Star Wars: Knights of the Old Republic (PC)

Já há algum tempo que não pegava num western RPG e nesta semana de férias que tive aproveitei finalmente para o fazer. E à terceira foi de vez, foi desta que terminei o Star Wars: Knights of the Old Republic, da Bioware. A primeira vez que lhe peguei foi não muito depois de o jogo ter saído para as lojas, creio que ainda durante o ano de 2004. Não tinham passado tantos anos assim desde que comecei a gostar de RPGs, pelo que a possibilidade de jogar um RPG no universo Star Wars era algo que me fascinava. Mas pouco depois de o começar apercebi-me de algo que os RPGs ocidentais fazem muito bem: a não linearidade na sua progressão e as múltiplas escolhas que nos levam a caminhos diferentes. Ora como eu sempre estive habituado à linearidade que caracterizava os JRPGs, estes novos conceitos eram selvagens demais para mim nessa altura e acabei por encostar o jogo. Tentei novamente começá-lo no ano passado mas encontrei alguns problemas técnicos ao tentar corrê-lo numa máquina mais recente e depois de os resolver, outras prioridades meteram-se no caminho. Esta semana pensei seriamente em começar o Cyberpunk 2077, mas depois lembrei-me que ainda tinha este Star Wars instalado no disco, pelo que foi mesmo desta. O meu exemplar já foi comprado há cerca de 10 ou mais anos atrás, não me recordo onde nem quanto custou, mas foi muito barato.

Jogo com caixa, manual e vários discos

A história deste jogo leva-nos uns 4000 anos antes dos eventos dos filmes, onde os Sith, liderados pelo Darth Malak, iniciam uma nova guerra contra a República. Nós encarnamos numa personagem anónima e como é normal em jogos deste género, começamos a aventura precisamente a construir a nossa personagem, tanto esteticamente, como escolhendo quais as classes, stats e skills associadas. Uma vez construida a nossa personagem, somos levados para a acção: descobrimos que viajamos numa nave da república e que a mesma está a ser invadida por forças dos Sith. Ao combatê-los, iremos encontrar outros sobreviventes e eventualmente entrar num veículo salva-vidas, que se acaba por despenhar num planeta próximo. A nossa missão passa então a ser a de salvar Bastila, uma poderosa Jedi que se encontrava na mesma nave connosco. Uma vez salva, iremos acabar por percorrer a Galáxia em busca de uma tecnologia antiga que nos possa dar vantagem para combater esta nova ameaça dos Sith.

Bastila. A Jedi que temos de salvar no início do jogo. Quaisquer semelhanças com a princesa Leia são mera coincidência.

O sistema de combate é bastante interessante, na medida em que vamos poder trazer connosco dois NPCs para nos auxiliar no mesmo (à medida que vamos avançando no jogo iremos desbloquear muitos mais) e o combate propriamente dito tem a flexibilidade de se tornar totalmente por turnos, ou em tempo real. Nas opções por defeito, a acção pausa sempre que estamos prestes a entrar num combate e aí poderemos decidir, para cada personagem da nossa party, quais as primeiras acções que queremos que cada desempenhe, seja diferentes tipos de ataque a algum inimigo em específico, utilizar itens ou poderes da Força. Uma vez escolhidas as acções iniciais basta pressionar a tecla de espaço para a acção se começar a desenrolar e qualquer momento poderemos voltar a pausar a acção para melhor posicionar as nossas personagens ou escolher as suas acções específicas. Os NPCs que nos acompanham também podem ser customizados para tomarem algumas acções de forma automática, mas confesso que não perdi muito tempo com isso. Já no que diz respeito aos poderes da Força, iremos ter vários Jedi que nos acompanham e a nossa própria personagem também se irá transformar num, pelo que estes poderes serão parte integral da jogabilidade e da evolução das nossas personagens Jedi.

Este andróide é hilariante. Perfeito para quem quiser seguir os caminhos dos Sith na sua aventura.

À medida que vamos avançando no jogo iremos também encontrar, comprar/vender e até melhorar muito equipamento que poderá ser utilizado pelas nossas personagens, dependendo claro da classe de cada uma. E claro, certas aptidões podem ser úteis em determinadas situações. Há personagens com maior aptidão para desbloquear certos mecanismos electrónicos, como portas ou baús que escondem tesouros que nos poderemos apropriar. Mas outras personagens podem simplesmente destruir esses obstáculos. De resto, à medida em que exploramos dungeons poderemos encontrar certos terminais que, depois de interagidos, nos permitem activar/desactivar armadilhas para evitar certos combates. Alguns andróides podem também serem reparados e reprogramados para nos ajudarem a explorar alguns locais, por exemplo.

Visualmente o jogo está muito bom para o ano de 2003. Os cenários são bastante distintos entre si e todas as customizações que fazemos às personagens se reflectem no seu aspecto.

Confesso que já não sou um grande fã de Star Wars (Dune mudou isso por completo), mas até achei a história deste jogo bastante interessante. Muitas quests, sejam elas mandatórias ou não para a progressão do jogo, possuem diferentes maneiras de serem executadas e as escolhas que vamos fazendo aqui e ali vão ditando se vamos pender para o lado bom ou mau da Força e claro, existem finais e progressões da história distintas para cada um dos caminhos que vamos escolhendo. Tipicamente para pontuar no lado negro da força teremos de usar violência, intimidação, ou corrupção, enquanto que no lado bom teremos de ser muito mais pacifistas e diplomatas, embora nem sempre seja possível fugir ao combate (e ainda bem!). Por exemplo, por vezes pedem-nos para ajudar pessoas numa situação complicada e podemos chegar lá e matá-los a todos, ou então ajudar de facto o que pode ser um pouco mais complicado, mas perfeitamente possível. No entanto, tirando o julgamento de um certo velhote, as escolhas que teremos pela frente são muito “preto e branco” e não os tons de cinzento que outras séries (por exemplo The Witcher) nos trazem. De resto, todas as personagens que nos acompanham possuem histórias interessantes e à medida que os vamos conhecendo e explorando novos planetas iremos também desbloquear algumas sidequests alusivas ao passado de cada um.

