God of War Ascension (Sony Playstation 3)

Voltando à Playstation 3 e à saga God of War, mal terminei o God of War 3 coloquei este Ascension para jogar logo de seguida. Bom, por acaso não foi bem assim pois tive de instalar toneladas de patches primeiro, mas não interessa. Este God of War Ascension acaba por uma prequela de toda a saga lançada até agora e o meu exemplar foi comprado algures em Dezembro de 2017 numa CeX por 10€, sendo a edição em steelbook que teria alguns extras digitais que já foram usados pelo seu anterior dono, entretanto.

Jogo com caixa em steelbook, sleeve exterior, manual e papelada

A história coloca-nos uma vez mais no papel do Kratos, um guerreiro espartano e que, ao serviço de Ares, deus da guerra da mitologia grega, acabou por ser enganado por este a assassinar a sua própria família. É daí que começa a sua raiva e sede de vingança, primeiro contra Ares e depois contra os restantes deuses do Olimpo ao longo dos jogos seguintes. E aqui Kratos começa por ser aprisionado e torturado pelas Fúrias de Ares, que lhe relembram gentilmente que não pode terminar o pacto de sangue que tem com Ares assim sem mais nem menos. Iremos uma vez mais percorrer então vários cenários da Grécia antiga para libertar Kratos da prisão de Ares e uma vez mais ir coleccionando diferentes armas e outros itens que nos vão dando algumas habilidades adicionais.

O jogo mantém o mesmo esquema das esferas coloridas. As verdes regeneram vida, as azuis magia e as vermelhas servem como pontos de experiência para melhorar as armas

No que diz respeito às mecânicas de jogo, na sua base são as mesmas, embora tenha havido uma pequena mudança no mapeamento dos controlos. Este é então mais um hack and slash com um sistema de combate bastante fluído e violento, e com alguns segmentos de platforming e alguns puzzles ocasionais que teremos de resolver também. Os botões faciais mantém o mesmo mapeamento, excepto o círculo que serve agora para usar algumas armas extra, largadas por inimigos, como escudos, espadas ou lanças. Tal como nos jogos anteriores teremos imensos quick time events que são agora despoletados não com o círculo, mas sim com o R1, usado também como grab. Os restantes botões de cabeceira mantém-se no uso de bloquear, usar habilidade e magias. Tal como nos seus predecessores não temos qualquer controlo de câmara, pois o segundo analógico é usado para evadir de golpes inimigos nas diversas direcções.

Agora quando um inimigo ou boss está pronto para receber o finisher, já não tem um círculo gigante a rodar na sua cabeça, mas sim este símbolo que deve ser interagido com o botão R1

Apesar de não termos controlo de câmara, desta vez não tive grandes problemas em calcular mal os saltos, a não ser nalguns segmentos mais frustrantes um pouco. No God of War 3 tínhamos umas zonas em queda livre / voo a alta velocidade em túneis estreitos e repletos de obstáculos. Aqui vamos ter uns quantos escorregas onde teremos uma vez mais de nos desviar de buracos e saltar alguns precipícios e por vezes os saltos não saíam bem como queria. Benditos checkpoints! De resto, e tal como mencionei acima, vamos coleccionando diferentes armas que vão tendo golpes diferentes também e que podem ser melhoradas ao gastar as red orbs que vamos coleccionando. Os itens extra que vamos encontrando podem ser usados tanto no combate como nalguns puzzles, como é o caso do amuleto de Uroborus que no caso do combate deixa os inimigos bastante lentos durante alguns segundos, enquanto que nos puzzles permite-nos ter algum controlo no tempo e reparar estruturas destruídas. Ou a Oath Stone que nos chama um clone de pedra para segurar alguns objectos durante os puzles, mas nos combates chama esse clone para ajudar na pancada. Por fim deixem-me só referir que para além do modo história, pela primeira vez na série God of War existe uma componente multiplayer, que invariavelmente nem sequer testei nem sei se os servidores estarão sequer activos ainda.

