Soul Calibur II (Nintendo GameCube)

soul calibur II gcnDesde o velhinho Soul Blade na Playstation 1 que esta série de luta me tem despertado interesse, que aliás sempre foi bem maior que a série principal da Namco – Tekken. É uma série de luta 3D em que o gameplay tem o foco no uso de armas brancas, como espadas, espadinhas e espadonas, entre outros. Depois do excelente jogo que fez muito boa gente comprar uma Sega Dreamcast propositadamente, a Namco anunciou alguns anos depois que iria trazer Soul Calibur de volta, e logo para as 3 consolas do mercado na altura. A minha cópia original tinha sido comprada por aí no Miau.pt há uns bons anos (talvez em 2004 por uns 20€). Entretanto um primo meu quis trocar esse jogo pelo Skies of Arcadia Legends dele e eu nem me fiz de difícil. Há coisa de um ano, acabei por voltar a comprar o jogo no ebay, que me terá custado algo em torno de uns 7€.

Soulcalibur II GCN
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Em jogos de luta do tipo versus, geralmente não ligo puto à história, e em Soul Calibur não tem sido uma excepção. Que precisam de saber é que a série anda à volta de 2 espadas lendárias: Soul Edge, com poderes maléficos e Soul Calibur, espada feita para combater a Soul Edge. Existem depois uma série de personagens que buscam as 2 espadas, para seu próprio proveito, para além de rivalidades e background stories entre as mesmas. A acção decorre no século XVI, pelo que as personagens (excepto uma ou outra que tenha caído do céu) reflectem minimamente as vestimentas e armamento da época.

O gameplay é focado essencialmente em quatro movimentos: ataque horizontal, ataque vertical, pontapé e bloqueio. Como habitual, podem ser feitas combinações destes movimentos para executar golpes mais elaborados. Para além disso a mecânica de jogo tem mais umas nuances, tais como a capacidade de esquivar de ataques verticais, furar posições de defesa, bem como os counter-moves que permitem executar um golpe indefensável de contra-ataque, ou mesmo fazer um “power-up” para dar golpes mais fortes. Soul Calibur II tem um leque bastante variado de personagens, desde samurais, ninjas e outros guerreiros ocidentais, bem como espadachins europeus, cada um com o seu estilo próprio de luta (embora nem sempre seja único). Infelizmente Soul Calibur II foi também o primeiro jogo a “prostituir” a série e a iniciar uma modinha que me parece um bocado estúpida, de colocar personagens “convidadas” de outras séries em jogos de luta (Super Smash Bros tem desculpa). Este jogo, nas suas versões caseiras, possui uma série de personagens exclusivos. Necrid, um monstro/mutante/whatever desenhado por Todd McFarlane (criador de Spawn) é comum às 3 versões. O próprio Spawn, personagem exclusiva da versão Xbox, Link de Legend of Zelda na versão GC e Heihachi de Tekken na PS2. Enquanto que até consigo perceber a inclusão de Link na versão Gamecube (talvez seja a minha costela de fã da Nintendo a falar), as outras 2 personagens parecem-me mesmo descabidas. O Heihachi nem usava armas brancas! Já o Link realmente foi bem aproveitado, sendo a personagem mais completa (e complexa) de jogar. A Master Sword, o escudo, o boomerang, arco e bombas estão lá todos.

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Link a mostrar quem manda, ou não