As escolhas que vamos fazendo vão-nos levar para o lado bom ou mau da força, o que por sua vez nos pode também levar a finais distintos.

A nível audiovisual sinceramente acho este um jogo bem conseguido tendo em conta que é um lançamento de 2003. Existe uma boa variedade de cenários a explorar e inúmeras raças com as quais vamos interagir, muitas delas com dialectos próprios. E é aqui onde o jogo mais me impressionou. Todos os diálogos possuem voice acting, seja em inglês, seja num de muitos dialéctos alienígenas que iremos ouvir. A banda sonora é boa e repleta de músicas mais orquestrais como a série Star Wars nos habituou. No que diz respeito às personagens em si que vamos encontrando, até que existe alguma variedade nas mesmas, mas sendo este um RPG algo vasto, vamos acabar por interagir com personagens com caras muito semelhantes entre si. De resto bons gráficos para um jogo de 2003, embora eu tenha tido bastantes problemas em o conseguir correr numa máquina recente. Supostamente o motor gráfico do jogo não se dá bem com placas gráficas AMD, o que é uma pena. Mesmo depois de resolver alguns problemas iniciais, assim que aterrei no planeta de Dantooine comecei a ter vários artefactos gráficos em cenários mais abertos que me levavam ao jogo a ir abaixo frequentemente. Tive então de ressuscitar o meu velhinho portátil de 2011 para o conseguir terminar, já que este possui uma gráfica integrada com chipset nvidia. Até existe uma comunidade considerável para mods e patches e provavelmente alguns até me poderiam resolver alguns problemas, mas quis uma experiência o mais próximo possível do original, pelo que acabei por não instalar quaisquer packs de texturas novas e afins.

Portanto até que gostei bastante deste Knights of the Old Republic, apesar dos problemas técnicos que enfrentei ao tentar corrê-lo num sistema mais recente. O jogo foi originalmente lançado também para a primeira Xbox, cujas consolas suas sucessoras o correm também através de retro compatibilidade e em Novembro de 2021 sai também uma versão para a Nintendo Switch, pelo que poderão ter também essas versões em consideração. Também em 2021 foi anunciado um remake para a PS5 (e posteriormente para outros sistemas), mas aparentemente existem graves problemas no seu desenvolvimento pelo que actualmente não se sabe bem se isso algum dia se irá materializar. De resto temos também uma sequela, esta já desenvolvida pela Obsidian e supostamente, apesar de partilhar o mesmo motor gráfico, é nativamente mais compatível com sistemas recentes devido a um relançamento digital em 2015. Veremos!

Dragon Age Inquisition (PC)

Vamos revisitar o mundo fantasioso de Thedas com até agora o último capítulo na saga Dragon Age. O seu antecessor foi um jogo que me tinha deixado com sentimentos mistos. Por um lado o combate era mais fluído, mas mantendo todas as mecânicas tácticas do original, mas a nível de exploração era um jogo muito mais pobre, pois tudo andava à volta da mesma cidade de Kirkwall e o pouco que exploravamos fora da cidade eram áreas relativamente pequenas e pouco variadas entre si. Este novo capítulo felizmente já é muito maior e variado na área a explorar! O meu exemplar foi comprado na Mediamarkt de Alfragide algures no início de Janeiro de 2016, tendo-me custado algo próximo dos 20€.

Jogo em 4 DVDs com caixa e papelada

A história começa logo após os eventos do Dragon Age II, onde feiticeiros e templários estão em guerra aberta após a revolta de Kirkwall. Entretanto, e depois de criarmos a nossa personagem baseada em raça (humano, anão, elfo ou qunari que são agora uma possibilidade), género e classe (warrior, rogue, mage) somos levados para o caos. Isto porque estavam a ser negociadas tréguas entre ambas as facções conflituosas num Conclave que juntou todos os líderes religiosos da Chantry e representantes das facções rebeldes dos feiticeiros e templários. Nessa altura dá-se uma gigantesca explosão que mata todos os que estavam presentes no Conclave e abre um enorme buraco no céu de onde mergulham inúmeros demónios que aterrorizam toda a população. O único sobrevivente? A personagem que nós criamos, que misteriosamente ganha também o poder de poder fechar essas brechas no céu. Inicialmente considerados como o principal suspeito dessa catástrofe, vamos acompanhando Cassandra, a interrogadora de Varric no jogo anterior bem como o próprio Varric, um anão rogue bastante carismático e uma nova personagem, o misterioso feiticeiro Solas. Eventualmente de suspeito passamos a líderes da nova Inquisição, formada para fechar todas as brechas no céu e encontrar o responsável por tal acto.

Para combates mais exigentes como é o caso dos dragões, devemos usar a vertente táctica do jogo, ao posicionar os nossos elementos da party e definir quais skills utilizar.