E quando vamos para esses finishers, nem sempre temos QTEs, por vezes basta atacar normalmente e esquivar no momento certo, mas o jogo nem sempre nos diz quando entramos num QTE tradicional ou num destes novos, pelo que ficava muitas vezes na expectativa de alguma coisa acontecer

A nível audiovisual, eu tinha achado o God of War III um pouco decepcionante nesse aspecto. Por um lado é verdade que a nível de escala tínhamos algumas batalhas bastante épicas, o gore era desconcertante, mas, para além de Kratos e poucos mais, os restantes inimigos e personagens possuiam modelos poligonais muito pobres em detalhe. Os cenários, apesar de grandes, eram compostos maioritariamente por texturas algo simples e não muito detalhadas também. Felizmente a Santa Monica acabou por fazer um óptimo trabalho no departamento audiovisual com este Ascension. Os modelos das personagens estão muito melhor detalhados como um todo, os cenários, para além de serem variados (adorei aquela torre com serpentes gigantes) estão bem mais detalhados, com texturas de melhor qualidade e continuamos a ter alguns combates em larga escala, algo que se vê logo no início do jogo onde defrontamos o gigante Hecatoncheires. A nível de banda sonora, esperem por músicas épicas e orquestradas como sempre e um bom voice acting também. Já a narrativa em si, bom, achei-a um pouco menos cativante que no God of War III mas sinceramente nunca achei que a narrativa fosse um ponto forte nesta série. Aliás, sempre achei Kratos uma personagem muito fraca a nível de personalidade pois a sua única emoção é a de raiva, está sempre zangado.

Desta vez não pouparam nos gráficos, com inimigos e cenários bem mais detalhados

Portanto devo dizer que gostei deste God of War. Para quem gostou dos antecessores, irá certamente apreciar este jogo pois mantém a jogabilidade practicamente inalterada na sua base, apesar de haver um ligeiro remapeamento nos controlos. Temos novos itens para adquirir e a sua utilização nos puzzles foi bastante inteligente, bem como poderemos equipar armas opcionais e usá-las no combate também. O melhor cuidado audiovisual também foi muito benvindo, mas ainda assim, a aventura como um todo pareceu-me um pouco menos cativante que nos jogos anteriores. Talvez a fórmula de Kratos já estivesse a ficar gasta, já por isso a SCE Santa Monica decidiu fazer um reboot da série com o seu último lançamento na PS4. O modo multiplayer é outra das novidades aqui introduzida, mas tal como referi acima nem sequer o testei. Já a nível de extras, uma vez mais poderemos desbloquear um extenso documentário de making of, o que é sempre bom.

God of War III (Sony Playstation 3)

Já há muito tempo que não pegava num God of War. Joguei os quatro da PS2 e PSP todos seguidos durante o ano de 2012, comprei a PS3 no em inícios de 2013 e este meu exemplar acabou por ser comprado bem mais tarde, sinceramente não me recordo quando e onde, muito menos quanto terá custado. Mas acabou por ficar em backlog até muito recentemente.

Jogo com caixa e manual

Ora e aqui encarnamos uma vez mais no guerreiro espartano Kratos e na sua sede de vingança contra os deuses do Olimpo. E vamos mesmo continuar a combater (e assassinar) muitas figuras da mitologia grega, como deuses, semi-deuses ou titãs. Já não me lembrava muito bem do que tinha acontecido no final do segundo jogo, mas começamos a aventura já com um Kratos todo poderoso e que, em conjunto com os Titãs, escalam o monte Olimpo para lançar um ataque aos deuses. Mas as coisas não correm lá muito bem e Kratos acaba por ser atirado para o rio Styx, onde perde todos os seus poderes novamente. Será então um longo e sangrento caminho para regressar ao topo do monte Olimpo, começando precisamente por ter de se escapar uma vez mais do inferno de Hades.

O combate segue a mesma mecânica base dos jogos anteriores

Este God of War III mantém mecânicas de jogo muito similares à dos seus predecessores, sendo então um hack and slash de combate e combos viscerais e repletos de gore, com muitos quick time events à mistura, bem como alguns segmentos de platforming ou puzzles para resolver. As lâminas com correntes de Kratos marcam novamente a sua presença, com controlos algo similares aos dos jogos anteriores, com o quadrado para ataques normais, triângulo para ataques fortes, círculo para agarrar os inimigos e X para saltar. Os botões de cabeceira servem para bloquear, usar magias, itens especiais que iremos apanhar ao longo do jogo ou interagir com objectos. Durante os combates, e em particular contra os bosses, após desferirmos dano suficiente aos inimigos, somos obrigados a entrar em sequências de QTEs, onde teremos de pressionar uma série de botões que nos surgirão no ecrã. No caso dos botões faciais, desta vez felizmente os prompts vão aparecendo em posições no ecrã relativas ao mapeamento dos botões, com o círculo à direita, quadrado à esquerda e por aí fora. É bom para quem não estiver tão familiarizado com os botões da Playstation.

