Vengeful Guardian: Moonrider (Nintendo Switch)

Vamos voltar à Nintendo Switch para mais um indie que teve direito a um lançamento físico neste sistema. Produzido pela Joymasher, que já nos trouxe vários outros videojogos inspirados em clássicos retro como Oniken (que tenho cá para jogar um dia destes), Odallus e Blazing Chrome, este Vengeful Guardian: Moonrider é um belo tributo aos melhores jogos de acção da era 16bit. Referências a títulos como Shinobi, Mega Man X ou Turrican são mais que evidentes! O que só descobri há pouco é que a Joymasher é um estúdio brasileiro, pelo que lhes devo dizer que estão de parabéns pelo óptimo trabalho! O meu exemplar foi comprado numa loja online algures no passado mês de Julho por cerca de 30€.

Jogo com caixa e papelada

E este é um jogo com uma história de vingança, decorrendo num futuro algo sombrio, onde o planeta é governado por uma ditadura militar e opressora da população. Nós controlamos um cyborg criado precisamente por esse sistema opressor, mas que se revolta contra os seus criadores, após ter sido obrigado a disparar sobre uma multidão de civis inocentes. E este é um jogo de acção que tal como referi acima, herda conceitos de títulos como Mega Man X, Turrican ou Shinobi III, não fosse o nosso protagonista uma espécie de ninja e todos os visuais gritarem Mega Drive com todas as letras.

Correr por uma floresta e despedaçar inimigos com uma espada? Onde é que eu já vi isto…

Podemos começar a aventura por um nível tutorial onde nos são introduzidas as mecânicas de jogo base como os diferentes ataques, mecânicas de dash e saltos (incluindo wall jumping) que teremos de utilizar para ultrapassar todos os obstáculos que o jogo nos colocará à frente. No que diz respeito aos ataques, o nosso ataque principal é a espada, que pode desencadear um combo de 3 golpes se pressionado o botão consecutivamente, ou um golpe fortíssimo se o pressionarmos enquanto estivermos a correr. Ao saltar podemos também activar um dive kick que pode ser direccionado com o analógico e a melhor parte é que se atingirmos com sucesso um inimigo desta forma, somos lançados novamente para o ar, podendo repetir o processo. Temos também as armas especiais, e é aí que começam as semelhanças com jogos como Mega Man X. Isto porque ao começar o jogo vemos primeiro um mapa onde poderemos escolher que nível queremos jogar. Inicialmente apenas temos um nível disponível, que também serve como uma espécie de introdução ao jogo em si. Uma vez conquistado esse nível, os restantes seis níveis à sua volta ficam desbloqueados e poderão ser jogados em qualquer ordem, tal como nos Mega Man. Em cada um desses níveis (que vão tendo um ou mais midbosses) herdamos também a arma especial do boss final do nível, outra das semelhanças com essa série. Até as barras de vida e energia da arma especial são idênticas, embora a barra de energia seja partilhada para todas as armas especiais que viremos a herdar. Para além disso, poderemos encontrar ao longo dos níveis, em vários locais escondidos, diferentes chips que nos oferecem diferentes habilidades ou perks, sendo que poderemos ter apenas dois destes chips equipados em simultâneo. Estes dão-nos bónus como melhorar a nossa armadura, poder de ataque, ter vida ou energia regenerativa, entre outros!

Ocasionalmente teremos também alguns segmentos de condução, mas por vezes estes parecem demasiado longos

No que diz respeito à dificuldade, o jogo não é tão difícil como supostamente são os títulos anteriores da Joymasher. Temos alguns segmentos de platforming um pouco mais exigente e claro, convém sempre aprender os padrões de movimento e ataque dos bosses para ter sucesso. No entanto alguns deles são especialmente susceptíveis a certas armas especiais, pelo que é possível abusar disso e por vezes optar por uma abordagem mais agressiva, especialmente se tivermos o power up da armadura activo. E claro, temos continues infinitos e mesmo que tenhamos de gastar algum continue, por vezes os checkpoints até são generosos, especialmente se morrermos ao defrontar um boss, o jogo costuma recomeçar no checkpoint imediatamente anterior. Quem quiser um desafio maior poderá procurar e activar um chip que nos faz perder uma vida ao mínimo toque, mas claro que nem sequer me atrevi a fazê-lo. Depois de aprendermos todas as manhas vemos que o jogo até é curto e pode ser terminado em relativamente pouco tempo, mas sinceramente achei toda a experiência bastante agradável e fico agradecido por não nos colocarem numa boss rush antes dos confrontos finais. De resto, convém também referir que para além dos níveis de acção/plataformas teremos também alguns segmentos de condução e que apesar de os ter achado uma lufada de ar fresco, por vezes também achei que se prolongavam demasiado tempo.

