Megami Tensei Gaiden: Last Bible II (Nintendo Game Boy / Game Boy Color)

Tempo de voltar à série Megami Tensei para uma análise a mais um dos seus inúmeros jogos secundários. Megami Tensei Gaiden: Last Bible II foi lançado originalmente para o Game Boy clássico em 1993, com uma conversão lançada anos mais tarde para o Game Boy Color. Ao contrário do seu predecessor, este nunca chegou a ser oficialmente localizado, nem recebeu uma versão diferente para a Sega Game Gear. Apesar de possuir ambas as versões na minha colecção, optei por jogar a versão Game Boy Color com um patch de tradução feito por fãs.

Jogos com caixa, manual e papelada. Em cima versão Game Boy clássico, em baixo, versão Game Boy Color

A boa notícia é que este segundo Last Bible é superior ao original em muitos aspectos, a começar pela história. Para além de a aventura ser mais longa, a própria narrativa é mais interessante e simplesmente mais rica no seu conteúdo. Aqui controlamos Yuri, uma criança com um passado atribulado: pouco depois de ter nascido, o Rei de Magoku, temendo uma profecia que ditava o nascimento da reencarnação de uma entidade divina, mandou assassinar todas as crianças recém-nascidas nas povoações à sua volta (quaisquer semelhanças com o cristianismo são mera coincidência, ou não). Yuri e Larsa foram dois dos sobreviventes desse massacre, tendo sido enviados em segredo para uma pequena povoação numa floresta, habitada por bestas e monstros benevolentes que os criaram. Anos passam e, quando Yuri faz 15 anos, é tempo de explorar o mundo à sua volta, onde encontram uma sociedade mais polarizada no seu ódio a todas as bestas, fossem elas benevolentes ou não. Com o reino de Magoku uma vez mais a causar conflitos, acabamos por ser arrastados para esses mesmos confrontos, com muitas outras personagens humanas a cruzarem-se connosco, entrando e saindo do grupo à medida que a narrativa vai progredindo.

Quaisquer paralelismos com o cristianismo são mera coincidência… ou não. Será por essa razão que esta versão GBC não recebeu uma localização oficial para Inglês?

No que toca à jogabilidade, as mecânicas de base do primeiro jogo estão também aqui presentes. Este é então um JRPG de fantasia medieval, com encontros aleatórios e batalhas por turnos onde poderemos recrutar e fundir os vários monstros que vamos enfrentando. A negociação continua algo simples, com uma série de perguntas de resposta sim/não, mas a conversa é ligeiramente mais fluida do que no predecessor. Por vezes mais vale pedir a um dos nossos monstros que faça a negociação por nós, sendo esta realizada automaticamente. O auto-battle é outra mecânica recorrente e que muito jeito dá para fazer grinding contra inimigos mais fracos! Obviamente que mesmo assim é possível perder, particularmente quando lutamos contra inimigos que teimam em lançar ataques que nos deixam paralisados ou noutro estado debilitante. No entanto, mesmo que isso aconteça, não somos penalizados, já que acordamos no último inn que visitámos, com toda a gente curada e com todo o dinheiro e itens connosco.

O sistema de combate é familiar, com a introdução dos ciclos lunares, visíveis no canto superior direito do menu

De resto, as maiores novidades que esta sequela nos traz passam pela introdução dos ciclos lunares, onde com a Lua cheia os inimigos se tornam bem mais poderosos, bem como uma melhor gestão do inventário. Apesar de este continuar a ser algo reduzido e segregado por personagem (enquanto a versão Game Gear já tinha um inventário maior e partilhado por todos), o facto de os monstros recrutados poderem agora guardar itens, embora não os possam equipar, acaba por aliviar um pouco a gestão minuciosa do inventário que tínhamos de fazer no primeiro jogo. Comprar armas ou outro equipamento na loja tornou-se também uma experiência mais agradável, na medida em que conseguimos entender quais as personagens que podem ter tal item equipado e que melhorias aos stats eles trazem se forem efectivamente equipados.

