Tomb Raider II (Sony Playstation)

Tomb Raider IICom o tremendo sucesso que Tomb Raider e mais especificamente Lara Croft obtiveram com o primeiro jogo, uma sequela seria inevitável. Desta vez o jogo foi desenvolvido de raiz para a máquina da Sony, embora inicialmente uma versão para a Sega Saturn também tinha sido planeada. Mas como a consola da Sega tinha umas severas limitações devido ao seu complexo hardware, a versão Saturn acabou por ser cancelada, bem como a Sony também se chegou à frente e assinou com a Eidos/Core um contrato de exclusividade da série Tomb Raider para os lançamentos das consolas. Contrato esse que apenas viria a ser “quebrado” com o lançamento do quarto jogo da série que acabou por sair também para a Sega Dreamcast. Mas essa será outra história. Este Tomb Raider II foi comprado algures neste ano na loja portuense TVGames tendo-me custado algo entre 4 ou 5€, não me recordo bem. Está completo e em bom estado.

Tomb Raider II
Jogo completo com caixa e manual

Mais uma vez encarnamos na aventureira Lara Croft em busca de mais um poderoso artefacto. Desta vez o escolhido é a Dagger of Xian, um punhal místico dos tempos da antiga China, que, segundo as lendas confere ao seu dono o poder de se transformar num poderoso dragão, se tiver a coragem de espetar o punhal no seu coração. Começamos então a aventura em plena grande muralha da China, num segmento repleto de armadilhas e outras emoções fortes. Lembram-se do T-Rex do primeiro jogo? Aqui poderão enfrentar 2 logo no primeiro nível. Quando Lara chega finalmente ao local onde supostamente a Dagger of Xian estaria, é confrontada por um mafioso que, no seu leito de morte, lhe diz que o seu Padrinho Marco Bartoli da Máfia de Veneza também está atrás do dito artefacto. Sem mais pistas, Lara decide então fazer uma visitinha a Veneza, onde a aventura começa realmente.

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Ecrã título do jogo. Esta imagem traz-me várias memórias, foi durante muito tempo o wallpaper do meu velho PC de guerra

Ao longo do jogo iremos visitar diversos outros locais, como uma plataforma petrolífera no meio do oceano, um navio naufragado, mosteiros tibetanos, até regressarmos novamente às profundezas da grande muralha chinesa. Ao contrário do jogo anterior, onde a maioria dos inimigos eram animais (ou criaturas sobrenaturais na parte final do jogo), aqui existem muitos mais tiroteios com inimigos humanos. Apesar de ser um jogo onde mais uma vez possui níveis grandinhos e repletos de segredos e puzzles para serem explorados, a quantidade de inimigos humanos e posterior troca de “miminhos” é bem maior. Até nos níveis que decorrem num navio naufragado no fundo do mar estão repletos de gangsters de pistola em punho… fuck logic. Para contrariar esta ameaça maior, o arsenal de Lara é também mais extenso, contando claro está com as suas habituais duplas pistolas de munição infinita, shotgun, pistolas automáticas, uzis, uma M16, entre outras como um lança dardos para combates subaquáticos. Lara Croft herda os controlos do primeiro jogo, mais uma vez com um conjunto extenso de diferentes movimentos e habilidades, desta vez com alguns novos como subir/descer escadas ou conduzir veículos. Também pela primeira vez num Tomb Raider existem flares que podem ser utilizados para iluminar zonas mais escuras. Tal como no jogo anterior, existe um nível tutorial passado na própria casa da Lara Croft, onde podemos treinar os seus movimentos. Desta vez o nível é bem mais extenso que no primeiro jogo e conhecer os cantos à casa vai acabar por ser bem útil para mais tarde. De resto apenas há a lamentar os tank controls que não envelheceram bem para os controlos modernos. Mais uma vez este Tomb Raider não chegou a tempo de suportar os sticks analógicos do Dual Shock.

