Virtua Fighter (Sega Saturn)

VF1Ena, 3 posts seguidos? Ando mesmo desocupado… mas nas próximas 2 semanas voltarei a estar ocupado com exames académicos, pelo que infelizmente este ritmo “rápido” de posts será Sol de pouca dura. Virtua Fighter é reconhecido como ser o primeiro jogo de luta (versus) totalmente modelado em 3D. Lançado originalmente para as arcades no ano de 1993, através da placa MODEL1, a primeira de 3 placas arcade de grande sucesso. Desenvolvidas em conjunto com a Sega e a Lockheed Martin, uma empresa especializada em modelação 3D, as 3 diferentes gerações das MODEL foram realmente exlibris da arte. A minha cópia foi adquirida algures neste ano ou no ano passado, sinceramente não me recordo, mas penso que tenha sido no miau.pt. Também não me recordo do preço, apenas que foi barato e encontra-se completo com caixa e manual.

Virtua Fighter Saturn
Jogo completo com caixa, manual multilingue e manual PT

Virtua Fighter nas arcades foi um jogo verdadeiramente revolucionário. Apesar de várias empresas já terem feito alguns jogos com modelos 3D (Estou a recordar-me de Hard Drivin’), a Sega deu um passo em frente à concorrência com jogos como Virtua Racing e Virtua Fighter. A Model 1, apesar de gerar modelos com poucos polígonos e texturas simples, já era um sistema avançado para a sua época. Como já mencionei tanto na análise da Sega Saturn, como no Daytona USA, o lançamento americano (e consequentemente japonês e europeu) da Sega Saturn foi apressado para ganhar mercado para o lançamento da PlayStation 1. Foi uma manobra infeliz por parte da Sega que apanhou toda a gente de surpresa, incluindo as suas próprias equipas de desenvolvimento, que se viram forçadas a lançar para o mercado jogos algo inacabados. Virtua Fighter foi um dos jogos de lançamento da Sega Saturn, tendo sido vítima desta má estratégia de marketing. Mas já lá vamos.

virtua-fighter1
Ambiente agradável para um jogo de luta...

Virtua Fighter foi um jogo que deu uma lufada de ar fresco nos jogos de luta da época, sendo dominados por Street Fighter, Mortal Kombat e uma série de clones. Para além de um plano em 3D, Virtua Fighter introduziu o conceito de “ring-out”, onde uma vitória poderia ser obtida caso o oponente caísse fora do ringue. O tamanho do ringue poderia ser alterado no menu de opções do jogo. Para além desse novo elemento, Virtua Fighter tinha como objectivo introduzir uma nova noção de realismo, com vários estilos de luta sendo reconhecidos através da própria movimentação dos lutadores, e o abandono de poderes especiais muito em voga nos restantes jogos. No entanto Virtua Fighter 1 ainda é um jogo simples, usando apenas 3 botões (bloqueio, soco e pontapé), sendo que o direccional é utilizado para movimentação (esquerda e direita), agachar e saltar (baixo, cima). Ainda assim, apenas com estes botões, existe uma vasta selecção de golpes especiais que podem ser desencadeados para cada lutador, conferindo uma elevada profundidade à série, no que diz respeito ao gameplay. Embora em 1993 tudo isto possa ter sido revolucionário, hoje em dia a jogabilidade do Virtua Fighter original já é algo datada, visto os movimentos ainda serem algo lentos (especialmente os saltos, que parecem ser na lua). Infelizmente ainda não havia um melhor controlo do 3D, de modo a andar livremente em toda a arena.

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Um cenário nocturno...

