Gunblade NY and LA Machineguns (Nintendo Wii)

Se há coisa que a Wii e os seus comandos estranhos me agradou, é a facilidade que oferecem para jogar light gun shooters. E várias empresas perceberam isso, com a Sega a , maproveitar para relançar na plataforma vários dos seus light gun shooters. Alguns que nunca haviam sido lançados antes, como foi o caso do Ghost Squad, e desta compilação que contém os Gunblade NY e LA Machineguns. É pena que a Namco não tenha seguido a mesma ideia com os seus Time Crisis clássicos ou Point Blank! O meu exemplar foi comprado há uns anos atrás numa CeX do norte do país, tendo-me custado uns 6€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e papelada

Se não se recordam de nenhum destes jogos em particular, devem-se recordar mais facilmente de ver em centros arcade algumas máquinas com enormes metralhadoras pesadas montadas na sua cabine. Bom, a probabilidade do jogo ser um destes dois é elevadíssima. Gunblade NY foi lançado ainda no velhinho sistema Sega Model 2, o mesmo sistema que nos trouxe clássicos como Daytona USA, Sega Rally, Virtua Fighter 2, Virtua Cop 1 e 2, etc. Já o LA Machineguns saiu mais tarde, creio que em 1998, já no sistema Sega Model 3, que possuía gráficos muito, muito mais avançados para a época.

Gun

O Gunblade NY presenteia-nos com 2 séries de níveis completamente distintas para escolher, bem como um modo de jogo adicional que mistura as áreas de ambos

Mas vamos a um jogo de cada vez, começando pelo primeiro, Gunblade NY. Aqui encarnamos num de dois polícias a bordo de um helicóptero, enquanto que a cidade de Nova Iorque é atacada por um bando de terroristas cyborgs, munidos de bazookas, e outros robots ameaçadores. O objectivo é o de limpar as ruas de todos estes inimigos, sendo que perdemos uma vida caso sejamos atingidos por um dos seus mísseis. Sabemos que um inimigo está prestes a disparar quando lhe surge um círculo vermelho à sua volta e mesmo quando disparam mísseis contra nós, podemos abatê-los antes de sermos atingidos. Inicialmente dispomos de 2 percursos diferentes para percorrer, um easy e o hard, que nos levam a diferentes níveis e bosses, embora todos decorram nas ruas de Nova Iorque, ou nas águas à sua volta. A jogabilidade em si é mesmo só apontar o wiimote e manter o botão de disparo pressionado, sem mais preocupaçãos. Não há reloads, não há armas que sobreaquecem, é mesmo só assentar chumbo nos inimigos que nos aparecem à frente! Mas claro, este é um jogo bastante frenético e apesar de acção ser on-rails, ou seja, sem qualquer controlo de câmara ou do caminho a seguir, a acção em si é bastante frenética, com o helicóptero a mover-se constantemente, por vezes passando em caminhos tão estreitos que nem sei como é possível, e claro, com inimigos a surgirem por todos os lados. Para além destes dois percursos, Gunblade NY possui também um modo Score Attack, onde dispomos de 1 ou 2 minutos para completar cada zona, sem direito a quaisquer continues. Se a nossa performance for boa, avançamos para um nível na campanha Hard, se não for tão boa quanto isso, já avançamos para um nível no Easy. É um modo de jogo feito para os profissionais que procurem um desafio maior.

O Gunblade NY foi um jogo lançado originalmente para o sistema Model 2, não envelheceu muito bem.

Já o LA Machineguns decorre não só em Los Angeles, mas sim em toda a Costa Oeste norte americana, pois teremos  também níveis em Las Vegas ou na prisão de Alcatraz, que fica perto de San Francisco. Aqui não temos diferentes campanhas, mas sim 5 diferentes níveis que podem ser jogados em qualquer ordem. E no que diz respeito à jogabilidade, contem com o mesmo shooting on rails bastante caótico, com uma câmara frenética e inimigos a surgir de todos os lados. Temos é agora um sistema de combos que nos permite pontuar mais ao derrotar uma série de inimigos sem sofrer dano, bem como teremos de evitar disparar sobre alguns civis inocentes que são apanhados no meio da confusão. Não temos o modo Score Attack aqui. De qualquer das formas, tanto num jogo como no outro, à medida que os vamos jogando, iremos subir de ranking policial, onde poderemos desbloquear novas armas (rapid fire, spread shot, por exemplo) que podem ser assignadas ao D-Pad do Wiimote. Para além disso tínhamos também a possibilidade de consultar os leaderboards na internet e ver onde a nossa pontuação se encaixava. Considerando todos os extras que a Sega incluiu no Ghost Squad, sinceramente achei que pudessem incluir mais qualquer coisa.

