Vampyr (Sony Playstation 4)

Tirando uma ou outra partida de Destiny, já há algum tempo que não pegava na PS4, e eu com um backlog cada vez maior para essa plataforma. Então no mês passado lá me decidi a experimentar este Vampyr, jogo que tinha ficado com vontade de experimentar desde que o comprei. E quando foi isso? Foi nas promoções de Black Friday da Worten, que fez descontos na compra de packs de 3 jogos. Já não me recordo ao certo quanto este ficou, mas terá sido algo na volta dos 20€.

Jogo com caixa

Produzido pela Dontnod, os mesmos por detrás de Remember Me e Life is Strange (mais dois jogos que tenho em backlog), este é um RPG de acção muito interessante, passado em plena capital Britânica, algures em 1918, por alturas em que a primeira Guerra Mundial ainda se desenrolava, bem como o fortíssimo surto de gripe espanhola que ceifou muitas vidas em todo o mundo. A nossa personagem é o médico Jonathan Reid, que tinha acabado de regressar de França, após combater na Guerra. Mas eis que coloca um pé de volta em solo britânico quando é atacado, aparentemente mordido por alguém. A aventura começa precisamente com Jonathan a acordar numa vala comum repleta de cadáveres (Londres era uma cidade em quarentena devido à epidemia de gripe) e, bastante fraco e com a visão turva devido à sua sede de sangue, Jonathan acaba por inadvertidamente atacar a sua irmã, matando-a. Confuso e furioso consigo mesmo, Jonathan procura por respostas para o que lhe aconteceu, sendo que logo em seguida é acusado de ele mesmo ser um vampiro por umas milícias que por lá passavam.

Ao combater os inimigos também podemos medir a quantidade de vida e de stamina (barras cinzentas, abaixo) que lhes restam

Entretanto coisas acontecem e acabamos por ficar a trabalhar num Hospital, gerido por um médico que pertence a uma Ordem secreta que estuda precisamente os vampiros. Aí vamos começar a explorar a cidade à nossa volta, interagindo com uma série de personagens, de forma a descobrir quem nos transformou em vampiro e porquê, bem como resolver o problema da epidemia Londrina, que neste momento é bem pior que uma mera gripe, pois muitos dos seus habitantes estão também a serem transformados em Skals, uma espécie de vampiros mais fracos, fisicamente deformados, e tipicamente extremamente selvagens. Vamos conhecer pessoas de todos os estratos sociais, com diferentes personalidades, segredos a encobrir e claro, muitos mais vampiros londrinos também.

O jogo assenta numa premissa interessante: Se formos um vampiro bom e não sacrificarmos inocentes, a nossa personagem evolui de uma forma bem mais lenta, e saliento o beeeeem mais lenta. Se quisermos alcançar o melhor final do jogo teremos de seguir por esta via, o que nos vai levar muitas vezes a defrontar inimigos que estão num nível muito superior ao nosso, às vezes até 10 níveis acima. Isto obriga-nos a encarar cada combate de forma muito cuidada, estudando os inimigos, vendo como se movimentam e usar as nossas habilidades da melhor forma. O pior é contra os bosses, aí lá teremos muitas tentativas pela frente! Durante o combate, temos de ter em atenção às nossas 3 barras de energia que aparecem no canto superior esquerdo do ecrã: a primeira é a nossa barra de vida, a segunda é a barra de stamina, cuja esvazia sempre que atacamos, esquivamo-nos ou corremos, mas vai-se restabelecendo à medida em que paramos alguns segundos. A última barrinha corresponde ao nível de sangue que carregamos. O sangue é necessário para activar as nossas habilidades de vampiro, pensem como se mana se tratasse. Ao atordoar os inimigos podemos mordê-los, absorvendo parte do seu sangue para nós.