Ao longo do jogo vamos conhecer outras personagens que poderão juntar-se a nós como os feiticeiros Dorian de Tevinter e Vivienne ligada à nobreza de Orlais, os rogues Sera e Cole, este último uma personagem bastante bizarra, e os warriors Blackwall e Iron Bull, este último um Qunari. Teremos então 3 personagens por classe à nossa disposição, mais a personagem principal que criamos inicialmente. Para além destes, teremos mais três personagens a considerar na liderança da Inquisition: A embaixadora Josephine que lida com toda a parte diplomática, e as caras conhecidas de Cullen, líder militar da Inquisition, e Leliana, spymaster. Estas três personagens não são party members mas lideram as diferentes operações que poderemos assignar-lhes. Estas fazem-me lembras as missões dos assassinos nos Assassin’s Creed, onde poderemos enviar os seus agentes para várias localizações de Thedas e cumprir algumas missões em background, que tipicamente nos trazem diferentes recompensas.

Agora com um mundo mais vasto a explorar, é boa ideia desbloquear as mounts o quanto antes

E este jogo é bem mais vasto do que os seus antecessores, o que no caso do Dragon Age II é de facto uma grande vantagem. Vamos ter imensas áreas, todas distintas entre si, para explorar livremente e cumprir dezenas de sidequests, desde montar acampamentos das forças da Inquisition ou conquistar fortalezas, ambos servindo posteriormente como pontos de fast travel. Missões como derrotar uma série de forças inimigas, procurar itens/tesouros específicos, fechar brechas que cospem darkspawn, ou mesmo caçar alguns dragões poderosos, são apenas alguns dos exemplos das várias sidequests que teremos pela frente. Algumas das áreas nem sequer têm main quests associadas, pelo que são de exploração completamente opcional e claro que eu as passei a pente fino. As mounts como cavalos ou outras criaturas estranhas são também aqui introduzidas e são outra novidade benvinda, pois temos mesmo muito território a explorar. Tendo em conta que o jogo anterior apenas nos deixava explorar Kirkwall e algumas áreas pequenas nas suas imediações, isto é sem dúvida uma grande melhoria. Depois até a nossa base pode ser altamente customizada, principalmente quando conquistamos a fortaleza de Skyhold. Esta é uma base de dimensão considerável, repleta de NPCs para interagir, lojas e algumas customizações que poderemos escolher.

As áreas a explorar são bastante diversificadas entre si e com imensos segredos e tesouros escondidos

Passando para os combates, apenas poderemos levar mais 3 membros connosco a qualquer momento. Quando iniciamos um combate, controlamos apenas uma personagem em tempo real, com as restantes três a assumirem controlo automático, cujos parâmetros de comportamento podem ser algo calibrados. Mas, tal como nos jogos anteriores, a qualquer momento podemos pausar as batalhas, bem como mudar a câmara para uma perspectiva de top down, e fazer algum micro management como melhor posicionar as nossas personagens e decidir quem ataca quem e de que forma. Em encontros mais ligeiros, geralmente controlo a minha personagem em real time e deixo as outras combaterem à sua vontade, mas para combates mais delicados convém ser mais inteligente e este controlo táctico permite-nos isso. À medida que vamos derrotando adversários, completando quests ou lendo documentos (codex) que vamos encontrando por aí, vamos ganhar pontos de experiência que por sua vez nos vão permitir subir de nível. Ao subir de nível, para além de ficarmos mais fortes, vamos ganhando pontos que poderão ser atribuidos para desbloquear novas habilidades. Cada classe possui diferentes skilltrees, com mais algumas a serem desbloqueadas na segunda metade do jogo. Nós não vamos conseguir completar todas as skilltree disponíveis, pelo que convém planear ao certo que habilidades usar em cada personagem. Visto que teremos 3 membros por classe mais a personagem que nós criamos, é boa ideia ir evoluindo cada personagem de forma distinta, sendo que nos pontos de fast travel podemos alterar a nossa party activa e trocar por personagens com skills mais adequadas para o que iremos enfrentar de seguida.

Varric é uma das caras conhecidas que temos de volta e se o mantivermos na party, os seus comentários irónicos serão uma constante

De resto, e ainda na jogabilidade, convém também referir o enorme sistema de crafting que aqui temos. Desde fazer upgrades a equipamento ou a criá-los de raiz com base em receitas e em itens que vamos coleccionando à medida que vamos explorar os cenários, também poderemos criar uma série de poções ou granadas, que tanto nos servem para regenerar vida, mana, melhorar alguns stats como resistência a fogo ou gelo, ou então criar as tais granadas. O sistema de gestão de poções é algo que já não gostei tanto, pois apenas poderemos ter 2 a 3 tipos de poções / granadas diferentes equipados em simultâneo e com números bastante limitados. Ou seja, para recuperar vida temos um número limitado de poções, que devemos racionar com cuidado, pelo que ter um healer na party é também algo bastante recomendado. Apenas em certos pontos no jogo, como os acampamentos ou fortalezas ocupadas é que poderemos restabelecer o número de poções equipadas ou mesmo descansar em tendas e recuperar pontos de vida. Uma coisa que não abordei antes é o facto deste Dragon Age Inquisition ter também uma vertente multiplayer, o que é inédito (e também algo estranho) na série, mas confesso que essa nem sequer o experimentei. Pelo que investiguei é um modo de jogo cooperativo onde teremos de enfrentar explorar alguns mapas e enfrentar cooperativamente vários grupos de inimigos poderosos.