Alguns dos bosses estão incríveis a nível de detalhe!

Visualmente este é um jogo que me agradou imenso, pois me fez constantemente lembrar a Mega Drive com a sua paleta de cores mais reduzida e tons escuros que se adequam perfeitamente à atmosfera futurista e cyberpunk que o jogo nos introduz. Até os níves de veículos têm todo aquele aspecto de terem saído de um sistema de 16bit! De resto os níveis vão sendo bastante variados entre si, atravessando cavernas, cidades, enormes instalações militares, interiores de comboio ou até termos de saltitar entre aviões para nos infiltrarmos numa enorme base aérea! Os inimigos também vão sendo algo variados e todos eles com boas animações e detalhe. A banda sonora é mais focada em música electrónica que também se adequa bem ao contexto e me fez abanar a cabeça frequentemente enquanto jogava. O único defeito a apontar é mesmo o seu baixo volume!

Portanto este Vengeful Guardian: Moonrider foi uma excelente surpresa e, apesar de curto, não deixa de ser um título bem interessante para quem gostar de jogos de acção da geração 16bit. Fiquei satisfeito e irei seguramente experimentar os restantes trabalhos da Joymasher!

The Procession to Calvary (Nintendo Switch)

E vamos voltar à Nintendo Switch para um jogo que foi para mim uma muito agradável surpresa. Foi uma recomendação de um fiéis seguidores do podcast onde participo, o The Games Tome, por alturas em que fizemos um episódio especialmente dedicado aos videojogos indie e que poderão ver/ouvir na sua totalidade aqui. E depois de ter visto algumas imagens do jogo e alguém me dizer que o mesmo estava disponível num lançamento físico para a Switch, nem pensei duas vezes e comprei-o algures no mês passado. Até ver podem fazer o mesmo se quiserem, pois no momento de escrita deste artigo, o jogo ainda está disponível a cerca de 30€ no website da Red Art Games.

Jogo com caixa e papelada

O que eu não sabia até o ter começado a jogar, é que este é na verdade uma sequela de um outro jogo muito similar lançado anos antes sob o nome de Four Last Things. Já está na minha wishlist do steam! Como é que eu me apercebi disto? Bom, a história deste jogo é simples: após uma longa e sangrenta guerra civil que terminou com o exílio de um rei tirano para terras longínquas a sul, a paz voltou a reinar e a população elegeu um novo, pacífico e gentil líder sob o alcunha de “Immortal John”. Nós encarnamos numa mulher guerreira que está inconformada com este período de paz, pois o que ela mais quer é poder continuar a assassinar pessoas de forma impune. E então, após um diálogo com o seu novo líder, basicamente que nos auto-propomos a uma nova missão: viajar para o sul e ir atrás do tirano para lhe ceifar a vida. Só mais um homicídiozinho! E é precisamente durante esse diálogo que podemos perguntar ao John se não o conhecíamos de algum lado e é aí que este refere ser um dos protagonistas da prequela… Confesso que se soubesse disto mais cedo teria primeiro jogado o Four Last Things, mas sinceramente acho que não estragou nada.