Os confrontos contra os bosses terminam sempre com uma série de quick time events

De resto como já referia acima os combates são bastante fluídos e vamos tendo vários combos à nossa disposição, bem como diferentes armas brancas que irão resultar melhor para combater certos inimigos. Também tal como nos jogos anteriores vamos poder amealhar esferas de energia coloridas, sendo que as verdes nos regeneram a barra de vida, as azuis regeneram a barra de magia, as douradas regeneram a barra que nos permitem activar o Rage of Sparta. As esferas vermelhas traduzem-se em pontos de experiência que podem ser usados para evoluir as diferentes armas e itens, melhorando o seu dano e desbloqueando novas habilidades ou combos. Os itens especiais que podemos usar são úteis e necessários nalgumas secções do jogo, como o arco e flecha de Apollo, a cabeça de Helios que permite iluminar áreas escuras ou mesmo desvendar itens secretos ou as botas de Hermes que nos permitem subir paredes a correr, por exemplo.

E sim, este jogo está bem mais gore que os seus predecessores!

Também como já referi acima, este God of War não é só combates intensos e sangrentos. Vamos tendo também alguns segmentos de platforming bem como alguns puzzles ocasionais. Mas infelizmente o platforming foi uma das coisas que menos gostei neste jogo. Isto porque tal como nos jogos anteriores não temos qualquer controlo de câmara, então nem sempre conseguimos ver bem para onde estamos a saltar e se podemos “aterrar” em segurança. A outra coisa que gostei menos foram aqueles segmentos de voo ou queda livre em corredores apertados e onde, a alta velocidade, nos teríamos de desviar de imensos obstáculos. O problema é que se nos espetarmos uma vez, nem sempre temos tempo de reagir para os obstáculos seguintes, pois o nosso campo de visão fica obstruído pelos escombros. Ainda tive de repetir um desses segmentos umas quantas vezes!

Claro que não poderia faltar o mini jogo habitual

Já a nível gráfico, bom, sinceramente achei este jogo algo inconsistente nesse aspecto. Os originais da PS2, em particular o God of War II, eram de facto portentos técnicos para essa consola, ao apresentar cenários e personagens bem detalhadas, combates contra bosses bastante épicos e que puxavam a máquina ao seu limite. Para um jogo de 2010 na PS3, sinceramente achei o resultado final um pouco decepcionante pela sua inconsistência. Por um lado sim, continua a ser uma aventura épica, em particular no confronto contra os bosses que são ainda mais colossais (principalmente no caso dos titãs), mas por outro lado achei os cenários algo simplistas nas suas texturas e os modelos poligonais das diferentes personagens são bastante desiquilibrados no seu detalhe. Não me estou referir necessariamente aos soldados rasos e civis comuns que tipicamente possuem menos detalhe, mas alguns deuses, como a Hera, por exemplo, possuem modelos poligonais muito pouco detalhados. Por outro lado, Kratos ou a Aphrodite (tinha de ser) estão com um excelente nível de detalhe. E no que diz respeito ao detalhe dos cenários, já jogos como o Uncharted 2 mostravam um nível de detalhe que ainda não estava aqui presente, principalmente nas texturas utilizadas. Por outro lado, o voice acting é excelente e as músicas são todas orquestrais, o que se adequa perfeitamente à temática da mitologia grega que o jogo nos coloca.

