente diferente. Se séries como NBA 2K ou NBA Live da EA sempre tentaram reproduzir de forma fiel aquela modalidade de desporto, o NBA Jam é precisamente o contrário, até porque o jogo tem as suas origens na arcade. Aqui temos uma jogabilidade frenética de 2 contra 2, onde os jogadores possuem habilidades superhumanas e é um jogo super divertido de se jogar. O meu exemplar foi-me oferecido por um particular no Verão deste ano.

Jogo em caixa

Produzido originalmente pela Midway nas arcades, NBA Jam é uma evolução de um jogo que a própria já tinha anteriormente produzido, o Arch Rivals. A primeira grande diferença, para além dos audiovisuais que falarei mais à frente, é que este é um produto licenciado pela NBA, pelo que as equipas e jogadores são reais, para a época de 93-94. O conceito de jogo, como já referi, são partidas frenéticas de basquetebol de dois contra dois, onde não há faltas, pelo que podemos mandar encontrões nos adversários à vontade, e para além disso os jogadores conseguem fazer afundanços espectaculares, saltando muitos metros acima da superfície. Se conseguirmos encestar três bolas seguidas, ganhamos a habilidade de ficar “on fire”, onde conseguimos fazer afundanços ainda mais espectaculares. O ritmo de jogo é muito acelerado, o que torna a experiência também bastante agradável.

NBA Jam era uma autêntica loucura nos anos 90.

Começar a jogar é muito fácil, basta escolher a equipa que queremos representar e qual dos dois jogadores disponíveis queremos controlar, sendo que cada jogador tem diferentes características de velocidade, defesa, afundanços e pontaria para cestos de 3 pontos. Se preferirmos controlar sempre o jogador que tiver a bola, a versão Mega Drive (e suponho que as outras conversões para consolas também) tem essa opção que pode ser activada. Depois o jogo está repleto de easter eggs como várias personagens desbloqueáveis como o presidente norte-americano Bill Clinton e seu vice-presidente Al Gore, por exemplo. Existem também códigos que nos deixam com stamina infinita para correr de um lado para o outro, ou para ficar sempre “on fire” e por aí fora. Mas nas sequelas chegaram a fazer pequenas loucuras ainda maiores, mas isso seria para um outro artigo.

Ocasionalmente até temos uns pequenos videoclips a tocar.

No que diz respeito aos audiovisuais, é obvio que  a versão original de arcade é bastante superior, pois usa sprites digitalizadas de actores reais, muito parecidos com os atletas que tentam representar no jogo. A versão Mega Drive não tem tanto detalhe mas ainda assim não ficou nada má, com aquelas animações dos “super dunks“, ou os pequenos clips de video que tocam entretanto. As músicas são também bastante agradáveis!

Pirates of Dark Water (Sega Mega Drive)

O jogo que cá trago hoje é um daqueles que não se costuma encontrar muito facilmente (pelo menos a um bom preço) para a Mega Drive. É certo que jogos com o selo da Sunsoft nesta era dos 8 e 16bit tipicamente era sinónimo de qualidade, e talvez por isso os jogos da Sunsoft na Mega Drive (que não são assim tantos quanto isso) tenham uma procura acima do normal. O meu exemplar foi comprado algures em Janeiro de 2016, na feira da Vandoma. É apenas o cartucho, para já, e na altura custou-me 8€.

Apenas cartucho

Mas afinal o que é este Pirates of the Dark Water? Basicamente é um jogo de acção/plataformas desenvolvido pela Iguana Entertainment (estúdio que viria mais tarde a ficar famoso pela série NBA Jam) que é baseado numa série de animação da Hannah-Barbera do mesmo nome. Sinceramente não me recordo se esta série alguma vez passou na TV portuguesa durante os anos 90, mas basicamente conta a história do príncipe Ren e seus companheiros, habitantes do mundo fantasioso de Mer, que estava a ser consumido por uma substância maligna apelidada de Dark Water. Para salvar o planeta, teríamos de ir encontrar 13 tesouros mágicos e a série anda toda à volta disto, tal como o jogo.