O jogo está repleto de cenas surreais e um humor muito próprio

No que diz respeito às mecânicas de jogo, esta é uma aventura gráfica do estilo point and click onde com o cursor poderemos não só nos movimentar pelos cenários mas também interagir com outras personagens e objectos. Sempre que clicamos numa área interactiva surgem sempre 3 ícones que ilustram o tipo de acções que poderemos executar: observar, falar ou interagir. Como é habitual neste tipo de jogo, teremos de falar com várias pessoas bem como explorar os cenários exaustivamente de forma a coleccionar objectos e usá-los em contextos específicos para conseguirmos progredir na história. Outra possibilidade é a violência. Nós estamos proibidos de assassinar mais alguém a não ser o tal tirano, mas a qualquer momento, com recurso a um dos botões faciais do comando, poderemos empunhar a nossa espada e o ícone de interacção é substituído por um ícone com uma espada, pelo que poderemos simplesmente assassinar uma série de pessoas e assim resolver de forma mais simples muitos dos puzzles que teríamos pela frente. Por exemplo, logo no início do jogo, e depois de recebermos a missão de assassinar o tirano corremos para o porto mais próximo de forma a apanhar um navio que nos leve à terra do seu exílio. Para nosso azar, para além de termos 2 homens nus a fazer wrestling em pleno cais, o marinheiro que nos poderia levar no seu pequeno bote perdeu os seus remos. Voltando ao ecrã anterior vemos, entre outras personagens, um aleijado da guerra que usava dois remos como muletas. A solução “certa” para que o coitado nos cedesse os remos obrigava-nos a uma série de outras acções, mas poderemos simplesmente assassiná-lo, pegar nos remos e levá-los ao marinheiro. Existem várias situações destas ao longo de todo o jogo onde a violência é a resposta fácil (sendo inclusivamente possível terminar o jogo em cerca de 10 minutos desta forma) mas tal como o jogo nos avisa… essas acções poderão ter outras consequências no futuro.

Para aceder ao inventário basta arrastar o cursor para a parte de cima do ecrã. Simples e eficaz.

Depois é impossível não mencionar o aspecto visual deste jogo que é, no mínimo, original. Tal como a sua prequela Four Last Things, este é um jogo cujos cenários e personagens são todos baseados em pinturas renascentistas de artistas como Michelangelo ou Rembrandt. O seu nome “The Procession to Calvary” é baseado numa pintura do mesmo nome de um artista Holandês que eu nunca ouvi falar e a protagonista principal é também baseada numa pintura de Rembrandt sobre Bellona, uma divindade feminina da guerra da antiga mitologia Romana. A banda sonora é toda ela baseada em música clássica de vários compositores (não só renascentistas) e um detalhe interessante é que em (quase) todos os cenários temos ilustrações de músicos a tocar as músicas que vamos ouvindo na banda sonora. Por exemplo, se ouvirmos uma interpretação de um tema de Mozart tocado em flauta, vamos ver sempre alguém a fazê-lo, o que achei um apontamento interessante.

Cada cenário é acompanhado por uma música em particular e os seus executantes estão também lá representados.

O que também é impossível não referir é todo o sentido de humor bizarro, surreal e por vezes negro que vamos encontrando. E é sem dúvida isso que mais gostei no jogo! Os trailers mencionam referências ao humor nonsense típico de Monthy Python (o que até faz algum sentido devido à origem britânica do autor principal do jogo) e de facto vamos ter inúmeros diálogos e momentos bizarros e dignos desse nome. Mas o humor negro (e crítica religiosa) também estão aqui presentes em grande destaque. Por exemplo, a certa altura, e para conseguirmos entrar no interior de um certo local, somos barrados por uma série de cardeais e académicos que não nos deixam passar… a menos que os subornemos, claro. Então para além de nos obrigarem a procurar 3 jóias valiosas para o suborno, um dele pede-nos também outra coisa… um “supple young boy with rosy cheeks and a pert little butt“. E mais não digo para estragar outras eventuais surpresas! Para terem uma ideia do tipo de humor negro que aqui temos, podem sempre ver este gif retirado do site do seu criador.

Portanto esta é uma aventura gráfica que adorei, não só pela originalidade do seu conceito, como por todo o sentido de humor que nos acompanha. Peca apenas por ser um jogo bastante curto (se bem que com vários puzzles interessantes) e se o mesmo tivesse um voice acting de qualidade a acompanhar seria também bastante benéfico. Irei seguramente comprar e jogar o Last Four Things assim que o mesmo apareça nalguma promoção no Steam e fiquei também contente por saber que o autor está a preparar mais um videojogo do mesmo género, supostamente a sair ainda neste ano: Death of the Reprobate. Irei certamente estar atento!

Aviary Attorney: Definitive Edition (Nintendo Switch)

Vamos agora voltar à Nintendo Switch para uma aventura / visual novel mesmo ao jeito da série Ace Attorney. Só que com pássaros como advogados. E que se passa em França no século XIX. E com um estilo gráfico muito peculiar. Desenvolvido originalmente para o PC pela Sketchy Logic, o jogo acabou por ser convertido para a Nintendo Switch algures em 2020, por intermédio de um pequeno estúdio (Vertical Reach), que aproveitaram para adicionar também algum conteúdo adicional. No Japão e Ásia esta versão da Switch teve lançamento físico, pelo que acabei por o comprar na Amazon japonesa algures em Maio. Já com portes e alfândega ficou-me por 35€, o que não achei mau preço de todo. Curiosamente, descobri que a Vertical Reach é um pequeno estúdio português porque na parte de trás da capa do jogo, aparece algures uma mensagem Vertical Reach Unipessoal, Lda.