Graficamente, o Virtua Fighter da Saturn contém menos polígonos que a versão original, e devido à arquitectura da Saturn de renderizar polígonos através de quadriláteros em vez de triângulos, acabou por tornar os modelos mais “quadrados” devido ao facto de terem sido pouco trabalhados. À semelhança de Daytona USA, outra conversão apressada, também aqui surgem muitos problemas de “pop-in” nas bermas da arena, apesar de os cenários serem bem mais pequenos que um circuito de Daytona. Na movimentação dos modelos também existem glitches na união dos membros ao tronco dos lutadores e até o display dos nomes e barra de energia podem sofrer de “flickering”, ou seja aparecem e desaparecem do ecrã. Isto foi obviamente uma grande desilusão para os fãs pois a Playstation começava a receber outros jogos de luta 3D como Tekken e Battle Arena Toshinden e apesar de serem jogos mais simples (e no caso de B.A.T. bem pior), tinham gráficos nitidamente superiores. Este jogo foi também convertido para a 32X que, apesar de ter gráficos piores, é considerada uma conversão melhor simplesmente por estar a correr num hardware bastante inferior e sem os bugs da versão Saturn. Para tentar remediar esta situação foi lançado mais tarde uma nova versão do jogo chamada Virtua Fighter Remix, que colocou os gráficos do Virtua Fighter original quase ao nível do Virtua Fighter 2 (falando na versão Saturn), resolvendo também estes glitches gráficos aqui mencionados. Esta versão apesar de ter sido comercializada na Europa e Japão, foi distribuida gratuitamente no mercado americano para toda a gente que tivesse registado a sua Sega Saturn na Sega of America, ou simplesmente preencher um formulário e enviá-lo para a mesma. Sortudos, estes americanos.

Sonoramente, não consigo ser muito imparcial quando se trata deste tipo de jogos. A Saturn globalmente até pode ter sido um flop, mas é de longe uma das minhas plataformas preferidas. Músicas e efeitos sonoros de algumas séries como Daytona USA, Virtua Fighter e Sega Rally ainda não me sairam da memória ao fim deste tempo todo. Assim sendo não me resta outra alternativa senão dizer que o som em Virtua Fighter é fenomenal. As músicas são na onda do rock, pop/rock, embora haja uma ou outra com umas influências folk pelo meio. São na sua esmagadora maioria músicas instrumentais, embora haja ali uma pequena música com vocais. Os efeitos sonoros são memoráveis. Modos de jogo só existe o modo Arcade e um multiplayer para 2 jogadores. Contudo existem opções para alterar a percentagem da barra de energia do jogador, limite de tempo, alteração dos botões de jogo, etc.

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Ecrã de selecção de lutadores

Falando da história do jogo em si, não há muito a dizer, O jogo menciona a existência de uma arte marcial chinesa bastante avançada que os japoneses chamam de “Hakkyouken”, tendo sido posteriormente adaptada e melhorada pelas tropas de elite do exército japonês. Akira Yuki, um jovem lutador japonês é o último discípulo dessa arte marcial e decide por a sua habilidade à prova participando num campeonato mundial de artes marciais. E começa aí Virtua Fighter. Juntando-se a Akira surgem mais 7 personagens (e uma secreta – Dural) de vários estilos de luta diferentes, desde wrestling, ninjutsu, pancratium, e uma série de outras artes marciais que não conheço de lado nenhum.

Finalizando, Virtua Fighter 1 para a Saturn pode ser um jogo com muitos defeitos, mas tem um valor histórico inegável. Enquanto que existem melhores versões deste mesmo jogo (Virtua Fighter Remix e Virtua Fighter PC para Windows 95), a versão original encontra-se a preços agradáveis por essa internet fora, pelo que não é um jogo que se descarte.

Sega Rally Championship (Sega Saturn)

“Sega Rally Championship! *VRRROOOM!!*” quem passou várias tardes da sua infância/adolescência a jogar isto certamente é a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando se fala em Sega Rally. Lançado nas arcades em 1995 através do estúdio Sega AM5 (que continha membros da equipa original de Ridge Racer da Namco), e convertido para a Sega Saturn pela Sega AM3 (posteriormente Hitmaker – autores de jogos como Manx TT, Virtua Tennis e Crazy Taxi), Sega Rally demarca-se pelo pioneirismo de explorar diferentes comportamentos de condução para diferentes pisos. Isto aliado à vertente arcade altamente aliciante que os clássicos da Sega sempre tiveram. A minha cópia foi comprada no ano passado em 2010 no ebay. Já não me lembro quanto custou mas foi uma pechincha. Está completo e em bom estado.

Sega Rally Saturn
Caixa disco e manual multilingue

À semelhança dos jogos Arcade da época, bem como das suas conversões caseiras, Sega Rally é um jogo com poucas pistas e carros, mas ainda assim é o meu jogo de corridas preferido. Eu não sou um grande fã de jogos de simulação, para mim desporto motorizado tem que ter aquele feel arcade e a sensação de adrenalina que o mesmo transmite, e nisso a Sega é, ou pelo menos foi, mestre. Tanto na versão original arcade, como nesta conversão para Saturn, os carros comportam-se que é uma maravilha e os circuitos são fantásticos.