O sistema de crafting permite-nos não só melhorar o equipamento, como criar armas e armaduras de raíz, baseando-se em algumas receitas que podemos comprar ou encontrar

A narrativa é outro ponto forte deste jogo. Todas as personagens que recrutamos são bastante carismáticas e muitas vezes possuem crenças e uma visão diferente das dos outros. À medida que vamos progredindo no jogo, as respostas e escolhas que vamos optando tanto nos diálogos como as decisões chave de algumas quests, para além de terem repercussões na história que nos acompanham até ao final do jogo, também serão merecedoras de aprovação ou reprovação por parte dos nossos colegas. Manter uma relação amigável com toda a gente é então um desafio, mas é um desafio que vale a pena, pois à medida que vamos conquistando a sua confiança, teremos acesso a novas sidequests onde iremos ficar a descobrir mais sobre o seu passado. Também tal como nos jogos anteriores, vamos poder envolver-nos em romances. As opções são várias personagens da nossa party ou dos colegas líderes da Inquisition, embora nem todas sejam receptivas a romances. Para além disso, das personagens recepticas a romances temos também de ter em conta a sua orientação sexual (temos personagens straight, homo e bi) e preferência racial. Por exemplo, Solas é heterosexual, mas apenas está interessado em mulheres elfo, pelo que a raça e género da personagem que criamos vai delimitar o leque de possíveis romances a alcançar ao longo da aventura.

Tal como nos anteriores, nos diálogos vamos tendo diversas opções que podem afectar a maneira como as restantes personagens se relacionam connosco. Mas agora vamos tendo alguns ícones que podem indicar o tipo de resposta que vamos dar.

Do ponto de vista audiovisual, este Dragon Age Inquisition usa o motor gráfico da Frostbite, o mesmo usado nos Battlefield e a qualidade gráfica é bastante boa, para um jogo de 2014. Os cenários são bastante variados entre si, desde regiões mais montanhosas, florestas, desertos ou planícies, todos com localizações interessantes para descobrir como cavernas, ruínas antigas ou fortalezas que podem inclusivamente ser conquistadas. Nalgumas das regiões, como é o caso das Hinterlands, poderemos inclusivamente descobrir alguns povoamentos ou pequenas cidades como a Redcliffe que já tinha sido explorada no Dragon Age Origins. A cidade de Val Royeaux é a única grande cidade que pode ser explorada e ocasionalmente teremos mesmo de explorar palácios ou mansões nas imediações de Val Royeaux, onde iremos inclusivamente interagir com a nobreza e realeza do império de Orlais. Infelizmente ainda não foi desta que exploramos o império de Tevinter, mas isso será certamente tema para uma eventual sequela, que aparentemente até já está em produção. De resto, para além de todas estas zonas diferentes a explorar, os cenários são ricos em detalhe e o Frostbite é muito bom também para renderizar os efeitos gráficos das magias como as de fogo ou gelo, bem como bons efeitos de luz. Foi um prazer visitar Thedas uma vez mais. A nível de som, o voice acting é uma vez mais muito competente, com diferentes sotaques a representarem diferentes regiões de Thedas. Orlais tem um sotaque francês muito carregado e aparentemente o aspecto das suas cidades e habitantes, em particular a nobreza e realeza, é mesmo inspirado na francesa. As músicas são tipicamente bastante épicas, tendo em conta as batalhas colossais que iremos enfrentar. A nível de performance, estou com uma boa máquina para este jogo, nada de especial a apontar a não ser por uma série de crashes que tive frequentemente e que me mandavam o PC abaixo. Vi vários relatos de crashes a acontecer com outros utilizadores, mas nada que obrigasse a máquina a fazer reboot a não ser que fosse problema de hardware como temperaturas altas. Visto que apenas encontrei esse problema com este jogo até agora, presumo que seja alguma incompatibilidade com a minha placa gráfica que é 5 anos mais recente que este jogo. Felizmente que podemos gravar o jogo regularmente, logo que estejamos fora de combate, mas não deixa de ser um bocado frustrante.

O motor gráfico Frostbite é de facto muito competente e o mundo de Thedas só teve a ganhar com a sua implementação. Os cenários possuem uma riqueza impressionante para um jogo de 2014.

Portanto devo dizer que gostei bastante deste Dragon Age Inquisition. É um bom RPG que apresenta um mundo bem maior a ser explorado, repleto de intriga política, religiosa e social. Gostei da história, do carisma das personagens e das imensas sidequests que teremos pela frente. Já não gostei tanto do inventário bastante limitado de poções que podemos carregar, o que irá dificultar bastante alguns encontros mais desafiantes, como os dragões (opcionais) a defrontar. E claro, os reboots que me iam ocorrendo aleatoriamente, mas isso poderá não ser culpa do jogo.

Dragon Age II (PC)

Dragon_Age_2_coverDe volta para os RPGs ocidentais, com este Dragon Age II da Bioware, o mesmo estúdio que nos trouxe coisinhas como Baldur’s Gate, Neverwinter Nights, ou os recentes Mass Effect, entre muitos outros bons jogos. Dragon Age II começa por decorrer ao mesmo tempo de Dragon Age Origins, com a história a posteriormente a enveredar ao longo de vários anos separados por diferentes actos. É um RPG que trouxe muitas mudanças na jogabilidade, umas benvindas, outras que simplificaram demasiado as coisas. A minha cópia foi comprada algures numa GAME, penso que em 2011 ou 2012, tendo-me custado uns 7€ na altura.

