Tomb Raider (Sega Saturn)

Tomb Raider SaturnO jogo que trago cá hoje é um dos maiores clássicos da era 32bit. Tomb Raider é um título inédito para os padrões de 1996. Para além de introduzir uma personagem feminina no principal papel – o sucesso que Lara Croft teve a partir deste jogo é inegável – contém também uma jogabilidade inovadora para a época, apresentando mundos complexos em 3D em que passamos a maior parte do tempo a explorar regiões inóspitas repletas de obstáculos e outras criaturas. Ao contrário de todos os outros jogos da série, a versão Sega Saturn foi a primeira a ser desenvolvida, infelizmente acabando também por ser a última iteração desta série nessa plataforma. Por essas razões, e porque tenho um carinho especial pela máquina de 32bit da Sega, é a versão que faço questão em ter na minha colecção e analisar aqui hoje. A minha cópia chegou-me às mãos através de uma troca que fiz com um particular, estando em bom estado.

Tomb Raider Sega Saturn
Jogo com caixa e manual

Lara Croft é uma menina rica inglesa. Mas não é uma menina rica normal. Arqueóloga como o seu falecido pai, está sempre disposta em partir para mais uma aventura na busca de tesouros perdidos e lendas antigas. E o jogo começa dessa forma, com Lara a ser desafiada para partir à busca de um tesouro místico, o artefacto Scion, ligado à antiga civilização da Atlântida e supostamente com poderes místicos. Apesar da proposta em si ser algo suspeita, Lara não resiste à tentação e decide rumar à aventura. Primeira paragem: as montanhas no Peru. Mas a aventura não se fica por aí e ao longo do jogo poderemos explorar vários outros locais, como um antigo Mosteiro na Grécia e as suas intricadas cavernas, Egipto e por fim uma ilha remota ligada à antiga civilização da Atlântida.

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O saudoso ecrã título

Apesar de arcaica perante os controlos de hoje em dia, Tomb Raider possuía uma jogabilidade bastante complexa, onde Lara Croft poderia desempenhar uma panóplia de diferentes movimentos, desde simples interacções com objectos, passando por múltiplos saltos complexos, escalar paredes, nadar, arrastar objectos, entre outros. Devido a ter um esquema de controlo inovador e complexo para a altura, existe um nível tutorial passado na própria mansão de Lara Croft, onde podemos praticar todos os movimentos de Lara. Infelizmente para os padrões de hoje este esquema de controlo é bastante obsoleto. Em primeiro lugar pois tanto o lançamento da Saturn como o original da Playstation não suportam o joystick analógico, com o movimento de Lara Croft a seguir os infames padrões “tank controls”. Os saltos precisos são uma constante no jogo, onde muitas vezes temos a necessidade de ajustar a posição de Lara numa determinada plataforma e depois saltar apenas no momento exacto para conseguirmos agarrar a outra superfície apenas pela ponta dos dedos. Os tank controls é algo que não ajuda de todo. Em conjunto com a sua panóplia de movimentos, Lara conta também com as suas fiéis companheiras pistolas de munição infinita. Embora o grande foco do jogo seja a exploração do mundo 3D à nossa volta e resolver uma série de puzzles para prosseguir, por vezes é necessário combater. Os inimigos na sua maioria são animais – aquele primeiro urso que aparece logo no primeiro nível irritava-me imenso back in the day – com algumas criaturas sobrenaturais ou mesmo outros humanos a surgirem por vezes. E para isso, vamos encontrando algumas outras armas que poderemos utilizar, estas já com munição limitada, como uma shotgun ou outras armas automáticas.

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Bad doggie!