Deixando a versão arcade de lado e falando apenas na conversão para Saturn, somos introduzidos com 3 modos de jogo: Arcade, Time Attack e 2 Player Battle. Em Arcade, temos 2 sub-modos de jogo: Championship e Practice. Championship é uma adaptação do modo de jogo original. Temos 2 carros à escolha, um Toyota Celica e um Lancia Delta, ambos com a opção de mudanças automáticas ou manuais. Em seguida começamos o primeiro circuito na 15ª posição, e é uma corrida contra o relógio até ao final. O circuito seguinte começamos na posição em que acabamos o circuito anterior. Este modo de jogo tem 3 circuitos (Desert, Forest e Mountain), sendo que se chegarmos ao fim do circuito Mountain em primeiro lugar desbloqueamos um circuito extra de nome Lake Side. É o circuito mais difícil do jogo e, se o chegarmos ao fim desse mesmo circuito em primeiro lugar desbloqueamos um carro secreto, o Lancia Stratos, carro mais rápido do jogo.

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Quase a cortar a meta no Desert stage

O modo practice como o próprio nome indica permite escolher um qualquer circuito e simplesmente treinar. Avançando para o Time Attack, é um modo de jogo para quebrar recordes, podem ser definidas o número de voltas a fazer num determinado circuito ou simplesmente escolher o modo “free run” e corremos no mesmo circuito até nos fartarmos.

O modo 2 Player Battle é auto explanatório… acção frenética em split screen contra um amigo! Existe também umas opções especiais que permitem customizar ligeiramente o carro, escolhendo vários valores diferentes para pneus, suspensões, transmissão, etc. E sobre modos de jogo basicamente é isto. As conversões de jogos arcade naquela altura sempre foram um pouco pobres para adicionar conteúdo novo. Mais uma vez e à semelhança do Daytona USA, é possível jogar-se nos circuitos standard espelhados, usando um código especial. Isso na minha opinião até deveria ser opção normal do jogo.

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A desbravar no Forest Stage

Falando de outras andanças, a nivel gráfico é uma boa conversão da Arcade. O jogo original é baseado no hardware Sega Model 2 que por sua vez é mais poderoso que a Sega Saturn, pelo que as conversões nunca ficariam a 100%. Nota-se um downgrade na resolução, nos modelos dos carros e na falta de efeitos especiais, pelas razões que sempre falo quando analiso algum jogo de Saturn. Ainda assim, acho que a conversão é muito bem conseguida. Não há “pop in” dos cenários como em Daytona USA, a draw distance é razoavelmente grande, a acção é fluida e os gráficos são coloridos. O jogo é suficientemente rápido e a jogabilidade é brilhante. Nota-se realmente a diferença de comportamento nos carros em diferentes pavimentos, hoje em dia isso é trivial em qualquer jogo de corrida que se preze, mas em 1995, nem por isso. A jogabilidade é precisa e o D-Pad do comando da Saturn dá bem conta do recado.

A nível de som, tal como os outros clássicos arcade da Sega da época, a banda sonora é constituída por músicas mais rock ‘n roll e “up beat“, então a música logo do primeiro circuito, é para deixar o volume alto! Outro ponto interessante do jogo na época foi a inclusão das frases do co-piloto acerca da pista: “Easy right”, “medium left”, “very long easy right maybe”. Para não deixar de referir as falas quando se termina um circuito (“finiiiiish!!”) ou no ecrã de game over (“game over yeaaaah!”). Realmente, um clássico!

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Pista secreta e carro secreto

Sega Rally pouco tempo depois foi adaptado para o Windows 95, numa altura em que sairam vários jogos da Sega para o PC, foi um protocolo qualquer que a Sega teve com a Microsoft em lançar alguns dos seus jogos para Windows. Essa versão pelo que me lembro conta com melhores gráficos que a versão Saturn, mas o gameplay não é a mesma coisa (também na altura joguei com o teclado e foi há muito tempo). Quando saiu a Dreamcast também adaptaram o Sega Rally 2 da Arcade mas sinceramente só joguei 5 minutos desse jogo. Recentemente voltaram a pegar na franchise, tendo lançado mais uma série de jogos para os sistemas mais recentes, nunca sequer lhes peguei.

