Revenge of Shinobi (Nintendo Gameboy Advance)

Tempo para mais uma rapidinha, desta vez visitando a Gameboy Advance. E o jogo que cá trago hoje, apesar de partilhar o mesmo nome que um grande clássico da Mega Drive, nada tem a ver com o mesmo, o que é uma grande pena. É um jogo que surge numa época em que a Sega atravessava algumas dificuldades após a sua passagem para third party, tendo sublicenciado algumas das suas propriedades intelectuais a outras empresas para ports, remakes ou novas entradas. Este jogo, tal como o Altered Beast da GBA foi produzido pela 3d6 e publicado pela THQ em 2002. O meu exemplar foi comprado algures em Abril de 2016 numa das minhas idas à feira da Vandoma no Porto, creio que me custou à volta de 5€.

Apenas cartucho

Ora tal como referi acima este Shinobi só lhe vai buscar mesmo o nome aos clássicos. Ao contrário do que a 3d6 fez com o Altered Beast da GBA, onde pelo menos respeitou as raízes do material original e expandiu a sua jogabilidade, aqui practicamente é tudo descartado. Os Shinobi decorrem numa era moderna e algo futurista, misturando níveis que alternam entre templos antigos e arquitecturas tradicionais japonesas, com cidades e bases militares high-tech. Aqui o jogo decorre inteiramente no Japão feudal, onde controlamos um ninja meramente chamado de Shinobi. O jogo começa com o nosso mestre a contar a lenda de Ashira-O, um ser maligno e que aterrorizou o Japão durante muitos anos, até que 5 shoguns uniram forças e conseguiram derrotá-lo, ao aprisionar a sua alma em 5 diferentes espadas, cujas depois acabaram por corromper os Shoguns, tornando-os igualmente maus, cabendo-nos a nós procurá-los e derrotá-los.

Visualmente até que é um jogo muito colorido nalgumas partes.

A jogabilidade é extremamente simples, com um botão para saltar, outro para disparar shurikens, que neste jogo aparecem em números muito, muito reduzidos. Os inimigos no entanto não são nada difíceis de defrontar, pelo que atacá-los com a nossa espada é mais que suficiente. Podemos correr e efectuar duplos saltos e também poderemos usar golpes mágicos, cujos possuem diferentes elementos de terra, ar, fogo, água e trevas. As diferentes magias vão sendo desbloqueadas à medida em que vamos explorando os níveis, que por sua vez são algo não-lineares, obrigando-nos a procurar por chaves e alavancas de forma a desbloquear o caminho. Ocasionalmente lá teremos de explorar o interior de alguns edifícios e lá nos aparecem algumas escadas para subir ou descer de andar. Estão a ver os Castlevania clássicos que tinham estas escadas por vezes? Bom, aqui é frustrante conseguir subi-las ou descê-las com o D-Pad da Gameboy Advance, mas a muito custo lá se vai fazendo.

Infelizmente não há grande variedade nos inimigos que vamos defrontar.

A nível gráfico é um jogo que possui grafismos pré-renderizados em CGI. Se os níveis propriamente ditos até que estão coloridos e detalhados quanto baste, por outro lado há muita pouca variedade nos mesmos, tornando-se um jogo algo repetitivo. As sprites de Shinobi e dos inimigos são também pré-renderizadas, mas estas já possuem muito pouco detalhe, infelizmente. Infelizmente também as magias não são nada de visualmente espectacular, eu quando era miúdo adorava olhar apenas para as magias dos Shinobi da Mega Drive! Nada a apontar quanto aos efeitos sonoros mas as músicas, bom, estas estão muito longe dos clássicos de Yuzo Koshiro. É que para além de haverem poucas músicas e estas serem pouco variadas entre si, são muito calmas e repetitivas. São melodias inspiradas em folclore nipónico, mas muito, muito calminhas mesmo.

Este jogo acaba então por ser uma grande desilusão a todos os níveis. Eu se fosse à Sega não teria autorizado de maneira alguma este jogo ter o nome de Shinobi, muito menos Revenge of Shinobi, induzindo em erro quem cresceu a jogar o jogo na Mega Drive de mesmo nome. Se querem um óptimo jogo de ninjas na Gameboy Advance e que fez um papel muito melhor ao lembrar a série Shinobi, espreitem o Ninja Cop.