O conceito do jogo está de facto muito bem conseguido. Deparamo-nos com cenários inóspitos e jamais explorados, onde cada canto é uma surpresa. Por exemplo, quem não se recorda do encontro que temos com nada mais nada menos que um T-Rex ainda relativamente cedo no jogo? Visualmente era um bom jogo para a época, mas não envelheceu muito bem. Nem tanto pelas texturas de pouca qualidade ou pelos modelos das personagens ainda com poucos polígonos. O maior problema na minha opinião é o mundo ser muito “quadrado”, repleto de superfícies e objectos cúbicos e ângulos de 90º para todo o lado. Existem algumas superfícies mais inclinadas é certo, mas quando jogamos secções repletas de corredores apertados é muito fácil acabar por nos perdermos e levar o dobro do tempo a avançar o nível. A pouca variedade de texturas em cada nível é também um motivo para que isto aconteça. Ainda assim Tomb Raider fazia muita coisa nova, ainda que com alguns problemas, mas perdoam-se. Um exemplo é a câmara, que apresenta sempre ângulos dinâmicos, retratando um pouco o espírito cinematográfico do jogo. Infelizmente o problema que a assola é o mesmo que acontecia em practicamente tudo o que fosse jogo 3D na era 32Bit: imenso clipping. Ainda assim, já que estou a referir-me aos gráficos, para quem gostar de comparações gráficas entre plataformas, na minha opinião este é um jogo que se porta comparativamente muito bem em relação à versão da PS1, devido a ser esta a original. Há quem defenda que a versão Saturn tenha uma draw distance maior, mas sinceramente acho as duas versões equivalentes, nesse ponto. A versão PS1 ganha obviamente nos efeitos de água e transparências, mas é óbvio que a versão PC leva a melhor.

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O ginásio dentro da Croft manor, onde podemos praticar os movimentos de Lara

O espírito cinematográfico não está só no estilo do jogo, mas sim também na banda sonora utilizada. Ao contrário de nos bombardear constantemente com música de fundo, a música em Tomb Raider apenas surge em pontos chave: músicas mais tensas para combates mais apertados e/ou bosses, músicas mais épicas quando descobrimos uma parte importante num nível, entre outros. A música tema de Tomb Raider acaba por ser uma música icónica na série, surgindo em vários outros jogos sempre com alguma ligeira modificação. De resto o voice acting é simples, apenas nalgumas cutscenes é que ouvimos alguns diálogos. O british accent de Lara Croft é bastante carregado, algo que aprecio bastante. No que diz respeito aos restantes efeitos sonoros, eles cumprem bem o seu papel. Os grunhidos/gemidos de Lara sempre que tem de se elevar de alguma superfície/parede, ou o barulho distinto das suas pistolas são duas coisas que me ficaram grudadas na memória desde então.

Há alguns anos atrás, este jogo foi sujeito a um remake completo, coisa que ainda não cheguei a jogar, mas planeio em fazê-lo eventualmente, assim que o jogo me chegar às mãos. O sucesso deste Tomb Raider e da sua protagonista Lara Croft é inegável, com novos jogos a surgirem todos os anos, o que desgastaram um pouco a série ao longo do tempo. Mas nos próximos artigos isso será abordado com maior destaque. Mas que este Tomb Raider é um clássico da era 32bit, isso ninguém o poderá negar.

Clockwork Knight (Sega Saturn)

Clockwork Knight - SaturnJá há bastante tempo que não escrevia sobre a Sega Saturn, uma das minhas plataformas preferidas de sempre. Clockwork Knight é um jogo de plataformas clássico com jogabilidade 2D, mas com os cenários e personagens em 3D, protagonizando o cavaleiro brinquedo Sir Tongara de Pepperouchau III – “Pepper” para os amigos. Juntamente com Bug, Clockwork Knight é uma das séries de jogos de plataforma que a Sega criou nos tempos da Sega Saturn, enquanto um jogo do Sonic em 3D não saía cá para fora. A minha cópia foi comprada algures em 2011 no ebay UK, não me tendo custado mais de 8€, e está completa e em bom estado.

Clockwork Knight - Sega Saturn
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Apesar de Clockwork Knight ser mais antigo, é impossível não comparar com o filme da Pixar – Toy Story, pois afinal o jogo coloca-nos no papel num mundo onde os brinquedos se tornam vivos. Embora não tenha de longe o carisma que o filme da Disney trouxe, Clockwork Knight tem também a sua graça. Aqui a história é o cliché habitual. Uma princesa brinquedo é raptada e Pepper parte à aventura para a salvar, atravessando várias divisões da sua casa, desde o quarto de menina original, passando por um quarto de rapaz, a cozinha e finalmente o sotão, onde o vilão se encontra com a princesa. Não há muito mais a dizer neste aspecto.