Sega Rally é um dos melhores jogos da Saturn e também um dos mais baratos e fáceis de encontrar por esses ebays fora. Acho que é um título obrigatório na colecção de qualquer possuidor de Sega Saturn, mesmo que não gostem de jogos de corrida. É Arcade em casa!

Wipeout 2097 (Sega Saturn)

Tempo agora de dar continuidade ao post anterior e falar um pouco do 2º jogo da série Wipeout, na sua conversão para a consola de 32Bit da Sega, a Saturn. Conversão essa que mais uma vez ficou a cargo do estúdio australiano “Tantalus” que após uma série de conversões para Saturn (umas melhores que outras) pelos vistos dedicaram-se a trabalhar em crapware de ps1,gba,ds… A minha cópia foi comprada no ano passado na loja Pressplay no Porto, uma casa especializada em retrogaming que me deixa sempre com vontade de assaltar um banco quando lá vou. Está completa e em bom estado.

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Completo com caixa e manual multilingue

Wipeout 2097 é dos poucos jogos cuja versão ocidental é exclusiva de territórios europeus. Uns meses depois acabou por sair uma versão do mesmo jogo apenas para o mercado japonês, sob o nome Wipeout XL (nome esse standard para todas as versões não-europeias do jogo). Saiu na Europa +/- um ano depois da versão PS1, o que deu tempo para a Tantalus fazer um bom port. A versão japonesa chegou a sair em 1998, o que explica o facto de não ter saído em território norte-americano. Em finais de 1997 a Saturn já era uma plataforma em estado de coma, enquanto que no mercado europeu a Sega ainda tinha uma presença moderada.

E como se safou a Tantalus na conversão deste hit da Playstation? Na minha modesta opinião acho que se safaram bem, mas com algumas reservas. A nível gráfico são poucas as diferenças que se nota, apenas os efeitos de luz e transparências são gritantes. Quando era mais novo, sempre me fascinou o rasto de luz deixado por algumas naves durante a corrida, chegava até a desenhar as naves com esse “raio propulsor” (ai o vício…), colocando as 2 versões lado a lado notamos perfeitamente que essa luz traseira das naves na saturn é muito pobrezinha, infelizmente. De resto a versão Saturn tem uma “draw distance” maior, o que pode ser uma vantagem para alguns. Ainda a nível “técnico”, a versão PAL deste jogo é um pouco lenta e o framerate é algo baixo. Vi uns vídeos da versão japonesa para Saturn e era bem superior neste aspecto. Infelizmente nós Europeus muitas vezes temos os jogos mais lentos e nem nos apercebemos. Isso deve-se devido ao sistema PAL funcionar numa frequência de 50Hz e o NTSC a uma frequência de 60Hz, no entanto os sistema PAL permitiria uma maior resolução, o que nem sempre acontece no que é lançado por cá. Para encerrar esta parte mais técnica, mais um ponto positivo para a versão Saturn: os menores tempos de loading (na ordem de 5s a menos que na versão PS1).

ScreenshotO conceito do jogo em si não mudou muito desde o primeiro jogo da série. Somos colocados mais uma vez ao comando de uma nave flutuante supersónica, a correr em circuitos extravagantes sempre a um ritmo frenético. Temos no início as mesmas 4 equipas por onde escolher, cada uma com a sua nave e respectivas diferentes características (aceleração, velocidade de ponta, capacidade de escudo, etc). Pode ser desbloqueada uma equipa/nave secreta com excelentes características em todas as áreas ao fim de alguns desafios (ou através de códigos de batota). A nível de modos de jogo, infelizmente a Saturn voltou a não ter a componente multiplayer, que do lado da PS1 permaneceu apenas através do uso de um cabo para ligar 2 PS1 e consequentemente 2 TVs. Tal como disse anterioremente, apesar de ser uma chatice jogar multiplayer assim, a Saturn também permite uma função semelhante, pelo que poderia ser aproveitada. Wipeout 2097 possui 6 circuitos base mais 2 secretos que podem ser desbloqueados concluindo alguns desafios que mais à frente passo a descrever. Então que modos single player Wipeout 2097 traz? Arcade, Time Trial e Challenge. Num menu à parte podem ser escolhidas as diferentes dificuldades iniciais (vector, venom e rapier). Arcade é uma adaptação do modo Championship do jogo anterior, aqui vai-se jogando um circuito de cada vez em contra-relógio como num jogo arcade, mas com o objectivo de chegar nos primeiros lugares para se ir avançando no jogo. Time Trial é uma corrida “solo” contra o relógio, bom para ir melhorando os tempos. Finalmente o modo Challenge funciona da seguinte forma: Após se ter completado todos os 6 circuitos base numa dada dificuldade com medalha de ouro (1º lugar), surge um Challenge da respectiva dificuldade. Aqui somos confrontados com 3 continues e uma corrida obrigatoriamente armada, e com uma I.A. mais agressiva. Estes challenges acabam por desbloquear novos modos de dificuldade, circuitos e a equipa secreta “Piranha”. Se acabarmos o desafio na 4ª posição ou abaixo, perdemos um continue. Se acabarmos na segunda ou terceira posição mantemos os continues anteriores, apenas se chegarmos em primeiro lugar, o Challenge é vencido.

