Blade Dancer (Sony Playstation Portable)

A PSP é uma das minhas consolas portáteis preferidas. O seu catálogo de jogos, para além de incluir títulos de qualidade muito próxima à da Playstation 2, o que na altura para uma consola portátil era muito bom, tinha também um excelente reportório de títulos mais retro e/ou uns quantos relançamentos de RPGs, muitos deles que nunca tinham saído antes na Europa. O seu catálogo de RPGs é um dos pontos fortes que mais me agrada, mas nem todos são bons. Infelizmente este Blade Dancer recai mais nesta última categoria. O meu exemplar foi comprado em Maio de 2016 numa CeX por 3.5€.

Jogo com caixa e manual

A (pouca) história leva-nos a controlar o jovem Lance, que parte para a aventura na distante ilha de Foo. Quando lá chega, e após explorar as terras à volta da cidade de Jade, a capital local, começamo-nos a aperceber de uma trama maior e Lance é na verdade um descendente do Blade Dancer, um guerreiro que lutou contra as forças do mal do Dark Lord, muitos anos antes. O Dark Lord que entretanto acaba por ser ressuscitado portanto já estão a ver onde isto vai dar. Presumo que o Blade Dancer era suposto ter uma sequela, pois a história termina num cliffhanger gigante, mas como o jogo não teve o sucesso esperado, a sequela acabou por ficar na gaveta.

Apesar dos visuais não serem os mais bonitos, ao menos temos voice acting numa grande parte dos diálogos

No que diz respeito às mecânicas de jogo, este é um RPG com batalhas por turnos mas com os inimigos visíveis no ecrã, pelo que as batalhas são despoletadas só após entrarmos em contacto com algum inimigo no mundo. Independentemente dos inimigos que iremos defrontar, todos são representados como caveiras azuis que vão vagueando pelo mundo. A partir de um certo ponto na história, essas caveiras azuis podem-se transformar ou fundir com outras caveiras, resultando em caveiras cinzentas que simbolizam inimigos muito mais poderosos. Já nas batalhas em si, esperem pelas opções habituais, mas no que diz respeito às magias e/ou golpes especiais, estas possuem mecânicas algo diferentes. Chamadas de Lunabilities, estas habilidades partilham de uma mana pool que é usada por todas as personagens da nossa party e cuja se vai enchendo à medida que vamos combatendo. De resto, contem também com um sistema de crafting que nos permite criar uma série de itens e equipamento, bem como o facto das armas (e felizmente apenas as armas) possuirem uma durabilidade limitada, pelo que teremos de ter sempre alguns backups em inventário (que por sua vez também é limitado). Ah, e o desgaste das armas não pode ser reparado.

Temos uma mana pool dinâmica que pode ser usada por todos na batalha

Até aqui tudo bem, mas então porque é que o jogo tem má fama? Bom, para além da história não ser nada de especial, nem as personagens carismáticas, o problema principal é por ser um jogo lento e, à falta de melhor palavra, aborrecido como o raio. Vamos ter de andar a percorrer as mesmas regiões vezes sem conta (principalmente se quisermos fazer as sidequests que nos vão sendo requeridas pelos NPCs), mas não temos aqui nenhum mecanismo de fast travel, nem nenhuma habilidade que nos permite teletransportar para as cidades visitadas. Só já perto da fase final do jogo é que desbloqueamos um sistema de portais que nos permite viajar de imediato entre as 3 cidades principais e a Luna Tower, mas mesmo assim não é bom o suficiente.