Aplaudo a decisão de tornarem as cidades menos labirínticas, mas as dungeons foram demasiado simplificadas

Há ainda dois detalhes que convém mencionar, até porque não o fiz quando escrevi sobre o primeiro jogo. O primeiro é a vertente multijogador, que sinceramente me passou ao lado, mas que creio consistir em ter duas Game Boy ligadas entre si e cada jogador usar a sua party para combates com o outro. O segundo é o conteúdo pós-créditos. Tanto no primeiro Last Bible como neste segundo podemos continuar a jogar, até porque existem alguns monstros mais poderosos para combater e tentar recrutar, que por sua vez seriam certamente úteis nos confrontos multijogador. Seguramente não havia muitos RPGs nesta época com conteúdo post-game, pelo que é um detalhe que achei importante mencionar.

Já no que diz respeito aos audiovisuais, devo dizer que tanto a versão Game Boy original como a Game Boy Color são francamente melhores do que os seus predecessores, a começar pela banda sonora, que possui algumas músicas bastante agradáveis. A nível gráfico as melhorias são igualmente notórias: o design das cidades é mais simples mas, a meu ver, mais funcional, embora, por outro lado, as dungeons tenham sido demasiado simplificadas. Mas o ponto forte é mesmo a arte: os inimigos são bem mais interessantes neste segundo jogo, com uma direcção artística que os aproxima mais dos Megami Tensei da Super Nintendo, embora a atmosfera continue a ser muito menos depressiva no geral. No entanto, a versão Game Boy Color não traz nenhuma outra melhoria além da adição de cor aos gráficos. A versão Game Gear do primeiro Last Bible continua a ser largamente superior em detalhe gráfico.

A arte é também outra melhoria notável, estando mais em linha com o que se fazia na Super Nintendo

Portanto, este segundo Last Bible revelou-se uma agradável surpresa. Não só a narrativa é mais interessante (apesar de existirem demasiadas entradas e saídas de personagens humanas que nos vão acompanhando), o jogo é também mais longo, com algumas ligeiras melhorias nas suas mecânicas e uma direcção artística mais interessante e em linha com os restantes títulos do universo Megami Tensei daquela época. Segue-se agora Majin Tensei, lançado originalmente meros meses após este jogo, outro título secundário do universo Megami Tensei e com mecânicas de jogo completamente distintas. Muito curioso com o que aí vem!

Megami Tensei Gaiden: Last Bible (Nintendo Game Boy / Game Boy Color)

Depois de ter terminado o Shin Megami Tensei, epopeia que me levou várias semanas a completar, precisei de pouco mais de um dia para terminar o primeiro spin-off da série. Lançado originalmente em 1992 para o Game Boy, Last Bible é também um RPG que herda algumas das mecânicas da série principal, mas agora num ambiente bem mais contido devido às limitações do sistema original. Para além de uma versão Sega Game Gear (que planeio cá trazer mais tarde), a Atlus relançou-o em 1999 para o Game Boy Color, sendo esse o único título desta subsérie do universo Megami Tensei a ter sido devidamente localizado em inglês, sob o nome Revelations: The Demon Slayer. Infelizmente, essa versão é caríssima nos dias de hoje. Os meus exemplares foram comprados em diversos lotes importados directamente do Japão há uns anos atrás. Foram baratos, mas os custos de transporte e alfândega estragaram tudo. Ainda assim, joguei a versão americana de Game Boy Color através de emulação.

Jogos com caixa e manual, nas suas versões japonesa e para Game Boy e Game Boy Color

Uma das grandes diferenças em relação a Shin Megami Tensei é o facto de este ser agora um jogo de fantasia, ao contrário de decorrer em Tóquio, numa sociedade moderna ou pós-apocalíptica. A narrativa é também muito mais simplificada, com o protagonista a ser um estudante de magia acabadinho de se graduar, decidindo então explorar o mundo, onde rapidamente nos apercebemos de que monstros surgem e começam a causar problemas às povoações vizinhas. Em suma, é uma narrativa muito mais ligeira e num contexto também menos pessimista (e, por conseguinte, menos interessante também).