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Um nível baseado em construções Lego? Sinto-me em casa!

A jogabilidade é também simples, com Pepper a ser obrigado a desviar-se de vários obstáculos que cada divisão da casa proporciona, para além de combater outros brinquedos que lhe vão surgindo pela frente. Por um lado eu diria que Clockwork Knight não é um jogo de plataformas extraordinário, apresentando mecânicas de jogo simples e designs dos níveis também algo lineares. Contudo, por outro lado existe sempre o factor nostalgia implícito nestes jogos, onde guardo boas recordações deste jogo, mesmo com toda a sua simplicidade. Todo o conceito de um mundo onde os brinquedos ganham vida, e os objectos banais de um quarto ou uma cozinha se tornam fatais, é algo que me agradou imenso lá para a década de 90, tornando este jogo com um charme único. Clockwork Knight é algo curto, estando dividido em 2 níveis e um boss por cada divisão, mais um boss final. É certo que nos níveis mais avançados a dificuldade também é maior, mas ao fim de algumas tentativas a coisa lá vai sendo superada e a maior parte dos bosses também acabam por ser algo simples, depois de se assimilar os seus padrões de ataque.

Tecnicamente não é um jogo impressionante, devido a ser jogado como se um jogo 2D para a SNES se tratasse. Ainda assim é bastante colorido e conseguiram representar bem todo o charme das brincadeiras de infância. Os níveis no quarto para rapazes então foram um mimo. A banda sonora do jogo é toda ela baseada em música jazz, com a música título e final com vocais femininos, sendo as outras instrumentais e com uma predominância no saxofone. Apesar de gostar de alguns subgéneros de jazz em específico, não foi algo que me tenha cativado neste jogo. Ainda assim, e para os padrões de 1994/1995, Clockwork Knight apresenta uns ending credits bastante bons.

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CGs de 1994 que não deixam muitas saudades…

Findo os ending credits, descobrimos que nem tudo está bem e ficou o mote lançado para a sequela. Infelizmente ainda não possuo o Clockwork Knight 2 na minha colecção, mas pelo que me lembro pareceu-me um jogo de plataformas bem mais interessante. Este aqui vale mais pelo factor nostálgico, pois não se compara nem por sombras a obras primas de jogos de plataforma como Super Mario Bros 3 ou mesmo os Sonics clássicos.

Alien Trilogy (Sega Saturn)

Alien Trilogy Saturn

Em vésperas de lançamento do filme de 2012 mais aguardado por mim (Prometheus), eis que me surge a ideia de comentar este jogo. Alien Trilogy é um dos primeiros FPS com a temática do nosso amiguinho Xenomorph (As honras da casa vão para o Alien vs Predator na Atari Jaguar), e conforme o nome indica o jogo saiu antes do quarto filme da série (Alien Resurrection), sendo baseado levemente nos 3 primeiros (e clássicos) filmes. A minha cópia foi comprada algures em 2010/2011 na loja portuense PressPlay, tendo-me custado algo em torno dos 7.5€, estando completa e em bom estado.