Ao pressionar o botão L3 activamos os sentidos de vampiro, que pressentem presenças à nossa volta

À medida que vamos avançando no jogo vamos poder então evoluir o Dr. Reid numa série de parâmetros. Podemos melhorar a nossa condição física, seja ao extender cada uma daquelas barras de energia, aumentar a quantidade de sangue que conseguimos absorver em cada mordida, ou mesmo a força da mordida. Podemos também desbloquear e evoluir várias habilidades vampíricas, desde habilidades ofensivas que tanto podem se focar em dano de luta corpo-a-corpo, dano de sangue ou sombra, sendo que os inimigos têm todos resistências e fraquezas para este tipo de danos. Temos habilidades defensivas como a criação de barreiras, ou a capacidade de nos mordemos a nós próprios e nos curarmos um pouco. Para ataques normais, podemos equipar uma série de armas brancas, sejam facalhões, bastões, machados ou mesmo uma grande ceifa, mas também podemos equipar algumas armas de fogo como revólveres e shotguns. Ao longo do jogo vamos encontrando também vários objectos que podem ser usados em crafting, seja para melhorar a performance das nossas armas (acreditem que faz uma diferença brutal), criar soros que nos regeneram a vida, fadiga ou nível de sangue, ou mesmo medicamentos. Hum? Medicamentos? Sim, Jonathan é um médico e aqui teremos também de cuidar dos cidadãos inocentes, o que me leva a abordar mais um ponto interessante deste Vampyr.

Por vezes sente-se a falta de algum mecanismo de fast travel entre localizações.

Ora vamos para os NPCs. Estes são personagens importantes, não só porque enriquecem o universo do jogo e a sua narrativa, até porque podemos (e devemos) dialogar com eles, descobrindo segredos do seu passado, inclusivamente desbloqueando algumas sidequests. Ocasionalmente também ficam doentes, pelo que devemos curá-los se pudermos. Isto é importante caso queiramos seguir pelo caminho do vampiro bom ou vampiro mau, por diferentes razões. No primeiro caso, porque ao descobrir os seus segredos, completar as suas sidequests e curá-los dá-nos pontos de experiência que são valiosíssimos a uma personagem que anda sempre a correr atrás do prejuízo. Para além disso, manter os cidadãos sãos, mantém os distritos onde habitam também livres de infecções. Se deixarmos as pessoas adoecer, as suas doenças podem evoluir para uma doença mais grave (por exemplo, constipação -> bronquite -> pneumonia) e os pacientes podem morrer. Isso pode tornar a classificação dos distritos como crítica, o que pode levar ao desaparecimento de todos os cidadãos sendo substituidos por criaturas perigosas.

No caso de sermos um vampiro mau e quisermos matar os cidadãos, fazer tudo o que referi acima também é importante porque isso melhora a sua qualidade do sangue, traduzindo-se em mais pontos de experiência. Agora para vocês perceberem bem a diferença entre matar cidadãos inocentes ou não, um inimigo comum, seja ele em nível 5 ou 32, dá-nos sempre 5 (cinco) pontos de experiência. Cumprir as quests principais ou sidequests pode dar algumas centenas (poucas) de pontos, curar cidadãos dá-nos 25 pontos de experiência. Mas matar um deles? Milhares de pontos de experiência. É de facto uma diferença gritante, e na minha opinião injusta. Até porque ao longo do jogo atacamos muitos inimigos humanos, porque raio esses só dão 5 pontos de experiência? E os pontos de experiência serem os mesmos sejam eles fortes ou fracos? É uma das coisas que para mim infelizmente não faz sentido.

Temos várias skills diferentes onde gastar os nossos preciosso pontos de experiência

Outras são também duras, e impactam mais quem está underleveled. Quando morremos, na verdade o jogo não recomeça apenas do último checkpoint como se nada fosse. Todas as munições e itens regenerativos que gastamos desde o checkpoint são perdidas, assim como o nível de sague. Isto é muito chato até porque as munições são escassas, assim como os ingredientes para produzir os soros, ou mesmo dinheiro para os comprar. No entanto se pensarmos que somos um vampiro, imortal, que na verdade está apenas a “acordar” de novo para a vida, é normal que assim seja. Outro aspecto a ter em conta, também ligado ao sistema de progressão de jogo é o ciclo de noites. Nós vamos ganhando pontos de experiência que ficam acumulados e a única forma de evoluir é passar a noite num abrigo. Aí podemos distribuir os pontos de experiência pelas classes que quisermos evoluir, sendo que também vamos subindo de nível, aumentando os nossos stat points no geral também. Acontece que ao dormir, o tempo avança para a noite seguinte, os inimigos que derrotamos fazem respawn, cidadãos ficam doentes, e os que já estavam doentes na noite anterior e ficaram por ser atendidos, correm sérios riscos da sua doença agravar, podendo até morrer se já tiverem uma doença das mais graves. Para além disso, algumas sidequests que ficarem por completar, nomeadamente as quests onde temos de salvar alguém, também falham automaticamente, matando o NPC em questão.