Jogo com caixa

Ora este jogo coloca-nos no papel de JayJay Falcon, um falcão e advogado de defesa, acompanhado de Sparrowson, um pardal seu assistente. Tudo isto em Paris de 1948, nas vésperas de uma revolução que retira o rei Louis-Philippe do poder e instaurou definitivamente uma República no país. As influências da série Ace Attorney são mais que evidentes, pois são-nos sempre atribuídos casos algo bicudos para defender e o próprio jogo está também dividido entre a fase da investigação onde iremos explorar uma série de cenários e falar com pessoas, em busca de provas ou testemunhos que nos possam ser úteis para a fase seguinte, a dos julgamentos. E aí a acusação também leva testemunhas onde teremos de escrutinizar os seus depoimentos em busca de alguma contradição que as descredibilizem, ou no limite provem a inocência dos nossos clientes.

Antes de cada capítulo temos sempre direito a uma pequena cut-scene que nos ilustra o caso que devemos resolver

A grande diferença perante a série Ace Attorney (para além do óbvio em relação à arte que detalharei em seguida), é que este Aviary Attorney é uma experiência bem mais não-linear. Enquanto os Ace Attorney garantem que não conseguimos ir para o tribunal sem antes ter desbloqueado todas as pistas/provas necessárias para ter sucesso e durante os julgamentos o jogo só nos deixa avançar quando vencemos o caso, aqui tal não acontece. Na fase de exploração vemos um mapa da cidade de Paris e toda uma série de locais a explorar. Os locais com um símbolo de relógio à frente do seu nome indicam que, depois de os visitar, o tempo anda para a frente um dia e nós temos um número limitado de dias até chegar ao julgamento. Quer isto também dizer que se não explorarmos um local certo, ou na altura certa, em detrimento de outros, poderemos chegar ao dia do julgamento sem todas as provas que necessitamos para ter sucesso. Já nos julgamentos em si, vencer os casos é bom mas não mandatório (até teremos algumas surpresas interessantes pelo caminho) e a narrativa progride na mesma independentemente do nosso sucesso, com ligeiras modificações na história consoante o nosso progresso e escolhas. Existem 4 actos ao todo, sendo que o último acto decorre precisamente no dia da revolução francesa e possui 3 variantes completamente distintas entre si e que nos levam também a finais distintos. A maneira como progredimos no terceiro acto é o que vai ditar em qual dos diferentes cenários/finais teremos no último acto.

Na fase de investigação poderemos explorar diferentes locais que vamos desbloqueando. Temos é um número limite de dias para investigar e todos os locais visitados com um relógio à frente do seu nome fazem com que a data avance um dia. Portanto é perfeitamente possível não conseguirmos recolher todas as provas necessárias para ilibar o nosso cliente

Já no que diz respeito aos audiovisuais, bom como podem ver pelos screenshots o jogo tem uma arte muito interessante. Todas as personagens possuem feições algo humanas nos seus corpos, mas cabeças dos mais variadíssimos animais. E todas essas ilustrações (que são de domínio público) foram originalmente criadas por um ilustrador francês do século XIX chamado de Jean Grandville. Para além disso, todos os cenários foram também desenhados mantendo o mesmo estilo artístico. E sendo este um jogo com uma forte pegada de visual novel, não esperem por grandes animações durante os diálogos, embora estas até sejam bem mais trabalhadas que muitas outras VNs modernas. A banda sonora é toda ela baseada em música clássica, possuindo em particular muitas músicas do compositor francês do século XIX Camille Saint-Saens, todas elas retiradas da sua obra Carnaval des animaux, o que se encaixa perfeitamente em todo o conceito do jogo. Existem no entanto mais umas quantas músicas de outros compositores e outras compostas propositadamente para este jogo e todas elas encaixam que nem uma luva na narrativa.

