Secret of Mana (Super Nintendo)

A Squaresoft foi uma empresa muito produtiva durante a era 16bit, tendo desenvolvido alguns dos melhores RPGs do seu portefólio. No entanto poucos eram aqueles que chegavam aos Estados Unidos, quanto mais à Europa. Felizmente o Secret of Mana foi dos poucos que chegaram até nós, talvez pelas suas mecãnicas de jogo serem mais as de um RPG de acção do que propriamente um RPG tradicional, que ainda era um conceito alheio a muitos dos jogadores ocidentais. O meu exemplar veio de um bundle de alguns jogos de SNES que comprei no OLX no ano passado, por coincidência foram jogos comprados a um vizinho na altura. Cada jogo ficou-me por 12€, o que para mim foi um óptimo preço, embora este em particular esteja todo em francês.

Apenas o cartucho, infelizmente em versão francesa

Na verdade, este não foi o primeiro Secret of Mana a ser desenvolvido, até porque no Japão o mesmo é conhecido por Seiken Densetsu 2. Essas honras foram para o Mystic Quest da Game Boy, mais conhecido se calhar pelo seu nome Americano de Final Fantasy Adventure. Aqui vamos acabar por controlar 3 heróis anónimos, sendo o principal um jovem rapaz que inadvertidamente descobre a espada de Mana e ao retirá-la despoleta uma série de reacções adversas, trazendo monstros de volta àquele mundo, o que faz com que sejamos expulsos da nossa aldeia. Pelo meio, um poderoso império também tenta-se apoderar do poder de Mana, de forma a restaurar uma gigante Fortaleza de uma antiga civilização, algo que trouxe uma grande Guerra que quase destruiu o mundo, muitos anos atrás. Os outros 2 heróis vão surgindo mais tarde, e o conceito mais interessante deste Secret of Mana está mesmo no multiplayer cooperativo, pois podemos jogar a aventura com até mais 2 amigos, cada um controlando a sua personagem. Isto resulta bem, excepto em dois pequenos pontos, principalmente quando cada jogador quiser ir para um sítio diferente, pois o jogo acaba por bloquear até alguém ceder. O segundo irei referir mais à frente.

A cutscene de abertura é uma autêntica obra de arte

Como já foi referido acima, Secret of Mana é um RPG de acção, com batalhas em tempo real. Cada personagem possui habilidades diferentes e pode ganhar experiência de maneiras diferentes, pois para além do nível de cada um, podemos ganhar skill levels no uso de diferentes armas ou magias. O herói principal não pode usar magia, mas é o que tira melhor proveito de armas melee, subindo de skill levels mais rapidamente que os restantes. A rapariga foca-se mais em magias de curar e suporte, enquanto que o sprite especializa-se mais em magia ofensiva. Para usar magia precisamos antes de encontrar os diferentes summons elementais, que nos vão desbloqueando diferentes magias elementais para cada uma das personagens capazes de usar magia. Por outro lado, todas as personagens podem usar qualquer tipo de arma, sejam elas espadas, lanças, bumerangues, arco e flecha, entre muitas outras. Para além da nossa aptidão com as armas poder também subir de nível, as mesmas podem também ser melhoradas sempre que encontrarmos uma orb respectiva e a levar ao ferreiro local (Watts). A outra funcionalidade que sempre gostaram neste jogo foi o sistema de menus em anel. Cada vez que carregamos no botão de menu, aparece-nos um anel à volta da personagem que chamou o menu, sendo que podemos ir rodando esse anel e seleccionar a opção respectiva, como usar itens ou magias, equipar peças, entre outros. Sinceramente não acho isto muito funcional, prefiro de longe um sistema de menus mais tradicional. Até porque temos um ring menu para cada personagem e cada vez que queremos mudar algo de outra personagem que não a principal teremos de repetir todas as acções de navegação de menus. E isto é outra das coisas que me irritou ligeiramente com o multiplayer cooperativo.

Confrontos com bosses são coisas habituais no final de cada dungeon. Este em especial fez-me lembrar um dos primeiros bosses do Mystic Quest

A nível audiovisual, esta é mesmo uma pequena pérola. Graficamente é um jogo bastante colorido e com alguns detalhes interessantes. Só não gostei do design de alguns bosses, mas fora isso temos aquelas features que rapidamente nos habituamos em RPGs de SNES, como a visualização do mapa através do mode 7, principalmente quando desbloqueamos o dragão Flammie, que podemos chamar a qualquer altura e voar livremente pelos céus. As músicas são também excelentes, principalmente aquelas com calmas melodias de piano. Olhar para a sequência de abertura do jogo no ecrã título é uma das experiências mais bonitas e tranquilizadoras que podemos ver numa Super Nintendo.