O mapa diferentes níveis que vamos explorar. No centro temos a tal Dark Water que está a consumir o mundo e que é naturalmente o nosso destino final.

A Sunsoft publicou duas versões inteiramente diferentes para a SNES e Mega Drive. A versão SNES é um beat ‘em up como o Golden Axe, já esta versão Mega Drive é um jogo de acção/plataformas mais tradicional. Antes de cada nível temos a possibilidade de escolher qual a personagem com a qual queremos jogar, sendo que cada personagem possui diferentes habilidades. Basicamente todas elas possuem uma arma branca para o combate próximo, embora o tamanho das lâminas (e consequentemente o seu alcance) varie de personagem para personagem, e têm também um ataque especial de longo alcance que exige munições (que podem ser encontradas ao longo dos níveis) para serem usados. O príncipe atira facas, a rapariga “ecomancer” usa ataques mágicos e o brutamontes atira lanças.

Graficamente os níveis possuem muito detalhe e são bem coloridos.

Para além disso podemos apanhar outros itens ou power ups como comida que nos restabelece a barra de energia, corações que extendem a nossa barra de vida até um nível máximo, moedas que podem ser usadas para obter informações de NPCs, chaves para abrir portas, frutas ou várias poções mágicas que vão sendo armazenadas no nosso inventário. As frutas podem ser usadas com o Niddler, o pássaro-macaco que nos auxilia na aventura, por um lado para nos dar informação acerca do nível em que estamos, ou levar a personagem escolhida num nível de volta para o barco, de forma a que possamos trocar de personagens on the fly. As poções que apanhamos podem ser usadas para nos dar invencibilidade temporária, saltar mais alto, deixar os inimigos temporariamente paralisados, entre outros.

Infelizmente temos aqui alguns problemas na jogabilidade que tornam o jogo algo irritante em certas alturas. Por um lado os inimigos fazem respawn, basta movermo-nos um pouco no ecrã que se voltarmos onde estávamos antes eles voltam a aparecer. Depois por vezes o jogo coloca-nos em situações ingratas, onde teremos algum platforming sensível para fazer e a colocação de certos inimigos pode-nos atrapalhar bastante! Até porque, como é habitual em muitos jogos do género, sempre que somos atingidos saltamos um pouco para trás, o que nos pode trazer problemas se estamos a saltar entre plataformas frágeis ou escalar escadas e afins.

Sim, para além de usar as armas brancas, também podemos dar pontapés.

A nível de audiovisuais, este é um jogo que me deixa com alguns sentimentos mistos. Por um lado graficamente está muito bom, se bem que as personagens poderiam ter um pouco mais de detalhe, no entanto os níveis em si estão muito bem detalhados, são bastante coloridos e ocasionalmente lá têm uns efeitos gráficos interessantes, como a trovoada unm dos níveis nocturnos, ou as transparências deixadas pelos holofotes de uma cidade. Por outro lado acho um pouco desnecessária a forma como implementaram os diálogos. Basicamente sempre que alguém tem alguma coisa para nos dizer aparece um ecrã com uma grande parede de texto para ler, muitas vezes com mais que uma página. Poderiam ter feito as coisas de uma forma mais dinâmica, com balões de diálogo, por exemplo, sempre dava um outro aspecto mais agradável ao jogo. Já as músicas sinceramente não achei lá grande coisa. É certo que este foi um jogo apenas publicado pela Sunsoft, não desenvolvido por eles, mas o rótulo da Sunsoft costumava ser sinónimo de boas músicas.

Pena que os diálogos não sejam todos mostrados desta forma, como na introdução.

Portanto este Pirates of Dark Water é um jogo que até tem algumas boas ideias, mas a jogabilidade precisava de ser um pouco mais aprimorada. Fiquei no entanto com mais curiosidade com o beat ‘em up para a SNES, pois esse já foi desenvolvido pela própria Sunsoft. A ver se chega cá um dia destes!