Apesar da sua curta duração, a narrativa até que é bastante interessante e tem também os seus momentos de bom humor

Portanto este Aviary Attorney é um jogo super interessante e bem conseguido no seu conceito. Para os fãs de Ace Attorney é uma experiência 100% recomendada, embora este seja um jogo bem mais não linear que a saga pela qual é notavelmente inspirado. Mesmo com personagens animais antropomórficos, a narrativa é excelente, com bons momentos de humor misturados com alguma escrita mais série e algumas surpresas à mistura. Peca no entanto por ser um jogo bastante curto, a meu ver. Esta versão Switch para além de ser, até à data, o único lançamento físico que ainda por cima só saiu na Ásia (o jogo em si pode ser todo jogado em inglês), inclui também um pequeno número de extras desbloqueáveis: scans de alta resolução da arte utilizada pelo jogo, um sistema interno de achievements e uma jukebox onde poderemos ouvir todas a sua banda sonora.

The House of the Dead: Remake (Nintendo Switch)

Voltando à Nintendo Switch, voltei também a jogar um título mais curto neste sistema, uma vez mais um título da Forever Entertainment, depois de ter jogado também há umas semanas atrás o Panzer Dragoon Remake. E tal como o Panzer Dragoon este é, acima de tudo, um remake do primeiro jogo da saudosa série The House of the Dead, cujo primeiro jogo, após um lançamento inicial nas arcades, recebeu também uma conversão não muito bem conseguida para a Sega Saturn e outra que, apesar de ter saído no PC, tinha a versão Saturn como base. Depois disso nunca mais se voltou a pegar no jogo original e estou contente que a Forever Entertainment o tenha feito e sinceramente achei um resultado mais bem conseguido que o Panzer Dragoon. O meu exemplar foi comprado directamente no site da FE algures no ano passado por 40€, o que sinceramente me arrependi logo de seguida. É que ao contrário do Panzer Dragoon, este teve lançamento normal em retalho e meras horas depois de ter pago 40€ mais os portes, vi a versão retail com grande também em lojas nacionais. Oh well.

Jogo com caixa, papelada, stickers e um “cartão de autenticidade” da Forever Limited. Sinceramente tinha ficado mais bem servido pela edição normal que se vê por aí.

E tal como referi acima, este é, acima de tudo, um remake do primeiro House of The Dead, onde encarnamos no papel de um (ou dois caso joguemos com alguém) agente secreto que investiga a Mansão Curien e depara-se que a mesma está repleta de zombies e outras criaturas grotescas. Rapidamente nos apercebemos que tudo isso são frutos das experiências do cientista Dr. Curien, pelo que, enquanto no seu encalço, vamos também encher inúmeros zombies e outras criaturas de chumbo. Tal como no original, podemos acertar em diferentes partes do corpo de cada criatura, pelo que nem sempre basta um tiro certeiro para a matar. No final de cada nível temos sempre um boss para derrotar que tem um porto fraco em particular que teremos de explorar e, mediante como agimos em certas situações chave, poderemos explorar diferentes caminhos alternativos ao longo dos níveis.

O modo horde inclui muitos mais inimigos para derrotar e podemos também alternar entre ambos os sistemas de pontuação

Mas o que traz mais este jogo para além de um remake do original? Podemos optar por um método de pontuação alternativo (tornando mais fácil o requisito de pontos mínimos para alcançar o melhor final), alguns segredos adicionais escondidos que nos levarão a desbloquear diferentes armas e um modo de jogo horde, que é essencialmente o mesmo jogo mas agora com muitos, muitos mais zombies para combater. Para além disso teremos acesso a uma galeria onde poderemos seguir um sistema interno de achievements ou observar em detalhe os modelos poligonais de cada tipo de criatura que enfrentamos.

Salvar todos os cientistas é um dos requisitos obrigatórios para desbloquear armas extra

No que diz respeito aos controlos devo dizer que apesar de o jogo oferecer múltiplos esquemas de controlo, a informação está apresentada de uma forma muito confusa, pelo que acabei por optar por jogar inicialmente apenas com o comando normal, onde os gatilhos servem para disparar ou recarregar a arma e o analógico esquerdo para mover a mira. Os botões faciais podem ser usados para algumas destas funções também e o d-pad para alternar entre armas, caso as desbloqueemos. Para além disso é possível usar os motion controls em conjunto com os botões do comando, ou um setup mais próximo de uma light gun, usando um dos joycons exclusivamente para isso, embora não seja a solução mais ergonómica. Aparentemente a versão PS4 teria (ou estava nos planos disso) suporte para os comandos move da PS3, pelo que seria, a meu ver, a versão mais interessante a reter no que diz respeito à jogabilidade.