O mode 7 é usado de uma forma eficaz assim que temos o dragão Flammie para nos transportar para onde quisermos

Portanto, este Secret of Mana é para mim um jogo essencial na biblioteca de qualquer Super Nintendo. Para além de possuir uma boa jogabilidade e um multiplayer cooperativo bem surpreendente, a nível audiovisual também é uma obra prima. Mas a notícia mais triste aqui é que a sequela, conhecida no Japão como Seiken Densetsu 3, nunca tenha visto a luz do dia fora desse território. Nós, pobres ocidentais tivemos de nos contentar com o Secret of Evermore, desenvolvido especialmente a pensar no público ocidental (e cuja análise conto trazer cá em breve), mas que fica muito aquém da qualidade do Seiken Densetsu 3. Esse já tive a oportunidade de o jogar até ao fim graças ao esforço dos fãs que desenvolveram um patch de tradução, e posso dizer que é dos jogos mais bonitos que alguma vez chegaram à Super Nintendo.

The Legend of Zelda: A Link to the Past (Super Nintendo)

18322_frontEnquanto andam todos entretidos com o novo The Legend of Zelda: Breath of the Wild, eu tenho andado a reduzir o backlog. E um dos que me faltava terminar era precisamente o A Link to the Past para a Super Nintendo. É o terceiro jogo da série, com a Nintendo a regressar à fórmula do primeiro The Legend of Zelda da NES e aprimorando-a de tal forma que se tornou a jogabilidade standard de practicamente todos os outros Zeldas em 2D. O meu exemplar veio em 2 fases. O cartucho foi comprado por 20€ algures no verão de 2016 a um amigo meu. A caixa e manual foram-me oferecidas por um colega de trabalho em Dezembro de 2016, estando impecáveis.

Jogo com caixa e manual
Jogo com caixa e manual

A história de A Link to the Past decorre muitos anos após as Imprisoning Wars que levaram Ganondorf a invadir o Sacred Realm, recuperar a Tri-Force para si, tornando a aquele paraíso idílico no “Dark World“. Enquanto as suas forças invadiam Hyrule, sete sábios magos conseguiram lançar um feitiço que aprisionou Ganon no Dark World, restaurando a paz no reino. Isto até que o feiticeiro chamado Agahnim ataca a família real de Hyrule, coloca Zelda nas masmorras do seu castelo e começa a planear libertar Ganon da sua prisão noutra dimensão. Eventualmente lá teremos de viajar entre ambos os mundos, de forma a libertar 7 meninas que nos irão ajudar a lutar contra Ganon. Teremos muitas dungeons para explorar e muitos segredos para descobrir ao viajar entre as duas dimensões.

Sim, este é o primeiro jogo em que podemos fazer a vida negra às galinhas
Sim, este é o primeiro jogo em que podemos fazer a vida negra às galinhas

O jogo começa com Link a ser acordado com uma mensagem telepática da princesa Zelda a pedir-lhe ajuda. Quando nos levantamos da cama encontramos o tio de Link, todo equipado para o combate, a mandar-nos de volta para a cama. Claro que desobedecemos e os próximos minutos levam-nos a infiltrar no castelo de Hyrule completamente indefesos. Eventualmente lá encontramos o tio ferido que nos entrega a sua espada e escudo e nos pede para ir salvar Zelda das masmorras. E assim a aventura começa! A jogabilidade é excelente e muito familiar ao que os fãs de Zelda podem contar, desde os corações que podem ser expandidos com os heart containers e os muitos itens que poderemos encontrar e usar ao longo da aventura. Estes podem ser mapeados num botão específico e podemos contar com as familiares flechas e bombas (que podem destruir paredes e revelar passagens secretas), bumerangues, grappling hooks e uma série de itens com propriedades mágicas. Coisas como varas mágicas capazes de expelir fogo ou gelo, ou outras capazes de criar blocos mágicos ou um escudo que protega o Link. Portanto, para além da barra de vida que é medida nos corações que vamos apanhando, Link possui também uma barra de magia que devemos ter em conta.  De resto existem muitos outros itens e também peças de equipamento para descobrir. Espadas como a Master Sword, escudos e armaduras cada vez melhores, ou umas botas que nos permitem correr a toda a velocidade, ou luvas que nos deixam pegar em objectos pesados. O ecrã de inventário de Link não é uma brincadeira!