Este jogo apresenta também vários modos de jogo. Desde o clássico Arcade, passando por modos como Survival, Team Battle ou Practice. Penso que os nomes sejam auto-explanatórios e não preciso de entrar em detalhe. Todos estes modos de jogo têm um modo “Extra”, onde se pode equipar as personagens com armas de características diferentes (mais defesa, ataque, penetração de defesa, etc). Estas armas podem ser desbloqueadas num modo específico, o chamado “Weapon Master”. Aqui o jogo tem algumas características de RPG, temos um mapa com várias localidades, e em cada zona tem várias missões, que são nada mais nada menos que combates “normais”, porém com várias condições: derrotar o inimigo em x tempo, derrotar uma série de inimigos sem perder, combater “envenenado” – com a barra de vida a diminuir, entre muitos outros. Cada “missão” dá um certo valor de EXP que é utilizada para o jogador subir de nível, para além de gold. Em cada região existe uma loja diferente onde poderemos gastar o gold em novas armas para os lutadores, desbloquear novas arenas, roupa nova, conteúdo bónus como artwork, etc. À medida que vamos avançando no Weapon Master também vamos desbloqueando vários lutadores “novos”, que posteriormente também poderão ser utilizados nos outros modos de jogo. Gold points também podem ser ganhos ao completar modos de jogo como Arcade e etc. Para além disso, existe uma secção do tipo “Museum”, onde podemos desbloquear perfis dos lutadores, contando a sua história, artwork, demonstrações dos seus golpes, entre outros. Soul Calibur II tem portanto um factor de replay bastante elevado, com muito conteúdo para desbloquear. Um outro exemplo, os perfis dos lutadores só são desbloqueados após se terminar o modo arcade com os mesmos. A única coisa que não gostei foi o Weapon Master ter imenso texto antes das batalhas para contar a história. Cheguei a um ponto em que deixei de prestar atenção a esses blocos de texto e partir logo para a acção.

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Uma das missões do Weapon Master - há mais texto.

Graficamente, é um jogo bastante bonito, tendo em conta que foi lançado em 2003. A versão Gamecube apenas perde para a Xbox, que tem suporte a HDTV com uma resolução de 720p. De resto, os lutadores estão bem detalhados e a acção decorre a uns sólidos 60fps. As arenas é que há um pouco de tudo, umas bem mais caprichadas que outras, mas ainda assim nenhuma delas é propriamente feia de se ver… excepto talvez a arena do Inferno. A nível de som, o voice acting é bastante competente, mas pode-se alternar entre o voice acting em inglês pelo original Japonês, o que acaba por dar uma maior envolvência no caso especial de alguns lutadores. A banda sonora é bem conseguida, já os efeitos sonoros são repescados dos jogos anteriores, mas cumprem bem o seu papel.

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Bitch fight!

Para quem tem uma Gamecube, certamente sabe que há poucos jogos de luta deste género para a consola, este Soul Calibur é certamente o melhor. Mesmo com muita gente a queixar-se do comando da GC ser inapropriado para jogos de luta, eu não tenho tido grandes razões de queixa. Na minha opinião é a melhor versão do jogo, por ter uma qualidade gráfica próxima da versão Xbox e mais importante, de todos os personagens exclusivos, o Link é sem dúvida o mais carismático. A versão Gamecube acabou por ser a mais vendida das 3, mas no entanto o jogo seguinte – Soul Calibur III – acabou por se tornar exclusivo da PS2. Vá-$e lá entender a Namco…

Sonic Adventure DX (Nintendo GameCube)

sonic_adventure_dxO Sonic Adventure original foi um dos jogos de lançamento para a Dreamcast, precisamente um dos mais esperados para a plataforma, pois viria a ser o primeiro jogo da série principal em 3D, após umas aventuras menos conseguidas para a Saturn. Sonic Adventure marcou uma nova era nas aventuras do ouriço azul, um novo visual e novas mecânicas de jogo que vieram para ficar. Após o sucesso da conversão de Sonic Adventure 2 para a Nintendo GameCube, a Sonic Team decidiu lançar uma conversão “melhorada” para esta plataforma, 4 anos após o lançamento original. A minha cópia foi adquirida no ebay, há uns meses atrás, tendo-me custado algo como uns 7€. Infelizmente por distracção minha acabei por comprar uma versão que para além de ser “Player’s Choice”, não vinha com o manual.

Sonic Adventure DX
Jogo e caixa

 