Interagir com as personagens e desvendar os seus segredos torna o seu sangue mais “valioso”, traduzindo-se em mais pontos de experiência se decidirmos matá-los mais tarde.

Portanto, de um ponto de vista de jogabilidade, este é um jogo onde temos de ser muito disciplinados, tanto na forma como combatemos os oponentes, principalmente se estamos a seguir o caminho bom, bem como na gestão do bem estar dos cidadãos comuns. Depois temos todos os diálogos onde algumas das nossas escolhas acabam por ser bastante importantes para o desenrolar da história. As decisões importantes são sempre marcadas com um ícone Y no centro das escolhas, pelo que temos de pensar bem no que responder. É que o jogo faz auto-save logo após a nossa escolha e caso queiramos voltar atrás, só mesmo recomeçando o jogo. Algo que eu tive de fazer pelo menos uma vez ao decidir o destino de uma certa Dorothy Crane… Isso ou habituem-se a fazer backups dos saves, o que para quem está a jogar isto numa PS4 não é assim tão cómodo quanto isso.

No que diz respeito aos audiovisuais, não me posso queixar muito. Visto que jogamos sempre à noite, não há uma grande variedade visual, mas gosto bastante da forma como representaram a cidade de Londes em 1918, parece-me muito próxima da realidade desses tempos. Tenho pena, no entanto, que as cutscenes ou usem o motor gráfico do jogo, ou apenas algumas imagens estáticas a ilustrar o que está a ser narrado. A produção poderia ser um pouco mais limada nesse aspecto. O voice acting no entanto, devo dizer que gostei bastante. As músicas são muito minimalistas, ambientais e muitas vezes dissonantes e desconcertantes, o que cai que nem uma luva à atmosfera que o jogo tenta transparecer.

Muitas vezes temos escolhas para tomar nos diálogos, mas apenas as que são marcadas com um Y no centro são escolhas importantes e que podem ter consequências diferentes

Portanto, mesmo com algumas falhas, ou escolhas de design que resultam numa experiência muito imbalanceada para quem quiser seguir o caminho “bom”, devo dizer que gostei bastante deste Vampyr. Ah, e para quem quiser seguir o caminho “mau” e limpar o sebo a toda a gente de facto torna o jogo muito mais fácil, excepto o boss final, que é tão forte consoante o número de inocentes que matamos. Yep, até esses jogadores merecem sofrer um pouco!

Game of Thrones: A Telltale Game Series (Sony Playstation 4)

Já há muito tempo que não jogava nada na minha Playstation 4. Tenho andado a dar uns tiros no Destiny, mas ainda estou longe de lhe chegar ao fim visto que tenho as expansões quase todas ainda por finalizar. Aproveitei então para mudar de ares e pegar em mais um título da Telltale que tinha em fila de espera já há muito. Na verdade tinha-o para o steam já há algum tempo, mas visto que no mês passado arranjei um selado para a PS4 por 7€, acabei por pegar antes nessa versão.

Jogo com caixa. Este infelizmente nem um folhetozinho trouxe.

