Galaxy Fraulein Yuna 2 (PC Engine CD)

Há já bastante tempo que não trazia cá nada da PC Engine CD, pelo que foi agora tempo de jogar o Galaxy Fraulein Yuna 2, uma visual novel com algumas ocasionais batalhas dignas de um RPG por turnos. É a sequela do primeiro Galaxy Fraulein Yuna que cá trouxe no ano passado e tal como o seu predecessor, foi um jogo criado pela Red Company/Entertainment (Bonks, Sakura Wars) e publicado pela Hudson. E se o primeiro jogo era impressionante por todo o detalhe que tinha, este consegue ser ainda mais, tendo sido também um lançamento algo tardio da PC Engine, de 1995 para ser exacto. O meu exemplar foi comprado há algum tempo na vinted por cerca de 15€ se a memória não me falha.

Jogo com caixa, manual embutido com a capa e papelada diversa

Ora tal como o seu predecessor este é um título exclusivo do mercado japonês, porém o mesmo grupo de fãs que traduziu a sequela acabou por fazer o mesmo aqui e uma vez mais foi um trabalho de luxo, pois o jogo está repleto de cut-scenes narradas em japonês e sem quaisquer legendas, pelo que tiveram também de injectar texto nas mesmas! A narrativa continua no entanto a ser bastante ligeira. Pensem numa espécie de Sailor Moon, onde a protagonista é a jovem Yuna que acaba por se ver envolvida numa trapalhada e terá de impedir o vinda de uma poderosa vilã que irá destruir o planeta Terra. É uma história muito simples, directa e com algum bom humor, mas notoriamente voltada para um público adolescente.

Esta é uma tradução feita por fãs, de altíssima qualidade e repleta de atenção ao detalhe!

A nível de mecânicas de jogo esta é uma visual novel onde ocasionalmente teremos de escolher que acção queremos fazer a seguir, como observar algo à nossa volta, falar com alguém ou interagir com alguma coisa. No entanto é extremamente linear pois na grande maioria das vezes apenas temos uma acção disponível para desencadear. Pelo meio da narrativa vamos tendo algumas batalhas que são uma vez mais influenciadas pelos RPGs clássicos de batalhas por turnos. As acções que podemos fazer são dadas por um sistema de cartas, sendo que cada figura representa uma acção específica, como atacar, defender (e posteriormente contra-atacar), insultar a adversária (o que faz com que os seus próximos ataques não sejam tão fortes), regenerar vida, ou pedir ajuda a alguma amiga que toma temporariamente o lugar de Yuna na batalha, enquanto esta descansa e recupera alguns pontos de vida em background. As primeiras batalhas vão ser bastante simples, já as seguintes começam a ser gradualmente mais frustrantes, devido à natureza aleatória das cartas que nos saem. No entanto, usar essas habilidades especiais de insultar, defender, curar ou chamar alguém para nos ajudar terão de ser usadas frequentemente para termos sucesso! De resto o jogo possui também alguns mini-jogos em certos pontos da história, bem como vários segmentos onde temos de percorrer labirintos na primeira pessoa, embora com um scrolling longe de ser tão bom quanto o do Phantasy Star.

A história é simples e nitidamente orientada para adolescentes, mas ao menos tem algum bom humor e visualmente está muito bem conseguida

A nível audiovisual este é um jogo excelente e que uma vez mais tira todo o partido das capacidades adicionais oferecidas pela tecnologia Super CD-ROM², que adiciona alguma RAM adicional à PC-Engine. Temos então várias cut-scenes animadas como se fosse um anime (embora nada de full motion video como na Mega CD), tudo muito colorido e bem detalhado, mesmo durante a narrativa normal. Todos os diálogos, e sublinho mesmo todos, são narrados em japonês e a narração parece estar bastante competente, sendo que não entendo quase nada de japonês. No entanto visto que o CD de jogo está carregado de audio de voz, a grande maioria das músicas não são de qualidade CD-Audio (a excepção vai para os temas de abertura e fim do jogo), pelo que a restante banda sonora é toda ela em chiptune, o que não são necessariamente más notícias, visto que a PC-Engine sempre teve um chip de som competente para a sua idade. Tal como o jogo em si, a banda sonora está repleta de músicas agradáveis e com uma sonoridade algo ligeira.