Alien Trilogy Saturn
Jogo completo com caixa e manuais

A história do jogo segue muito levemente a dos filmes, coisa que não me vou alongar – caso não conheçam, vão ver os filmes, já! A acção começa na pele de Ellen Ripley aquando da “limpeza” da colónia da Weyland-Yutani LV-436, que se encontra infestada de Aliens. Cheirinhos dos outros filmes também vão sendo encontrados ao longo dos mais de 30 níveis, incluindo a prisão de Alien 3 e a nave espacial alienígena do primeiro filme. O jogo é um clone de Doom dos clássicos, ou seja dividido em vários níveis com pouca narrativa que os interligue. Apenas é dado um briefing no início de cada nível onde se explica qual é o objectivo e o resto é só tiro-tiro. Alien Trilogy é ainda um jogo de primeira geração da Sega Saturn, pelo que infelizmente não faz uso do comando analógico. O botão direccional serve apenas para se movimentar, sendo que para se olhar livremente no nível é necessário carregar também num outro botão à parte (neste caso o botão Z). O scroll de armas também é um pouco foleiro, pois o respectivo botão apenas permite seleccionar a arma “acima”. Para seleccionar logo a pretendida teremos de carregar em Start, ir ao menu e fazê-lo. O arsenal não é muito grande, mas fiel aos filmes. Temos o revólver, uma espingarda, as pulse rifles que eu tanto gosto, um lança-chamas, etc. Os inimigos para além dos Aliens nas suas diferentes fases (e respectivos face huggers), também poderão ser soldados da Weyland-Yutani, quer humanos, quer cyborgs. Para além do mais também existem os tradicionais power-ups de armaduras, saúde e afins, como o automapper.

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E é assim o primeiro nível.

O design dos níveis é, na minha opinião, aquilo que realmente deita este jogo abaixo. Para além de serem bastante repetitivos, o próprio design é bastante confuso. Alguns dos níveis fizeram-me perder imenso tempo à procura de um determinado objecto ou objectivo para cumprir, e o próprio mapa que podemos consultar, de tão pequeno que é não ajudou em nada. Graficamente o jogo também não é dos mais bonitos. Sendo ainda um shooter 2.5D, isto é, um jogo em 3D mas com inimigos ainda em sprites 2D, poderia detalhar um pouco mais os próprios inimigos, mas tal não acontece. As texturas também são bastante simples e com muito baixa resolução – vistas de longe não parecem mal, mas de perto ficam altamente pixelizadas. Em momentos de acção mais caóticos, com vários inimigos no ecrã, também acontecem vários slowdowns. Ainda assim, o jogo consegue atingir algum do clima de tensão pela qual os filmes são conhecidos. O clássico radar que faz “beep beep” sempre que detecta algum inimigo, bem como os cenários escuros e inóspitos contribuem para essa atmosfera.

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Não deixem que vos dêem um beijinho…

A nível de som, as músicas que acompanham o jogo são todas atmosféricas com um pouco de música electrónica, dá aquele toque futurista e tal, mas não é algo que me agrade por aí além. Os restantes efeitos sonoros têm alguma fidelidade no que diz respeito os origininais dos filmes, neste campo não tenho muito a dizer. Para terminar este parágrafo da parte técnica, apenas resta-me dizer uma curiosidade. A Sega Saturn como já devem saber foi uma consola com um hardware bastante complexo, para a altura em que saiu. Equipada de  processadores principais mais uns quantos gráficos e de som, a programação para a Saturn sempre foi mais complicada do que para a Playstation (também devido aos kits de desenvolvimento da PS1 serem bem mais user-friendly que os da máquina da Sega). Essa complicação traduziu-se em conversões mais problemáticas de jogos para a Saturn ou até ao cancelamento dos mesmos. Este Alien Trilogy reza a lenda de ter sido programado para que apenas usasse um dos 2 processadores da consola.

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Aqui estamos na prisão de Alien 3.

Este jogo existe também para Playstation e PC. A versão PS1 é superior a esta da Sega Saturn pois possui alguns efeitos especiais que não chegaram a ser incluídos na versão Saturn. Contudo também existe para PC, que foi a versão que eu tinha jogado em primeiro lugar, nos anos 90. Apesar de não ser imensamente superior às versões para consolas, não deixa de ser a melhor versão do jogo disponível. Eu comprei a versão Sega Saturn apenas por ter um carinho muito especial por esta consola. No fim de contas Alien Trilogy é um jogo que para a altura em que foi lançado até que era competente, mas envelheceu muito mal, tendo em conta que existem vários outros FPS da série com bem mais interesse.