Graficamente nota-se que este é produto de um estúdio algo amador, mas resultou bem melhor que no Panzer Dragoon

Já no departamento gráfico, tal como o Panzer Dragoon Remake este foi mais um jogo realizado com recurso ao Unity e, ao contrário do Panzer Dragoon cujo mundo repleto de um misticismo muito próprio não foi, a meu ver, bem representado, aqui as coisas resultam melhor. Está longe do detalhe gráfico que esperaria se este remake fosse produzido pela própria Sega, mas resultou bem melhor desta vez. Até os clipes de voz, que eram deliciosamente maus no original, ainda têm um certo quê de embaraçoso. Já a banda sonora confesso que a devo ter de ouvir novamente. A música que ouvimos enquanto navegamos pelos menus não me soou nada de especial, mas confesso que assim que comecei o jogo, pouca atenção lhe consegui dar.

Portanto este remake do House of the Dead, apesar de ainda possuir certas características típicas de um estúdio algo amador, confesso que mesmo assim até foi um jogo que me divertiu bastante. Ainda assim, como o original arcade é um jogo bastante curto, gostava também que tivessem introduzido mais algum conteúdo adicional, para além de novos sistemas de pontuação, o modo horde e segredos como novas armas desbloqueáveis.

Panzer Dragoon: Remake (Nintendo Switch)

Neste fim de semana tive por cá uma Nintendo Switch emprestada de um colega de trabalho que a quer vender. Muito provavelmente irei acabar por ficar com ela, ainda assim quis testá-la. Olhando para os jogos de Switch que já tinha comprado, quis escolher um jogo curto para fazer esse test drive e este remake do Panzer Dragoon foi o candidato ideal. Lançado originalmente em 1995 como um título de lançamento da consola de 32bit da Sega no Ocidente, este Panzer Dragoon era sem dúvida um jogo com um conceito e visuais bastante originais e que deu origem a algumas sequelas nos anos seguintes, também para a Saturn, incluindo o fantástico RPG Panzer Dragoon Saga. Apesar de um novo lançamento para a Xbox anos mais tarde (Panzer Dragoon Orta) e um remake do primeiro jogo na PS2 (série Sega Ages 2500 exclusiva do Japão) a série acabou por depois cair no esquecimento. Eis que em 2019, do nada, se anuncia que um novo remake do primeiro Panzer Dragoon estava a ser trabalhado para a Nintendo Switch, produzido e publicado por empresas polacas que adquiriram a licença da Sega para produzirem um remake. O jogo acabou posteriormente por sair em múltiplas plataformas, algumas ainda com lançamento físico, como é o caso do meu exemplar, comprado algures no ano passado no site da Forever Limited por cerca de 40€.

Jogo com caixa, stickers, papelada e um cartão com uma arte bonita (e um número de série no verso)

Tal como o original, este é então um shooter tri-dimensional onde apesar de seguirmos um caminho pré-determinado, temos de enfrentar uma série de inimigos que nos vão atacando por todos os lados. Montados nas costas de um dragão, somos levados a um estranho mundo, onde após um grande cataclismo que quase dizimou toda a população do planeta, as rélicas de uma grande civilização do passado começam aos poucos a serem descobertas por um império que se tornava cada vez mais impiedoso e poderoso. Nós encarnamos então no papel de um jovem que estava simplesmente a fazer uma caçada, quando se vê envolvido num confronto entre dois dragões e seus “cavaleiros”. Um deles é ferido mortalmente e pede-nos que continuemos a sua missão, pelo que herdamos então o belíssimo dragão azul e branco e lá teremos de lutar contra toda uma série de forças imperiais e outras estranhas criaturas ao longo de sete distintos níveis.

É sempre um prazer voltar ao estranho mundo de Panzer Dragoon!