Tendo em conta que o crafting pode falhar, é sempre bom fazer save antes de tentar

A nível audiovisual, bom sinceramente nem o achei mau de todo. É certo que as localizações que vamos explorar não são necessariamente as mais cativantes, mas não há muito que possa apontar ao detalhe gráfico, pois parece-me ter gráficos bem competentes para o que a PSP pode fazer. Temos é muita pouca variedade de inimigos, o mesmo modelo poligonal é apresentado em múltiplas cores para representar inimigos diferentes. Já no som, as músicas são poucas, mas as poucas que existem não as achei nada más. No que diz respeito ao voice acting, temos disponível tanto o original japonês como em inglês. Gosto do facto de terem mantido o voice acting japonês, que foi o que acabei por usar. Nada tenho a apontar ao inglês pois nem sequer o ouvi!

Outra das coisas irritantes é o facto de termos de seleccionar o alvo a interagir, sejam tesouros, pessoas para falar ou outros objectos para interagir, como portas e portais

Portanto este Blade Dancer é um jogo que infelizmente não resultou tão bem assim. A sua lentidão no geral, as sidequests aborrecidas e as inúmeras viagens que teremos de fazer ao longo do mapa mundo sem qualquer atalho irão sem dúvida testar a vossa paciência. Para não falar das armas frágeis e sem possibilidade de as repararmos, pelo que teremos de ter isso em consideração num inventory management já algo exigente pelo limite de itens que podemos carregar. Mas com aquele cliffhanger, é mesmo a machadada final, visto que a eventual sequela nunca chegou a sair. Dragoneer’s Aria é dos mesmos, mas um jogo diferente.

Last Rebellion (Sony Playstation 3)

Ora cá está um JRPG que foi tão criticado após o seu lançamento (aparentemente até responsáveis da NIS, Nippon Ichi Software, pediram desculpa pela sua péssima qualidade), que o seu preço acabou por cair a pique. Lembro-me de o ver novo na FNAC há uns valentes anos a ser despachado por algo entre os 7 e os 10€ e eu na altura acabei por não aproveitar, mas vim a comprá-lo mais tarde numa Cash Converters a um preço semelhante. E é verdade que é um jogo muito pouco polido e com imenso potencial desperdiçado, mas também já joguei muito pior.

Jogo com caixa e manual

Começando pela história, esta é mediocre. Basicamente somos levados para o mundo de Junovald, governado pelos deuses Formival e Meitilia. Formival é o responsável por trazer vida ao mundo, enquanto Meitilia é a deusa da morte. Tudo estava bem, o balanço entre vida e morte estava equilibrado, mas um dos deuses decidiu tramar alguma e quebrou o balanço. Certamente pensaríamos que Meitilia estava por detrás disso, mas não, foi Formival, o deus da vida que quebrou esse equilibrio, ao ressuscitar as almas de quem morre, muitas vezes em monstros e demónios e lançando aquele mundo num caos de várias guerras e conflitos. Para tentar restaurar o equilíbrio natural entre vida e morte, e para defrontar as forças de Formival, as nações de Junovald apoiam-se nos talentos de 2 tipos de guerreiros, os Blades e os Sealers. Os primeiros são guerreiros de elite, enquanto os sealers têm o poder de destruir almas, evitando que sejam ressuscitadas. Pois bem, nós vamos acabar por controlar ambos, nomeadamente o blade Nine, e a sealer Aisha, mas com a particularidade de ambos serem almas distintas que partilham o mesmo corpo físico. É que coisas acontecem logo no início do jogo e Nine acaba por ser assassinado durante um ataque surpresa, mas Aisha consegue ressuscitá-lo recorrendo a um feitiço proibido, com ambas as almas a partilharem o mesmo corpo. Sinceramente até achei este conceito bastante original e interessante, mas a narrativa acaba por ser mesmo muito medíocre e a história não evolui grande coisa.