Sonic Adventure teve o seu início como “Sonic RPG”. Desde cedo que a Sonic Team decidiu fazer um jogo bem mais épico do que um simples jogo de plataformas, com vários diálogos, e uma componente de exploração de vários hubs que servem de base para os action stages. Este jogo também de certa forma é responsável pelo infame Sonic cycle, pois muitos dos problemas repetidos dos vários Sonic em 3D começaram por aqui: Vários abismos sem fundo, câmaras terríveis e os amigos do Sonic com jogabilidades muito estranhas. Mas já lá vamos, em primeiro lugar falemos da história por detrás deste jogo: O vilão Dr. Eggman (ou Robotnik, como nos velhos tempos) descobre uma criatura mística que estava adormecida há mais de 3000 anos, de nome Chao. Alimentada pelas 7 Chaos Emeralds a criatura aumenta o seu poder, até se tornar numa autêntica máquina de destruição em massa. Eggman procura então as 7 esmeraldas para usar o poder de Chao para os seus próprios planos de dominação mundial, claro que é aí que Sonic e companhia entram ao barulho. Este jogo inicialmente apenas pode ser jogado por Sonic, mas à medida que o jogo vai avançando várias outras personagens vão sendo desbloqueadas, tais como os já conhecidos Tails, Knuckles, Amy e os novos E-102 Gamma, um robot rebelde do Dr. Eggman, e o Big the Cat, um gato enorme, gordo, burro e com uma fixação qualquer por pesca. Todas as personagens contribuem para a história principal, vendo a acção dos seus próprios olhos e complementando os buracos deixados nas histórias dos outros. Finalizando a história das 6 personagens, o capítulo final com o verdadeiro final é desbloqueado.

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Esta cena é memorável

Cada personagem tem o seu próprio modo de jogo, alguns deles reaproveitados em jogos futuros como o próprio Sonic Adventure 2. Os vários níveis do jogo são também reaproveitados para as várias personagens, apresentando diferenças entre si que se reflectem na sua jogabilidade. Sonic é o que naturalmente apresenta a melhor jogabilidade, com uma boa dose entre a velocidade estonteante e elementos de platforming. Já os níveis de Tails não são assim tão diferentes dos níveis de Sonic. O objectivo é sempre Tails vencer Sonic ou Robotnik numa corrida até ao final do nível, aproveitando a habilidade de Tails voar para aproveitar vários atalhos. Os níveis de Knuckles são de exploração: Knuckles tem de encontrar 3 pedaços da Master Emerald espalhados no nível, com a ajuda de um radar. Os níveis de Amy são um algo chatos, Amy tem de fugir de um robot  de nome Zero que a persegue constantemente. E-102 Gamma apresenta uma jogabilidade interessante que mistura as plataformas com elementos de shooting, já o Big the Cat é sem sombra de dúvidas a coisa mais imbecil que colocaram neste jogo. Todos os seus níveis são uma espécie de simulador de pesca onde o objectivo é pescar o sapo amigo de Big. Pfff… pesca.

Este jogo marca também a introdução de várias novas técnicas para Sonic e companhia, como o homing attack (um ataque parecido com um míssil teleguiado que Sonic pode fazer enquanto está no ar), ou o light dash, onde Sonic corre muito rapidamente por um caminho formado por anéis. Vários power-ups podem ser encontrados ao longo do jogo, que conferem novas habilidades Às personagens, ou melhorias das habilidades existentes. Para além disso, existem vários outros sub-níveis que podem ser jogados e que apresentam jogabilidades completamente diferentes, como os níveis de shooting de Sonic/Tails, ou as corridas de Karts no parque de diversões. Ainda mais, Sonic Adventure possui um simulador próprio de bichinhos parecido ao Tamagotchi, desta vez com os Chao. Este simulador é algo independente do jogo normal, e ainda tem alguma complexidade, podendo criar Chao completamente diferentes entre si, e ainda usá-los em mini-jogos específicos. Sonic Adventure ainda possui também um modo “Trial”, que consiste em rejogar os níveis previamente finalizados com alguns desafios, como completar o nível em x tempo, ou com mais de y anéis, etc.

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Sonic a interagir com humanos - o princípio do fim

Passando para o aspecto técnico, Sonic Adventure é um jogo que saiu originalmente no final de 1998 para a Dreamcast no Japão. Nessa altura era um jogo impressionante graficamente, mas hoje em dia deixa muito a desejar. Sonic e companhia apresentam várias animações faciais nas cut-scenes, já o pobre Eggman deixaram-no sempre com a mesma cara o jogo todo, não sei porquê. Esta conversão para Gamecube apresenta uma ligeira melhoria nos gráficos, nomeadamente nos efeitos de água e nas próprias personagens principais, que estão bem mais “brilhantes” reflectindo melhor a luz que lhes incide. Fora isso é o mesmo jogo da Dreamcast, visualmente falando. O que estraga completamente a experiência é a câmara ser a pior câmara que eu já pude experimentar, e o facto de o framerate ser bastante inconstante, chegando mesmo a sofrer de vários slowdowns em algumas zonas, algo que não acontecia na Dreamcast. A nível de som, felizmente já é outra conversa. Sonic Adventure tem algumas músicas bastante catchy, obviamente que prefiro as mais rockeiras. O voice-acting não é grande coisa, mas para o público alvo do jogo não seria necessário muito mais.