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Tal como no jogo anterior, existe um auto-aim que aponta automaticamente para os inimigos sempre que entram no campo de visão de Lara

A variedade de cenários é bem maior que no jogo anterior, muito devido aos inimigos humanos serem uma constante ao longo do jogo. Os níveis em Veneza são clássicos e bem construídos, assim como os Tibetanos e Chineses. Já os que foram passados em alto mar não me agradaram tanto, o que acaba por ser um (des)gosto comum pela comunidade gamer. Quase ninguém gosta de níveis passados debaixo de água. Ainda assim, com apenas 1 ano entre os 2 lançamentos, este Tomb Raider é um jogo graficamente mais bem trabalhado. Os modelos polígonais das personagens estão mais complexos e detalhados, assim como as texturas que são mais variadas. No jogo anterior a pouca variedade de texturas e os níveis muito “cúbicos” acabaram por atrapalhar bastante nos níveis mais avançados. Aqui, embora existam alguns níveis bastante compridos e complexos, é mais fácil não nos perdermos nos mesmos. Ainda assim a nível gráfico existem alguns problemas como o clipping que tanto era comum nos jogos 3D da época.

A banda sonora continua simples e épica como no jogo anterior. Muito tempo é passado em completo silêncio, com trechos de diferentes melodias a serem tocados repentinamente, nos momentos certos, em sintonia com a atmosfera pretendida. Nada a apontar nos efeitos sonoros e voice acting. O primeiro é semelhante ao jogo anterior, o segundo, apesar de existir mais algum diálogo neste jogo, são igualmente curtos. Ainda assim convém referir os gritos histéricos dos monges tibetanos, esses sim irritaram-me. De qualquer das formas, para quem quiser a melhor versão deste jogo acaba por ser sempre a versão PC, com gráficos melhores e uma resolução maior. Ao menos a versão PS1 desta vez deixa o jogador fazer save game sempre que desejar, abandonando assim os save crystals do jogo anterior para Saturn/PS1.

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No nível de treino, o mordomo de Lara acompanha-nos sempre.

Concluindo este Tomb Raider II é uma sequela que melhorou diversos aspectos relativamente ao jogo anterior. A fórmula continua idêntica, existe toda aquela toada épica de exploração e resolução de puzzles, sendo tecnicamente um jogo mais bonito. Ainda assim a grande diferença é que este é um jogo com mais acção e tiroteios, acabando por ser um pouco mais difícil que o anterior devido ao maior número de inimigos humanos. De qualquer das formas não deixa de ser um grande clássico na série que iria mais tarde esgotar a sua fórmula. Mas isso ficará para um próximo artigo.

Duke Nukem Time to Kill (Sony Playstation)

DN Time to KillQuem segue este blogue há algum tempo, já se deve ter apercebido que o saudoso Duke Nukem 3D é um dos meus jogos preferidos. Ora na segunda metade da década de 90 a personagem Duke Nukem estava em alta, pela sua personalidade “macho man”, a violência gratuita e o humor negro que DN3D nos habituou. Após o dito jogo ter sido convertido para as consolas da altura, e enquanto os comuns mortais ainda pouco ouviam falar de um tal Duke Nukem Forever, há que espremer o leite à vaca enquanto a personagem está em alta. Quem também estava em alta era a Lara Croft e os seus Tomb Raider, pelo que a 3D Realms e a N-Space acharam boa ideia fazer um jogo em que unisse os dois universos. E assim nasceu este DN Time to Kill, cuja cópia me veio parar às mãos por intermédio da loja portuense TVGames, tendo-me custado 5€. Infelizmente tem a capa estalada, foi um acidente de percurso.

Duke Nukem Time to Kill - Sony Playstation
Jogo completo com caixa, manual e papelada

O jogo abre com uma cutscene em CG onde Duke Nukem, a bordo da sua moto, vai a caminho do seu strip club predilecto, em plena baixa de Los Angeles. Quando lá chega é emboscado pelos seus velhos conhecidos Pigcops que o atacam e, para ridicularizar as coisas, transformam a sua moto numa bicicleta de menina. Óbvio que o Duke não fica nada contente com isto e o que acontece em seguida não deve ser muito difícil de adivinhar. O jogo começa então no tal clube de strip, onde vemos alguns conjuntos de polígonos que se assemelham a strippers a abanarem-se num varão (um gajo naquela altura tinha de ter imaginação fértil), e após encher uns quantos aliens de chumbo e explorar a baixa de Los Angeles ao seu redor, deparamo-nos com um estranho portal que nos leva a viajar no tempo até ao passado, directamente a um western. Parece então que os Aliens estão determinados em mudar o passado na Terra, de forma a conseguirem ganhar controlo sobre o planeta.