O LA Machineguns é um jogo mais aprimorado e com um sistema de combos

A nível audiovisual, o Gunblade NY é de longe o jogo que envelheceu pior. Os gráficos são muito quadrados, com poucas texturas e poucos ambientes destrutíveis, ficando apenas algumas marcas como se fossem autocolantes de buracos de balas. Pode ser a nostalgia a pregar-me partidas mas era capaz de jurar que o original arcade é mais colorido, ou pelo menos com cores mais vivas. Aqui até o azul predominante parece muito deslavado. Já o LA Machineguns, sendo um jogo de Model 3, possui gráficos bem mais modernos, com edifícios e inimigos mais polígonose e texturas mais detalhadas. A banda sonora, tanto num jogo como no outro é bastante acelerada, embora preferia que incidisse mais no rock como em muitos outros clássicos da Sega nas arcades da época. Aqui é mais sintetizadores e música electrónica.

Portanto, esta pequena compilação com estes 2 shooters arcade acaba por ser muito benvinda, até porque, até à data, é a única forma que temos de jogar legitimamente ambos os jogos em casa, a menos que comprem as máquinas arcade. Para além dos leaderboards e armas extra, poderíamos talvez esperar outros extras, o que não aconteceu. Ainda assim achei de louvar que a Sega tivesse tido o cuidado de lançar na Wii uma boa parte do seu catálogo de light gun shooters, embora jogos como Confidential Mission, a série Virtua Cop (principalmente pelo Virtua Cop 3 que nunca saiu fora das arcades) e outros menos conhecidos também pudessem ter recebido o mesmo tratamento.

Last Bronx (Sega Saturn)

Last BronxLast Bronx é o último bastião dos jogos de luta em 3D, pelo menos da Sega, para a sua consola 32bit. É uma espécie de sucessor espiritual de Fighting Vipers pelo menos no seu conceito urbano com os combates armados à lá Soul Edge. É tambem produto original da Sega AM#3, o mesmo estúdio da Sega que nos trouxe pérolas das arcades como Sega Rally, Manx TT ou Virtual On: Cyber Troopers. A minha cópia foi comprada algures no ano passado por 5€ a um particular e está em óptimo estado.

Last Bronx - Sega Saturn
Jogo completo com caixa e manuais

O conceito por detrás de Last Bronx leva-nos a uma cidade de Tóquio em decadência, onde vários gangues começaram a lutar violentamente entre si de forma a garantir o seu poder nas actividades ilícitas da capital nipónica. Até que surge uma espécie de convite/ameaça em juntarem os líderes de todos os gangues num torneio, torneio esse cujo vencedor ganharia o direito de controlar o submundo de Tóquio com o seu gang. O resto é a porrada do costume, mas desta vez com algumas armas “brancas”, como bastões, nunchaku’s, cacetetes e mais bastões.

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Infelizmente a selecção de lutadores não é muita e apenas temos um lutador secreto a desbloquear.

E em Last Bronx temos vários modos de jogo já habituais em jogos de luta 3D, nomeadamente o arcade, que é uma representação fiel à vertente singple-player nas máquinas de arcadas, o versus que nos coloca à porrada contra um amigo e outros modos de jogo como o survival, onde defrontamos uma série de inimigos após cada round e sem a nossa vida regenerar, ou o time attack, onde o objectivo é chegar ao fim do jogo no menor tempo possível. Também temos o Saturn mode que é uma variante do modo arcade, onde os combates tomam uma ordem aleatória excepto o combate final, que nos coloca sempre contra o rival da nossa personagem escolhida. Antes e depois desse combate temos direito a pequenas cutscenes com diálogos entre as personagens, sendo que podemos chamar a este modo de jogo o modo “história”. Para além desses ainda temos dois modos de jogo distintos para treinarmos os nossos movimentos. Enquanto o “Free Practice Mode” deixa-nos à vontade para espancar um coitado indefeso, o “Aerial Combo Practice Mode” tal como o seu nome indica, serve para treinarmos os combos aéreos, antes de o nosso oponente cair ao chão. Infelizmente o tutorial completo existente na versão japonesa sob a forma de um disco extra, repleto de conteúdo com tradução necessária, não foi incorporado na edição ocidental.