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Aqui notam-se bem os efeitos de luz mais fraquinhos

A nível de jogabilidade, penso que nesta versão é um pouco mais “travada”, talvez devido ao problema dos 50Hz e ao framerate mais inconstante que mencionei acima. Mas a versão Saturn tem suporte para o comando analógico que saiu juntamente com Nights, enquanto que a versão PS1 não suporta o Dualshock. A nível de som continua excelente com as faixas de Tim Wright (CoLD SToRAGE), embora mais uma vez a versão PS1 tenha 3 faixas exclusivas de outros artistas, incluíndo a mítica “Firestarter” dos Prodigy. Em substituição dessas 3 faixas mais uma vez a versão Saturn tem 3 faixas exclusivas de CoLD SToRAGE, o que não é nada mau.

Para finalizar, apesar de a conversão Saturn não ser má de todo, mais uma vez a versão PS1 encontra-se ligeiramente mais completa com 2 modos multiplayer (que não estou a ver ninguém hoje em dia a tirar partido dos mesmos), gráficos ligeiramente superiores (melhores efeitos de luz e transparências e framerate mais constante). A versão Saturn graficamente é bastante competente, mas é um pouco mais lenta (a versão PAL), contudo ganha em tempos de loading e o suporte ao comando analógico. Para mim, dou-me como satisfeito, mas vou atrás do Wipeout 3 para PS1 e Fusion para PS2.

Wipeout (Sega Saturn)

A Psygnosis sempre foi uma das produtoras europeias minhas preferidas, embora confesso que lhes perdi um pouco o rasto quando mudaram o nome para Sony Computer Entertainment Studio Liverpool, onde para além daa continuação da saga WipeOut, não tenho acompanhado o percurso da empresa noutras áreas. É uma falha que pretendo colmatar, visto ter adquirido uma PS2 (e consequentemente uma PS1 “virtual”) algo recentemente.

Apesar de ter sido adquirida pela Sony em 1993, mesmo após o lançamento da PS1 a Psygnosis ainda lançou vários jogos para as concorrentes, apesar de o foco principal serem as plataformas da Sony. WipeOut foi um desses jogos, que após um grande sucesso na PS1, acabou por receber ports para PC e Saturn, uns meses depois. A conversão Saturn ficou a cargo do estúdio australiano Tantalus, que também foi responsável pela conversão de Wipeout 2097, Manx TT e The House of the Dead, todos para a Saturn.  A minha cópia do jogo foi comprada no eBay, penso que já no início deste ano, e está completa e em bom estado.

Jogo completo com caixa e manual, artwork bem mais bonita que a versão americana

Inspirado em F-Zero, WipeOut é um jogo 3D de corridas futuristas de veículos que flutuam no ar, a velocidades frenéticas. Nos primeiros tempos das consolas 32bit, poucos temas eram tão apelativos como este, pelo menos a mim sempre me fascinou na 2ª metade da década de 90 e sempre que pudesse jogar um jogo da série, era uma alegria! Para além das naves futuristas inspiradas em F-Zero, podemos afirmar que Mario Kart foi a segunda maior inspiração, devido ao uso de város items ao longo da corrida, que tanto podem ser defensivos como ofensivos.