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Existe um modo de jogo multiplayer para 2 jogadores em split screen que me esqueci de referir no texto principal.

O jogo vai prosseguindo então sempre da mesma forma, após alguns níveis numa determinada era e enfrentarmos um boss, voltamos à zona inicial de Los Angeles, onde podemos explorar o cenário um pouco mais e viajar para um outro local. Para além do “Far west“, visitamos também o tempo medieval e romano. Curiosamente o traje de Duke (e dos Pigcops) vai-se transformando de acordo com a era em que nos encontramos, foi um pormenor interessante, assim como vamos encontrando algumas armas que são características desse mesmo período, como dinaminte no Oeste, ou “granadas sagradas” nos cenários medievais. O mesmo se pode dizer das meninas que vamos encontrando ao longo do jogo, há para todos os gostos (literalmente para TODOS os gostos – e mais não digo). E porque referi no primeiro parágrafo que este Duke tinha algumas semelhanças com o Tomb Raider? Bom, em primeiro lugar porque o jogo usa a perspectiva de terceira pessoa, bem como herda os tank controls de Lara Croft nos primeiros jogos.

Mas isso não é o único factor, nota-se perfeitamente a influência “Indiana Jones” que Lara Croft popularizou nos seus jogos, com Duke a mimicar muitos dos seus movimentos, tal como arrastar objectos, explorar exaustivamente os cenários que, principalmente na idade média e romana ganharam proporções bem mais épicas. A própria animação de Duke a nadar é em si muito semelhante à de Lara Croft nos primeiros jogos. O arsenal de Duke é bem maior, herdando algumas armas do Duke 3D, mas apresentando também muitas outras, como os explosivos especiais que já mencionei acima. Existe também alguma interactividade com os cenários e objectos, mas não ao nível que Duke 3D e Shadow Warrior nos tinham habituado previamente. A animação que Duke executa para interagir com as meninas é no mínimo curiosa/pervertida. Infelizmente, devido aos tank controls, o jogo é bem mais desagradável de ser jogado nos dias de hoje, dificultando bastante os tiroteios. A mira de Duke até que tem algum auto-aim para minimizar esse drawback, mas a meu ver foi um downgrade severo na jogabilidade.

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Shake it baby!

Graficamente o jogo não é nada de especial, com muita pena minha. É verdade que muitos jogos 3D da era 32bit envelheceram mal, mas em 1998/1999 já se viam jogos com visuais melhores na plataforma. As texturas têm muito pouca qualidade, sendo bastante pixelizadas. Mesmo sendo um jogo 2.5D, o próprio port do Duke Nukem 3D para a PS1 era bem mais agradável. Não só pela qualidade das texturas em si, mas por haver uma variação bem maior das mesmas nos cenários, aqui as coisas acabam por se tornar bastante repetitivas, com vários corredores iguais ao longo dos mapas, e todos eles muito quadrados. De facto este Duke Nukem Time to Kill também não é um jogo que prima por ter personagens muito detalhadas. Mas nem tudo é mau a nível técnico neste jogo. Acima de tudo ainda é um Duke Nukem e contém a habitual dose de humor, estando mais uma vez repleto de one liners, algumas recicladas de jogos anteriores, outras inteiramente novas. Infelizmente a banda sonora deixa muito a desejar, o jogo contém poucas músicas e as mesmas são bastante simples e curtas, sendo repetidas ad eternum em loop.

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Devo admitir que ver o Duke com um chapéu de cowboy teve a sua graça

Resumindo, acho que Duke Nukem Time to Kill é um jogo que não envelheceu nada bem. A começar pela jogabilidade e os seus tank controls que num jogo de acção como este só atrapalham, passando por uns visuais que poderiam ter sido melhor trabalhados, assim como a sua banda sonora. No entanto, para quem for fã de Duke Nukem, ainda encontrará aqui boas razões para revisitar este jogo. O seu humor continua em alta, onde para além das tradicionais “bocas” que vamos ouvindo ao longo do jogo, existem várias referências escondidas a outros jogos ou filmes. Fico agora a aguardar que o Land of the Babes entre um dia na minha colecção.