Para justificar a compra deste jogo a Sega incluiu várias novidades para esta conversão, nomeadamente um “Mission Mode” que como o nome indica consiste em fazer algumas pequenas “quests” ao longo do jogo, e interacção com a Gameboy Advance e o Chao Garden dos Sonic Advance. Ao ir progredindo no jogo principal, completar os trials e as missions, vamos adquirindo emblemas. Esses emblemas vão desbloqueando todos os jogos de Sonic e companhia para a Game Gear, sendo esse o maior chamariz desta conversão.

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Checkpoints são essenciais num jogo como este

Sonic Adventure é um jogo algo datado, com várias falhas a nível de jogabilidade e uma câmara horrível. No entanto tem vários níveis muito bons e que merecem ser jogados. A conversão para Gamecube é infeliz, e a inclusão de todos os jogos da Game Gear como desbloqueáveis não é suficiente. Sonic Adventure DX saiu também para PC com os problemas de framerate melhorados. Esta versão foi também lançada no ano passado na XBLA e PSN, embora sem os jogos para Game Gear. Ainda assim, a nostalgia leva-me a preferir a versão original.

Super Mario Sunshine (Nintendo Gamecube)

Super_Mario_Sunshine_PALSuper Mario 64 foi um jogo verdadeiramente revolucionário. Saiu numa altura em que a transição do 2D para o 3D ainda estava na sua infância e foi um verdadeiro exemplo de como se realizar um jogo de plataformas em 3D com uma boa câmara e jogabilidade practicamente perfeita. Desde então a indústria mudou imenso e desde 1996 até 2002 que não se viu mais um Mario em 3D. Lançado para a Gamecube, Super Mario Sunshine apesar de não ser um jogo revolucionário como Super Mario Galaxy o foi para a Nintendo Wii, é um jogo que evolui as mecânicas de jogo de Mario 64, apresentando uma ou outra novidade entretanto. A minha cópia foi adquirida por volta de 2004, numa Worten, quando uma grande parte de jogos da GC estavam a ser vendidos a 10€. Claro que não deixei este jogo escapar, e ainda trouxe o Super Smash Bros Melee e o Starfox Adventures pelo mesmo preço. O jogo está em óptimo estado, claro.

Super Mario Sunshine GCN
Jogo completo com caixa e manuais

A história de Super Mario Sunshine é simples, como todos os jogos do canalizador italiano. Mario, Princess Peach e companhia estavam a viajar para a ilha Delfino, um paraíso tropical para passarem umas merecidas férias de toda a confusão do Mushroom Kingdom. Quando lá chegam, encontram a ilha toda vandalizada de graffitis e poluição, e o pior é que o culpado dessa trapalhada toda é um vilão parecidíssimo com Mario (neste caso o Shadow Mario). Mario passa a ser o suspeito principal desses problemas e é obrigado pela polícia local a limpar toda a sujidade da cidade e resolver todas as confusões provocadas pelo misterioso vilão. Pior, as “shines” que davam um sol fantástico à ilha também desapareceram e a princesa acaba também por ser mais uma vez raptada (sim, como sempre). Tal como Super Mario 64 tinha o castelo de Peach como uma espécie de “hub” que o interligava aos restantes “mundos”, em Super Mario Sunshine toda a cidade de Delfino Plaza serve de hub para as restantes localidades na ilha, que poderão ser descobertas à medida que o jogo vai progredindo e novas habilidades vão sendo desbloqueadas.