Dragon Age II - PC
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Dragon Age II começa em plena Blight dos jogos anteriores, onde forças do inferno (Darkspawn) invadiram a nação de Ferelden e os Grey Wardens, heróis do primeiro jogo da série acabaram por derrotar. O jogador encarna então num dos membros da família Hawke, nomeadamente o irmão ou irmã mais velha, quando os 3, mais a sua mãe tentam escapar de Lothering, numa altura em que a vila estava a ser invadida pelos Darkspawn. Após alguns acontecimentos que prefiro não divulgar, a família Hawke encontra-se então às portas de Kirkwall, uma grande cidade nas The Free Marches, à procura de refúgio pelos familiares de Hawke que lá habitavam. Acontece que desses familiares apenas sobra Gamlen, tio de Hawke, que perdeu toda a sua fortuna. Assim sendo, entrar na cidade cheia de refugiados de Ferelden não é nada fácil. A única maneira em que Hawke e toda a sua família consiga entrar em Kirkwall é necessário que se junte a um de dois grupos de mercenários ou contrabandistas e que trabalhe para eles ao longo de um ano. Após essa escolha, entramos directamente no primeiro acto, um ano após a família Hawke ter aparecido em Kirkwall, e já com a sua dívida saldada. Ao contrário do jogo anterior, não existe uma storyline tão épica, a Blight dos Darkspawn já se foi, e a história terá uma incidência mais pessoal, no meio dos conflitos políticos/sóciológicos e religiosos que Kirkwall enfrenta. Cada acto tem uma espécie de trama-chave: o primeiro Acto consiste em Hawke e companhia conhecerem Varric, um dwarf sem barba e com um carácter aparentemente duvidoso, que os convence a ir na excursão junto do seu irmão aos túneis das “The Deep Roads”, outrora repletos de Darkspawn, agora perfeitos para salteadores recolherem os seus tesouros. O segundo acto já coloca Hawke no meio de um conflito político entre os habitantes de Kirkwall e os Qunari ali refugiados (raça essa que aproveito para referir que ficou muito melhor representada do que no primeiro jogo). O terceiro e último acto culmina nos atritos entre os Mages do Círculo e os Templários que os reprimem cada vez mais. Aí o jogador terá imperetrívelmente de optar entre um lado ou outro, o que levará a acontecimentos que deixam o futuro da série completamente em aberto para o próximo jogo.

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Ecrã inicial de escolha de género e classe (mage, rogue e warrior)

Mas passemos à jogabilidade, que a meu ver foi muito simplificada face ao primeiro jogo. As batalhas herdam o mesmo esquema táctico do jogo anterior, com uma vantagem de serem muito mais fluídas e dinâmicas. As skills também adoptaram um sistema em árvore, onde podíamos escolher umas habilidades em detrimento de outras, oferecendo também um maior número de árvores e outras especializações para desbloquear… para a personagem principal. E esta é uma das minhas maiores queixas. A customização do jogo centra-se muito na personagem principal e não nos restantes elementos do grupo. Para além de terem um grupo limitado de skills, não é possível equipar nas outras personagens quaisquer armaduras diferentes, apenas, armas e acessórios. Outra simplificação que não me agradou foi o sistema de crafting presente no jogo. Anteriormente teriamos de comprar ou encontrar os diversos ingredientes (e receitas) necessários à criação das variadas poções, venenos ou runas para encantar armas e armaduras, sendo que apenas algumas personagens, mediante os seus níveis nas diferentes skills de crafting, poderiam produzir os ditos items novos. Aqui basta comprar ou encontrar as receitas, e descobrir os recursos naturais desses ingredientes espalhados ao longo do jogo. Posteriormente podem-se encomendar em várias lojas os items dos quais já descobrimos a receita e recursos necessários.

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Os romances levam a cenas deste género, nada ao nível de um The Witcher

O sistema de amizades e romance do primeiro jogo foi também simplificado. Com base nas nossas escolhas nos vários diálogos, vamos ganhando amizade ou rivalidade com os restantes elementos da equipa. Com um valor de amizade muito alto, desbloqueamos uma skill própria. O mesmo pode ser dito para valores de rivalidade. Neste jogo, ser rival até não é uma coisa má de todo pois algumas personagens apenas abandonam o grupo mediante algumas escolhas chave nas suas quests pessoais – e é preciso ser muito noob não adivinhar que essas escolhas vão dar asneira. O sistema de romance também está um pouco diferente, pois aqui não existem gifts que possamos oferecer, pelo menos não como anteriormente. As gifts aqui são items chave que desbloqueiam algumas quests pessoais (geralmente apenas diálogos que servem para aumentar/diminuir a amizade/rivalidade e romance), ou então updates às armaduras das personagens. E falando nos diálogos, agora cada escolha está representada por um item, utilizando o mesmo mecanismo dos Mass Effect. Geralmente temos as 3 opções básicas: respostas politicamente correctas e educadas, respostas em tom de gozo, seja sarcasmo ou não, ou respostas agressivas. No entanto existem outros ícones que simbolizam o conflito directo (partindo para o ataque), ícones positivos ou negativos para romance, entre outros. Na minha opinião isto tornou as consequências das nossas acções mais óbvias, o que nem sempre é bom. Mas um detalhe em particular eu achei interessante com este esquema: a personalidade de Hawke vai mudando mediante a quantidade de vezes que utilizamos diálogos diplomáticos/gozões/agressivos, gerando diferentes diálogos à medida em que o jogo se vai desenrolando. Outra introdução interessante, certamente inspirada pelo Mass Effect, consiste em importar o save do Dragon Age Origins e Awakening antes de iniciar a aventura. Mediante as nossas acções nos 2 primeiros jogos, isso influenciará muitos dos diálogos, e acima de tudo algumas das quests secundárias que poderemos ter. Infelizmente eu apaguei os meus saves antes de começar este jogo, pelo que tive de escolher um dos 3 diferentes backgrounds que a Bioware nos oferece. Mais uma vez, cada um com algumas quests próprias. E também mais uma vez, as escolhas que fazemos neste jogo poderão ter consequências drásticas, para vários elementos do grupo e não só.