A nível de modos de jogo, infelizmente são todos single-player e consistem em championshipsingle race e time trial. Championship serve para jogar em todas as pistas em vários graus de dificuldade (Venom e Rapier), neste modo apenas é possível avançar para a corrida seguinte se se terminar pelo menos em terceiro lugar, sendo que cada um dos 3 lugares é atribuido um número diferente de pontos. Ao terminar um campeonato em Rapier, é desbloqueada uma nova pista secreta. O modo single race, como o próprio nome indica é um modo para quem quiser jogar uma partida rápida, sem compromisso ou até para treino. O Time Trial é uma vertente mais arcade, onde se joga contra o relógio.

Ecrã de selecção de equipa/nave

A nível de veículos disponíveis, somos presenteados por 4 equipas, cada uma com 2 pilotos, e naves com diferentes características. As equipas e os seus pilotos têm um certo background que pode ser consultado no manual. WipeOut conta com 6 circuitos standard mais 1 secreto, sendo que os mesmos decorrem em diferentes alturas do dia, consoante a dificuldade escolhida. Hoje em dia é um número reduzido de veículos e circuitos, mas em 1995/1996 as coisas não eram bem assim.

In soviet russia, the ships drive you!

Graficamente o jogo é agradável, e não fica muito atrás da versão PS1, perdendo apenas nalguns efeitos como transparências e iluminação, isso deve-se ao facto da PS1 ter suporte nativo em hardware para estes efeitos enquanto que na Saturn isso tem de ser feito por software e se tiverem lido o meu artigo sobre a Saturn, sabem que isso é um autêntico inferno, portanto até que escapa. O framerate também é um pouco mais baixo na versão Saturn, mas nada assim tão incomodativo. Ponto positivo vai para os loadings que são mais rápidos na Saturn. Aliás, pelo que tenho visto em várias comparações de jogos iguais na Saturn e PS1, geralmente os loadings são mais rápidos na consola da Sega. A nível de jogabilidade, na Saturn o jogo é um pouco mais fácil, devido à nave perder apenas uma fracção da velocidade quando embate numa parede, enquanto que na PS1 perde a velocidade quase toda. Outro ponto negativo na conversão Sega Saturn é o modo multiplayer que é inexistente. Modo esse que existe na PS1 através da ligação de 2 PlayStation entre si. Apesar de ser mais desconfortável do que o tradicional split screen, devido a ter de se arranjar 2 tvs, 2 ps1 e o respectivo cabo de ligação, esse modo multiplayer também poderia ter sido transposto para a Sega Saturn, pois a mesma também possui essa funcionalidade de ligar uma consola à outra. A nível sonoro o jogo está repleto de faixas techno e eu, embora sempre fui um gajo ligado ao rock/metal, até que gosto das faixas e representam bem o feel do jogo. A maior parte das músicas foram compostas por CoLD SToRAGE, projecto musical de Tim Wright, na altura funcionário da Psygnosis. A versão PS1 possui também 3 faixas exclusivas de artistas como Chemical Brothers p. exemplo, enquanto que na versão Saturn possui mais 3 faixas extra de CoLD SToRAGE.

Um passeio no primeiro circuito

Apesar de existirem vários outros jogos da série Wipeout por aí, este foi um bom início da série, e a versão Saturn não é muito difícil de se encontrar, nem muito cara. As 2 versões (nunca joguei a versão PC) estão bastante próximas entre si, pelo que poderão perfeitamente optar quer por uma quer por outra, embora pesando as coisas todas acho que a versão PS1 seja algo superior, perdendo apenas para a Saturn na jogabilidade e tempos de loading. Já o modo multiplayer que oferece não é lá grande divisor de águas pois duvido que muita lhe dê uso (e esqueçam-no se estiverem a jogar numa PS2 ou PS3). Eu pessoalmente, não tenho grandes planos de adquirir a versão PS1 deste jogo, visto que a diferença gráfica não é nada de especial e prefiro a jogabilidade da Saturn. Já no Wipeout 2097 a conversa é outra… e espero falar deste jogo no próximo post.

Daytona USA C.C.E. (Sega Saturn)

Daytona USA CCE

Conforme mencionado uns posts atrás na análise ao Daytona USA original da Saturn, mais tarde em 1996 a Sega lançou uma versão melhorada do clássico das Arcades. A minha cópia acabou de me chegar a casa há algumas horas atrás, tenho estado a jogar este jogo desde então. Foi comprado no miau.pt por 3€, um bom preço para um clássico.