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Estes inimigos são bastante chatos

Os controlos e movimentos de Mario 64 estão todos aqui presentes, mas a grande novidade está no aparelho que Mario usa às costas. Chamado de FLUDD (Flash Liquidizing Ultra Dousing Device), esse aparelho usa água e tem como habilidade principal “cuspir” água seja para limpar a sujidade que se encontra  na ilha, seja para utilizar contra inimigos ou determinados objectos.  A segunda habilidade do aparelho é substituível, começando por um jacto de água que faz Mario voar durante um determinado tempo, sendo posteriormente desbloqueadas habilidades como um foguetão para alcançar alturas enormes, ou um “turbo” para correr a grandes velocidades. Mais tarde desbloqueamos também o Yoshi que tem a habilidade de comer frutos ou inimigos, e também “cospe” o sumo dos frutos que bebe, sendo útil para descobrir algumas passagens secretas. Como disse anteriormente, o jogo recorre num hub central, de onde podemos seguir para outras zonas. Cada “mundo” desses tem 8 episódios diferentes para se cumprir (embora nem todos sejam obrigatórios para se avançar na história principal). No fim de cada nível Mario obtem um “shine”, um objecto parecido com as “stars” dos restantes jogos. Contudo, existem bem mais shines escondidas nos níveis e no próprio hub, o que aumenta bastante o factor de replay. Para além das shines também podem ser descobertas “blue coins” que poderão ser trocadas por outros shines, formando um total de 120 shines e 240 blue coins. Apesar de tudo, não gostei muito da mecânica de jogo devido ao FLUDD que nem sempre é fácil de controlar, ao mesmo tempo que se quer controlar a câmara e o movimento. A própria câmara muitas vezes coloca-se atrás de paredes ou outros obstáculos, e mesmo sendo possível ver uma silhueta de Mario e do caminho, o efeito é um pouco desagradável. De resto é um jogo de plataformas bastante competente que requer muita perícia a controlar Mario. Embora existam vários níveis simples e não muito difíceis de concluir, existem outros bastante frustrantes que requerem muita perícia mesmo. É preciso saber dar os saltos no momento certo, com a direcção certa, e essa sempre foi a minha dificuldade. Os controlos são bastante sensíveis e nem sempre é fácil manter o Mario numa linha recta, ou saltar para a direcção que realmente pretendemos.

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Um dos "secret courses", desta vez já com o FLUDD

Os níveis mais desesperantes são os “Secret courses”, espalhados pelo jogo todo. Puramente jogo de plataformas, somos largados num vazio imenso, apenas com uma pista de obstáculos pela frente (e sem o FLUDD para ajudar). Aqui encontramos plataformas giratórias, plataformas que desaparecem, que se movem, etc e o mais pequeno erro é muitas vezes fatal. Mas a verdade é que a sensação de acabar um desses percursos é bastante recompensadora. Os restantes “episódios” de cada zona têm missões bastante diferentes entre si, como andar numa montanha-russa e disparar misseis para balões ou jogar em casinos, vários outros vão sendo repetidos ao longo do jogo, seja encontrar 8 moedas vermelhas num espaço de tempo, destruir um boss, correr contra o “Il Piantíssimo”, ou perseguir e molhar o Shadow Mario, para além dos já referidos “secret courses”.

Passando para os visuais, para um jogo de 2002, Super Mario Sunshine é bonito e bastante colorido. Visto ser um jogo com um look mais cartoon, não exige texturas realistas, o que não impede de ser um jogo bem detalhado, apresentando até alguns bosses bastante grandes. O único senão é que os temas são sempre à volta do tropical e do paradisíaco. Não há uma grande variedade de temas visuais como sempre houve em jogos do Super Mario, com florestas, castelos, lava, etc. A draw-distance é bastante grande, eu já estive a brincar com o Pro Action Replay e usando um código de batota para ter baixa gravidade, com um grande salto consegui ver o horizonte todo e toda a ilha Delfino estava renderizada, pondendo inclusivamente ver-se ao fundo as restantes localizações do jogo. Passando para o som, Super Mario Sunshine desempenha um bom trabalho, remisturando várias músicas clássicas com temas mais tropicais, e introduzindo várias músicas novas. Os efeitos sonoros são o que qualquer jogador que se preze estaria à espera de um jogo de Mario, não há grande novidade aqui e ainda bem.