Portanto, devo dizer que achei este God of War III uma experiência bastante agradável, mas já não me recordava que a falta de controlo de câmara poderia trazer os seus problemas na exploração e nalguns segmentos de platforming mais exigentes. Os seus visuais não são nada maus, e o jogo possui imenso gore nos seus combates tal como os seus predecessores, mas achei alguns aspectos algo inconsistentes ou ligeiramente decepcionantes. Mas devo também aplaudir um dos extras aqui presente. Ao terminar a aventura principal desbloqueamos uma série de vídeos que retratam o processo de criação do jogo. Eu gosto bastante deste tipo de extras e a equipa presenteou-nos com um conjunto de vídeos bastante extensos e detalhados até. Também temos outros extras para desbloquear como o Challenge of Olympus ou Combat Arena, mas confesso que esses não cheguei a tocar.

Wolfenstein (Sony Playstation 3)

Vamos ficar agora com o Wolfenstein de 2009, um first person shooter que há muito queria ter arranjado no PC, mas cada vez mais é difícil fazê-lo por um bom preço. Isto porque com a id software a ter sido comprada pela Bethesda há uns tempos, os direitos deste videojogo ficaram algo perdidos entre a Bethesda e a Activision que o tinha publicado originalmente. Mas como o jogo em si foi um fracasso comercial, ninguém se quis dar ao trabalho de o relançar. No PC o jogo foi retirado do Steam e não houve qualquer relançamento em formato físico também, pelo que os que ainda andam em circulação estão cada vez mais caros. A solução foi antes procurar um exemplar da PS3 que andam sempre baratinhos, muitas vezes por menos de 5€. O meu exemplar em concreto veio da Cash Converters por 5€ algures no ano passado.

Jogo com caixa e manual

Este jogo volta a colocar-nos, claro, no papel de BJ Blazkowicz para dar cabo de mais uns quantos Nazis. A cutscene inicial mostra BJ Blazkowicz a sabotar um navio nazi que se preparava para lançar um poderoso míssil com destino à cidade de Londres. Pelo meio do conflito descobre um medalhão misterioso que lhe dá poderes especiais. Depois de destruir o navio, Blazkowicz é chamado pelos seus superiores que traçam as origens desse medalhão como sendo o mítico medalhão de Thule e enviam-no para a cidade de alemã de Isenstadt, onde a Divisão Paranormal dos Nazis estaria a investigar cristais mágicos que melhoram as suas capacidades. Quando chegamos a Isenstadt vamos ser recebidos pela resistência local, mas também iremos encontrar os russos da sociedade secreta Golden Dawn, que também investigava os poderes do medalhão de Thule e nos vão dando algumas missões para cumprir.

Este é um jogo open world, pelo que poderemos interagir com vários NPCs. Pena que a maior parte não tenha nada de jeito para dizer.

Este Wolfenstein é em parte um FPS da velha guarda, na medida em que poderemos manter equipadas todas as armas que encontramos e, tal como habitual na série Wolfenstein, estas vão sendo um misto de armas reais do tempo da segunda guerra mundial, como outras fictícias e experimentais do exército Nazi. Mas também temos uns quantos toques de FPS moderno, como a vida a regenerar automaticamente segundos depois de não sofrer dano e este é também um jogo open world, na medida que poderemos explorar livremente a cidade de Isenstadt, entrar em edifícios para procurar segredos, combater nazis nas ruas e chegar aos pontos de acesso para as diferentes missões que decorrem em mapas separados. No que diz respeito às mecânicas de jogo e controlos, nada de especial a apontar, o esquema de controlo é o standard em jogos deste género. Só me chateou mesmo a parte das granadas, pois não temos nenhuma indicação visual de onde as mesmas irão cair e muitas vezes acabamos por desperdiçar granadas por não cairem onde queremos. Por outro lado, os Nazis para além de terem muita força de braços ao atirar granadas através de largas dezenas de metros nalgumas vezes, caem sempre pertinho de nós. Felizmente que se formos rápidos temos também a hipótese de as atirar de volta.