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Os aerial combos são uma parte importante das mecânicas de jogo e tiveram direito a um modo de treino exclusivo para as mesmas

Os controlos são algo semelhantes aos Virtua Fighters da Saturn, com os três primeiros botões faciais a servirem para defender, dar murros ou pontapés, e os restantes são combinações de outros botões, não deixando claro de dar jeito para desencadear alguns combos ou outros golpes especiais. E Last Bronx é um bastante agressivo: O timer de cada round tem por defeito uma duração de 30s e os ataques com armas dão um dano bem considerável, o que se juntarmos ao pacing elevado com que os combates decorrem, temos aqui um jogo bem emocionante de se jogar.

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Cutscenes com as vozes originais e legendas em inglês? A única coisa boa em não haver budget suficiente para traduções totais de um jogo.

Graficamente é um jogo bem interessante. Naturalmente o original lançado para uma das revisões do sistema Model 2 está repleto de detalhes que a versão Sega Saturn não tem, como gráficos em “alta resolução” com lutadores e arenas bem modelados. Ainda assim não deixa de ser um bom jogo 3D na consola de 32bit da Sega. As personagens têm detalhe quanto baste, embora ainda esteja algo longe do detalhe alcançado pelo Virtua Fighter 2. No entanto o jogo não deixa de ter uma resolução alta e um bom framerate, conseguindo algo que Virtua Fighter não conseguiu: os backgrounds completamente poligonais. Mas deixando esses aspectos mais técnicos de fora, Last Bronx foi um jogo que fez sucesso no Japão pelos seus cenários serem inspirados em localidades reais de Tóquio, fazendo com que todas as arenas sejam em áreas urbanas. Infelizmente é tudo à noite… Outro aspecto interessante de ser referido é que, tal como Soul Blade/Edge, este foi um dos primeiros jogos de luta a utilizar técnicas de captura de movimentos nas personagens, o que explica a fluidez das animações. Existe até a circular no Japão uma espécie de documentário que evidencia esse processo.

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A versão caseira também conseguiu manter o efeito gráfico das armas em movimento

E tal como referi anteriormente o jogo tem algumas cutscenes, em especial no “Saturn Mode”. Antes do embate contra o nosso arqui-rival temos direito a uma pequena cutscene falada com o próprio motor gráfico do jogo, mas depois de vencermos essa última batalha teremos direito a pequenas cutscenes anime, que têm um bom voice acting e pecam unicamente por serem pequenas. As músicas têm o feeling inconfundível das obras da Sega nas arcades daquele período, embora sinceramente já não sejam tão do meu agrado devido a serem na sua maioria techno/electrónica.

No fim de contas, este é mais um óptimo jogo de luta 3D que infelizmente não recebeu o seu merecido sucesso, e por isso mesmo não ouvimos mais nada sobre uma eventual sequela, o que é pena. Ainda assim, e embora não tenha o carisma de um Virtua Fighter ou Fighting Vipers, é mais uma excelente alternativa aos fãs do género que possuam a malfadada e incompreendida consola de 32bit da Sega.

Sega Touring Car Championship (Sega Saturn)

Sega Touring Car ChampionshipQuando somos novinhos, somos mesmo facilmente impressionaveis. Em 1996, eu com 10 anos na altura, lembro-me de ver imagens do próximo “grande” jogo de corrida da Sega para a sua Saturn e babar-me completamente para o que estava a ver. O jogo em questão era o Sega Touring Car Championship e finalmente uma data de anos depois (mais de 10!) finalmente acabou por chegar às minhas mãos e o resultado foi algo decepcionante. A minha cópia foi comprada no ano passado na loja portuense PressPlay, penso que me tenha custado algo à volta de 7€. Está em óptimo estado, faltando apenas o manual europeu. Edit: recentemente arranjei outra cópia que me ficou por 2.5€, estando bem mais completa e adivinhem, não era só o manual europeu que me faltava, pois isto está cheio de papelada.