O sistema de batalha é interessante e se for explorado em nosso proveito, pode-nos facilitar imenso todo o grinding

A jogabilidade, principalmente a dos combates, também é interessante mas infelizmente mais uma vez ficou ali muito potencial desperdiçado. Quando estamos fora de combate, podemos alternar entre a forma física de Nine ou Aisha, sendo que forma de Aisha vamos regenerando os pontos de vida, enquanto que na forma de Nine regeneramos os pontos de mana. Tanto numa forma como noutra poderemos também aceder ao menu e usar itens ou magias, como regenerativas, ou outras úteis como run ou float, que nos premitem andar bem mais rápido ou flutuar durante algum tempo. Agora o problema aqui é que cada personagem possui um set de magias distintas, mas quando abrimos o menu das mesmas, vemos as magias de ambas as personagens, mas apenas podemos executar as da personagem que estamos a encarnar no momento! Era um problema de fácil solução, digo eu…

Mas passando para o sistema de combate, este é um RPG com combates por turnos, embora os combates não sejam aleatórios, pois os inimigos estão visíveis enquanto navegamos pelo mundo. Temos um turno para os inimigos e um turno para nós, onde aqui já conseguimos controlar Nine e Aisha separadamente, e onde poderemos seleccionar as magias de cada um isoladamente, sem confusões. Mas o foco do jogo está precisamente no sistema de stamping e seus combos. Os ataques físicos são stamp attacks, onde poderemos definir que zonas do corpo dos adversários queremos atingir e por qual ordem, sendo que cada zona do corpo seleccionada consumimos um Chain Point, cuja reserva é tipicamente muito mais reduzida quando comparada com a barra de vida ou de mana. Ora à medida que vamos atacando (e acertando!) nas diferentes partes do corpo dos adversários, estas ficam marcadas por alguns turnos (número visível no ecrã), sendo que depois poderemos activar as stamp magic, ou seja, magias ofensivas que irão atingir todas as zonas previamente marcadas. Ora isto vai resultando numa grande sequência de pontos de dano!

Os inimigos estão todos visíveis nas zonas que exploramos, excepto aqueles que temos de desmascarar com o feitiço True Sight

Para além disso, se acertarmos nas partes do corpo dos inimigos por uma certa ordem, para além de darmos mais dano, o jogo vai também activando um sistema de combos que irá resultar num multiplicador de pontos de experiência no final da batalha. É certo que adivinhar as fraquezas de cada inimigo deveria ser um sistema de tentativa erro, mas a informação está toda na internet. Então por cada inimigo novo, podemos memorizar a ordem pela qual atacamos as suas partes do corpo com o botão L1 e posteriormente basta chamá-las com o botão R1 nos combates seguintes. Facilmente conseguimos chegar a combos de 999 pontos bónus, o que nos vai dando boosts de experiência astronómicos, tornando o jogo muito fácil do início ao fim. À medida que vamos subindo de nível, os inimigos vão-nos dando cada vez menos (ou nenhuma!) experiência, pelo que os multiplicadores deixam de fazer sentido até conseguirmos encontrar inimigos mais fortes na zona seguinte. Mas tirando o facto de podermos explorar este sistema para tirar muita vantagem a nosso proveito, mais uma vez há aqui coisas que não fazem muito sentido, como por exemplo muitas das magias ofensivas que vamos desbloqueando. É que tirando as magias elementais de fogo, gelo e electricidade, todas as outras que experimentei não funcionaram uma única vez. Depois de ter investigado na internet, aparentemente essas magias foram feitas para funcionar apenas num ou noutro tipo de inimigos, que tipicamente aparecem numa zona e depois nunca mais. Mais um desleixo da Hitmaker!

Tipicamente devemos aproveitar os bosses para conseguir multiplicadores de 999 pontos bónus e ganhar milhares de pontos de experiência no final

Mas ainda no sistema de combate, apesar de aqui podermos controlar Nine e Aisha separadamente, ambos continuam a partilhar o mesmo corpo, pelo que a barra de vida, mana e chain points é comum a ambos. Ou seja, se um sofrer pontos de dano, ambos são afectados. Para além disso, se um for envenenado, paralizado ou sofrer outra alteração de estado qualquer, ambos são uma vez mais afectados, o que pode dificultar um pouco as coisas se não explorarem o sistema de combate para tornarem as vossas personagens overpowered ao longo de todo o jogo. E convém também referir que uma vez derrotados os inimigos, a batalha ainda não terminou. É esta a altura de usar as habilidades especiais de Nine ou Aisha, com Aisha a poder selar as almas dos inimigos derrotados, absorvendo alguns pontos de vida no processo. Já Nine pode absorver pontos de magia, mas isto não derrota os inimigos completamente, pelo contrário acelera o seu processo de ressuscitamento, caso Aisha não os sele atempadamente.