Depois do sucesso de Walking Dead, a Telltale repetiu aquelas mecânicas de jogo noutras obras como Wolf Among Us, Tales of the Borderlands, ou este Game of Thrones. A história deste jogo começa com os eventos do Red Wedding, onde encarnamos no jovem Gared Tuttle, escudeiro de Lord Gregor Forrester, uma importante família do Norte de Westeros e aliada dos Starks. Quem for fã da série/livros sabe perfeitamente o que aconteceu nesse casamento, pelo que muita gente morre e a família Forrester fica em muito maus lençóis. Ao longo dos 6 capítulos que compõe este jogo, iremos encarnar em Gared e vários outros membros da família Forrester, de forma a tentar a assegurar a sobrevivência e independência daquela Casa.

Mais uma vez a Telltale aposta num sistema de lançamento por episódios. No disco temos os primeiros 5, com o último a ser necessário fazer o download.

As nossas personagens vão estar espalhadas em vários pontos daquele mundo. Tanto mantemo-nos a norte nos conflitos com os Bolton e Whitehill, ou mesmo a norte do muro, onde outros perigos espreitam. Temos a jovem Mira Forrester em King’s Landing, como auxiliar de Margaery antes desta ser coroada rainha, ou o Asher Forrester nas terras mais solarengas de Essos, mesmo antes de Daenerys conquistar Mereen. Vamos, portanto, interagir com algumas das principais personagens da série como Cersei, Tyrion, Jon Snow e as já referidas Daenerys e Margaery.

Tal como já referido, este jogo herda algumas das mecânicas introduzidas em Walking Dead. É na sua essência uma aventura gráfica, onde os diálogos têm especial relevo, pois temos um tempo limite para responder com uma resposta previamente definida e atribuida a cada um dos botões faciais da PS4. Cada resposta que damos tem, ou pode ter, consequências e implicações diferentes na história e pode influenciar as relações entre personagens, ao favorecer uns perante outros. Pode também ditar a vida ou morte de alguns dos nossos companheiros ou de certa forma a maneira que a história prossegue. Não escolhendo nenhuma resposta é também uma resposta e mais uma vez pode ter consequências.

Muitas das escolhas que fazemos alteram um pouco o rumo da história ou a maneira como nos relacionamos com outras personagens.

Fora isso, vamos tendo ocasionalmente a possibilidade de explorar os cenários onde estamos, seja em busca de pistas ou começando outros diálogos com outras personagens. Também tal como o Walking Dead vamos tendo os momentos de acção que são practicamente quick time events onde teremos de pressionar uma série de botões à medida em que vão surgindo no ecrã indicações para tal.

Mas vamos ao que interessa. A sua narrativa está muito bem conseguida, temos aqui (quase) tudo o que um fã de Game of Thrones pode querer. Temos as escolhas por vezes difíceis, os interrogatórios de grande tensão onde sentimos sempre que a cada passo podemos ficar sem cabeça, a intriga política com as suas reviravoltas do costume e claro, a violência. Só falta mesmo é outra coisa que faria com que este jogo tivesse um rating parental mais restrito…

Temos também alguns momentos de acção, caracterizados por QTEs até relativamente simples.

De resto a nível técnico o jogo possui um voice acting extremamente competente, até porque para aquelas personagens mais conhecidas, parece-me que conseguiram recrutar os actores que as representam na série televisiva. As músicas são também épicas ou mais contidas naqueles momentos de maior tensão e a nível gráfico… bom, o jogo usa aquele cell shading característico que também é usado nos Walking Dead, se bem que aqui está um nadinha mais realista. Em certas alturas acho que resulta muito bem, já noutras nem por isso. No entanto as expressões faciais estão mais uma vez bem conseguidas.

Portanto se gostarem de Game of Thrones e dos Walking Dead da Telltale, com os seus diálogos tensos e com decisões por vezes difíceis para tomar, então experimentem este jogo! Infelizmente a história ficou ali num cliffhanger jeitoso e a sequela acabou por ser cancelada, o que é uma pena até porque a Telltale também fechou portas. A ver se alguém dará continuidade a isto no futuro.