A Link to the Past possui um inventário bem grandinho e que nos abre muitas possibilidades
A Link to the Past possui um inventário bem grandinho e que nos abre muitas possibilidades

Como sempre há montes de segredos a descobrir e é interessante ver o paralelismo entre as duas dimensões, que possuem zonas muito parecidas entre si a nível de layout do terreno, mas ao mesmo tempo muito diferentes. Depois temos as dungeons, que apresentam uma sólida mistura de combate e puzzle solving. Aqui teremos mesmo de dar uso aos itens que vamos apanhando, seja para ultrapassar os inimigos e outros obstáculos, ou para resolver puzzles de forma a abrir os baús com outros itens. Nas dungeons temos de encontrar chaves para destrancar algumas portas e encontrar o mapa ou a bússola que nos indica onde está o boss daquele sítio são coisas opcionais, mas que dão um jeitaço. As dungeons são também muito mais complexas que aquelas que vimos no primeiro jogo da NES.

As dungeons continuam repletas de perigos e puzzles!
As dungeons continuam repletas de perigos e puzzles!

Graficamente é um jogo bonitinho para a altura em que saiu, e embora a Super Nintendo seja capaz de melhor, também temos de ter em conta que para 1MB de espaço disponível no cartucho, e para a quantidade de dungeons e 2 mundos diferentes para explorar, a Nintendo conseguiu alifazer um pequeno milagre. Os gráficos são coloridos e detalhados quanto baste, tanto que até é impressionante vermos plataformas como a Gameboy ou Gameboy Color a conseguir replicar os mesmos visuais da mesma forma. As músicas são excelentes como é habitual nesta série, com o tema principal do Dark World a ser aquele que mais me ficou na memória.

Este a Link to the Past é um clássico. A Nintendo conseguiu expandir a fórmula do original da NES de tal forma que a sua jogabilidade se tornou nalgo practicamente standard dentro dos Zeldas 2D. O mundo está bem desenhado e repleto de segredos para explorar e o mesmo pode ser dito das dungeons. É também o primeiro Zelda que possui uma narrativa um pouco mais trabalhada, o que me agradou bastante. Existem no entanto outras versões do jogo que podem ser consideradas, como a conversão para a Gameboy Advance que aparentemente possui uma tradução mais fiel ao original, para além do 4 Swords, que em breve também deverei trazer cá ao burgo. Seja como for, joguem-no!

Jurassic Park 2: The Chaos Continues (Super Nintendo)

46359_frontEste jogo não deve ser confundido com o The Lost World, o segundo filme da saga mais famosa de dinossauros do cinema. Este The Chaos Continues é uma sequela não canónica dos acontecimentos do primeiro filme. Tal como o seu antecessor na Super Nintendo, foi também produzido pela britânica Ocean, que desta vez acabou por desenvolver um jogo mais na onda do que já estava habituada a desenvolver desde os seus tempos do ZX Spectrum e Commodores. Mas já lá vamos. O meu exemplar veio de uma loja de videojogos em Belfast, na Irlanda do Norte. Está completo e impecável, custou-me 30£.

Jogo com caixa e manual
Jogo com caixa e manual

A narrativa decorre algum tempo depois dos eventos do filme, colocando-nos de novo na ilha onde tudo começou e no meio de um perigoso conflito. Enquanto a Ingen do milionário Hammond quer recuperar o parque jurássico, a BioSyn, os seus rivais invadem a ilha com tropas armadas de forma a tentar controlá-la e usar os seus dinossauros para os seus próprios meios. Nós encarnamos novamente no Dr. Grant, que ao serviço de Hammond terá de cumprir com uma série de missões de forma a recuperar a ilha e expulsar os soldados da BioSyn, sendo que também teremos de sobreviver aos dinossauros.

Esta missão será talvez aquela que mais semelhanças tem com acontecimentos do filme.
Esta missão será talvez aquela que mais semelhanças tem com acontecimentos do filme.