Jogo com caixa, manuais e papelada diversa.

É inegável o amor da Sega pelo desporto motorizado. Apesar de nos anos 80 termos sido presenteados com Outrun e Hang On, foi nos anos 90 com o florescer dos jogos 3D que a Sega deu o grande salto no que diz respeito a jogos desta área. Virtua Racing, Daytona USA, Sega Rally, Manx TT, foram uma série de óptimos jogos arcade que revolucionaram o género. O jogo seguinte foi o Sega Touring Car Championship, desenvolvido pela AM3 (também conhecida por Hitmaker) na placa Model 2. Apesar de não ser um mau jogo, não conseguiu ter o mesmo sucesso dos seus antecessores. Por consequência a versão Saturn também não iria ter o mesmo sucesso que Sega Rally ou Daytona USA. STCC é baseado na antiga competição alemã de carros de turismo “Deutsche Tourenwagen Meisterschaft” (DTM), onde conduzimos carros da Mercedes, Opel, Alfa Romeo e Toyota.

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Ecrã de selecção de veículos

O grande problema deste jogo, e o que me deixou decepcionado é a sua controlabilidade, que está longe de ser tão suave e perfeita como a do Sega Rally, ou até a de Daytona USA. Podemos fazer várias modificações aos carros, desde suspensões até à própria “handling”,mas a verdade é que eu não noto diferenças na pista. E para além de ter controlos que dificultam a condução, o jogo é bastante exigente. Podemos estar a conduzir com o “pé na tábua”, sem bater nas paredes ou outros obstáculos e ainda assim estarmos bem atrás da concorrência. Muita gente diz que esto jogo se for jogado com o comando 3D da Saturn se torna numa experiência mais agradável, acredito que sim, mas não o posso fazer pois actualmente não possuo o tal comando.

No que diz respeito a modos de jogo, como tem sido habitual nas conversões arcade da época, a versão caseira pouco ou nenhum material novo introduzia. Aqui à partida parece ser o mesmo, mas à medida que vamos jogando iremos desbloquear uma série de novos circuitos, carros e modos de jogo, que tornam esta conversão numa experiência mais completa. Temos logo à partida uma distinção de modos – Arcade ou Saturn. Em Arcade temos o Championship Mode que uma réplica da versão original, onde corremos com um dos 4 carros disponíveis nos 3 circuitos base. Se no final ficarmos em primeiro lugar é desbloqueado um quarto circuito. Ao vencer também este circuito desbloqueamos o Grand Prix Mode (igual ao anterior, mas com 20 voltas em cada pista), e ao vencer o GP Mode é desbloqueado o modo de jogo final na Arcade, o Expert Mode. O Saturn mode alberga uma maior variedade de opções. Temos também o Championship Mode, em tudo idêntico à vertente Arcade mas com a opção de fazer modificações aos veículos, Time Attack que são corridas livres contra-relógio, bem como o modo VS que inclui a vertente multiplayer para 2 jogadores em split-screen. Ao terminar a pista bónus do Championship Mode no modo Saturn, é desbloqueado o Exhibition Mode e mais uma pista de bónus. Ao terminar esta última pista é desbloqueado um carro protótipo. Ao completar tudo o que há nos modos Arcade e Saturn são também desbloqueados os carros do Sega Rally. Claro que estas coisas também podem ser todas desbloqueadas através de códigos de batota.

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O jogo em movimento parece mais bonito…

Uma das funcionalidades mais interessantes deste jogo é a sua vertente online. Como eu devo ter referido no meu artigo da Sega Saturn, a mesma chegou a ter acesso à Internet nos mercados dos EUA e Japão, bem como jogos com suporte a multiplayer online (Duke 3D é um exemplo). Embora não tenha jogo online, STCC vinha com a opção de fazer upload dos tempos de cada jogador para o site da Sega, de modo a fazerem parte do ranking mundial. Nas versões americanas e japonesas deste jogo, isto era possível fazer-se através do próprio jogo e do uso do modem NetLink. A versão PAL também permite que o façamos, mas através do PC. O cd do jogo tem um ficheiro html para o efeito. Outra funcionalidade muito interessante são os “Global Net Events”. Ocorreram 3 “torneios” especiais, um no dia de Natal de 1997 e mais 2 em 1998, tendo os mais variados objectivos, desde 2 voltas em Time Attack, passando por correr fora de mão e evitar bater nos outros carros.