Killzone Shadow Fall (Sony Playstation 4)

killzone_shadow_fall_boxKillzone Shadow Fall foi um dos jogos de lançamento da PS4, e tendo eu até gostado dos seus predecessores, não poderia falhar este jogo também. É um novo capítulo na série, 30 anos após os acontecimentos narrados nas prequelas, que culminaram com a destruição do planeta Helghan. A ISA decidiu então albergar os sobreviventes no seu planeta Vekta, dividindo-o a meio com uma muralha gigantesca. Naturalmente as tensões continuavam altas entre ambas as facções e eventualmente novos conflitos voltam a ocorrer. O meu exemplar veio da Cash Converters de Alfragide, algures no início do verão de 2016. Custou-me cerca de 12€ se bem me recordo.

Jogo com caixa e panfletos, já que manuais nesta geração são uma miragem.
Jogo com caixa e panfletos, já que manuais nesta geração são uma miragem.

Shadow Fall continua a tradição de um first person shooter futurista, mas com algumas novidades. Por um lado muito do armamento antigo volta a marcar cá a sua presença, embora com algumas modificações nas armas. Por outro temos o OWL, um pequeno drone que nos acompanha ao longo de practicamente todo o jogo e pode ser usado para nos auxiliar em várias circunstâncias. A função mais importante é a de ataque, onde o podemos mandar para um grupo de inimigos e o drone enfrenta-os por nós, o que nos pode ajudar bastante em manobras de distracção. Por outro lado temos de ter em conta que o OWL possui também uma barra de energia que vai sendo diminuída à medida que leva fogo inimigo. Quando se esvazia, o drone volta para nós e fica a recarregar em background. Isto também tem de ser tido em conta pois quando levamos com bastante dano e ficarmos incapacitados, o drone pode-nos ressuscitar se tivermos connosco algum medkit. No entanto, se o drone estiver a ser recarregado então nada podemos fazer e teremos de recomeçar do checkpoint.

Uma das outras funcionalidades que temos é a possibilidade de fazer um scan à area que nos rodeia, mostrando a posição dos inimigos e de alguns itens
Uma das outras funcionalidades que temos é a possibilidade de fazer um scan à area que nos rodeia, mostrando a posição dos inimigos e de alguns itens

O OWL pode também ser usado para outras funções, como as de disparar uma descarga electrostáctica, atarantando momentaneamente os inimigos. Isso é também útil para incapacitar temporariamente drones ou robots inimigos de nos atacarem, bem como a de destruir escudos. Outra das funções do OWL é a de criar precisamente um escudo para nos proteger do fogo inimigo, ou ser usado como gancho de forma a fazer slide para plataformas que estejam bem abaixo de nós. O drone pode ainda ser usado para interagir com computadores e outros terminais, seja para obter informação necessária para progredir no jogo, ou desactivar alarmes inimigos. Aliás, durante todo o jogo é notório que há toda uma atmosfera diferente em torno das missões. Enquanto que nos anteriores jogávamos num clima de guerra aberta e muitas das missões faziam parte de campanhas militares, onde até tinhamos a companhia de soldados NPCs, aqui a maior parte das missões são mais de infiltração, num ambiente bastante tenso entre as forças da ISA e os Helghast.

Neste jogo a história leva-nos a um ambiente de Guerra fria, onde a maior parte das missões são para prevenir conflitos maiores.
Neste jogo a história leva-nos a um ambiente de Guerra fria, onde a maior parte das missões são para prevenir conflitos maiores.

De resto a jogabilidade é a típica de um first person shooter, a Guerrilla Games não reinventou a roda e sinceramente nem era preciso. Existem alguns segmentos novos, como aquelas partes jogadas em pleno espaço e sem gravidade, ou a última missão, jogada com um outro protagonista que não a personagem principal, que possui uma jogabilidade completamente furtiva. Foi uma missão que me deixou com um sabor algo agridoce, pois por um lado não usamos o OWL, mas sim algumas habilidades furtivas, como a possibilidade de ficar temporariamente invisível (embora as câmaras de segurança nos consigam detector), ou a possibilidade de usar spider bots para precisamente destruir câmaras de segurança. A primeira parte da missão gostei bastante, mas a última foi um martírio para a completar. Quem jogou este Killzone provavelmente terá a mesma opinião que eu. Basicamente temos de percorrer uma cidade de forma completamente despercebida, evitar sermos descobertos por civis, militares ou câmaras de segurança e tudo dentro de um tempo limite de aproximadamente 3 minutos e meio. Até aí tudo bem, mas o mecanismo de camuflar não funciona tão bem assim e com os soldados 100% alertas torna o objectivo final bastante difícil. Se formos descobertos uma vez, muito dificilmente conseguiremos recuperar. Mas eventualmente lá consegui fazer o que era pretendido e terminei o jogo.