O jogo é então um daqueles run-and-gun sidescroller com elementos de plataformas, muito populares naquela época e principalmente dentro da Ocean, ao contrário da sua prequela que alternava entre um jogo de acção com uma perspectiva vista de cima como o Zombies, com segmentos de first person shooter. Aqui teremos então inicialmente uma série de missões por onde escolher livremente. Temos direito a um briefing onde nos são explicados os objectivos e as condições da missão e aí podemos escolher se a queremos fazer agora ou escolher outra. As tarefas podem consistir entre coisas como infiltrarmo-nos numas instalações do parque jurássico, infestadas por velociraptors e ligar um sistema de gás para os neutralizar, subir uma montanha repleta de pterodáctilos para reparar uma parabólica, impedir que soldados da Biosyn façam asneiras, entre outras. Temos uma série de armas para usar, algumas letais, outras não. As armas letais devem ser usadas contra outros humanos, ou dinossauros perigosos como os Velociraptors ou T-Rex. As não letais devem ser usadas noutros dinossauros quando necessário, até porque se matarmos muitos dinossauros somos presenteados com um game over. Obviamente que o T-Rex e os Velociraptors não entram nessas contas.

Estes "#$"%"!"|!!!
Estes “#$%|!!! são tramados

Mediante o grau de dificuldade escolhido existem finais diferentes e níveis extra que poderemos jogar. Felizmente há a opção para jogá-lo de uma forma cooperativa com um amigo, até porque o jogo não é nada fácil, com dinossauros a surgirem de todo o lado, soldados inimigos com lança-chamas que nos deixam esturricados num ápice, granadas ou mesmo lança rockets, a nossa barra de energia vai-se abaixo muito rapidamente se não tivermos muito cuidado. É verdade que há power ups de munições e medkits que nos restauram parte da nossa vida, mas os níveis são muitas vezes labirínticos, com vários caminhos diferentes e os inimigos fazem respawn, o que também não facilita.

A cutscene de abertura é bem melhor que a do final, infelizmente.
A cutscene de abertura é bem melhor que a do final, infelizmente.

Do ponto de vista técnico é um jogo impressionante. Logo no início somos presenteados com uma cutscene bem feita, e os níveis estão bem detalhados para um sidescroller. Algumas das áreas que temos de explorar possuem bonitos efeitos gráficos como nevoeiro ou de iluminação, como é o caso daquelas áreas mais industriais e escuras, que possuem uma atmosfera muito tensa, até pela própria música que as acompanha. Mas se eu já achava os gráficos bons, no som este jogo é muito mais forte. As músicas possuem uma excelente qualidade, desde temas com algumas influências tribais como o som de batuques ou flautas, ou outras mais épicas que fazem mesmo lembrar orquestrações. Um bom exemplo que demonstra a superioridade da SNES face à sua concorrência. Os efeitos sonoros não são maus de todo, gosto particularmente do pormenor dos disparos serem em stereo, ouvindo-se mais do lado esquerdo quando disparamos para a esquerda e vice-versa.

No fim de contas considero este um jogo algo curioso na série Jurassic Park. Para além de não ser canónico e a jogabilidade não ser tão original quanto o seu predecessor na Super Nintendo, a jogabilidade desafiante e os excelentes audiovisuais acabam por ser bons cartões de visita.

Killer Instinct (Super Nintendo)

44387_frontStreet Fighter II foi um absoluto marco na indústria, de tal forma que catalizou todo o subgénero dos jogos de luta, após a sua prequela não ter sido lá muito bem recebida. E com esse sucesso naturalmente foram surgindo imitadores e outros jogos de luta que tentavam incutir diferentes aproximações à mesma fórmula de base. Um deles foi o Mortal Kombat, onde apesar de possuir uma jogabilidade mais simplificada que a de Street Fighter, foi dado um maior foco na violência. O seu sucesso também foi grande e a Rare então aproveitou para também se aventurar no meio, produzindo um jogo que tenta unir o melhor dos dois mundos: a jogabilidade mais frenética e focada em combos, com a violência característica de um Mortal Kombat. O meu exemplar veio da CeX de Belfast, tendo-me custado 6£ se a memória não me falha.