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A usar o propulsor para limpar "tinta" eléctrica e derrotar uns bichinhos

Super Mario Sunshine é um óptimo jogo de plataformas, apenas não é excelente como o seu predecessor Super Mario 64 e o sucessor Super Mario Galaxy o são. Existem alguns problemas com a câmara que atrapalham a jogabilidade e a mecânica do “FLUDD” não é algo que me cative muito (embora o “hover” tenha dado um jeitaço). Tem também o problema de os visuais não serem muito variados, apesar de os vários níveis entre si serem bastante diferentes entre si. Mas não deixa de ser um jogo de plataformas 3D a ter em conta. Quem tiver Gamecube ou Wii compatível com jogos de GC e gosta de jogos de plataformas, deveria ter este jogo na sua colecção.

Geist (Nintendo GameCube)

geistNa geração anterior, com o enorme sucesso que franchises como Halo fizeram na Xbox, surgiu a necessidade de as concorrentes apresentarem o seu “Halo killer”. A Sony veio com o Killzone, a Nintendo já tinha o excelente Metroid Prime, embora não seja verdadeiramente um simples First Person Shooter. A nova tentativa da Nintendo surge inicialmente no ano de 2003, na E3, quando anunciam um FPS paranormal desenvolvido pela n-Space. Embora o jogo tenha ficado muito longe de ser um Halo killer quando saiu finalmente em 2005, ainda apresenta algumas novidades interessantes que nunca tinham sido muito exploradas até então. A minha cópia do jogo foi comprada por volta de 2007-2008 no miau.pt, tendo-me custado algo em torno dos 20€. Está completa e em bom estado.

Geist
Jogo completo com papelada caixa e manual (tudo em alemão)

Algo na história de Geist faz-me lembrar Half-Life. O protagonista principal é um cientista de nome John Raimi que se vê numa missão de forças especiais para invadir um castelo algures em França, onde se suspeita que a Volks Corporation esteja a fazer algo de muito mau. Como sempre, as suspeitas são confirmadas, a equipa começa a combater com criaturas estranhas, acabando por ser quase todos dizimados. Raimi teve um destino diferente e acabou por ser cobaia da tecnologia da Volks Corporation, onde através de uma máquina conseguem extrair o espírito de Raimi do seu próprio corpo. A meio do processo de extracção e “lavagem cerebral”, um fantasma “a sério” de nome Gigi sabota o equipamento, permitindo a Raimi poder vaguear pelo mundo como um fantasma livre. É também Gigi que ensina Raimi as habilidades de fantasma, como a arte da possessão que terá um papel muito importante ao longo do jogo. Assim sendo, Raimi vai explorando a base da Volks Corporation, tentar derrubar os planos de Volks e pelo meio tentar recuperar o seu corpo original.

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Estes bichinhos precisavam de mais uns poligonozitos

O conceito na minha opinião é muito interessante. Existem 2 tipos de movimento, o movimento “normal” de seres humanos ou outros animais, e o movimento de fantasma, onde tudo é visto por câmara lenta e temos um certo tempo limite em que podemos vaguar livremente sem encontrar um outro hospedeiro. A mecânica da possessão é o que realmente diferencia este FPS dos restantes. De modo a possuir um outro ser vivo é necessário primeiro assustá-los. Aqui reside mais uma coisa original neste jogo. A táctica que temos de utilizar em cada situação é sempre diferente, mas passa sempre por possuir primeiro um objecto qualquer e interagir com esse objecto, chamando à atenção de quem estiver por perto e assustá-los. Ao possuir outro ser vivo ganhamos as suas habilidades. Nos seres humanos ficamos com o seu armamento, nos animais vemos o mundo de maneira diferente. Podemos também possuir “gun turrets” e ir limpando o sebo a vários “grunts” da Volks que por lá andarem, mas nem sempre será um passeio no parque. Mais lá para a frente os soldados conseguem distinguir quem está possuído de quem não está, e conseguem combater mais directamente contra o “fantasma”.