Sega Worldwide Soccer ’98 Club Edition (Sega Saturn)

sega-saturn-sega-worldwide-soccer-98Vamos lá para uma análise “blitzkrieg” pois o tempo é de estudo para mais uma época árdua de exames académicos que se avizinha. O jogo que falarei hoje é o Sega Worldwide Soccer 98 para a Sega Saturn. Para quem conhecer a série, sabe que este jogo pouco tem de melhor do seu antecessor, o Worldwide Soccer 97, que já foi previamente analisado por cá. Assim sendo, vou-me focar mais nas poucas diferenças entre os 2 jogos e o que este trouxe de novo. A minha cópia foi adquirida no miau.pt no ano passado. Sinceramente não me recordo quanto me terá custado mas sei que ficou barato e o jogo está completo e em bom estado.

Sega Worldwide Soccer 98 Saturn
Jogo completo com caixa, manuais e papelada

Este jogo é pouco mais que um update do seu predecessor. Tal como o subtítulo indica (Club Edition) para além das selecções existentes no jogo anterior, também é possível jogar com as equipas de vários campeonatos, nomeadamente o Inglês, Espanhol e Francês, mas mais uma vez o jogo não obteve licença da FIFA portanto tanto os clubes como os nomes dos jogadores no geral são falsos. De resto o jogo é practicamente idêntico ao Worldwide Soccer 97. Existem os mesmos modos de jogo, desde jogos amigáveis, torneios, campeonatos e penalties. A jogabilidade manteve-se practicamente inalterada, sendo essa a maior falha deste jogo. No entanto nem é má de todo, sendo um jogo bastante fluído. O problema é que mantém os mesmos problemas do jogo anterior: peca no pouco controlo que podemos ter no remate bem como na inteligência artificial dos guarda-redes. Enquanto Worldwide Soccer 97 foi considerado pela crítica como o melhor jogo de futebol desse ano, os concorrentes aprenderam com os erros e evoluiram bastante, com a Electronic Arts a lançar um FIFA 98 muito competente (excepto a versão da Saturn que é um aborto) e a Konami com os International Superstar Soccer com uma melhor jogabilidade.

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À semelhança do jogo anterior podemos alterar a câmara do jogo para algumas (poucas) vistas diferentes

A nível gráfico sinceramente não noto grande diferença, os 32bit não deixam muitas saudades no que diz respeito ao 3D e a Saturn também não faz muito melhor. A banda sonora mantém-se variada e com o feel “Sega” dos anos 90, bem como em conjunto com uma narração de 2 comentadores britânicos que pelos vistos até são gajos conhecidos por lá. É um jogo competente nestes 2 aspectos. Ainda assim, na minha opinião é o melhor jogo de futebol da Sega Saturn, mas para quem tiver a sua prequela não perde muito para este.

Hexen (Sega Saturn)

sega-saturn-hexenA série Heretic/Hexen é uma série da Raven Software em cooperação com a id Software. À excepção de Heretic II, os restantes jogos da série são FPS com temática medieval e com uma enfase bem maior na exploração e resolução de puzzles, do que propriamente a carnificina pura e dura, que era muito popular na altura. A minha cópia foi adquirida no ebay UK no ano passado. Não me recordo quanto custou, mas penso que não terá sido mais de 7€, até porque infelizmente a capa não está em muito bom estado, de resto está completo.