Killer Instinct tem um dos poucos, senão mesmo o único, cartucho negro da Super Nintendo. Originalmente vinha também com um CD com a banda sonora.
Killer Instinct tem um dos poucos, senão mesmo o único, cartucho negro da Super Nintendo. Originalmente vinha também com um CD com a banda sonora.

A história por detrás do jogo engloba uma vez mais uma corporação criminosa por detrás da organização de um torneio de artes marciais. A empresa é a Ultratech, que envia várias criaturas experimentais e cyborgs para o torneio de forma a testar o seu poder em combate. Para além de outros lutadores mais “normais” cujos objectivos podem passar por defrontar a própria Ultratech, temos outros lutadores algo estranhos como cyborgs, diferentes monstros como um esqueleto lutador, lobisomem ou aliens. O elenco até que é bastante abrangente e a jogabilidade possui algumas peculiaridades interessantes.

Graficamente o original de arcade era bastante imponente, infelizmente a versão SNES teve de sofrer bastantes cortes
Graficamente o original de arcade era bastante imponente, infelizmente a versão SNES teve de sofrer bastantes cortes

Uma dessas peculiaridades passa pela forma como os rounds estão divididos. Cada lutador possui 2 barras de energia, e os combates só terminam quando esvaziarmos as duas barras de energia do nosso oponente. No entanto, assim que esvaziarmos a primeira barra de energia o combate tem uma ligeira pausa, passando para o round seguinte, deixando-nos com a mesma vida com que ficamos no round anterior. Depois a outra novidade maior está no sistema de combos. Este é um jogo muito voltado para combos, no entanto é possível executar uma sequência específica de botões que nos fazem desencadear uma combo, sem ter de desferir cada golpe manualmente. Por outro lado, é possível também quebrar combos com os combo breakers. Por outro lado temos também a jogabilidade violenta, apesar de não ser tão gore quanto Mortal Kombat. Ao desferir golpes vemos sangue (ou outros líquidos dependendo dos lutadores em questão) a ser jorrado para o ecrã, mas não em tantas quantidades. Depois existem também os golpes finais que emulam as fatalities, embora não sejam tão violentas quanto a série rival. Outros, como os Ultra Combos fazem-me lembrar as Brutalities e temos também os Humiliations que fazem os nossos oponentes dançar.

Apesar de ser um jogo violento e até ter as suas próprias fatalities, não eram tão violentas quanto as de Mortal Kombat
Apesar de ser um jogo violento e até ter as suas próprias fatalities, não eram tão violentas quanto as de Mortal Kombat

Graficamente o original de arcade era um colosso. Apesar de ter sido desenvolvido num hardware com o nome “Ultra 64”, o mesmo nome de código da consola que viria a tornar-se na Nintendo 64, na verdade acabou por usar um hardware algo diferente, pois o projecto Ultra 64 ainda estava atrasado. O jogo foi então co-desenvolvido entre a Rare e a Midway, numa parceria entre ambas as empresas que trouxe o desenvolvimento de alguns jogos arcade com hardware similar à Nintendo 64, cujas conversões caseiras acabaram po se ficar exclusivas na plataforma da Nintendo, tal como os Killer Instinct e os Cruis in. Mas voltando especificamente a este Killer Instinct, na arcade este era um jogo bem bonito. Também com personagens e pré digitalizadas como a Rare fez no Donkey Kong Country, as arenas eram variadas e estavam muito bem detalhadas, com alguns pormenores em 3D. Cada personagem possuía uma pequena cutscene em vídeo no caso de vitória, a banda sonora era variada e excelente e o jogo estava também repleto de várias vozes. Inicialmente estaria previsto que fosse convertido para a Nintendo 64, mas como a consola atrasou o seu lançamento, acabaram antes por lançar uma conversão para a Super Nintendo e com isso muito do seu brilho acabou por se perder. As sprites ficaram menores, os efeitos 3D removidos ou subsitituídos por mode 7, as arenas também perderam muitos dos seus detalhes e a qualidade da música não é a melhor, bem como muitas das vozes foram retiradas. As pequenas cutscenes de cada lutador foram subsituídas por imagens estáticas que até ficaram um pouco esticadas face às originais.

Na transição arcade para SNES, algumas imagens ficaram bastante esticadas.
Na transição arcade para SNES, algumas imagens ficaram bastante esticadas.