O problema é mesmo as batalhas que dado à natureza aleatória das acções que podemos desencadear poderão se tornar frustrantes a partir da segunda metade do jogo.

Portanto, apesar de muito simples tanto nas acções que temos para fazer como na própria narrativa, este Galaxy Fraulein Yuna é um jogo (90% visual novel) visualmente bastante apelativo para o sistema em que foi lançado e algo agradável de se jogar, pecando principalmente pela aleatoriedade dos combates, que nos poderá trazer algumas frustrações em batalhas mais adiantadas na história. De resto a série Yuna continuou com alguns lançamentos depois deste de 1995. O sistema (fracassado) sucessor da PC-Engine (PC-FX) recebeu um spin-off que creio que não possui ainda nenhum patch de tradução feito por fãs e a Sega Saturn recebeu mais tarde um remake do primeiro jogo, também sem tradução. A mesma consola da Sega recebe também o Galaxy Fraulein Yuna 3, cujo é relançado pouco tempo depois na Playstation com algum conteúdo adicional. Essa versão foi também traduzida pela mesma equipa, pelo que é um jogo que ficou definitivamente no meu radar!

China Warrior (TurboGrafx-16)

Vamos voltar à Turbografx-16/PC-Engine para um título de lançamento, pelo menos no mercado norte-americano. Fortemente inspirado por títulos como Kung Fu, este China Warrior é também um beat ‘em up simples, puramente em 2D. É no entanto um jogo graficamente impressionante para os padrões de 1987. O meu exemplar é mais um dos jogos de distribuição nacional (aqui carinhosamente apelidado de GUERREIRO CHINA) e o meu exemplar foi comprado na vinted há uns meses atrás.

Jogo com caixa e manuais, incluindo um português.

Ora neste jogo controlamos então um lutador de Kung-Fu que, de acordo com o manual, deve salvar uma antiga população de ter sido tomada de assalto por um grupo de vilões, liderados por um tal de Boss Kara. O que interessa é que vamos ter de andar à pancada com muita gente, bem como deflectir/desviar de vários projécteis que nos vão sendo atirados como pedras, facas ou outras armas brancas ou até pequenos animais como morcegos.

Estes power ups, que de acordo com o manual são pacotes de chá, são preciosos para nos regenerar e extender a barra de vida

E este é um jogo em que o ecrã se movimenta constantemente da esquerda para a direita (pausando sempre que atacamos ou nos agachemos) com todos os inimigos/obstáculos a surgirem à nossa frente. Os controlos são os seguintes: os botões faciais servem para distribuir socos e pontapés, com o direccional a servir para movimentar a nossa personagem, incluindo saltar, o que para mim nunca é uma ideia lá muito boa num beat ‘em up. Certos golpes especiais como um jump kick ou um soco mais poderoso podem ser desferidos com certas combinações com o direccional, mas infelizmente nem sempre os comandos respondem atempadamente. A dificuldade do jogo está portanto na quantidade de inimigos e obstáculos que nos vão sendo impostos, o que nos irá obrigar a uma memorização de cada nível e do timing certo para atacar.

Visualmente era de facto um jogo impressionante para a época, pena que a jogabilidade não seja a melhor

Felizmente no entanto este não é um dos caso de um jogo em que ao mínimo dano sofrido perdemos uma vida, pois temos uma barra de energia a ter em conta. Ocasionalmente poderemos encontrar alguns itens que nos regenerem/extendem a barra de vida e uma outra curiosidade acerca deste jogo é o facto de aparentemente não termos um limite no máximo que a nossa vida poderá ter. Começamos com uma barra de vida prateada com 10 unidades e caso consigamos ultrapassar esse valor graças aos tais power ups, a barra de vida passa a ser dourada, podendo ainda ser incrementada mais níveis, mas a sua cor nunca muda. Ainda assim, é muito difícil acumular tanta vida quanto isso dado à dificuldade do jogo.