As negociações para que um demónio se junte a nós são agora uma série de perguntas fechadas. Continua no entanto a ser uma questão de tentativa/erro.

A nível de jogabilidade, contem com um RPG com encontros aleatórios e batalhas por turnos, embora nunca com perspectiva em primeira pessoa. O sistema de auto battle está também presente e, embora os combates não sejam tão intensos ou exigentes quanto em Shin Megami Tensei, certos inimigos podem ocasionalmente paralisar-nos ou, pior, lançar feitiços capazes de matar uma personagem de uma vez só. Ou seja, o auto battle, apesar de ser bastante útil para acelerar as coisas e facilitar o grinding, continua a ser algo que temos de utilizar com alguma precaução. O inventário, infelizmente, continua a ser bastante reduzido, embora seja distribuído pelas diferentes personagens que nos irão acompanhar na aventura. Em algumas cidades, existem lojas que nos permitem armazenar itens e dinheiro, o que acaba por ajudar um pouco a contornar essa limitação.

Cada vez que subimos um nível temos direito a aumentar os nossos stats da forma que bem entendermos

O que também marca aqui o seu regresso são os demónios, nomeadamente a possibilidade de negociar com eles, recrutá-los ou fundi-los entre si, na esperança de obter um demónio superior para nos acompanhar na aventura. Para além de o número de demónios ser consideravelmente menor e o seu design não tão apelativo, existiram também algumas mudanças significativas na forma como negociamos com eles. Os diálogos são todos feitos na forma de perguntas e, apesar de algumas das que nos fazem nos levarem a questionar a moralidade de os estarmos a atacar, a negociação em si acaba por ser algo confusa, pois as respostas que os demónios nos dão não nos permitem perceber claramente se estamos ou não no bom caminho para os recrutar. Por outro lado, se quisermos acelerar as coisas, podemos escolher um dos nossos demónios para negociar por nós. Nesse caso, a negociação é instantânea e o demónio junta-se (ou não) ao grupo, mediante o alinhamento ou afinidade com aquele que negociou em nosso nome. Outra diferença, também simplificada, são as fusões: desta vez não temos nenhuma casa ou loja para o efeito, mas sim uma das personagens que nos acompanha, que cedo ganha uma magia para fundir demónios, embora apenas possamos fundir dois de cada vez.

As mecânicas de combate não são muito diferentes do Shin Megami Tensei, podendo agora ter mais que um inimigo distinto no ecrã em simultâneo

Visualmente, como já referi, o jogo é muito mais contido e simplificado, não só pelas limitações técnicas do sistema, mas também pelo facto de o público-alvo ser mais jovem. Os demónios, para além de serem em menor número, raramente representam figuras conhecidas de mitologias ou religiões, e o seu design é bastante mais genérico e “amigável”, o que, a meu ver, é um ponto menos positivo. Os cenários também são algo genéricos e, mesmo esta versão Game Boy Color, que adiciona cor aos gráficos originais, não melhora substancialmente a experiência. Existe uma versão para Game Gear, lançada em 1994, que visualmente é bem mais apelativa! Já em relação ao som, as músicas também não são nada de especial, infelizmente.

Apesar da versão Game Boy Color acrescentar cor, o resultado final continua a não ser muito apelativo. A versão Game Gear de 1994 é bem superior nesse aspecto

Portanto, este primeiro Last Bible é um jogo muito abaixo da fasquia estabelecida por Shin Megami Tensei (e pelos seus precursores na Famicom). O facto de apresentar uma narrativa bem mais simples, ligeira e contida retira-lhe logo um grande factor de impacto, o que se alia a gráficos e uma direcção artística bastante mais desinteressantes do que os seus predecessores. Ainda assim, conto jogar pelo menos um pouco da versão Game Gear, que tenciono trazer cá em breve. É que desconfio que a localização oficial em inglês deste primeiro Last Bible não tenha sido das mais fiéis ao script original, mas veremos.