As áreas que iremos explorar vão-se tornando algo labirínticas na segunda metade do jogo, mas nada de muito confuso

Já no que diz respeito aos audiovisuais, vamos por partes e começar pelo som. A banda sonora parece-me variada e com algumas músicas bem agradáveis até. Temos voice acting em inglês em todas as cutscenes e apesar deste até ser minimamente decente, com Nine a ser uma personagem bastante sarcástica, a verdade é que a narrativa no geral é muito pobre, pelo que os talentos dos actores também nunca são propriamente aproveitados. Gostaria de ter a possibilidade de ouvir o voice acting em japonês, mas aparentemente a versão japonesa nem voice acting tem pelo que li por aí (corrijam-me se estiver errado), o que acaba por ser um ponto positivo para esta versão ocidental. Agora o problema é que os volumes estão completamente desregulados e apesar de ser possível ajustar o volume de vozes, músicas e efeitos sonoros nas opções, na verdade mesmo sem mexer em nada vamos ter volumes distintos para as mesmas coisas em diferentes partes do jogo. Logo a começar na cutscene inicial de apresentação que está num volume bem mais baixo do que todo o restante jogo. Mais um sinal de desleixo!

A história vai sendo ilustrada com uma série de imagens estáticas desenhadas e pintadas à mão

Agora a nível gráfico… bom… quase que me atrevo a dizer que já vi jogos de PS2 mais bonitos. Na verdade não deve ser bem assim, mas sinceramente é o que parece. Os mundos possuem tão pouco detalhe gráfico, texturas tão manhosas e inimigos com tão poucos polígonos e detalhe que sinceramente é a impressão que dá. E para além disso o próprio mundo é um local desinteressante para explorar, não temos grandes NPCs para interagir, nem cidades ou outras lojas para explorar… Depois todas as cutscenes são também muito pobres na sua apresentação. Não há cá clips em CG, nem sequer com o motor gráfico do jogo, mas sim uma série de ilustrações estáticas das personagens intervenientes na história. São tipicamente ilustrações muito genéricas apenas com os seus retratos, mas ocasionalmente lá aparecem algumas outras ilustrações com mais algum contexto. É verdade que são desenhos pintados à mão e tal, mas a nível de apresentação esperava mais algum esforço. E mesmo assim, embora isto já seja meramente uma questão de gostos pessoais, nos ecrãs de loading vamos vendo algumas ilustrações de artistas convidados e devo dizer que acho algumas destas ilustrações bem superiores face às do artista principal.

Portanto este Last Rebellion acaba por ser um jogo que até tem algumas ideias interessantes, como o seu sistema de batalha, ou o facto de controlarmos 2 personagens distintas que habitam no mesmo corpo. Mas o seu enorme desleixo na apresentação, ou nalguns detalhes das suas mecânicas de jogo, fazem plena justiça a todas as críticas que recebeu. Mas não é propriamente um jogo injogável, até que é um RPG bastante curto e bem simples de terminar a 100%, pelo que se o apanharem baratinho, dêem-lhe uma oportunidade, mas não esperem nenhuma obra prima.

Virtua Tennis (Sega Dreamcast)

Voltando aos jogos desportivos e à Dreamcast, o Virtua Tennis foi mais uma daquelas conversões arcade para a Dreamcast, visto que o original foi desenvolvido para o sistema Naomi. Mas a Sega felizmente já estava a aprender umas coisas e esta não foi uma simples conversão do jogo arcade (que por si só já era excelente) mas inclui também um modo singleplayer muito competente. O meu exemplar foi comprado algures no mês passado, custando-me menos de 5€.