O esquema de controlo por defeito mimica os controlos originais da Saturn. O analógico esquerdo ou direccionais servem tanto para controlar o movimento do dragão como da sua mira, com os botões de cabeceira a servirem para virar a câmara de 90 em 90º e os botões A e B a servirem para disparar. Um deles serve apenas para que a nossa personagem dispare a sua arma de fogo, o outro pode ser mantido pressionado e, ao apontar a mira para uns quantos inimigos é possível fazer lock-on a vários alvos. Ao largar posteriormente o botão, faz com que o dragão dispare uma série de raios laser teleguiados. Os níveis seguem caminhos pré-determinados onde apenas temos uma breve janela onde nos podemos mover pelo ecrã e assim desviar de eventual fogo inimigo, mas dominar o movimento do dragão e alternar os ângulos da câmara são fulcrais para o sucesso. Alternadamente poderemos também optar por um esquema de controlo moderno, introduzido neste remake e que torna realmente as coisas mais fáceis. Aqui o analógico esquerdo serve na mesma para controlar o dragão (ainda dentro dos limites impostos pelo caminho), enquanto o direito controla a mira. Os gatilhos disparam e os botões de cabeceira servem na mesma para alternar a câmara da mesma forma. Confesso que esta parte ainda me atrapalhou um pouco, mas o maior controlo sobre o movimento do dragão é de facto uma vantagem, especialmente nos níveis mais avançados, onde os inimigos são mais numerosos, agressivos e os bosses também mais complicados.

O jogo mantém por defeito o mesmo esquema de controlo do lançamento original, embora exista a opção de usar controlos mais modernos

Para além do esquema moderno de controlo este remake traz também algumas manobras adicionais ao dragão. Pressionar duplamente numa direcção faz com que o dragão se desvie rapidamente nessa direcção. Se estivermos prestes a perder uma vida com a nossa barra de vida no vermelho, a mesma combinação de botões faz antes um “barrel roll” e, se mantivermos o botão de disparo pressionado antes dessa manobra, conseguimos fazer lock on a todos os inimigos no ecrã! De resto, uma vez terminado o jogo e independentemente do modo de dificuldade escolhido é-nos revelado um código de batota que permite desbloquear o menu “Pandora’s Box”. Aqui temos, para além de um selector de níveis e outras batotas como invencibilidade, uma galeria de arte com vários desenhos conceptuais daquele mundo, as suas criaturas e estranha tecnologia. Pena que não sejam scans de grande qualidade.

Apesar de ser uma versão bem mais bonita que o lançamento original, ainda acho que em certos aspectos poderia ser um pouco mais polido

Já de um ponto de vista técnico e artístico, é inegável a originalidade do mundo que nos foi apresentado no Panzer Dragoon original. Um mundo desolado, porém repleto de criaturas e tecnologia tão bizarras, a começar pela própria forma dos seus dragões que está muito longe da convencional. Isso associado a uma cutscene de abertura de cerca de 7 minutos com poucos diálogos, mas num dialecto inventado propositadamente para este jogo sempre tornaram esta série como única no que diz respeito ao seu design e direcção artística. A Saturn não é a melhor consola do mundo para jogos em 3D e já na altura a Team Andromeda fez o melhor que conseguiu para representar a sua visão artística daquele mundo tão estranho. Este remake possui gráficos muito melhores naturalmente, mas ainda assim acho que o jogo merecia uma equipa mais experiente para trabalhar neste remake. Não tirando nenhum valor ao esforço da MegaPixel Studio, que se vê perfeitamente que foi um trabalho de amor à série, mas acho que visualmente o jogo poderia estar ainda mais polido. Mas isto também pode ser o factor Switch a falar e o jogo ficar muito melhor no PC ou nas outras consolas, confesso que ainda não conheço bem o que a consola híbrida da Nintendo é ou não capaz de fazer. A banda sonora do original (composta pelo falecido Yoshitaka Azuma) era fantástica, com vários temas orquestrais arrepiantes e outros com uns toques de música electrónica e essa está também aqui presente. Para além disso, temos também a possibilidade de ouvir uma reinterpretação da mesma banda sonora agora a cargo de outra compositora, Saori Kobayashi, que também produziu as bandas sonoras de títulos como o Panzer Dragoon Saga e Orta.

Portanto este é um lançamento que, apesar de achar que os visuais (e de certa forma os controlos) poderiam ser um pouco mais polidos e trabalhados, não deixei de gostar bastante da experiência. Não me queixo do facto de ser um jogo curto, pois o original de Saturn também já o era, mas acho que também poderiam ter incluído ainda mais algum conteúdo adicional. Apesar de achar 40€ um preço um pouco caro para o que o jogo tem (para mim 20/30€ seria o sweet spot) não quis deixar de o comprar, quanto mais não seja para dar os sinais certos à Forever Limited. Isto porque eles também tinham anunciado que estariam a trabalhar no remake do Panzer Dragoon II, mas passado algum tempo nunca mais se ouviu falar no projecto. Espero que ainda aconteça!