Entre cada zona temos direito a um mini jogo de bónus. O objectivo é o de acertar no jarro no máximo da nossa força, para ganhar o máximo de pontos possível

De resto convém também mencionar que o jogo está dividido em 4 zonas distintas, cada qual com 3 níveis e no final de cada um desses níveis temos um boss para defrontar. Para além disso, entre zonas vamos tendo também um nível de bónus com um mini-jogo que nos permite ganhar mais pontos, sendo que poderemos ganhar preciosas vidas extra sempre que ultrapassarmos certas pontuações. Por fim, como acontecia em muitos jogos dessa época, chegando ao fim somos lançados num segundo ciclo com uma dificuldade superior. Há 3 ciclos ao todo, supostamente todos com finais ligeiramente diferentes entre si, mas sinceramente não me dei a esse trabalho.

Um detalhe gráfico interessante é o dano sofrido pela personagem, quanto menor for a nossa barra de vida, mais ensanguentados vamos ficar.

A nível audiovisual este era um jogo realmente impressionante para os padrões de 1987 com as suas sprites gigantes, relativamente bem detalhadas e animadas e sem afectar a sua performance. No entanto não há uma variedade assim tão grande de inimigos, particularmente aqueles de capuz que surgem em 3 variações de cores diferentes. O boss dos primeiros 3 níveis é também o mesmo mas com cores diferentes, já ao longo dos níveis seguintes vamos encontrar variações de 3 outros bosses distintos (em que um deles é igual à nossa personagem, mas com cores diferentes), mas o boss final. Já no que diz respeito aos cenários, o primeiro conjunto de níveis é passado no exterior, com montanhas em plano de fundo e a altura do dia a ser diferente de nível para nível. Esses cenários não são lá muito bonitos embora tivessem alguns ligeiros efeitos de parallax scrolling. Os cenários dos níveis seguintes sinceramente já me parecem mais interessantes! Em relação à banda sonora, esta não é muito variada, havendo muita repetição de músicas, mas ao menos essas até que são bem agradáveis.

Os bosses estão também bem detalhados, pena que se repitam tanto com variações de cores.

Posto isto, o China Warrior é um jogo que foi feito certamente para ser uma demo técnica e mostrar, em 1987, o que uma consola nova como a PC-Engine poderia fazer. Colocar este jogo frente a frente ao Kung Fu na sua versão NES é uma diferença abismal. No entanto a sua jogabilidade não é muito boa e uma maior variedade de inimigos e bosses seria também muito bem-vinda, embora compreenda que a Hudson não quereria mesmo passar a barreira dos 256kB para não encarecer demasiado o jogo.

Dungeon Explorer (Turbografx-16)

Vamos voltar à plataforma da NEC/Hudson para um daqueles jogos que é considerado por muitos como um clássico na plataforma. Desenvolvido pela Atlus e publicado pela Hudson, este é um jogo largamente influenciado pelo Gauntlet, embora possua um pouco mais de elementos RPG. O meu exemplar foi comprado algures em Abril num lote de vários jogos Turbografx-16 que comprei a um particular, sendo todos eles edições distribuídas oficialmente em Portugal, com um manual adicional em português.

Jogo com caixa e manuais, edição distribuída em Portugal

A história leva-nos a controlar uma de várias personagens possíveis que, a pedido do rei lá do sítio, teremos de procurar um poderoso artefacto. Para isso, e como o próprio nome do jogo bem o indica, teremos de explorar toda uma série de dungeons repletas de inimigos. Antes de tudo isso, no entanto, teremos de escolher que personagem queremos representar. O jogo oferece-nos 8 personagens distintas que podemos controlar, cada qual com diferentes características e ainda poderemos desbloquear mais algumas ao decorrer da aventura. Independentemente da personagem escolhida, todas elas possuem ataques à distância. Para além de ataques físicos, cada personagem terá também diferentes habilidades de magia branca ou negra que poderá utilizar.