Jogo com caixa e manuais

Aqui dispomos de vários modos de jogo, desde as partidas simples que podem ser jogadas entre 1 até 4 jogadores em simultâneo, o modo arcade e o modo World Circuit. No primeiro jogo, optamos por escolher um de vários tenistas reais que competiam ainda em 1999/2000 e teremos de vencer uma série de 5 partidas em diferentes estádios. Na verdade não temos de jogar uma série de sets como nas partidas a sério, mas sim ganha-se a partida ao melhor de 3 jogos, não sets. Por fim temos o World Circuit Mode que é um modo singleplayer com muito mais conteúdo adicional.

A nível de jogabilidade e audiovisuais, este era de factp um jogo impressionante para a época

Aqui teremos muitas mais partidas para participar ao longo de todo o mundo, para além de alguns mini-jogos com diferentes desafios que servem para treino. Em ambos podemos amealhar dinheiro que pode depois ser usado em lojas para comprar novas roupas, contratar parceiros, desbloquear novos estádios ou jogadores, ou comprar outros power ups como novas raquetes ou bebidas energéticas. O original de arcade era um jogo excelente pela sua jogabilidade simples, intuitiva e excelentes audiovisuais. encontrando-se fielmente representado nesta versão da Dreamcast. Mas a inclusão desta campanha singleplayer acrescenta muito conteúdo ao jogo já que, para quem for bom jogador, consegue terminar o modo arcade em cerca de 10 minutos.

No modo carreira vamos tendo alguns minijogos deliciosos.

No que diz respeito aos audiovisuais, estes são excelentes para os padrões de 1999, com os tenistas profissionais muito bem detalhados, assim como os estádios e o próprio público, dentro dos possíveis. A nível de som é também um jogo excelente e uma das coisas interessantes que reparei é que, no modo arcade quando jogamos em França, o locutor fala em francês, enquanto que nos restos dos locais é inglês, com expressões americanas ou britânicas consoante o local onde estamos a jogar. Achei que foi um detalhe muito interessante! E depois, claro, uma vez mais nos jogos arcade da Sega daquele tempo, a banda sonora é repleta de grandes guitarradas e riffs orelhudos que a mim muito me agradam.

No fim de contas, mesmo que não sejam grandes apreciadores de jogos de desporto, é fácil entender o porquê deste jogo ter sido tão bem aclamado pela crítica na altura em que saiu. A jogabilidade é excelente, viciante e os audiovisuais incríveis para a época. A Sega manteve esta série viva por muitos mais anos, mas confesso que depois dos originais para Dreamcast não voltei a pegar na mesma.

Crazy Taxi 2 (Sega Dreamcast)

Crazy Taxi 2Mais uma rapidinha desta vez à última consola da Sega, a Dreamcast para uma sequela a um dos seus jogos mais icónicos, o Crazy Taxi 2. Não houve assim tantas mudanças na fórmula vencedora, e tirando uma ou outra novidade, para além de uma nova cidade para explorar, não vale a pena escrever algo tão extenso, pelo que recomendo a leitura do artigo original aqui. O meu exemplar foi comprado algures durante o mês passado na Cash Converters de Alfragide por cerca de 3€.