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Os diálogos que os membros do grupo vão tendo aleatoriamente são geralmente cómicos

Graficamente o jogo é superior aos seus predecessores, e noto uma benvinda evolução na variedade de diferentes caras que podemos encontrar. Desta vez os NPCs não são quase todos iguais entre si, existem várias semelhanças, o que é normal, mas não tão gritantes como nos jogos anteriores. Algumas raças também sofreram redesigns que gostei bastante, principalmente os Qunari, agora bem mais intimidadores. O mesmo pode ser dito dos Elfos que estão agradavelmente diferentes. Infelizmente os elogios terminam aqui por uma razão muito simples: a falta de variedade. O jogo decorre sempre à volta de Kirkwall e arredores imediatos, enquanto no DA: Origins tinhamos uma inteira região de Ferelden para explorar. E embora os cenários que existem estão bem representados, bem como o sistema dia/noite para Kirkwall é benvindo, infelizmente há muitas coisas que se tornam repetitivas. O interior de todas as mansões seguem sempre o mesmo design, não deixa de ser cómico que por exemplo a mansão de Fenris, mesmo vários anos depois de ser “conquistada”, os cadáveres e estragos gerais se mantêm visíveis. Existe também uma pouca variedade das dungeons que iremos explorar, seguindo todas um número reduzido de padrões. No entanto, o voice acting continua muito bom, os diálogos são muito agradáveis de se ouvir, principalmente pelo facto de o herói não ser mudo, o que lhe contribui imenso para o seu carácter. As diferenças de personalidade entre os vários elementos que vão entrando para o grupo servem também para apimentar todas as conversas, e isso é algo que a Bioware sabe fazer bem.

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O sistema de combate é muito semelhante ao anterior, onde podemos atribuir comportamentos tácticos aos companheiros

No fim de contas, que o artigo já vai algo longo e ainda muito haveria para dizer, acho que o Dragon Age II dá a sensação de ter sido um jogo feito muito apressadamente, o que pelos vistos realmente foi o que aconteceu. O sistema de combate mais dinâmico e rápido é muito benvindo, o carisma de todas as personagens principais, especialmente o do herói continua muito bem implementado e até está uns pontos acima dos jogos anteriores, mas de resto as coisas foram demasiado simplificadas. Desde as várias quests secundárias que são bastante simples, ao não existente sistema de crafting, customização das personagens muito mais simplificada, e uns visuais muito pouco variados, tornam Dragon Age II numa sequela com altos e baixos bastante notórios. A própria história está demasiado fragmentada nos diferentes actos, embora confesso que o último Acto, em especial as batalhas finais foram bem conseguidos e lançaram o mundo de Thedas num caos interessante de explorar. Fico a aguardar o novo jogo da série, onde espero sinceramente que tenham melhorado estes pontos e se possível que tenhamos a possibilidade de explorar melhor outras regiões e culturas de Thedas, nomeadamente os Qunari e os Tevinters.

Dragon Age Origins Awakening (PC)

Dragon Age Origins AwakeningO Dragon Age Origins foi um western RPG da Bioware que eu recentemente terminei. Dotado de um lore extenso, uma história interessante e repleta de personagens carismáticas, bem como uma jogabilidade a lembrar por vezes os clássicos Baldur’s Gate, Dragon Age Origins apresentou-se como um RPG bastante sólido. Este Awakening é uma expansão desse mesmo jogo, decorrendo pouquíssimo tempo depois da Blight terminar com a derrota do Archdemon, introduzindo algumas novidades que descreverei à frente. De qualquer das formas recomendo a leitura do artigo do Dragon Age Origins, pois não vou entrar em grandes detalhes sobre elementos de jogabilidade que se mantiveram do primeiro jogo. A minha cópia foi comprada numa Worten na Maia, tendo-me custado algo em torno dos 5€, um óptimo preço na minha opinião.

Dragon Age Origins Awakening
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Ao iniciar a aventura, podemos criar uma personagem nova de raiz, ou então transportar o herói construído no primeiro jogo. O nosso herói, promovido a comandante dos Grey Wardens, a ordem de guerreiros com a missão de defrontar as hordas de Darkspawn sempre que necessário, vê-se presenteado com a The Vigil’s Keep, uma fortaleza situada a norte de Ferelden, servindo agora de base para uma nova geração de Grey Wardens. Tal como referi acima, a história decorre pouco tempo após os eventos de Dragon Age Origins, onde apesar de o Archdemon ter sido derrotado, os Darkspawn continuam a aterrorizar a população de Ferelden e, por incrível que pareça, alguns ganharam inteligência própria, sendo agora capazes de falar e tomar decisões inteligentes. A primeira coisa que me saltou logo à vista nesta expansão, foi uma maior liberdade de escolhas nas quests. Nas quests principais existem muito mais decisões difíceis de se tomar, onde para beneficiar um lado, temos de sacrificar o outro, o que acaba por ter consequências ao longo da história. Das personagens do jogo anterior, apenas Oghren – o divertido dwarf alcoólico – pode fazer parte da nossa equipa, das restantes apenas Wynne e Alistair fazem breves aparições. Ao longo do jogo iremos então conhecer diversas outras personagens, cada uma com a sua personalidade e convicções, embora ache que não possuam o mesmo carisma das personagens originais.

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O esquema de batalha é o mesmo do jogo original

O jogo mantém o sistema de reputação dos companheiros de equipa, que pode aumentar ou diminuir perante as nossas escolhas, diálogos ou presentes que lhes ofereçamos. No entanto, para quem gostou do esquema de romances do primeiro jogo, aqui não foi implementado. De resto o jogo mantém o mesmo sistema de combate táctico, em que podemos atribuir aos elementos da equipa várias “macros” de comportamentos e postura no combate, seja mais defensiva, ofensiva, apenas melee ou ranged, entre muitas outras opções. Aumentaram também o “cap” do nível máximo que podemos evoluir as personagens, bem como introduziram várias novas especializações (que por sua vez trouxeram mais skills/spells), para não falar de novas armas e items no geral. Enquanto no jogo original era possível fazer craft de poções/venenos e armadilhas, agora é também possível criar as runas que servem para encantar o equipamento/armas, conferindo-lhes melhores atributos no final.