Crash Bandicoot (Sony Playstation)

Crash Bandicoot PlatinumApesar de ter sido com a Playstation que os videojogos passaram definitivamente a ter um público mais maduro (que no entanto já existia nos computadores), os jogos com mascotes, que fizeram um tremendo sucesso entre a segunda metade da década de 80 e a primeira dos 90 não foram de todo descartados. A primeira grane aposta da Sony nesse segmento foi através do seu estúdio Naughty Dog, tendo lançado este Crash Bandicoot no ano de 1996 para a primeira consola da Sony. A minha cópia foi adquirida na loja portuense TVGames, tendo-me custado uns 6€, se não estou errado.

Crash Bandicoot - Sony Playstation
Jogo com caixa e manual. É a versão Platinum, mas nem me queixo.

O jogo decorre numas ilhas fictícias perto da Austrália, onde Crash Bandicoot é um marsupial geneticamente modificado pelo Dr. Neo Cortex, que planeava construir um exército de animais com poderes sobrehumanos para dominar o mundo. Faz lembrar a história de um certo ouriço azul, mas adiante. Acontece que Crash, para além de se apaixonar por Tawna, outra “bandicoot” fêmea também modificada por Cortex, acaba por não se submeter às vontades do cientista. Cortex expulsa-o para uma das suas ilhas e o resto não deve ser muito difícil de imaginar.

Crash Bandicoot é um jogo de plataforma 3D, tendo surgido numa altura em que o Super Mario 64 já tinha saído nalguns territórios e reinventado o género. Ainda assim, este não deixa de ser um óptimo jogo de plataformas, apenas não oferece toda a liberdade de movimentos 3D que o jogo da Nintendo ofereceu. Aqui, apesar de podermos controlar Crash em várias direcções, os níveis seguem uma câmara “on rails“. Este sistema alterna como se um sidescroller clássico se tratasse com Crash a movimentar-se da esquerda pra a direita, ou secções em que temos de escalar uma série de obstáculos, podendo mudar a perspectiva como se um jogo de corridas se tratasse, onde a câmara se movimenta para a frente ou para trás. Inicialmente os níveis seguem apenas um destes tipos de movimentação, se bem que mais para a frente acabam por misturar as diferentes abordagens. Visto que na altura a PS1 ainda não tinha o seu Dualshock com os sticks analógicos, de certa forma compreende-se o porquê de a Naughty Dog ter utilizado esta abordagem mais restritiva no jogo. Isso e o Super Mario 64 ser ainda um jogo muito recente.

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Se concluirmos um nível sem perder nenhuma vida e destruir todas as caixas de madeira, temos uma pontuação perfeita. Em alguns níveis é impossivel obter uma pontuação perfeita sem primeiro o termos feito noutros níveis.

De resto todos os elementos de um jogo de plataformas estão lá. Imensos obstáculos, inimigos variados, desde animais a seres humanos como nativos das ilhas ou lacaios do Dr. Cortex, alguns precipícios, pedras gigantes a perseguir Crash e os ocasionais bosses. Items e coleccionáveis também aparecem com fartura, tal como as moedas de Mario ou os anéis de Sonic, aqui temos um fruto qualquer. Sempre que apanharmos 100 desses frutos, Crash ganha uma vida.De resto vamos encontrando imensas caixas de madeira que podemos destruir, albergando vários items, desde frutos, vidas, tags que nos levem a níveis de bónus, ou máscaras. Existem caixas especiais, umas que nos deixam saltar a grandes distâncias, umas que servem de checkpoint, outras que explodem ao fim de algum tempo e outras que activam ou desactivam certas passagens para prosseguirmos no jogo. Crash tem 2 ataques para derrotar os inimigos. Tanto pode saltar em cima deles, como rodopiar velozmente, como um certo animal da Tasmânia. Sempre que Crash sofrer dano, seja por um inimigo ou algum obstáculo, perde uma vida a menos que tenha consigo uma das máscaras que mencionei acima. Essas máscaras podem absorver um golpe em vez do Crash e, coleccionando algumas delas ganhamos inclusivamente invencibilidade temporária.

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A barra de vida dos bosses é a que tem incluída o nome dos mesmos, no canto superior esquerdo.