Espalhados ao longo dos mapas, para além de dinheiro existem também documentos que podemos ler e descobrir um pouco mais da história

Mas a principal mecânica de jogo aqui anda mesmo à volta do medalhão de Thule e dos diferentes poderes mágicos que nos confere. Inicialmente o único poder que temos é a capacidade de entrar no veil, uma dimensão paralela que nos deixa ligeiramente mais rápidos, desbloqueia algumas passagens secretas bem como nos dá uma espécie de visão nocturna, que salienta a localização dos inimigos. Mas à medida que vamos progredindo no jogo iremos desbloquear novos poderes como o Mire que abranda tudo à nossa volta durante uns segundos, um escudo capaz de repelir todos os projécteis que nos atiram ou o empower, um poder que melhora o dano infligido pelas nossas armas, bem como nos dá a habilidade dos nossos projécteis atravessarem escudos inimigos. Não podemos é usar estes poderes durante muito tempo, pois sempre que os activemos temos uma barra de energia que se vai esvaziando ao fim de algum tempo e depois esta vai-se regenerando muito lentamente. Vamos tendo no entanto, espalhados pelo mapas, vários pontos de energia onde o medalhão pode ser recarregado.

No mercado negro poderemos comprar upgrades para as armas. A mira telescópica é um must!

O mercado negro, espalhado ao longo de Isenstadt, é também um ponto de referência, onde poderemos comprar upgrades para as nossas armas e também para o medalhão de Thule. O jogo avisa-nos logo para termos atenção aos upgrades que compramos pois não teremos dinheiro para os comprar todos. O dinheiro, para além do que vamos ganhando ao cumprir missões, está espalhado ao longo dos mapas, muitas vezes bem escondido. Certos upgrades, como a munição extra para as metralhadoras MP40 e MP43, a mira telescópica para a rifle, ou os upgrades para o medalhão de Thule são mesmo muito importantes! Estes vão sendo desbloqueados à medida que também vamos encontrando documentos de inteligência ao longo dos mapas, ou os tomes of power para os upgrades do medalhão.

Usar os poderes do medalhão dá muito jeito nos combates mais complicados

Graficamente é um jogo algo simples. Com uma versão melhorada do mesmo motor gráfico do Doom 3, que por sua vez já tinha sido desenvolvido na geração anterior, não esperem por gráficos super bem detalhados, mas cumprem bem o seu papel. No entanto, como um jogo open world deixa muito a desejar. É certo que é um jogo que decorre em plena guerra, mas atravessar a cidade de uma ponta à outra acaba sempre por ser um sacrifício em vez de um prazer. A cidade não é muito apelativa e a única coisa que vemos nas ruas são soldados inimigos e ocasionalmente alguns membros da resistência que nos auxiliam nos combates (mas muito pouco). Já no que diz respeito ao som, a banda sonora possui aquelas músicas orquestrais típicas dos Medal of Honor e Call of Duty da época, o que num jogo como Wolfenstein, bem menos sério e realista, acaba por não cair tão bem. O voice acting não é nada de especial embora ainda se ouçam aqui e ali algumas referências ao Wolfenstein 3D, como os soldados que gritam “mein leben” quando morrem, o que achei interessante.

Ocasionalmente teremos também alguns bosses para derrotar

Portanto este Wolfenstein até que é um first person shooter com potencial principalmente pelas mecânicas de jogo introduzidas pelo medalhão de Thule, mas a sua implementação não foi de todo a melhor. A experiência como um todo acaba por ser bastante aborrecida infelizmente. E nem sequer falei do multiplayer pois já não está disponível de todo. Felizmente, os Wolfensteins que lhe seguiram, a começar pelo New Order, parecem-me estar muito bons!

Asura’s Wrath (Sony Playstation 3)

Produzido pela Cyberconnect2, os mesmos por detrás da série .Hack que planeio jogar um dia destes, e editado pela Capcom, este Asura’s Wrath é um jogo interessante pela sua jogabilidade original e pela sua temática que vai buscar influências visuais a mitologias budista e hindu. No entanto ainda ficou uns furos abaixo de outros hack and slash que sairam na mesma geração. Sinceramente já nem me recordo quando comprei o jogo, lembro-me de ter sido numa Worten ou Mediamarkt e ter custado algo entre 10 a 15€ novo.

Jogo com caixa e manual

Tal como o nome indica, o jogo conta-nos a história de Asura, um semideus da civilização humana do planeta Gaea e que, tal como vemos logo no primeiro nível, estamos a travar uma batalha contra os Gohma, umas criaturas demoníacas que atacam não só os habitantes daquele planeta, mas também os seus deuses nos céus, mais precisamente em bases espaciais gigantes e todas high-tech. Após uma dura batalha, o Imperador lá do sítio acaba por ser assassinado e Asura leva com as culpas. Para além disso vê que a sua esposa também foi assassinada e a sua filha raptada, o que o leva a confrontar os restantes 7 semideuses lá do sítio, pois está convencido que foi vítima de uma armadilha. Eventualmente Asura é derrotado e o jogo avança 12000 anos para o futuro, onde Asura renasce das cinzas, cheio de fúria, e começa a vingar-se dos seus antigos colegas.