Falando agora dos visuais, caímos num outro problema do jogo. STCC não tem os problemas graves de “pop in” característicos de Daytona USA e Manx TT, embora sofra de algum “clipping” algumas vezes – algo habitual no tempo das 32bit. O jogo é também muito rápido, mas o grande problema é que o framerate é demasiado baixo, o que torna o jogo um pouco desagradável para os olhos. Os modelos dos carros até que estão bem conseguidos, mas as pistas e as suas texturas poderiam ter recebido mais trabalho. Passando para o som, a banda sonora ao contrário dos outros jogos já não é inspirada em rock/metal, passando para uma sonoridade mais pop/electrónica. Não é de todo o meu género musical de eleição, mas devo dar o braço a torcer que as músicas até que estão bem conseguidas.

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Multiplayer – se forem os 2 azelhas como eu, passa a ser um jogo de pinball

Finalizando, Sega Touring Car Championship não é de todo dos piores jogos de corrida da Saturn, mas ainda fica uns bons furos abaixo de Sega Rally ou Daytona USA. Para quem gosta de jogos de corrida com o feel e a jogabilidade agradável de um jogo Arcade, este não é jogo para isso. Contudo, para quem tiver um comando 3D da Saturn e gostar de jogos de corrida com mecânicas de controlo mais complexas poderá dar uma tentativa. STCC também recebeu um lançamento para PC (Windows 95). Os gráficos estão melhores e o framerate também, mas ainda assim o jogo tem uma controlabilidade difícil.

Sega Rally Championship (Sega Saturn)

“Sega Rally Championship! *VRRROOOM!!*” quem passou várias tardes da sua infância/adolescência a jogar isto certamente é a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando se fala em Sega Rally. Lançado nas arcades em 1995 através do estúdio Sega AM5 (que continha membros da equipa original de Ridge Racer da Namco), e convertido para a Sega Saturn pela Sega AM3 (posteriormente Hitmaker – autores de jogos como Manx TT, Virtua Tennis e Crazy Taxi), Sega Rally demarca-se pelo pioneirismo de explorar diferentes comportamentos de condução para diferentes pisos. Isto aliado à vertente arcade altamente aliciante que os clássicos da Sega sempre tiveram. A minha cópia foi comprada no ano passado em 2010 no ebay. Já não me lembro quanto custou mas foi uma pechincha. Está completo e em bom estado.

Sega Rally Saturn
Caixa disco e manual multilingue

À semelhança dos jogos Arcade da época, bem como das suas conversões caseiras, Sega Rally é um jogo com poucas pistas e carros, mas ainda assim é o meu jogo de corridas preferido. Eu não sou um grande fã de jogos de simulação, para mim desporto motorizado tem que ter aquele feel arcade e a sensação de adrenalina que o mesmo transmite, e nisso a Sega é, ou pelo menos foi, mestre. Tanto na versão original arcade, como nesta conversão para Saturn, os carros comportam-se que é uma maravilha e os circuitos são fantásticos.

Deixando a versão arcade de lado e falando apenas na conversão para Saturn, somos introduzidos com 3 modos de jogo: Arcade, Time Attack e 2 Player Battle. Em Arcade, temos 2 sub-modos de jogo: Championship e Practice. Championship é uma adaptação do modo de jogo original. Temos 2 carros à escolha, um Toyota Celica e um Lancia Delta, ambos com a opção de mudanças automáticas ou manuais. Em seguida começamos o primeiro circuito na 15ª posição, e é uma corrida contra o relógio até ao final. O circuito seguinte começamos na posição em que acabamos o circuito anterior. Este modo de jogo tem 3 circuitos (Desert, Forest e Mountain), sendo que se chegarmos ao fim do circuito Mountain em primeiro lugar desbloqueamos um circuito extra de nome Lake Side. É o circuito mais difícil do jogo e, se o chegarmos ao fim desse mesmo circuito em primeiro lugar desbloqueamos um carro secreto, o Lancia Stratos, carro mais rápido do jogo.