Graficamente o jogo é bastante competente tendo em conta a sua idade. Não é um jogo que tenha texturas muito bonitas, tendo recebido muito mais atenção e detalhe na quantidade de polígonos utilizada para modelar as criaturas e os cenários, algo que foi escolhido propositadamente pela Naughty Dog. No entanto esta decisão não impediu que o jogo apresentasse visuais bastante coloridos e variados, que tanto vão de secções em plena selva, aldeias de nativos, templos misteriosos à lá Indiana Jones e alguns níveis mais industriais. Em relação às músicas já tenho alguns “mixed feelings“. A música tema do jogo é das mais acarinhadas pelos fãs, as outras músicas com um “costela” mais tribal também me agradam. No entanto dá a impressão que o jogo não aproveita a qualidade CD Audio nas suas músicas, com muitas das mesmas a assemelharem-se com gravações em MIDI, a música dos níveis de bónus é a que mais me causou esta impressão. Não investiguei muito sobre a banda sonora do jogo, se houver aí algum leitor que me saiba esclarecer esta dúvida também agradeço. Os efeitos sonoros não são nada de especial, assim como o voice acting, o que infelizmente ainda era bastante comum nesses tempos.

Crash Bandicoot, apesar de muitas vezes estar restringido a uma jogabilidade 2.5D, não oferecendo a mesma liberdade que Super Mario 64 trouxe, não deixa de ser um jogo de plataformas bastante divertido, com gráficos competentes, bons controlos e algumas secções de platforming mais exigentes lá para a recta final. O jogo ainda viria a receber mais 2 sequelas directas para a PS1, antes de Naughty Dog vender a franchise no início deste milénio, o que infelizmente levou Crash numa espiral recessiva, até ter “crashado” de vez.

Alien Resurrection (Sony Playstation)

Alien Resurrection
Este artigo é uma versão ligeiramente modificada do artigo originalmente publicado na revista online PUSHSTART #25, podem conferir o original aqui.

Das memórias mais antigas que tenho é de em início dos anos 90 darem os primeiros 2 filmes da saga na RTP1 e eu ter ficado completamente aterrorizado com os xenomorphs e companhia. Uma cena que me ficou mesmo gravada na memória foi quando um certo andróide é cortado em dois num dos filmes. Alien Resurrection é o quarto filme da saga, tendo saído em 1997. Na minha opinião de fã, é um filme fraco, bem longe da qualidade dos 2 primeiros, o que é pena, visto que a série merece apenas o melhor. Mas este artigo não é uma crítica de cinema, pelo que vamos ao que interessa. A adaptação do filme para os videojogos, que inicialmente estava planeado ser um jogo na 3a pessoa, sofreu vários atrasos e mutações, tendo acabado por sair para a Playstation original já no ano de 2000, em alturas em que a própria Playstation 2 se estava a preparar para sair também. A minha cópia foi comprada algures no ano passado, na loja portuense TVGames. Penso que me custou algo em torno dos 4/5€. Um óptimo preço para um jogo completo e em bom estado.

Alien Resurrection PS1
Jogo completo com caixa e manual

Alien Resurrection segue a história do filme, cuja decorre numa nave/estação militar, onde um grupo de cientistas consegue clonar a Ripley quando se encontrava “grávida” de uma Alien Queen, nos tempos de Alien 3. Ora ao recuperarem a rainha, conseguiram que eventualmente novas ninhadas de xenomorphs surgissem. Claro que ter muitos bichos destes nunca é boa ideia, e há algo que teria de invariavelmente dar para o torto. O jogo coloca-nos então inicialmente na pele de Ripley, onde apenas temos o objectivo de sobreviver e escapar da estação espacial em que nos encontramos. Ao longo dos 10/11 níveis do jogo vamos encarnando também outras personagens do filme, como a cyborg Call ou o Christie, por exemplo.

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Os gráficos são bons. Esta foto não é a melhor, mas estamos a lidar com uma máquina 32Bit.