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Este é um dos “novos” Darkspawn, mais inteligentes e capazes de falar

No que diz respeito à apresentação audiovisual, o jogo herda o mesmo motor gráfico, sendo infelizmente mais uma vez mal aproveitado no PC, com várias quebras de framerate. No entanto gostei bastante da variedade de cenários que introduziram neste jogo, desde catacumbas escuras, a florestas mais “abertas”, ou as cavernas do costume. Infelizmente poderiam incluir mais que uma cidade, Amaranthine e a própria Vigil’s Keep sabe a pouco. O voice acting continua bastante competente, mas continuo a achar que as personagens do jogo anterior tinham personalidades bem mais vincadas. Ainda assim continua a ser comum ouvi-los a mandar umas alfinetadas uns aos outros durante “os passeios”, o que tem sempre a sua piada. A banda sonora, quando existe, é épica, tal como seria de esperar num jogo deste género. Não é algo que fique na memória, mas cumpre bem o seu papel.

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O jogo possui mais uma vez um sistema interno de achievements, mesmo na versão PC.

No fim de contas, para quem jogou e gostou do Dragon Age Origins, certamente irá apreciar esta expansão, que continua a história e expande a jogabilidade com mais coisas para fazer. Fico com pena pela história e o carisma das personagens não estar ao nível do original, mas para uma expansão não é mau de todo. No entanto lá vou recomendado que comprem a versão Ultimate Edition, pois inclui os 2 jogos e todos os DLCs disponíveis, desde items fancy que não lhes dou importância nenhuma, para novas quests para se fazerem.

Dragon Age: Origins (PC)

Dargon Age OriginsE agora a grande razão pela qual tenho andado mais inactivo neste espaço. Há relativamente pouco tempo (o que traduzindo em miúdos, por aí há 2 anos) meti na cabeça que já era homenzinho de dar mais atenção aos RPGs ocidentais, pelas suas temáticas mais maduras, jogabilidades mais complexas e progressos não lineares. Após passagens por Fallouts, os primeiros Elder Scrolls e RPGs à lá Diablo, decidi aventurar-me pelas séries de RPGs de fantasia mais recentes, onde comecei por este Dragon Age: Origins, cujo me custou algo em torno dos 5€ na Worten do Maiashopping. Infelizmente é a versão EA Classics, mas na altura o baixo preço falou mais alto.

Dragon Age Origins PC
Jogo completo com caixa e papelada. Pena ser a versão EA Classics

Dragon Age: Origins é o primeiro jogo de um universo de fantasia medieval complexo e bem idealizado, passado no reino de Ferelden, que se encontrava em estado de guerra civil. Muito resumidamente, no mundo de Thedas, ocorre um fenómeno em intervalos de algumas centenas de anos em que os darkspawn, criaturas demoníacas do submundo sobem até à superfície num grande número, dizimando toda a população e terras por onde passam. Estes acontecimentos são chamados de Blights e têm sido sempre suprimidos com a ajuda de uma ordem de guerreiros chamada Grey Wardens, cujo único propósito é defender a humanidade dos darkspawn e seus archdemons. Ora este jogo ocorre nas vésperas da quinta Blight, em pleno reino de Ferelden, numa altura em que a sociedade já tinha vários conflitos entre si e as diferentes raças e classes. Neste jogo, temos um “capítulo” inicial que conta a origem do nosso personagem, sendo diferente mediante a raça (human, elf ou dwarf) e classe (warrior, rogue ou mage) que escolhemos quando criamos o nosso “avatar“. Essas origens decorrem naturalmente em diferentes cidades/locais, No meu caso, eu escolhi um human mage, tendo começado o jogo no Circle of Magi, uma espécie de escola da magia de Hogwarts lá do sítio. É nas origens que também nos vamos apercebendo dos conflitos entre as várias raças e classes: os elfos são vistos como cidadãos de segunda categoria devido a conflitos antigos, os mages têm de ser constantemente vigiados por templários para não sucumbirem aos poderes ocultos da “blood magic”, entre muitas outras peculiaridades.

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O cão Mabari é um dos elementos que podemos recrutar e o único a quem podemos dar um nome

Após termos completado a nossa origem, somos recrutados por Duncan dos Grey Wardens, quem nos vê com qualidades suficientes para combater uma nova ameaça de invasão dos Darkspawn. Ora depois de nos tornarmos Grey Wardens surge o primeiro plot twist do jogo: Os Grey Wardens encontravam-se na antiga fortaleza de Ostagar em preparação para a primeira grande batalha contra os Darkspawn, sendo apoiados pelo rei Caylan de Denerim (capital de Ferelden), e seu exército comandando por Loghain. Ora Loghain à ultima da hora decide retirar o seu exército da batalha, resultando na morte de Caylan e de quase todos os Grey Wardens. Com Loghain no poder, declara todos os Grey Wardens sobreviventes de traidores por terem assassinado o Rei, tentando convencer a restante nobreza de Ferelden a consolidar o seu poder como o próximo rei. Ora nesta difícil situação, a nossa personagem acompanhada pelo seu companheiro Alistair deve fazer uso dos antigos tratados que os Grey Wardens possuem para com todos os povos e raças de Ferelden, em que os mesmos devem prestar o seu auxílio para enfrentar a nova Blight.

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Interface de batalha. Clicando nos icones das personagens, podemos controlá-las manualmente.