A minha cópia do jogo – caixa, manuais e cd

Esta conversão não ficou a cargo do estúdio de Yu Suzuki (Sega AM2), mas sim da equipa de Sega Rally, um outro grande clássico tanto das arcades como da própria Sega Saturn, que mais tarde ou mais cedo acabarei por falar neste espaço. A Sega AM3 usou o motor gráfico da conversão de Sega Rally para a Saturn, o que resultou em diversas melhorias gráficas.

Na verdade, o jogo corre nuns 30fps estáveis e apesar dos carros estarem ligeiramente menos detalhados que no predecessor, as pistas em si estão bem mais detalhadas e a draw distance é maior. Para além das 3 faixas do jogo original (que aqui têm nomes próprios ao invés de Beginner, Intermediate e Expert) são adicionadas mais 2 faixas inéditas comparativamente ao original das Arcades e Saturn. São adicionados também mais carros para um total de 5 (mais um ou outro secreto). Infelizmente Daytona USA CCE não trouxe só melhoramentos: a jogabilidade piorou. Daytona USA CCE sofre de uma jogabilidade mais “travada” face ao original.

A nível de opções, temos o Arcade Mode que como o nome indica é idêntico ao jogo nas máquinas. Dispomos de um timer e temos de percorrer cada checkpoint dentro de um intervalo de tempo limite, e consoante a classificação vai-se avançando para outros circuitos. Existe também o Time Attack Mode, que é uma versão mais para “treino”, onde podemos praticar em todos os circuitos de modo a melhorar os tempos. O número de voltas é customizável. Finalmente existe o modo multiplayer que confronta 2 jogadores. Muitas tardes passei eu a jogar isto com amigos meus… Este modo foi uma falha enorme em não ter sido incluido no jogo original.

daytona usa cce title
Ecrã inicial

À semelhança do seu antecessor, Daytona USA CCE possui vários segredos que infelizmente não haviam de ser segredos, deveriam fazer parte das opções normais do jogo. Para além de poder correr nas pistas espelhadas através de um código secreto (X+Y+Z no ecrã de selecção de pista), existem outros códigos para alterar a iluminação das mesmas pistas, podemos jogar à noite, de manhã cedo, durante a tarde, etc. Existem também alguns carros secretos incluindo um cavalo, à semelhança de Daytona USA.

A nível de som, é um jogo competente. Infelizmente a faixa título com os vocais “DAYTOOONAAAAAA” teve os vocais removidos, as restantes faixas são remixes das originais ou então faixas inteiramente novas. Contudo, não deixam de ser músicas agradáveis com um feel muito rock ‘n roll que me agrada. Em relação aos efeitos sonoros, nada a apontar, também não sou um especialista nesse campo.

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Os danos em veículos continuaram presentes

Este jogo foi sujeito a várias diferentes versões. Nos Estados Unidos, para além de uma versão semelhante à nossa, saiu uma outra em tudo igual, mas com suporte a jogo online usando o serviço Sega NetLink. A versão Japonesa saiu mais tarde no ano de 1997, com o nome encurtado para Daytona USA: Circuit Edition. Para além de incluir o modo online presente na versão americana, os gráficos foram sujeitos a mais melhorias, bem como a jogabilidade, que apesar de mais próxima da versão arcade, ainda não estava perfeita.

A versão japonesa foi mais tarde convertida para PC sob o nome de Daytona USA Deluxe, com a inclusão de um novo circuito exclusivo para essa versão. Os gráficos foram melhorados tirando vantagem das placas aceleradoras 3D que começaram a ser popularizadas na altura.

Para finalizar, quem tem uma Sega Saturn naturalmente deve ser fã de jogos arcade. Daytona USA é um jogo indispensável na biblioteca da plataforma. Daytona USA CCE ganha no quesito gráfico, numa maior variedade de pistas e carros, mas perde na jogabilidade face ao original. Visto serem 2 jogos relativamente comuns, eu aconselharia a comprar as 2 versões. Ou então a versão japonesa que também não é muito cara e já tem uma jogabilidade melhor. Se forem possuidores de uma Dreamcast, então Daytona USA 2001 é a versão definitiva. Agora com licença que vou ali fazer uns drifts