Sylvester and Tweety: Breakfast on the Run (Nintendo Game Boy Color)

Vamos voltar às rapidinhas para um jogo simples na Game Boy Color. No sistema original, os jogos das personagens dos Looney Tunes eram por norma bem competentes pois era a Sunsoft que estava por detrás dos mesmos. Inclusivamente anos mais tarde alguns desses jogos foram relançados a cores para a Game Boy Color (como foi o caso do Looney Tunes). Nessa época no entanto a francesa Infogrames também adquiriu os direitos da série e o resultado nem sempre foi o melhor, pelo menos a ver pelos que me passaram pelas mãos. Este Breakfast on the Run não muda a minha opinião, infelizmente. O meu exemplar foi comprado numa feira de velharias algures em Janeiro deste ano por 3€.

Cartucho solto

Este é então um jogo do tipo gato e rato, onde encarnamos precisamente no azarado gato Sylvester, mas em vez deste andar atrás do Speedy Gonzalez, é o pobre Tweety que é perseguido. O jogo divide-se então em duas fases. A primeira fase de cada nível é uma fase de exploração apresentada numa perspectiva isométrica onde teremos de percorrer uma série de salas, ultrapassar obstáculos e resolver pequenos puzzles até que conseguimos finalmente chegar a uma saída que nos leva para a fase seguinte. Esta já é uma fase de acção/plataformas com o ecrã a mover automaticamente para a direita e onde o objectivo é mesmo o de apanhar o pássaro irritante, esquivando-nos no entanto de uma série de inimigos e obstátulos. Um pouco como no Tom & Jerry: The Movie, mas mais rápido. O primeiro nível é a excepção à regra pois tem apenas esta fase de acção.

Neste jogo estamos sempre indefesos. Qualquer contacto com um inimigo ou obstáculo faz-nos perder uma vida nas fases de exploração

Na fase de exploração os controlos são simples: o d-pad controla o Sylvester num espaço pseudo-tridimensional, enquanto o botão A serve para saltar. Teremos de explorar várias salas cheias de obstáculos e inimigos e ocasionalmente iremos encontrar obstáculos intransponíveis. Teremos portanto de procurar e coleccionar itens (apanhados com o botão B) em que alguns poderão também serem combinados entre si para que possamos ultrapassar alguns desses obstáculos. Por exemplo, um dos primeiros desses puzzles é uma parede alta demais para saltarmos por cima da mesma. Numas salas antes podemos apanhar dois itens que me parecem duas metades de uma almofada e a solução é combiná-los para formar uma almofada alta e assim conseguirmos saltar por cima dessa parede (a lógica é estranha mas é isso que se parece). Mais à frente iremos encontrar um cão todo bombado a guardar uma passagem. Qual a solução? Apanhar um osso gigante noutra sala e usá-lo perto do cão, para o distrair e nos abrir a passagem. Teremos uns quantos puzzles simples como este pela frente.

A perspectica isométrica é mesmo uma má ideia neste sistema. Discernir esta bagunça é cansativo

Ao explorar as salas iremos também encontrar vários inimigos e outros obstáculos que nos causam dano e ao mínimo toque perdemos uma vida. Felizmente começamos com um número de vidas considerável e podemos ganhar novas vidas ao coleccionar corações gigantes, ou uma série de sardinhas enlatadas. Já nas fases de acção temos uma barra de vida medida entre 5 a 8 peixes (mediante o grau de dificuldade escolhido) e apesar de sofrermos dano da mesma forma, apenas perdemos uma vida se a nossa barra se esgotar. Aqui não temos latas de peixe para coleccionar mas sim peixinhos mesmo, que nos vão regenerando parcialmente a nossa barra de vida também.

Os níveis de acção são mais coloridos e bem detalhados, mas não muito divertidos também

Graficamente é um jogo muito pobrezinho. Utilizar uma perspectiva isométrica numa consola portátil com ecrã e resolução muito pequenos não é uma boa ideia. Os primeiros níveis ainda se navegam consideravelmente bem, mas rapidamente as coisas começam a ficar confusas com os obstáculos e algumas saídas ou caminhos a obstruírem a vista e confundirem tudo. Para além disso, apesar deste ser um jogo de Game Boy Color também não há uma grande variedade de cores nesses níveis o que também não ajuda (o facto de ser retrocompatível com a Game Boy clássica deve ser a razão desse problema, no entanto). Os níveis de acção apesar de serem mais coloridos e detalhados também não são tão divertidos quanto isso. No que diz respeito ao som, nada de especial a apontar, é mediano como um todo.