Road Rash (Nintendo Gameboy Color)

Road RashA rapidinha de hoje irá incidir em mais uma das adaptações da série Road Rash, que sinceramente deixa algumas saudades. Um pouco como a Sega, a Electronic Arts está também sentada num enorme reportório de antigas e saudosas franchises que poderia perfeitamente trazer de volta. Mas a Electronic Arts infelizmente hoje em dia é muito mais virada para o lucro fácil, DLCs e fechar estúdios talentosos, pelo que se calhar, no fim de contas, mais vale não estragar muito o passado. E infelizmente foi isso que fizeram com esta versão para a Gameboy Color, já lançada no ano de 2000. O porquê já vão ver nos parágrafos seguintes! Este meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide, tendo-me custado uns 2€.

Apenas cartucho
Apenas cartucho

Na verdade, este parece-me mais ser uma conversão do Road Rash II do que do primeiro jogo. Isto porque o primeiro jogo apenas decorria ao longo da costa da Califórnia, já no segundo iriamos correr em estradas de diversos estados norte-americanos, coisa que acontece nesta versão para Gameboy Color também. O design dos menus também me parece mais similar ao Road Rash II. De resto, as mecânicas de jogo são as que esperariam de um jogo desta série: vamos participando numa série de corridas ilegais de motos ao longo de vários estados norte-americanos, onde há poucas regras e podemos inclusivamente andar à pancada com os nossos oponentes, seja com murros e pontapés, ou com recurso a armas brancas como bastões de baseball ou correntes. De forma a avançar, teremos de chegar ao fim da corrida pelo menos no terceiro lugar. À medida que vamos correndo, amealhamos também dinheiro para comprar novas motos, o que seria algo necessário para as rondas seguintes, onde a dificuldade aumenta.

O jogo tem também uma vertente multiplayer através do cabo que liga 2 Gameboy Colors, mas nunca testei tal coisa.
O jogo tem também uma vertente multiplayer através do cabo que liga 2 Gameboy Colors, mas nunca testei tal coisa.

Infelizmente aqui as coisas chegam a um ponto onde nem por termos a moto mais veloz de sempre nos safamos. Esta versão para Gameboy Color acaba por ser ridiculamente difícil a partir da segunda metade do jogo. Isto porque os circuitos estão cheios de altos e baixos que nos vão fazendo saltar, várias vezes com curvas apertadas logo depois do salto, o que pode resultar em espetarmo-nos nalgum sinal de trânsito ou num carro em sentido oposto. Ao cair da moto levamos imenso tempo a voltar, tempo esse precioso para alcançar os nossos oponentes. Temos de chegar a um ponto onde somos forçados a conduzir tão devagar para não embater em nada ou ninguém que acaba por nos levar a chegar ao fim do circuito em posições bem baixas da tabela, de um forma ou de outra.

Apesar de ter aquele efeito bonito de não estarmos a percorrer uma estrada plana, devo dizer que gostei mais do resultado da Game Gear
Apesar de ter aquele efeito bonito de não estarmos a percorrer uma estrada plana, devo dizer que gostei mais do resultado da Game Gear

Graficamente, sinceramente acho que a versão Game Gear (e Master System) do primeiro Road Rash acabam por ser tecnicamente bem mais competentes. Apesar de nesta versão GBC termos também detalhes como os 2 retrovisores da moto que nos mostram quem vem atrás de nós, ou os tais altos e baixos das estradas, as cores em si, bem como o detalhe das sprites, não estão tão boas como nas versões das consolas 8bit da Sega. As músicas também não acho que soem tão bem como na Game Gear, mas isso já é mais discutível.

Em suma, devo dizer que esta conversão para a Game Boy Color me deixou algo desiludido. Também, com a Electronic Arts a relegar a tarefa para um estúdio como a 3d6 Games, que apesar de apenas se focarem em consolas portáteis, sempre deixaram algo a desejar com os seus trabalhos. No entanto foi um jogo que comprei precisamente para satisfazer esta minha curiosidade de ver como a Game Boy Color se comportaria face à versão lançada uns bons anos antes, para a Game Gear. E a curiosidade ficou satisfeita.

Altered Beast: Guardian of the Realms (Nintendo Gameboy Advance)

Altered BeastApós a Dreamcast ter sido descontinuada,  e a Sega ter anunciado a sua retirada do ramo de consolas, ainda houve um breve período em que os seus estúdios trabalhavam com autonomia e continuaram a lançar bons jogos. A partir de certa altura isso começou a mudar e as más acções tornaram-se mais uma vez no prato do dia. Uma dessas más acções foi a Sega ter confiado à THQ a licença de várias das suas propriedades intelectuais clássicas, para desenvolverem novos jogos para a Gameboy Advance. E este novo Altered Beast é um desses produtos que acaba por deixar um pouco a desejar.