Hexen Saturn
Jogo completo com caixa e manual

Esta série anda à volta dos “Serpent Riders”, uns vilões quaisquer que dominam o mundo e espalham o terror. Existem 3 Serpent Riders: D’Sparil (derrotado no jogo anterior – Heretic), Korax (o vilão deste jogo) e Eidolon (aparece em Hexen 2). Em Hexen as aproximações dos géneros RPG e FPS são um pouco mais evidentes, com a possibilidade de escolhermos à partida uma de 3 classes: Fighter, Mage e Cleric. Como seria de esperar, as diferentes classes têm pontos fortes e fracos entre si. Fighter é a classe com mais pontos de vida, um melhor ataque, mas o grande potencial das suas armas está no combate corpo-a-corpo, embora ainda tenha uma ou outra arma com projécteis. Mage é o oposto, é mais frágil e um poder de ataque pior. Em contrapartida tem as melhores armas mágicas do jogo. Cleric fica a meio termo dos outros 2, sendo uma classse mais balanceada. Cada classe possui um arsenal de 4 armas exclusivas, mas partilham um arsenal ainda maior de vários power-ups que vão sendo adquiridos ao longo do jogo. Desde os habituais regeneradores de saúde, equipamento (armaduras, escudos, etc), “granadas” mágicas, items que teletransportam o jogador ou inimigos, invencibilidade ou até a capacidade de voar. Como disse anteriormente Hexen é um jogo onde se dá grande ênfase à exploração. O jogo está dividido em 5 capítulos (mais um ou outro nível extra), em que cada capítulo consta com um nível principal com portais que ligam esse nível a outros 2, 3 mapas diferentes que podem ser acedidos a qualquer altura no respectivo capítulo (mais um nível secreto por área). Esses níveis principais têm sempre alguns puzzles que devem ser resolvidos de modo a encontrar o respectivo boss e avançar para a zona seguinte. Estes puzzles são resolvidos ao viajar entre os vários mapas de cada capítulo, de modo a procurar objectos, chaves, ou alavancas que façam abrir novos caminhos num outro nível, etc. Este design do jogo obriga realmente a uma exploração exaustiva de cada nível, e sendo alguns dos níveis algo grandes pode-se tornar confuso o que temos de fazer para avançar no jogo. Muitas vezes que corri os mapas a pente-fino para descobrir uma parede secreta ou um interruptor escondido que não tinha visto antes… andar perdido de um lado para o outro é algo comum em Hexen.

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As várias classes por onde se pode escolher

O texto acima aplica-se para a versão original para PC, que foi a versão que eu finalizei há uns tempos atrás. Esta versão é uma conversão directa, não terão alterado muita coisa, a não ser o design dos mapas que foi um pouco modificado. As outras mudanças são mais técnicas. O jogo usa originalmente uma versão melhorada do motor gráfico de Doom, um FPS 2.5D, com inimigos e items ainda como sprites. As modificações ao motor gráfico permitiram olhar para todas as direcções (na verdade já Heretic tinha isto), mais o uso de “scripted events“, como mudanças do terreno quando o jogador adquire um item importante, ou passa por um determinado local. Hexen foi convertido +/- ao mesmo tempo pela Probe Entertainment para a  PS1 e Saturn, e as 2 versões ficaram aquém da original, mas por incrível que pareça a versão Saturn ainda assim é a superior das duas. O framerate é muito baixo, e os próprios inimigos apenas têm a sprite frontal, o que é uma completa estupidez. A versão PS1 retirou algum do gore, que se encontra presente na versão Saturn. Tanto uma versão como outra possuem várias FMVs contando a história do jogo, na introdução, entre capítulos e no final. As músicas são remixes das músicas originais do PC, contribuem bem para uma atmosfera tensa e aterradora. Apesar de ser um jogo antigo, Hexen tem uma temática bastante sinistra que me agrada. Ainda assim é capaz de provocar uma atmosfera bastante tensa nalguns momentos do jogo.

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Um dos inimigos básicos do jogo

Oficialmente o modo multiplayer de PC não chegou aos ports para as consolas de 32bit, pelo menos não para a PS1. A versão Saturn tem um modo para 2 jogadores secreto, acessível apenas através de códigos de batota. Exige o acessório DirectLink, que liga 2 Saturns entre si, cada uma com uma cópia do jogo, e uma TV. Como não tenho essas condições, não cheguei a experimentar este modo. Mas pelos vistos contém um modo de jogo cooperativo e deathmatch.

Finalizando, Hexen não é dos meus jogos favoritos, principalmente pelo layout dos mapas ser algo confuso, num jogo que exige bastante exploração e backtracking. A temática é do meu agrado, pois sempre tive um interesse especial por jogos de fantasia medieval. Ainda assim recomendaria que procurassem a versão PC. Emuladores de DOS como o DOSBox já dão bem conta do recado, e se for necessário existem vários launchers deste jogo adaptados a resoluções mais altas e vários efeitos gráficos melhorados. Se mesmo assim preferirem uma versão para consolas, então diria que a versão Nintendo 64 é a superior, pois tem um framerate decente, gráficos fiéis ao original, multiplayer, mas porém tem as músicas midi e os interlúdios em texto da versão PC (disquete).