Felizmente a jogabilidade continua excelente e no fundo é isso importa. Cortes na qualidade audiovisual seriam mais que esperados para a Super Nintendo, mas felizmente os combates são fluídos, assim como o seu sistema de combos. Acho um jogo de luta bastante competente que vos recomendo a jogar se o encontrarem a um bom preço. Melhor ainda, se tiverem a Xbox One podem encontrá-lo naquela compilação repleta de jogos da Rare.

Eric Cantona Football Challenge (Super Nintendo)

eric-cantonaPara não variar, o jogo de hoje vai ser mais uma rapidinha. Na verdade, é um daqueles jogos bastante confusos pois recebeu nomes diferentes em vários locais. Produzido pela britânica Rage Software, foi lançado na Europa com o nome Striker para uma panóplia de sistemas diferentes, incluindo a Super Nintendo. Focando-nos na versão para a consola de 16bit da Nintendo, o lançamento Japonês chama-se World Soccer (não confundir com o jogo para a Master System de mesmo nome), para os Estados Unidos tem o nome de World Soccer ’94: Road to Glory. Como devem calcular, esta versão aqui foi supostamente lançada apenas na França. O meu exemplar veio da feira da Vandoma no Porto, por 5€, algures durante o verão de 2016.

Apenas cartucho
Apenas cartucho

Independentemente da versão que escolherem, o jogo é practicamente o mesmo e se estão à espera de algo mais realista como os FIFA ou International Superstar Soccer então esqueçam pois em Striker (nem pensem que vou andar sempre a escrever Eric Cantona Football Challenge), temos uma jogabilidade frenética e bastante arcade, o que até resulta bem se quisermos jogar umas partidas com amigos. Como muitos jogos de futebol de origem europeia dessa época, temos aqui vários modos de jogo à nossa disposição, como partidas amigáveis, campeonato do mundo, torneios por eliminatórias (cujo número de eliminatórias é customizável), ou campeonatos por jornadas, onde também podemos definir o número de equipas a participar. Para além disso temos ainda a possíbilidade de jogar qualquer um destes modos de jogo como futebol de salão, bem como treinar os controlos em diferentes modos de práctica. O único senão é apenas existirem equipas nacionais, não clubes. Mas para os mais pacientes há também um poderoso editor de equipas que permite alterar os nomes dos jogadores e cores dos equipamentos de cada nação.

Nem se deram ao trabalho de mudar este ecrã para ter uma foto do Cantona...
Nem se deram ao trabalho de mudar este ecrã para ter uma foto do Cantona…

De resto, tal como já referi, a jogabilidade é bastante rápida. Com o mesmo jogador conseguimos percorrer o campo de uma ponta a outra em poucos segundos, tornando as partidas bastante intensas, principalmente quando jogamos contra um amigo. Existe a possibilidade de alterar a formação do nosso 11 em campo, bem como colocar a IA a optar por estratégias mais defensivas ou ofensivas, mas sinceramente com toda a rapidez de jogo nem noto assim tantas diferenças.

Por fim, a nível técnico é um jogo bastante simples. As músicas practicamente que apenas existem nos menus ou no ecrã inicial, e sinceramente não a acho nada demais. Se gostarem de músicas de fanfarra, então sintam-se em casa. Durante as partidas temos apenas o ruído do público, o barulho da bola a ser chutada de um lado para o outro e os apitos do árbitro e estes até que soam bastante realistas para a altura. Graficamente é também um jogo simples, com os menus a serem o mais minimalistas possível a nível estético e os gráficos também são simples, porém funcionais para o estilo frenético de jogo. O estádio é mostrado como um plano de Mode 7, o que resulta num scrolling bastante suave, no entanto com o pequeno defeito do público e outros adornos dos estádios ou pavilhões não serem lá muito bem detalhados.

Alguns comentários engraçados podem ser vistos no placard, aqui na parte de baixo do ecrã
Alguns comentários engraçados podem ser vistos no placard, aqui na parte de baixo do ecrã

No fim de contas, é mais um daqueles jogos de futebol algo clássicos das escolas europeias da primeira metade da década de 90, com uma jogabilidade simples, porém bastante frenética e mesmo assim ainda incluem uma série de diferentes modos de jogo e opções, dando de certa forma a impressão de ser um jogo bem mais completo do que na realidade o é. Não vai ser a última vez que irei referir este jogo, até porque o Striker nas consolas de 8 e 16bit da Sega tem o nome de “Ultimate Soccer”.