Existem várias variantes de jogo no multiplayer. Infelizmente é coisa que não tenho tempo para explorar
Existem várias variantes de jogo no multiplayer. Infelizmente é coisa que não tenho tempo para explorar

Temos também vários modos de multiplayer à disposição, embora sinceramente não tenha perdido nenhum tempo com eles. Pelo que entendi, para além de vários modos de jogo como o team deathmatch, variantes do capture the flag ou modos de conquista de objectivos, existem também várias classes com diferentes habilidades e afins. Para além disso existe um modo de jogo co-operativo na forma do DLC Intercept, que obviamente também não testei porque não o comprei. Pelo que investiguei é uma espécie de Left 4 Dead contra Hellghasts… De resto existem vários outros DLCs, alguns gratuitos, como mapas extra para o multiplayer, outros coisas inúteis como novas skins e afins, mas é o mercado que temos…

De resto, no ponto de vista audiovisual, Shadow Fall é um jogo naturalmente bastante competente. Quando os primeiros trailers foram revelados e mostraram aquelas cidades de Vekta tão imponentes e detalhadas, mostravam também o poder de processamento que a PS4 possuía. Acho que é um jogo com gráficos bem competentes, embora sinceramente acho que estamos a atingir um patamar tal, em que não vale a pena estar a focar demasiado nos gráficos, pois nos jogos AAA para estas consolas, se há coisa que os developers vão fazer bem, é precisamente todo o eye candy. E este Killzone a meu ver cumpre bem com o seu propósito. As músicas também vão sendo épicas como se quer e o voice acting parece-me competente. No entanto, sinceramente não achei que a história fosse tão boa assim. Talvez se me tivesse dado ao trabalho de procurar todos os coleccionáveis (comics, logs de texto e áudio, páginas de jornal, etc), talvez me conseguisse envolver mais na história. Assim já nem tanto, pois fiquei com a sensação que aquela relação entre o Kellan e o comandante Sinclair e o escalamento dos conflitos ficou muito forçada com o decorrer das coisas.

Graficamente é um jogo competente que mostra o poder da nova geração de consolas. Agora se era algo realmente necessário em 2013, bom, isso é outra história.
Graficamente é um jogo competente que mostra o poder da nova geração de consolas. Agora se era algo realmente necessário em 2013, bom, isso é outra história.

Posto isto, acho este Killzone Shadow Fall um FPS bem competente para quem for fã do género. Possui os seus altos e baixos, na minha opinião não é tão bom quanto os anteriores até porque os Helghast, aqueles space nazis que tão intimidadores eram nos jogos anteriores, não me pareceram tão ameaçadores assim neste jogo. Mas ainda assim é um jogo bastante competente e felizmente vai ser daqueles que certamente irá ser encontrado ao desbarato no futuro.

The Order 1886 (Sony Playstation 4)

The OrderE cá está ele, o primeiro artigo para um jogo da minha recentemente comprada Playstation 4. Quando a comprei há poucos meses atrás, já eu tinha o Bloodborne que me tinha sido oferecido pela namorada (e que continua em fila de espera até eu pegar na série Souls), veio com o Call of Duty Black Ops III (outra franchise com bastante backlog aqui do meu lado) e na mesma altura comprei também o Destiny, um jogo para se ir jogando e dando uns tirinhos aqui e ali, devido à sua natureza online. Mas o que eu realmente queria para fazer o derradeiro test drive à nova consola era um título como o The Order 1886, ou Killzone Shadowfall, por serem jogos do meu agrado e não muito longos. O The Order lá apareceu primeiro, tendo sido comprado há uns 2 meses atrás na cash converters de Alfragide por 13€.