Crazy Taxi 2 - Sega Dreamcast
Jogo completo com caixa e manuais

Tal como na prequela, o objectivo principal do jogo é pegarmos em passageiros e deixá-los nos locais que os mesmos pretendem. O problema é que temos um relógio  contra nós e os próprios passageiros também têm as suas exigências de tempo para os levarmos ao seu destino e caso o ultrapassemos, eles saem do carro se nos pagar o quer que seja. Sendo assim somos persuadidos a conduzir o mais rápido possível, seja por que rua ou praça for, em contra-mão, pelo meio de esplanadas, tudo para chegarmos o mais rápido possível. Rasantes a outros carros até são recompensadas, portanto de facto não havia muito a mudar numa fórmula de sucesso. Aqui temos duas variantes da mesma cidade para explorar, a Around Apple e Small Apple, ambas baseadas em Nova Iorque, mas o segundo mapa a ser mais compacto e repleto de ruinhas e ruelas. Apesar de termos um indicador geral da direcção a tomar para deixar o passageiro no destino, nem sempre é o mais fiável e à medida que vamos jogando, iremos também conhecer todos os atalhos que nos poderão facilitar mais a vida.

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Quanto mais rápido formos melhor para o bolso e para o tempo disponível

De resto, as novas mecânicas de jogo resumem-se a um botão para fazer o carro saltar, o que nem sempre corre bem, mas achei uma boa ideia, quanto mais não seja para alcançar alguns viadutos de uma forma mais rápida. Existem também alguns passageiros que permitem que levemos várias pessoas ao mesmo tempo no carro, deixando-os em diferentes locais. Depois para além do modo principal de jogo, temos outros em que temos um tempo fixo como 5 ou 10 minutos para tentar obter a melhor pontuação possível. Mas também como no primeiro jogo temos um outro modo de jogo baseado em missões, aqui chamado de Crazy Pyramid e de facto é o mais doido de sempre. Entre as várias missões que podemos desempenhar, incluem-se coisas notaváveis como participar em provas de salto olímpico de Ski, triplo salto, ou mesmo dar tacadas em bolas de golfe gigantes, tudo com o carro! Original e bastante engraçado.

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4 novos taxistas meios marados, para além do elenco original que pode ser desbloqueado

No que diz respeito aos audiovisuais este é um jogo bem competente para a Dreamcast. Os modelos dos outros carros e mesmo da própria cidade estão um pouco mais detalhados e o blue sky in gaming é sempre bonito de se ver. Para a música a Hitmaker decidiu manter-se no punk rock, com mais umas faixas de The Offspring ou Methods of Mayhem. É verdade que são bandas comerciais, mas prefiro-os de longe a um 50cent ou algo parecido.

Em resumo, se gostaram do Crazy Taxi original, irão certamente gostar deste também, visto manter a mesma adrenalina que tornou o original tão empolgante e ainda acrescentar uma ou outra coisinha interessante.

Crazy Taxi (Sega Dreamcast)

Crazy TaxiA Dreamcast apesar de ter sido uma consola com um curto período de vida, marcou aquele que para mim foi um dos melhores períodos criativos da Sega. Por um lado continuavam com os padrões de excelência nos salões arcade, apesar do seu declínio se começar a notar, por outro lado os estúdios da Sega tiveram libertade total criativa, resultando em coisas bizarras como Seaman, Jet Set Radio, Rez ou obras de arte como Shenmue. Este Crazy Taxi por sua vez junta o melhor dos dois mundos, sendo um jogo arcade por sua vez bastante original. Tal como o Tomb Raider Chronicles analisado ontem, este jogo também me foi oferecido pelo Miguel Coelho do The Games Tome / PUSHSTART. Ainda por cima o jogo estava selado!

Crazy Taxi - Sega Dreamcast
Jogo completo com caixa, manual e papelada

E em que consiste o Crazy Taxi? Bom, somos um taxista e temos de transportar passageiros do ponto A ao ponto B. Isto pode soar aborrecido em teoria, mas a Sega consegue dar o seu toque pessoal e tornar um “Taxi Simulator 1999” num Crazy Taxi! Passo a explicar: sendo este um jogo arcade, estamos sempre a jogar contra relógio. Para além disso os clientes recompensam-nos com mais dinheiro (e tempo) quanto mais rápido os conseguirmos deixar no destino. Para além do mais, por cada manobra perigosa que consigamos fazer, mais dinheiro entra para a nossa conta. Ou seja, vale tudo! Andar em contra-mão e passar rasantes por entre os carros, subir para os passeios e ver tudo o que é peão a fugir em pânico, cortar atalhos pelo meio de esplanadas, por aí fora! Ah, e temos uma cidade inteira para explorar.