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Quase a cortar a meta no Desert stage

O modo practice como o próprio nome indica permite escolher um qualquer circuito e simplesmente treinar. Avançando para o Time Attack, é um modo de jogo para quebrar recordes, podem ser definidas o número de voltas a fazer num determinado circuito ou simplesmente escolher o modo “free run” e corremos no mesmo circuito até nos fartarmos.

O modo 2 Player Battle é auto explanatório… acção frenética em split screen contra um amigo! Existe também umas opções especiais que permitem customizar ligeiramente o carro, escolhendo vários valores diferentes para pneus, suspensões, transmissão, etc. E sobre modos de jogo basicamente é isto. As conversões de jogos arcade naquela altura sempre foram um pouco pobres para adicionar conteúdo novo. Mais uma vez e à semelhança do Daytona USA, é possível jogar-se nos circuitos standard espelhados, usando um código especial. Isso na minha opinião até deveria ser opção normal do jogo.

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A desbravar no Forest Stage

Falando de outras andanças, a nivel gráfico é uma boa conversão da Arcade. O jogo original é baseado no hardware Sega Model 2 que por sua vez é mais poderoso que a Sega Saturn, pelo que as conversões nunca ficariam a 100%. Nota-se um downgrade na resolução, nos modelos dos carros e na falta de efeitos especiais, pelas razões que sempre falo quando analiso algum jogo de Saturn. Ainda assim, acho que a conversão é muito bem conseguida. Não há “pop in” dos cenários como em Daytona USA, a draw distance é razoavelmente grande, a acção é fluida e os gráficos são coloridos. O jogo é suficientemente rápido e a jogabilidade é brilhante. Nota-se realmente a diferença de comportamento nos carros em diferentes pavimentos, hoje em dia isso é trivial em qualquer jogo de corrida que se preze, mas em 1995, nem por isso. A jogabilidade é precisa e o D-Pad do comando da Saturn dá bem conta do recado.

A nível de som, tal como os outros clássicos arcade da Sega da época, a banda sonora é constituída por músicas mais rock ‘n roll e “up beat“, então a música logo do primeiro circuito, é para deixar o volume alto! Outro ponto interessante do jogo na época foi a inclusão das frases do co-piloto acerca da pista: “Easy right”, “medium left”, “very long easy right maybe”. Para não deixar de referir as falas quando se termina um circuito (“finiiiiish!!”) ou no ecrã de game over (“game over yeaaaah!”). Realmente, um clássico!

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Pista secreta e carro secreto

Sega Rally pouco tempo depois foi adaptado para o Windows 95, numa altura em que sairam vários jogos da Sega para o PC, foi um protocolo qualquer que a Sega teve com a Microsoft em lançar alguns dos seus jogos para Windows. Essa versão pelo que me lembro conta com melhores gráficos que a versão Saturn, mas o gameplay não é a mesma coisa (também na altura joguei com o teclado e foi há muito tempo). Quando saiu a Dreamcast também adaptaram o Sega Rally 2 da Arcade mas sinceramente só joguei 5 minutos desse jogo. Recentemente voltaram a pegar na franchise, tendo lançado mais uma série de jogos para os sistemas mais recentes, nunca sequer lhes peguei.

Sega Rally é um dos melhores jogos da Saturn e também um dos mais baratos e fáceis de encontrar por esses ebays fora. Acho que é um título obrigatório na colecção de qualquer possuidor de Sega Saturn, mesmo que não gostem de jogos de corrida. É Arcade em casa!

Daytona USA C.C.E. (Sega Saturn)

Daytona USA CCE

Conforme mencionado uns posts atrás na análise ao Daytona USA original da Saturn, mais tarde em 1996 a Sega lançou uma versão melhorada do clássico das Arcades. A minha cópia acabou de me chegar a casa há algumas horas atrás, tenho estado a jogar este jogo desde então. Foi comprado no miau.pt por 3€, um bom preço para um clássico.