Cada personagem possui diferentes atributos físicos e habilidades mágicas

O jogo está então dividido num castelo central, o qual iremos visitar recorrentemente quanto mais não seja para tentar descortinar qual a masmorra a visitar a seguir, com várias outras localizações e masmorras à sua volta e cujas passagens se vão desbloqueando à medida que vamos progredindo. As dungeons, tal como no Gauntlet, vão sendo cada vez mais labirínticas e estão repletas de geradores de inimigos, que deverão ser destruídos assim que possível. No final da mesma, teremos um boss para derrotar. Explorando iremos também encontrar vários itens, desde “munições” para as magias, outros melhoram temporariamente algum dos nossos stats, regeneram a nossa barra de vida ou até nos dão vidas extra. E sim, tal como no Gauntlet poderemos destruir estes power ups se não tivermos cuidado. No que diz respeito aos controlos as coisas não poderiam ser mais simples, com um botão para atacar, outro para usar magias e o select para alternar a selecção entre magia negra ou branca.

Sim, este jogo permite-nos jogar com 5 pessoas em simultâneo!

De resto, como podem calcular, o jogo não é propriamente fácil e não adianta nada fazermos “grinding” de experiência pois a nossa personagem apenas sobe de nível (e por conseguinte fica mais forte) sempre que derrotamos um boss. Mas também não é muito castigador, pois apesar de termos um sistema de vidas, sempre que as perdemos todas temos uma password que poderemos reutilizar. Essa password grava o nosso nível actual e o progresso do jogo no geral, embora o recomecemos na área de início, perto do castelo, tendo por isso de fazer o caminho todo de volta até à dungeon onde estávamos. E sim, apesar de o jogo ser linear, saber ao certo para onde ir a seguir pode ser um pouco intimidatório. Por fim convém mesmo referir o facto de o jogo suportar multiplayer com até 5 jogadores em simultâneo, apesar de todos os jogadores no activo partilharem a mesma pool de 5 vidas.

Tal como no Gauntlet, temos vários geradores de inimigos que deveremos destruir sempre que possível. E os power ups também podem ser destruídos por acidente!

A nível audiovisual sinceramente até acho o jogo muito bem conseguido para um lançamento de 1989. O ecrã inicial está repleto de múltiplas camadas de scrolling, algo que o hardware não suporta nativamente e as dungeons em si vão sendo algo variadas, embora não tenham assim tanto detalhe quanto isso. A banda sonora é bastante boa, do melhor chiptune que a Turbografx/PC-Engine tem para oferecer, na minha opinião! Pena no entanto que a narrativa do jogo não seja grande coisa.

Portanto estamos aqui perante um jogo desafiante mas bastante interessante do catálogo deste sistema. A possibilidade de multiplayer cooperativo para 5 pessoas em simultâneo, cada qual controlando uma personagem com características e magias diferentes pareceu-me bastante interessante e creio que o jogo até deve ter tido relativo sucesso pois 4 anos depois sai uma sequela (agora em formato CD-ROM²) que por sua vez acaba por ser localizada e lançada em solo americano também no mesmo ano.

Winds of Thunder (PC Engine CD)

Vamos voltar à PC Engine CD para um dos imensos shmups que fazem parte da biblioteca destes ecossistema da NEC/Hudson, embora este seja possivelmente um dos melhores. É uma espécie de sequela do Gate of Thunder, pois ambos foram desenvolvidos pela mesma equipa da Red e são ambos shmups horizontais. É também conhecido por Lords of Thunder, nome do seu lançamento ocidental da Turbo CD e também na Mega CD, embora essa versão seja um pouco diferente. O meu exemplar foi comprado a um particular na vinted algures no passado mês de Dezembro. Não é um jogo barato infelizmente, mas como tinha lá algum saldo disponível na plataforma, o rombo nas finanças não foi grande.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

Ao contrário do Gate of Thunder que tinha uma temática de ficção científica, aqui somos transportados para um mundo fantasioso, onde controlamos Landis, um guerreiro super poderoso que pretende travar o regresso de Zaggart, uma criatura demoníaca que outrora havia conquistado aquele mundo. Na verdade a história não interssa muito neste tipo de jogos, o que não podia ser mais verdade no caso deste Winds/Lords of Thunder, mal começamos a jogar!