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Vista de "Fantasma"

Infelizmente o que há de realmente bom para se falar fica por aqui. Os controlos do jogo não são fluídos nem precisos o suficiente para proporcionar uma boa experiência. Algo do género de Metroid Prime, com lock-on e tudo provavelmente seria pedir de mais para um FPS, mas se virmos exemplos como o Timesplitters, neste campo o jogo poderia ser melhor. O framerate também é algo inconstante, notando-se várias quebras em batalhas mais “quentes”. Passando para a parte gráfica, a Gamecube é capaz de muito melhor, basta ver o próprio Metroid Prime que saiu em 2002 e este Geist que saiu em 2005. Os modelos não têm muito detalhe, principalmente as criaturas que mereciam outro tipo de tratamento. Mas o próprio artwork também não é grande coisa, na minha opinião. É uma pena, tendo em conta que o jogo ainda teve bastante tempo em produção. Ao menos é dos poucos jogos para GC com suporte nativo a 16×9 e a Progressive Scan. A nível de som não tenho muito a dizer pois não foi um jogo que me cativou nesse aspecto, digamos que é algo genérico desde a música, aos efeitos sonoros e até ao voice acting.

No multiplayer, apesar de a Nintendo ser teimosa ao não ter apoiado a jogatina online na GameCube (lançaram um modem e adaptador de banda larga para quê?), Geist ainda tem alguns modos de jogo em splitscreen que são bastante originais. Existem 3 modos de jogo principais: “Possession Deathmatch”, “Capture the Host” e “Hunt”. O primeiro é uma variante de Deathmatch onde podemos saltar de host em host e até para objectos para matar os adversários. “Capture the Host” como o nome indica é uma variante do CTF, só que em vez de bandeiras temos de possuir um host e trazê-lo para a base. “Hunt” é uma espécie de Team Deathmatch onde humanos lutam contra fantasmas. Os humanos vêm equipados com armas apropriadas e os fantasmas tentam possuí-los e causar algum acidente, como saltar de um precipício ou afins, para matar o hospedeiro. Os jogos podem ser jogados com até 4 pessoas em split screen, ou até 8 com bots. Ao longo do jogo normal vão sendo encontrados vários items secretos que desbloqueiam novas arenas e personagens para se jogar no multiplayer, um pouco como é feito no Timesplitters.

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Graficamente o jogo não é mesmo nada de especial

Finalizando, Geist é um jogo que tinha um potencial enorme para ser um jogo de sucesso. Infelizmente não ficou nas melhores mãos, e se calhar o tempo em que a Nintendo e a n-Space estiveram a divagar sobre o conceito do jogo, poderia ter sido melhor aproveitado para melhorar também a parte técnica. É daqueles jogos que merecia um remake feito por um estúdio bastante competente, mas como não foi um sucesso de vendas é algo que provavelmente nunca veremos.

Skies of Arcadia Legends (Nintendo Gamecube)

Skies of Arcadia LegendsSempre fui um grande fã da Sega, e na altura em que comprei a minha Gamecube em 2002, para além de a mesma ter tido um catálogo aparentemente impressionante de jogos para sair da própria Nintendo, foi o facto de muitos dos jogos da Dreamcast que eu gostaria de jogar terem sido anunciados para a consola da Nintendo. Skies of Arcadia Legends foi um deles, tendo sido originalmente um RPG lançado para a Dreamcast algures no ano 2000-2001, dos seus estúdios Overworks. Em 2003-2004 acabou por sair uma conversão para a Gamecube com algum conteúdo extra. A minha cópia foi-me oferecida por um primo meu, está em bom estado, mas infelizmente não veio com manual.

Skies of Arcadia Legends Gamecube
Jogo com caixa e papelada (sem manual)

Skies of Arcadia é um RPG inspirado pelos contos de Julio Verne, passando-se num mundo de fantasia repleto de navios e ilhas voadoras. Tomamos o papel de Vyse, um jovem pirata do ar cujo passatempo favorito é assaltar os navios do Império Valuan. Num dos seus assaltos, Vyse e a sua companheira Aika descobrem uma jovem misteriosa de nome Fina, feita prisioneira do Império. A história vai começando aqui até chegar ao cliché de “um bando de rebeldes a lutar contra um lunático que quer dominar o mundo”. Ainda assim, clichés a parte, é o carisma das personagens e o vasto mundo de Skies of Arcadia (sempre com a mística dos descobrimentos) que tornam este jogo num RPG especial. Desde o início somos deixados com um mapa-mundo que se encontra vazio. Ao longo do jogo é nossa tarefa explorar os céus ao máximo, descobrindo tesouros, novas terras ou outros objectos relativos a várias sidequests disponíveis no jogo. As personagens têm um carisma próprio que apesar dos clichés, tornam a história interessante, tanto os heróis, como os próprios vilões, que desde tiranos também podem ser loucos ou simplesmente estupidamente cómicos.