O jogo é um first person shooter. Sinceramente acho que é um subgénero que encaixa perfeitamente na série, sendo possível recriar todo aquele clima tenso, claustrofóbico e aterrorizador pelo qual os filmes são sobejamente conhecidos. O Alien vs Predator da Atari Jaguar e o Alien Trilogy de Saturn/PC e PS1 já tinham sido dos primeiros jogos da série a terem esta abordagem, com bons resultados. Acontece que no ano anterior saiu para PC um joguinho de nome “Aliens versus Predator”, que transpôs de uma forma brilhante todo este clima em forma de jogo. Dessa forma, Alien Resurrection tinha uns sapatos enormes para calçar… e falhou nalguns aspectos.

Mal pegamos nos controlos e surge a primeira situação de combate, depressa vemos logo o que está errado neste Alien Resurrection. Os controlos são demasiado lentos, o jogador movimenta-se lentamente, e apontar a arma é igualmente lento. Ora os Xenomorphs não são propriamente lesmas e quando nos encontramos rodeados deles o melhor é mesmo fugir. Felizmente dá para ajustar a sensibilidade do “turning and aiming”, mas não existe a hipótese de correr, e num jogo deste género é algo que faz mesmo falta. Sendo também um FPS algo antigo, existe aqui uma ajudinha que os jogadores de consolas conhecem como aim assist. Jogar no PC com rato e teclado é outra categoria… e eu próprio levei imenso tempo a habituar-me minimamente em jogar FPS com um gamepad. Infelizmente devido aos problemas de controlos que mencionei, este aim assist acaba por ser bem-vindo. O jogo tem suporte ao rato de PS1, podendo ser jogado em conjunto com o gamepad. Acredito que os controlos fiquem melhores desta forma, mas quem é que tem um rato para a PS1 mesmo?

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Olha um facehu-ewww!

O arsenal à nossa disposição é variado, mas não foge ao habitual. Para além das habituais pistolas, shotguns, metralhadores, lança granadas e lança rockets, existem também 2 armas futuristas, com lasers e raios eléctricos respectivamente. A nível de items, existem os habituais medkits, e caixotes espalhados com várias munições. Para além disso, acabamos por encontrar uma útil lanterna e o icónico radar de movimento. A variedade de níveis não é muito grande, mas o mesmo pode ser dito para o próprio filme. Afinal estamos a bordo de uma gigante nave espacial, dessa forma os cenários não fogem muito a uma temática industrial futurista. O jogo encontra-se dividido em 10/11 níveis, mas são níveis suficientemente grandes e com vários desafios pela frente. Para além dos próprios Alien nos seus diferentes estados de gestação, também lutamos contra a equipa militar e/ou científica a bordo da própria nave.

A atmosfera do jogo é sem dúvida o ponto mais bem conseguido. Os cenários são escuros e claustrofóbicos, deixando-nos sempre com a sensação que vamos encontrar um Alien uns passos à frente, o que nem sempre acontece, contribuindo ainda mais para a expectativa. O radar, apesar de ser um pouco diferente do tradicional na saga, é uma marca da mesma, e quando estamos com pouca munição e saúde, e sabemos que temos de enfrentar uma série de criaturas na sala seguinte é sempre algo que tenta instaurar o pânico no jogador. Os sons estão muito bem conseguidos, não existindo uma banda sonora por aí além. Sinceramente nem precisa, o jogo fica bem mais tenso se for abstraído de coisas que nos façam distrair da sobrevivência. Graficamente também é um ponto forte do jogo, que apresenta gráficos 3D bem detalhados para uma máquina 32bit. Os primeiros screenshots que vi deste jogo, lá por 1999, deixaram-me boquiaberto sabendo que era para a PS1. Actualmente jogos 3D dos tempos das 32e 64Bit são jogos que envelheceram mal no quesito gráfico, portanto nem deve ser comparado a jogos Alien mais recentes. Para 2000, e precisamente para uma Playstation 1 acho que estão francamente bons.

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Apresento-vos a criatura mais desinteressante de toda a série.

Alien Resurrection, o filme, é um ponto baixo na saga, já o jogo apesar de ter um grau de dificuldade elevado devido aos controlos imprecisos, não deixa de ser um jogo interessante na medida em que proporciona uma série de momentos de elevada tensão e o pânico total. Esse aspecto, aliado a ser um jogo tecnicamente bom para uma máquina de 32Bit, tornam Alien Resurrection, o jogo, como algo a que todo o fã de Alien deva experimentar.