Os confrontos contra os bosses tendem a ser bastante épicos

As mecânicas de jogo assentam em duas vertentes distintas. Por um lado temos o combate do estilo hack and slash que passarei a detalhar mais tarde, por outro temos as mecânicas de um shooter, tal como experienciamos logo no primeiro nível, onde descemos em queda livre, desde a base do “Olimpo” em órbita do planeta Gaea até defrontar Vlitra, o líder dos Gohma que é absolutamente gigantesco. Aqui podemos disparar projécteis livremente, bem como temos um sistema de lock-on, capaz de detectar múltiplos alvos (apenas temos de passar a mira por eles para serem detectados) e uma vez fixos os alvos, pressionamos um outro botão para disparar múltiplos projécteis para todos os alvos identificados. O combate corpo a corpo também nos permite disparar projécteis normais, bastante útil para atingir inimigos aéreos, mas o foco está mesmo no combate corpo a corpo, onde os restantes botões faciais servem para saltar, desferir golpes rápidos ou pesados e naturalmente teremos alguns combos para usar, se bem que depois de cada golpe pesado Asura sobre-aquece e não pode usar mais nenhum desses golpes durante alguns segundos. Os botões de cabeceira servem para fazer lock-on nos inimigos ou evadir os seus golpes.

Nos segmentos de shooter, podemos colocar vários alvos em lock on simultâneo

Mas o jogo anda muito à volta da raiva que Asura sente e que o torna cada vez mais forte e capaz de sobreviver a confrontos titânicos, por vezes à escala planetária. À medida que vamos enchendo os nossos oponentes de pancada, temos de ter em conta 2 barras de energia que se vão preenchendo. A barra central, quando cheia, permite-nos activar o unlimited mode com o botão L2. Aqui, durante alguns segundos, ficamos mais fortes, tanto a dar pancada como a resistir aos ataques inimigos e poderemos também aplicar os golpes pesados sempre sem a limitação de Asura sobreaquecer. A barra de energia imediatamente abaixo da nossa barra de vida é a barra de raiva que, quando cheia, permite-nos activar o Burst Mode (com o botão R2). É aí que Asura fica cego de raiva e tipicamente são resolvidos os combates contra bosses, onde somos levados por uma série de quick time events, em coreografias de luta over the top. O Unlimited Mode e Burst Mode estão também presentes nos segmentos de shooting puro.

Os bosses vão tendo diferentes padrões de ataque que teremos de evadir, visto que não existe outra possibilidade de defesa

Portanto a jogabilidade até que é bastante interessante, embora tenha pena que o lock-on, nos confrontos contra os bosses não funcione. No modo de dificuldade normal o jogo até que nem é assim tão desafiante quanto isso, a partir do momento em que começamos a interiorizar as mecânicas de jogo. Só no “último nível” (e mais tarde explico a razão destas aspas), no capítulo 18, é que morri uma data de vezes, a maior parte a enfrentar Vlitra na sua forma final. Acabei mesmo por rejogar esse capítulo no easy, pois já estava cansado e queria ir dormir e terminei-o logo à primeira. Nesse combate fez-me reparar que um botão para defender fazia mesmo falta, já que as mecânicas de evadir nem sempre são suficientes para nos colocarem fora de perigo.

Uma vez activado o burst, esperem por uns quantos QTEs!

De resto, o jogo está dividido numa forma episódica, como se um anime se tratasse, com direito a créditos e “cenas dos próximos episódios” no final de cada capítulo. No final de cada capítulo a nossa performance vai sendo avaliada e, mediante a mesma vamos desbloqueando uma série de extras. Alguns extras, como cutscenes ou artwork vão sendo desbloqueados à medida que progredimos no jogo, já outros como os Gauges extra, vão sendo desbloqueados mediante a nossa performance. Devia-me ter apercebido disto mais cedo, pois os gauges, são basicamente os medidores das barras de vida e energia e ao equipar medidores diferentes, vamos tendo diferentes efeitos na personagem, como reduzir o dano sofrido, aumentar a duração do unlimited mode, reduzir o período de espera entre ataques pesados, entre outros. Se tivesse equipado o Defender ou Survivor certamente teria tido menos dificuldade no tal confronto com o boss final do episódio 8.