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Os cenários apresentam algum detalhe.

O jogo conta com 2 tipos diferentes de batalhas. Por um lado, temos o habitual esquema de batalhas por turnos, com encontros aleatórios. Aqui, as opções são as do costume. Atacar, defender, usar items, ataques mágicos, etc. A party pode conter até um máximo de 4 elementos, sendo que pelo menos uns 6 vão estar disponíveis. Na versão Dreamcast, o encounter rate era altíssimo, já nesta conversão o mesmo foi atenuado, passando porém as batalhas a dar mais experiência. O outro esquema de batalha é mais uma das razões pela qual este é um RPG especial. É nada mais nada menos que batalhas entre navios voadores, que nos fazem sentir momentâneamente como se fossemos piratas do ar. Aqui as batalhas têm um teor muito mais estratégico. Sabe-se de antemão a próxima jogada dos inimigos e com isso tenta-se tomar a melhor decisão possível. Defender, atacar com armas normais, usar items ou magia quer para provocar dano, quer para restaurar o próprio navio, ou então aproveitar certos turnos vantajosos para usar o canhão especial e dizimar a frota inimiga. Estas batalhas foram das mais motivantes ao longo do jogo, e mesmo começando o jogo com um navio pequeno e humilde, mais tarde ou mais cedo acabamos com um autêntico navio de guerra, montamos a nossa própria base e podemos recrutar até uns 28 membros para a tripulação (mais outra sidequest), cada qual com habilidades próprias que poderão vir a ser úteis.

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Batalhas no ar nunca foram tão divertidas

Os gráficos estão notoriamente datados. A Dreamcast apesar de ser um hardware bastante poderoso para finais de 1998 quando saiu no Japão, em 2003 já era algo obsoleto, comparando com bons jogos de Gamecube e Xbox. As texturas são portanto simples, porém bastante coloridas, não deixando o jogo de oferecer cenários bonitos, cidades bem definidas e que dão gozo explorar. Os modelos porém viram ligeiras melhorias, com mais alguns polígonos. A nível técnico a versão Gamecube é superior em vários quesitos, para além do gráfico. Os tempos de loading foram notoriamente reduzidos, bem como o framerate é mais constante. Mas as novidades neste port não se ficam apenas por melhorias técnicas. Skies of Arcadia Legends oferece mais algumas sidequests, introduzindo novas personagens como Piastol, uma caçadora de piratas que promete ser um osso duro de roer, novas armas, novas descobertas e novas batalhas de bosses cujo grau de dificuldade é habitualmente superior aos próprios bosses finais. Já a nível de som, esta conversão ficou um pouco aquém da versão DC. A Dreamcast utilizava uma mídia óptica propietária, o GD-ROM com 1GB de capacidade de armazenamento, e Skies of Arcadia vinha dividido em 2 discos. Os discos da Gamecube são uma variante do mini-DVD, com sensivelmente 1.4Gb de espaço disponível e o Skies of Arcadia Legends vem apenas num disco, tendo a qualidade das músicas sido sacrificada de modo a caber tudo apenas num disco. Skies of Arcadia ainda é daqueles jogos sem um voice-acting extensivo, algo que só veio a surgir com frequência nas consolas com suporte a DVD.

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Piastol, uma das novas personagens

A versão ocidental do jogo original de Dreamcast trouxe alguma censura de motivos de álcool, tabaco e innuendo sexual (nada de especial, apenas algumas roupas mais apelativas). A versão Legends veio já com estas censuras, mesmo a própria versão japonesa. No fim, Skies of Arcadia Legends é um RPG que, mesmo com alguns clichés e visuais datados para os standards de hoje, não deixa de ser uma boa experiência. A versão Dreamcast não é nada má, mas devido ao conteúdo extra sempre recomendaria a conversão para GC, apesar de possivelmente ser mais cara. O jogo esteve para ser lançado também para PS2 e PC no mercado japonês, mas acabou por não sair. Por muito tempo haviam boatos de uma possível sequela, mas as vendas fracas quer do jogo original, quer a conversão para GC devem ter deitado esses planos por terra. É pena.