A minha cópia do jogo – caixa, manuais e cd

Esta conversão não ficou a cargo do estúdio de Yu Suzuki (Sega AM2), mas sim da equipa de Sega Rally, um outro grande clássico tanto das arcades como da própria Sega Saturn, que mais tarde ou mais cedo acabarei por falar neste espaço. A Sega AM3 usou o motor gráfico da conversão de Sega Rally para a Saturn, o que resultou em diversas melhorias gráficas.

Na verdade, o jogo corre nuns 30fps estáveis e apesar dos carros estarem ligeiramente menos detalhados que no predecessor, as pistas em si estão bem mais detalhadas e a draw distance é maior. Para além das 3 faixas do jogo original (que aqui têm nomes próprios ao invés de Beginner, Intermediate e Expert) são adicionadas mais 2 faixas inéditas comparativamente ao original das Arcades e Saturn. São adicionados também mais carros para um total de 5 (mais um ou outro secreto). Infelizmente Daytona USA CCE não trouxe só melhoramentos: a jogabilidade piorou. Daytona USA CCE sofre de uma jogabilidade mais “travada” face ao original.

A nível de opções, temos o Arcade Mode que como o nome indica é idêntico ao jogo nas máquinas. Dispomos de um timer e temos de percorrer cada checkpoint dentro de um intervalo de tempo limite, e consoante a classificação vai-se avançando para outros circuitos. Existe também o Time Attack Mode, que é uma versão mais para “treino”, onde podemos praticar em todos os circuitos de modo a melhorar os tempos. O número de voltas é customizável. Finalmente existe o modo multiplayer que confronta 2 jogadores. Muitas tardes passei eu a jogar isto com amigos meus… Este modo foi uma falha enorme em não ter sido incluido no jogo original.

daytona usa cce title
Ecrã inicial

À semelhança do seu antecessor, Daytona USA CCE possui vários segredos que infelizmente não haviam de ser segredos, deveriam fazer parte das opções normais do jogo. Para além de poder correr nas pistas espelhadas através de um código secreto (X+Y+Z no ecrã de selecção de pista), existem outros códigos para alterar a iluminação das mesmas pistas, podemos jogar à noite, de manhã cedo, durante a tarde, etc. Existem também alguns carros secretos incluindo um cavalo, à semelhança de Daytona USA.

A nível de som, é um jogo competente. Infelizmente a faixa título com os vocais “DAYTOOONAAAAAA” teve os vocais removidos, as restantes faixas são remixes das originais ou então faixas inteiramente novas. Contudo, não deixam de ser músicas agradáveis com um feel muito rock ‘n roll que me agrada. Em relação aos efeitos sonoros, nada a apontar, também não sou um especialista nesse campo.

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Os danos em veículos continuaram presentes

Este jogo foi sujeito a várias diferentes versões. Nos Estados Unidos, para além de uma versão semelhante à nossa, saiu uma outra em tudo igual, mas com suporte a jogo online usando o serviço Sega NetLink. A versão Japonesa saiu mais tarde no ano de 1997, com o nome encurtado para Daytona USA: Circuit Edition. Para além de incluir o modo online presente na versão americana, os gráficos foram sujeitos a mais melhorias, bem como a jogabilidade, que apesar de mais próxima da versão arcade, ainda não estava perfeita.

A versão japonesa foi mais tarde convertida para PC sob o nome de Daytona USA Deluxe, com a inclusão de um novo circuito exclusivo para essa versão. Os gráficos foram melhorados tirando vantagem das placas aceleradoras 3D que começaram a ser popularizadas na altura.

Para finalizar, quem tem uma Sega Saturn naturalmente deve ser fã de jogos arcade. Daytona USA é um jogo indispensável na biblioteca da plataforma. Daytona USA CCE ganha no quesito gráfico, numa maior variedade de pistas e carros, mas perde na jogabilidade face ao original. Visto serem 2 jogos relativamente comuns, eu aconselharia a comprar as 2 versões. Ou então a versão japonesa que também não é muito cara e já tem uma jogabilidade melhor. Se forem possuidores de uma Dreamcast, então Daytona USA 2001 é a versão definitiva. Agora com licença que vou ali fazer uns drifts