Jogo com caixa e folheto de quick-start
Jogo com caixa e folheto de quick-start

Este é um shooter na terceira pessoa, com foco na jogabilidade baseada em “covers“, muito popularizada na geração anterior em jogos como Gears of War. E possui um conceito muito interessante, pois o mesmo decorre numa Londres alternativa no ano de 1886, em pleno auge da revolução industrial. O nosso herói é o cavaleiro Sir Galahad, membro da mítica távola redonda de cavaleiros do Rei Artur. Essa Ordem, para além de lutar pelos interesses da coroa britânica, era também parte integral de um ancestral conflito entre humanos e half-breds, humanóides híbridos como licântropos ou vampiros (na verdade grande foco do jogo está mesmo nos licântropos, os vampiros foram apenas uma nota de rodapé), cuja força sobrenatural sempre se demonstraram adversários de respeito. E o jogo leva-nos então para essa Londres alternativa, onde os Cavaleiros estão munidos do equipamento mais hightech e vive-se um clima de forte tensão social, com grupos rebeldes a espalhar o terror pela cidade e os tais half-breds também a dar o ar de sua graça. Felizmente a narrativa é excelente e as coisas eventualmente lá começam a entrar num cenário de conspirações, o que deixou as coisas ainda mais apimentadas.

As mecânicas do combate assentam bastante em cover based shooting
As mecânicas do combate assentam bastante em cover based shooting

A jogabilidade é então focada nos mecanismos de “cover shooting“, já bem entrosados nos videojogos dos dias que correm. Claro que nem todos os abrigos são perfeitos, pois alguns podem ser destrutíveis e em certas alturas os adversários conseguem também flanquear-nos. Muitas vezes jogamos com um esquadrão, embora não esperem que sejam os nossos colegas a fazer o trabalho de casa por nós. Mesmo quando estamos sozinhos e os inimigos nos tentam flanquear, por vezes há maneiras de dar a volta à coisa. Lembro-me precisamente de na recta final do jogo, ter de enfrentar sozinho um pequeno exército em corredores e salas apertadas. Até que decidi fazer um sprint para um corredor vizinho em que me apercebi que os inimigos não entravam lá. E sendo o corredor curvado, tinha vantagem em estar ali em relativa segurança e enfrentar todos aqueles soldados, mesmo os que vinham com armaduras ou com artilharia mais pesada.

Com a blacksight a acção à nossa volta passa-se em câmara lenta e temos alguns segundos em que podemos descarregar chumbo nos inimigos à nossa volta
Com a blacksight a acção à nossa volta passa-se em câmara lenta e temos alguns segundos em que podemos descarregar chumbo nos inimigos à nossa volta

Mas deixando-me de devaneios e voltando às mecânicas de jogo, a saúde é regenerativa, desde que consigamos ficar alguns segundos em segurança. Mas se formos atingidos em demasia, pode ser que nem tudo esteja perdido. Galahad vai andar a rastejar miseravelmente por uns segundos, enquanto finalmente se lembra que possui a Blackwater, um líquido misterioso capaz de curar todos os ferimentos, sendo esse o líquido também responsável pelo facto dos Cavaleiros terem vivido séculos a fio. Nessa altura lá surge um pop-up no ecrã alertando-nos para carregar no triângulo e posteriormente no X, para voltar à acção. Mas ficarmos incapacitados num sítio não abrigado, é possível que não sobrevivamos  após continuar a levar com mais tiros no lombo. Se nos conseguirmos safar, então a próxima vez que sofrermos dano a mais é morte certa. A outra mecânica de jogo interessante é a Blacksight, onde por alguns segundos a acção abranda e podemos fazer lock-on automático nos inimigos que nos rodeiam, descarregando-lhes chumbo em cima à vontade. É especialmente útil quando somos emboscados, especialmente por soldados com shotguns, que nos tiram a vida com um ou dois tiros, ou outros com armaduras que são bem mais resilientes. Uma vez usada essa habilidade, teremos de aguardar algum tempo e derrotar mais inimigos até a podermos usar outra vez.