Ao contrário do seu predecessor, este título segue uma temática de fantasia que sinceramente acaba por resultar muito bem

A nível de controlos as coisas não poderiam ser mais simples com um dos botões faciais a ser usado para disparar a nossa arma primária e o outro para usar as bombas capazes de causar dano em vários inimigos em simultâneo. E a primeira coisa que reparamos é que antes de começar o jogo podemos escolher não só o nível onde queremos começar, mas também que armadura queremos equipar. Pois sim, podemos jogar os 6 níveis iniciais pela ordem pela qual bem entendermos, com o último nível a ser desbloqueados apenas quando terminarmos todos os restantes. As armaduras vêm nos sabores dos quatro elementos (Água, Fogo, Ar e Terra) onde mediante a nossa escolha os padrões de disparo e as bombas são completamente diferentes. Para além disto, Landis está também munido de uma poderosa espada, que é usada automaticamente quando atacamos muito próximo de algum inimigo. A espada é sem dúvida bem mais poderosa que as nossas armas, mas para a usar temos de nos colocar em risco devido ao seu curto alcance.

O jogo é completamente não linear, deixando-nos jogar os níveis pela ordem que bem entendermos, excepto o último que apenas fica disponível assim que completarmos todos os outros.

Como é normal neste tipo de jogos, à medida que vamos jogando podemos também apanhar toda uma série de power ups ao destruir inimigos. Os mais comuns são cristais coloridos que servem de unidade monetária. Isto porque antes de começar cada nível, para além de escolher a armadura a equipar, somos também levados para uma loja onde poderemos utilizar esses créditos para comprar itens adicionais desde escudos que nos protejam de dano, bombas extra, continues ou regenerar as nossas barras de vida e “poder”. Se bem que estes últimos são também itens que podem surgir normalmente durante o jogo e convém também referir que quanto maior a nossa barra de poder, mais poderosos serão os nossos ataques! Isto torna as armaduras de água e fogo especialmente poderosas, na minha opinião. Por exemplo, a de água é a única que nos permite disparar em simultâneo para a esquerda e direita!

Antes de cada nível podemos também comprar uma série de power ups, pelo que ir matando inimigos e apanhar os cristais coloridos que largam é importante!

Já no que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo excelente. Os cenários são bastante diversificados entre si, atravessando florestas, cavernas, zonas repletas de gelo, castelos, etc. E mesmo durante cada nível há sempre coisas interessantes a acontecer, sejam os cenários a mudar, seja algum obstáculo ou inimigo algo surpreendente a surgir do nada. E graficamente é também um óptimo jogo, com os níveis muito bem detalhados, repletos de bonitos efeitos gráficos como parallax scrolling e claro, bosses gigantes e com um design artístico fantástico. A acompanhar toda esta acção está uma das melhores bandas sonoras de sempre. Sim, são guitarradas de heavy metal, com riffs e solos bem orelhudos! Se conhecem as bandas sonoras da série Guilty Gear esperem pelo mesmo estilo e nível de qualidade neste jogo! E claro, sendo este um jogo em CD, as músicas são todas em CD Audio. Para além disso ocasionalmente temos algumas cut-scenes muito bem detalhadas e animadas, sob a pena de a versão ocidental deste jogo ter cortado os seus diálogos.

O que dizer do design dos bosses? São excelentes!

Portanto este Winds/Lords of Thunder é um excelente shmup na biblioteca da PC Engine. A sua acção frenética, aliada a uma boa jogabilidade, excelentes gráficos e uma banda sonora de bradar aos céus tornam este jogo um grande clássico. Em 1995 acaba por sair uma conversão para a Mega CD que traz algumas diferenças a nível gráfico e de jogabilidade, embora seja também uma óptima versão. A grande diferença da versão Mega CD é a banda sonora ter sido toda regravada e bem mais produzida, soando agora bem mais limpa. As músicas são as mesmas, mas na PC Engine o som é bem mais cru.