Entre cada nível vamos poder ver algumas ilustrações acompanhadas por diálogos que expandem um pouco a história

A nossa performance também influencia o final que obtemos. Se conseguirmos um ranking S em pelo menos 5 episódios ao longo de todo o jogo, temos uma cutscene extendida no final do capítulo 18 que mostra que a história afinal continua! E continua como? Com DLCs, claro. Os DLCs de Asura’s Wrath incluem algumas missões secundárias que, apesar de pertencerem à história principal não deixam de ser missões relativamente pequenas, outro que traz personagens como Ryu e Akuma de Street Fighter para o jogo e por fim, o DLC mais caro traz 4 novos níveis que continuam a história. Ora aqui chegamos precisamente ao que mais me irritou em todo este jogo: saber que afinal comprei um jogo incompleto! Uma coisa são DLCs estéticos, missões secundárias, side stories e afins. Outra coisa é venderem o final do jogo à parte e isso é muito baixo.

Dos vários desbloqueáveis que aqui temos, destaca-se os diferentes medidores de energia que nos dão atributos diferentes

A nível audiovisual é um jogo interessante. As personagens estão representadas com um look algo cel shading, o que lhes dá um certo aspecto anime, certamente algo que ia de encontro à visão da Cyberconnect2. O mundo em si é bastante original, ao misturar conceitos de ficção científica, nomeadamente toda a civilização high-tech dos deuses e suas bases espaciais, com elementos de folclore budista e hindu, tanto na representação de alguns inimigos como noutros cenários. Mas no que diz respeito à qualidade gráfica em si, ocasionalmente notam-se algumas texturas de baixa resolução, especialmente nas cutscenes, quando focam algumas superfícies como o chão ou paredes. Ocasionalmente também se notam algumas quebras de framerate em combates mais intensos. Já no que diz respeito às músicas, estas são uma mistura interessante, desde a electrónica, rock, sempre com um ou outro elemento folclórico oriental, passando mesmo pela música clássica como alguns excertos da New World Symphony de Dvorak. Já o voice acting pareceu-me bem competente, com o jogo a oferecer a hipótese de ouvirmos as vozes inglesas ou as originais japonesas, opção que eu acabei por tomar.

Portanto este Asura’s Wrath até que é um jogo interessante, mas longe de estar perfeito. A sua jogabilidade é original, ao misturar o combate corpo a corpo típico de um hack and slash, com alguns elementos de shooter e cutscenes com batalhas épicas e repletas de QTEs. A jogabilidade poderia ter alguns refinamentos, como a possibilidade de defender ou evadir de forma mais eficaz, mas é um jogo que acaba por entreter bem. Agora a facada da fase final do jogo ser vendida à parte como DLC é que é algo para mim imperdoável.

Uncharted 3: Drake’s Deception (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Voltando à série Uncharted, ficamos agora com o terceiro título, o que fecha a trilogia original na Playstation 3. Mas tal como os dois jogos anteriores, em vez de jogar as suas versões originais, aproveitei e joguei também a sua versão remasterizada na Playstation 4, cujo exemplar comprei algures em Abril por 15€. Já a minha versão PS3 foi comprada na Game do Maia Shopping algures em 2011 ou 2012, junto com a minha Playstation 3, num pack que incluía o Uncharted 3, Gran Turismo 5 e no caso da Game, ainda ofereceram um comando extra da linha branca deles.

Jogo com caixa e manual

Neste terceiro jogo Nathan Drake vai uma vez mais no encalço de um outro mistério deixado por Sir Francis Drake há centenas de anos atrás, que nos levará a visitar não só locais na Europa, como a cidade de Londres ou um castelo abandonado no interior de França, mas também ao médio oriente. E desta vez não temos um grupo de mercenários na mesma corrida pelo tesouro, mas sim uma sociedade secreta britânica, liderada por alguém ligado ao passado de Nathan e do seu mentor Victor Sullivan. Este Uncharted 3 é então o primeiro jogo onde exploramos um pouco mais do passado de Nathan, algo que foi ainda mais explorado no Uncharted 4.