Para um jogo que teve tanto hype à volta de lobisomens.... só tenho pena é que existam poucos!
Para um jogo que teve tanto hype à volta de lobisomens…. só tenho pena é que existam poucos!

De resto este The Order 1886 possui tudo o que é habitual em jogos de acção deste género: a possibilidade de atacar inimigos em combate corpo-a-corpo e o ocasional segmento de infiltração onde não podemos ser descobertos e temos de limpar o sebo aos inimigos de forma silenciosa. O arsenal de armas é bastante variado, desde as habituais rifles, shotguns, granadas e revólveres, passando para o imaginário com metralhadoras de assalto (que só vieram a ser inventadas mais tarde) e outras armas mais sci-fi como uma que dispara raios eléctricos, ou outra incendiária, que consiste em espalhar uma área com fumo inflamável e depois no modo secundário de fogo, disparar uma “acendalha” que faz despoletar o fogo. Fora isso, temos imensos quick time events também, principalmente em alguns confrontos chave com lycans/half-breds, ou pequenos mini-jogos como o mecanismo de lockpick, ou o inversor de Tesla para estourar com circuitos eléctricos.

Até nos gadgets retro o jogo tem a sua piada!
Até nos gadgets retro o jogo tem a sua piada!

Outra coisa que é também trazida aqui à baila é a exploração dos cenários, que estão muitíssimo bem detalhados, apesar de serem bem lineares. É encorajado interagir com alguns objectos que por vezes aparecem de forma mais destacada como jornais ou fotografias, que podem dar mais algum background às coisas que estão a acontecer à nossa volta, ou procurar por itens coleccionáveis na forma de fonogramas. Mas tirando isso, a história é tudo o que este The Order 1886 nos pode oferecer, visto não existir qualquer vertente multiplayer, o que sinceramente a mim nunca fez diferença. A comunidade sempre criticou este jogo pela sua curta duração e pouco gameplay/excesso de cutscenes. Bom, é verdade que é um jogo curto, mas não o achei tão curto quanto alguns pintavam, nem o acabei numa tarde como sempre ouvi dizer. Mas isso é porque eu sou picuinhas e gosto de apreciar e explorar os cenários. Sobre as cutscenes, é verdade que esta é uma experiência bastante cinematográfica e existem alguns capítulos que são unicamente cutscenes (embora não tão longas quanto as de Metal Gear Solid, por exemplo), mas sinceramente como gostei da história, das personagens e narrativa, não me posso queixar.

É impossível não ficar impressionado com esta representação da capital britânica nos finais do século XIX
É impossível não ficar impressionado com esta representação da capital britânica nos finais do século XIX

Graficamente é sem dúvida um jogo bastante bonito. A recriação desta Londres em era de Revolução industrial, com os seus imponentes palácios a contrastar com as zonas mais pobres, mas ricas em pequenos detalhes foi algo para mim delicioso. A maneira como introduziram os elementos mais sci-fi foi também muito bem conseguida, como aqueles Zeppelin imponentes e os gadjets de Tesla. Ah! Até a introdução de Nicola Tesla no jogo, e os raspanetes a Edison foi algo que achei piada. Mas voltando à análise técnica, este é um videojogo com uma produção fantástica que não é só excelente a nível gráfico, mas sim nos diálogos e representação dos actores que dão as vozes às personagens. Estou a referir-me claro ao voice acting original em inglês, pois apesar de na capa do meu exemplar estar escarrapachado que o jogo está totalmente em português, eu tento-os jogar sempre no idioma de origem.

Em suma, mesmo não sendo um jogo perfeito pela sua linearidade e relativa curta experiência de jogo, posso dizer que acabei por gostar bastante desde The Order 1886. Como jogo de acção é bastante competente, mas o conceito da história e em especial o setting em que a acção se desenrola (que por si só já é bem do meu agrado), aliados aos altos valores de produção audiovisual, fizeram este jogo uma forma bem interessante de estrear a minha Playstation 4. Recomendo, mas sejam como eu e esperem que o jogo fique a preços mais interessantes.