Galaxy Fräulein Yuna (PC Engine CD)

Continuando por exclusivos nipónicos, vamos agora voltar à PC Engine CD para um jogo da Hudson e Red que tira todo o partido das capacidades deste sistema, em particular da memória extra que a tecnologia Super CD-ROM² inclui. É que este é uma aventura gráfica / visual novel repleta de vozes, animações e gráficos coloridos e bem detalhados. Para um lançamento de 1992 é impressionante e sim, felizmente existe uma tradução feita por fãs que eu aproveitei. O meu exemplar foi comprado na vinted a um particular algures em Janeiro de 2022, já não me recordo quanto custou ao certo, mas foi barato.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

A história leva-nos a controlar a jovem Yuna Kagurazaka, que havia recentemente vencido um concurso de “beleza galáctica” ou algo do género, tornando-se então bastante popular pelo universo fora. A certa altura Yuna é visitada por Elner, um pequeno robot algo semelhante a uma fada que lhe diz que ela é a salvadora do Universo, que estava prestes a ser invadido pelas forças das trevas. Elner confere-lhe também alguns poderes e uma armadura toda sci-fi, pelo que lá teremos então de salvar o universo. E por salvar o universo entenda-se explorar vários planetas e combater várias outras adolescentes da mesma idade da Yuna que teriam sido corrompidas pelos poderes das trevas.

Esta é uma visual novel / aventura bastante simples na sua história e exploração

O jogo é então, na sua maioria, uma aventura gráfica / visual novel, onde, tal como em títulos como o Snatcher, vamos poder explorar vários locais e interagir com diversas pessoas com base num menu com várias acções que poderemos tomar em cada situação. Tipicamente essas resumem-se a “observar”, “falar” ou “mover”, se bem que em situações específicas vamos tendo outras acções que poderemos tomar. É uma aventura simples onde muitas vezes apenas conseguimos avançar para o ecrã seguinte enquanto não exaustamos todas as opções. Mas para além da exploração vamos tendo toda uma série de combates contra as restantes fraulein. E estes combates são travados como se um RPG por turnos se tratasse, onde poderemos atacar de diversas formas (incluindo através do insulto!) ou defender entre turnos. Tipicamente os nossos ataques causam sempre mais dano que os dos nossos oponentes, portanto creio que seja difícil perder esses combates também.

Para além de todo o texto, vamos tendo algumas batalhas por turnos que mais parecem um anime!

Mas onde o jogo impressiona mesmo é na sua qualidade visual. Isto porque o mesmo está repleto de cutscenes animadas e diálogos com vozes, para além de termos a possibilidade de visitar diversos planetas bastante distintos entre si, o que resulta numa grande variedade de cenários que nos são apresentados. Até tem uma cut-scene de abertura como se um anime se tratasse! As batalhas também são graficamente bem animadas e detalhadas e não posso deixar de dar os meus parabéns à equipa que trabalhou na tradução não oficial deste jogo. Isto porque o jogo possui imensas cut-scenes com voz apenas (sem legendas) e tendo em conta as limitações técnicas da PC Engine, conseguir fazer um hack para adicionar legendas nesses trechos é um feito que não está ao nível de muitos. De resto, nada de especial a apontar às vozes que me parecem bem competentes para um jogo de 1992. A banda sonora é também composta de vários temas agradáveis e, como o jogo tem imensos clipes de voz, a maior parte da banda sonora é composta por músicas chiptune para economizar espaço no CD. A PC Engine tem um bom chip de som, portanto nada se perdeu!

O jogo está repleto de cutscenes muito bem detalhadas e que foram cuidadosamente traduzidas, com legendas adicionadas

Portanto este primeiro Yuna é um título que apesar de ser bastante simples na sua história e mecânicas de jogo, não deixou de ser bastante agradável de se jogar, quanto mais não seja por todos os “luxos” que o mesmo tem na sua apresentação. Apesar deste Yuna ter sido uma propriedade intelectual criada especialmente pensada para videojogos, ainda teve um sucesso considerável no Japão, com várias sequelas e relançamentos a surgirem para diversos sistemas, assim como animes ou CDs de música. O Galaxy Fraulein Yuna foi traduzido para inglês pela mesma equipa e planeio jogá-lo em breve!