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Se formos rápidos a deixar o passageiro no seu destino, ganhamos uns preciosos segundos extra.

Existem vários modos de jogo distintos, mas comecemos pelo arcade. Aqui somos largados numa cidade fictícia, e podemos optar por jogar sob as regras originais da versão arcade, ou ter um timer fixo de 3, 5 ou 10 minutos. A diferença para o modo arcade é que nesse dispomos de um timer que vai sendo incrementado sempre que apanhamos um novo passageiro e tal como referi atrás, se formos suficientemente rápidos, ainda recebemos um bónus adicional de tempo ao deixá-los na sua meta. Temos também o modo “original” que é essencialmente a mesma coisa mas numa cidade diferente, que vai buscar algumas inspirações às ruas bastante inclinadas de S. Francisco, o que nos permite dar uns saltos engraçados. Mas para quem procura desafios maiores, existe ainda o “Crazy Box”, que nos coloca uma série de missões para cumprir, sendo estas cada vez mais complicaditas. Coisas como deixar uma série de passageiros nos seus destinos num curto intervalo de tempo, fazer uma série de acrobacias, arrebentar balões numa arena, percorrer a cidade de uma ponta à outra, o que não falta são coisinhas para fazer!

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“Voando” em San Francisco!

A jogabilidade é óptima e sendo um jogo arcade temos todas as liberdades do mundo em andar em alta velocidade, colidir contra paredes ou outros carros e nada nos acontece a não ser perder velocidade, conduzir debaixo de água, dar saltos enormes e por aí fora. Faz parte do mundo de Crazy Taxi. Uma outra coisa que achei interessante é o “GPS” que nos vai dando algumas indicações das sítios onde temos de deixar os passageiros. É aquela seta gigante no topo do ecrã que vai rodando, indicando sempre a direcção a tomar. No entanto nem sempre devemos seguir essas recomendações, pois à medida que vamos explorando as cidades, descobrimos outros atalhos que possivelmente nos salvarão uns segundos preciosos.

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O Product Placement é uma constante em Crazy Taxi.

Graficamente era um jogo bem competente para os padrões de 1999. A cidades eram grandinhas e cheias de movimento e tudo tinha um bom nível de detalhe. Claro que ao prestar mais atenção nos apercebemos que as texturas são bastante simples e os modelos poligonais dos transeuntes não são assim nada de especial. Mas com toda a adrenalina que temos ao longo do jogo, é algo que nos acaba por passar ao lado. Uma coisa que achei interessante neste Crazy Taxi é a quantidade de product placement (publicidade) que a Sega conseguiu introduzir. Vemos restaurantes do KFC, Pizza Hut, lojas da Levi’s ou FILA, entre outros que acabam também por se tornar em destinos pedidos pelos clientes no jogo. Mas os licenciamentos não se ficam por aqui, na banda sonora também temos nomes como Offspring ou Bad Religion, que apesar de não serem de todo das minhas bandas punk preferidas, acabam por assentar bem no conceito do jogo.

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Existem vários pilotos/carros, cada um com as suas características.

Em suma, Crazy Taxi é um clássico. Se a versão Dreamcast é a melhor versão do jogo, isso é algo discutível se comparado com as versões Gamecube ou PS2, portadas pela Acclaim. Há poucos anos atrás o jogo saiu na “Dreamcast Collection” para PC, PS3 e Xbox 360, tendo sofrido alguns ajustes técnicos, como o suporte ao widescreen. No entanto a banda sonora é completamente diferente, pelo que apesar das melhorias técnicas, eu continuo a preferir esta versão.