Mas deixemos o lore de Ferelden de lado e vamos às mecânicas de jogo. Dragon Age é um jogo inspirado por Baldur’s Gate, na medida em que controlamos directamente uma personagem da nossa party, sendo as restantes controladas automaticamente pela IA do jogo, mediante uma série de tácticas que lhes possamos criar. Mediante a classe que a personagem principal e restantes membros da party que vamos encontrando, temos ao nosso dispor uma série de skills/spells para evoluir. Desde técnicas para guerreiros ou rogues que usam espada e escudo, armas pesadas, arco-e-flecha, entre outros, para os mages que podem evoluir vários spells tanto de dano elemental, regenerativos, ou outros mais manhosos. Para além disto ainda existem outras skills/spells específicas que podem ser desbloqueados à medida em que desbloqueamos algumas especializações para cada classe, bem como uma série de talentos que podemos ir evoluindo para cada personagem, desde habilidades para criar poções, venenos, armadilhas, entre vários outros. Ora com toda esta variedade já habitual em RPGs ocidentais, é possível costumizar os nossos membros da party de várias maneiras e feitios, o que em conjunto com a vertente mais táctica do jogo acaba por resultar numa experiência desafiante e com um bom factor de replay. Os elementos da party que vamos recrutando pertencem a diferentes classes, pelo que podemos focar numa determinada build para cada um. As tácticas? Basicamente cada personagem tem um certo número de slots táticos disponíveis, que podem ser aumentados ao longo do jogo. Esses slots podem ser preenchidos com várias acções a desempenhar automaticamente pelas personagens, durante os combates. Existem presets com comportamentos prédeterminados, como táticas agressivas/passivas/defensivas entre outros, mas a piada do jogo está mesmo em criarmos a nossa própria maneira de jogar.

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Decisões, decisões… umas mais importantes que outras.

Como já é habitual nos RPGs da Bioware, ao longo dos diálogos teremos várias escolhas a fazer nas respostas que podemos dar, embora algumas estejam apenas disponíveis mediante a nossa capacidade de persuasão ou intimidação. Mediante as respostas que damos, podemos influenciar os acontecimentos futuros, ou mesmo o decorrer das sidequests. Mas o que mais influencia sem dúvida é a aprovação ou não das nossas decisões pelos nossos companheiros. Esse apreço vai-se reflectir no grau de afecto que as personagens têm connosco (que também pode ser incrementado ao oferecer alguns presentes). Se tivermos uma má relação com os nossos companheiros eles podem abandonar a party ou até atacar-nos. Pelo contrário, se os formos apaparicando, vão ganhando mais poderes, desbloquear quests especiais ou até, em casos especiais, entrar numa situação de romance (tanto hetero como homossexual). Para além de um lore complexo e bem estruturado, onde podemos ir encontrando ao longo do jogo diversos codexes que contém imensa informação acerca do mundo de Thedas e Ferelden, as diferentes raças, mitologias, sociedades e personalidades, o jogo está repleto de personagens bastante carismáticas, principalmente as que fazem parte da nossa party. Durante o jogo são imensos os momentos em que as personagens vão falando entre si, não deixa de ser sempre cómico quando vemos a Morrigan a mandar bocas sarcásticas a toda a gente, ou o Alistair e Oghren com as suas piadas secas. De resto existe também uma boa parte de loot como seria de esperar. Apesar de a maioria dos objectos que podemos investigar aparecer a brilhar, existem muitos mais escondidos. Não sei como é nas consolas, mas fica uma dica para quem jogar este jogo no PC e quiser descobrir tudo o que pode: ao utilizar a tecla TAB, realça todos os objectos e personagens com as quais podemos interagir na nossa proximidade.

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Pena que só na recta final é que descobri que podemos pausar a batalha e escolher com mais calma os comandos a seguir pela equipa.

O voice acting é bastante competente, assim como a banda sonora que é épica, tal como um RPG deste calibre assim o exige. Graficamente é um bom jogo para os padrões de 2009, contudo tem algumas arestas a limar. Eu sei que isto é algo comum a todos os RPGs, mas neste jogo irritou-me um bocadinho mais: os NPCs são todos muito parecidos entre si. Sim, há variedades quanto baste nos penteados, cor de pele, barbas e afins, mas têm todos caras muito parecidas entre si. Existem também vários bugs, e agora falando apenas na versão PC pois não experimentei a PS360. Nas cutscenes, por várias vezes apanhei as personagens a falar em ângulos completamente esquisitos, alguns em que nem se apanhava as caras, uns outros em que as personagens ainda falavam com as animações de batalha, o que era hilariante vê-los a falar de assuntos sérios e a abanarem-se por todos os lados. Na cidade de Denerim ainda vi umas crianças que em vez de correr deslizavam em formato slideshow pelas ruas, entre outros. Mas o que mais me irritou foi sem dúvida a má optimização do jogo na sua versão PC. Eu tenho um portátil razoável que corre um jogo como o Battlefield 3 bastante bonitinho e lisinho. Já neste Dragon Age tive de reduzir quase tudo para o medium e ainda assim se notava várias quebras de frame-rate. Nas batalhas finais então chegava a ser ridículo. Pelo que percebi, este é um problema comum na versão PC deste jogo, não aconteceu apenas comigo. É pena.

Ainda assim não deixa de ser um bom RPG, com uma boa história, um background complexo e bem executado, com boas ideias a nível de jogabilidade. Existem diversos DLCs com sidequests adicionais e afins, pelo que acabo sempre por recomendar que se compre a versão Ultimate, que para além dos DLCs traz também a expansão Awakening que foi lançada também à parte e que irei jogar as soon as possible.