Altered Beast Guardian of the Realms - Nintendo Gameboy Advance
Apenas cartucho

Mas se há algo que não podemos acusar a 3d6 Games (o pequeno estúdio responsável pelo desenvolvimento deste jogo), é de não conhecer o material original. Este novo Altered Beast vai buscar muitas coisas ao original, desde as míticas frases de “Rise from your grave” ou “welcome to your doom!”, mas também algumas das transformações e inspirações para alguns dos níveis. Mas o problema é que o Altered Beast era um excelente jogo para os padrões de 1988, mas cujo “wow factor” se esgotou rapidamente. E este novo Altered Beast é muito semelhante ao original, mas 3x mais longo, não só ao incluir muitos mais níveis, mas também aos mesmos serem bastante longos. E sendo este um beat ‘em up bastante linear e completamente 2D, níveis longos acabam por se tornar algo enfadonhos. No entanto, para quem tenha gostado da jogabilidade e conceito do Altered Beast original, a sua essência mantém-se, porém foi também expandida pela inclusão de muitos mais power-ups, para além daqueles que nos iam deixando mais corpulentos até nos transformarem numa criatura.

Rise from your grave! Porque Zeus está demasiado ocupado para resolver os seus problemas directamente
Rise from your grave! Porque Zeus está demasiado ocupado para resolver os seus problemas directamente

Agora teremos itens que nos regeneram a vida, outros que nos deixam temporariamente muito mais ágeis, outros que permitem “envenenar” os inimigos, enfraquecendo-os de forma a serem derrotados mais facilmente, um escudo que nos deixa invencícel durante algum tempo, ou outros que despoletam ataques poderosos capazes de limpar todos os inimigos presentes no ecrã. Para além das transformações originais presentes no primeiro Altered Beast, que aqui se encontram mais uma vez representadas (embora na forma de outros nomes – por exemplo o famoso werewolf chama-se agora canis), existem também outros bichinhos que nos podemos transformar, cada qual com os seus poderes especiais. E em cada nível nos transformamos apenas num animal específico, o que é pena pois existem alguns que têm poderes melhores que outros, a meu ver. De resto, o jogo convida-nos também a rejogar os níveis que já tenhamos passado para desbloquear outras formas da mesma criatura que nos podemos transformar nesse mesmo nível. Visualmente são iguais, mudando apenas a sua cor, mas aparentemente são versões mais poderosas das criaturas originais.

Para além disso o jogo tem ainda uma vertente multiplayer. Para além de permitir jogar o modo história cooperativamente com 2 jogadores através do link cable, existe também um battle mode com suporte até 4 jogadores. Sinceramente nunca experimentei este modo de jogo, mas duvido que seja algo que seja muito empolgante…

Sim, este primeiro nível faz lembrar imenso o primeiro nível do Altered Beast original
Sim, este primeiro nível faz lembrar imenso o primeiro nível do Altered Beast original

No que diz respeito aos audiovisuais, para 1988, o original era um jogo graficamente bem interessante, com sprites gigantes, mundos coloridos e bem detalhados, mas acima de tudo, o que mais impressionava eram aquelas pequenas cutscenes com as transformações. Mesmo a conversão para a Mega Drive sendo mais pobre tecnicamente, não deixava de ser impressionante como um título de lançamento, pelo que se compreende perfeitamente o destaque que lhe foi dado pela Sega nos primeiros meses de vida da Mega Drive/Genesis. Aqui, os backgrounds, personagens e criaturas são pré renderizados em CGI, o que dá um aspecto gráfico interessante, principalmente nos backgrounds. Alguns inimigos acho que não ficaram lá muito bem representados, mas isso também pode ser fruto da baixa resolução do ecrá da Gameboy Advance. No que diz respeito ao som, os efeitos sonoros são bons quanto baste, já a música é que achei muito discreta.

Posto isto, este Altered Beast acaba por ser um jogo algo ambíguo. Se por um lado pega na fórmula do Altered Beast original e expande-a ao incluir novas criaturas, outros níveis em settings diferentes e diferentes power ups, ultimamente também perde, pois o jogo continua a ser um beat ‘em up inteiramente 2D, linear e com uma jogabilidade básica. E o facto de ter 15 níveis enquanto o original possuia só 5 e os mesmos são bem mais longos, também se pode tornar num jogo algo enfadonho. Talvez seja bom para jogar apenas em doses curtas!