Colectânea Nathan Drake Collection para a PS4, no seu lançamento original, com papelada e sem manual como habitual em jogos PS4

No que diz respeito à jogabilidade, uma vez mais convém referir que me foquei na versão remaster para a PS4, que acabou por nivelar de certa forma os controlos e mecânicas de jogo no geral por entre os 3 jogos. Mas mesmo assim, reparei que o Uncharted 3 trazia algumas novidades, como um melhor sistema de combate corpo-a-corpo, ou a possibilidade de atirar granadas inimigas de volta, algo que foi muito benvindo, embora por vezes se tenha tornado algo frustrante. Isto porque quando estamos em modo cover, ou seja, colado a uma parede ou muro, temos de descolar primeiro e atirar a granada de volta, caso contrário não funciona. E se tivermos o azar do inimigo ter atirado a granada para perto de armas ou munições, por vezes o Nathan acaba antes por pegar nas munições, acabando por ficar esturricado no processo.

Este é o primeiro jogo onde exploramos um pouco mais do passado de Nathan, nomeadamente o seu primeiro encontro com Sully

De resto as mecânicas de jogo são semelhantes aos anteriores, com o jogo a possuir um excelente balanço entre mecânicas de exploração de cenários e platforming, mas também com intensos tiroteios e mecânicas de jogo cover-based. Os inimigos pareceram-me ser ainda mais rápidos, esponjas de balas e agressivos nesta versão, o que foi um desafio agradável. Excepto claro quando enfrentamos os Djinn, que para mim foram os segmentos de jogo mais frustrantes. Felizmente que não temos tantos assim! E sim, também temos alguns puzzles para resolver, desta vez um nadinha mais desafiantes que antes, e o detalhe do scrapbook continua muito engraçado.

Para além de terem pistas para nos ajudarem nalguns puzzles, o scrapbook também tem alguns momentos bem humorados

Graficamente o Uncharted 3 foi mais um jogo excelente na Playstation 3 e a versão remaster trouxe ainda mais algum detalhe gráfico e melhor performance na PS4. Tinha gostado muito dos anteriores, principalmente da atenção ao detalhe do Uncharted 2, mas aqui a Naughty Dog apresentou cenários ainda mais variados e como sempre muito bem detalhados. Começamos a aventura num pub inglês, sendo depois levados para o underground londrino, mas vamos também explorar um castelo abandonado no meio de uma densa floresta francesa, bem como outras áreas como a cidade de Cartagena, na Colômbia, algures nos anos 80, uma pequena cidade no médio oriente, uma espécie de sucata de navios controlada por piratas, e claro, o deserto, tal como ilustrado na capa do jogo. Tal como os seus predecessores, este Uncharted 3 prima também pela excelente narrativa, com um óptimo voice acting, mas também pelo pacing com que a aventura se vai desenrolando. Lá está, tal como os anteriores, esperem por um excelente balanço entre aventura, exploração, e segmentos repletos de acção como intensos tiroteios ou perseguições.

Um castelo abandonado no meio de uma floresta Europeia foi um dos cenários que mais gostei de explorar. Pena pelo incêndio no final…

Portanto devo dizer que fiquei mais uma vez agradavelmente surpreendido com este Uncharted 3. É verdade que não muda muita coisa nas mecânicas de jogo base, mas quando o original é tão bom, também não convém mudar muito. E enquanto a Naughty Dog conseguir incutir o mesmo nível de qualidade na narrativa, apresentação audiovisual, e acção digna de filmes de Hollywood, não vejo nenhum motivo para mudar. A versão PS3 trazia também uma vertente multiplayer que não cheguei a experimentar, pelo que não vale a pena referi-la, até porque os servidores já fecharam há algum tempo. A versão remastered, que tanto pode ser jogada nesta compilação bem como num lançamento standalone, não traz o modo multiplayer mas, tal como as outras versões remastered, traz novos níveis de dificuldade, um modo de jogo dedicado aos speedrunners e mais alguns trophies.