Entre cada nível vamos tendo passwords para registar o nosso progresso

Portanto este é um jogo algo medíocre e que apesar de até ter algumas boas ideias na parte de exploração e aventura, os puzzles são bastante simples e o facto da perspectiva ser isométrica também não ajuda nada devido às limitações de hardware.

Daikatana (Nintendo Gameboy Color)

Vamos voltar à portátil Gameboy Color da Nintendo para mais uma rapidinha, agora para a conversão do Daikatana para este modesto sistema. Depois de ter jogado o original do PC, bem como a sua conversão para a Nintendo 64, chegou agora a vez desta versão que é, naturalmente, muito diferente do first person shooter (com uns leves influências de RPG). O meu exemplar foi comprado algures em Fevereiro de 2017 numa loja do Porto, creio que me custou uns 5€.

A nível da história, esta é bastante semelhante à do jogo original, embora hajam algumas diferenças aqui e ali, pelo que não vale a pena estar a repetir-me. A jogabilidade é que é bastante diferente, sendo agora próxima de um action RPG ou um jogo de aventura algo à imagem de Zelda. Os controlos são simples, com um botão para saltar e o outro para atacar ou interagir com objectos, pois ocasionalmente teremos também alguns puzzles para resolver. O botão select leva-nos para um ecrã de inventário, onde poderemos equipar as diferentes armas que vamos encontrando, já o start permite-nos gravar o progresso do jogo. Tal como a versão de Nintendo 64, vamos poder carregar todas as armas que encontramos para os diferentes períodos temporais, embora, naturalmente, só vamos encontrar munições para as armas do período temporal actual. De resto poderemos também encontrar alguns comprimidos gigantes que nos recuperam a barra de vida (mesmo na grécia antiga, a medicina era super avançada) ou armaduras que nos dão “armor points” que por sua vez vão diminuindo com o dano que vamos recebendo. Tal como nos FPS!

A história é essencialmente a mesma da versão original, embora acrescente alguns pontos, como o dojo de Hiro ter alunos no início do jogo

As influências de RPG são muito modestas, pois aqui não ganhamos pontos de experiência, nem temos nada para evoluir com o tempo. Os nossos pontos de vida vão sendo extendidos no entanto, à medida que vamos derrotando alguns bosses. Já os NPCs Superfly e Mikiko marcam uma vez mais a sua presença nesta versão, e aqui até os iremos poder controlar ocasionalmente. Não temos controlo nenhum disso, em certos pontos chave da história o controlo simplesmente transita do Hiro para o Superfly ou Mikiko e depois regressa ao herói principal. Nenhuma destas personagens acrescenta alguma coisa à história, todos partilham do mesmo inventário e barra de vida, se bem que algumas armas não podem ser usadas quer por Superfly, ou Mikiko, o que por vezes nos pode trazer alguns problemas. De resto, e como já referi acima, ocasionalmente teremos alguns puzzles de exploração para resolver também.

Tal como na versão Nintendo 64, podemos carregar e usar as armas dos capítulos anteriores, mas apenas iremos encontrar munições para as armas do capítulo actual

A nível audiovisual estamos perante um jogo bastante simples, mas funcional. As músicas não são muitas, mas confesso que até gostei de ouvir as interpretações 8bit desses temas. A decisão em tornar esta versão um ligeiro action RPG foi muito bem pensada tendo em conta as limitações do sistema. Graficamente é um jogo simples, mas com cenários algo variados e coloridos. Portanto, esta versão do Daikatana, apesar de não ser um jogo fantástico (e ser bastante curto também), acaba por ser surpreendentemente divertida e sem dúvida aquela versão que, a meu ver, melhor resistiu ao teste do tempo, sem intervenção de terceiros.

The Legend of Zelda: Oracle of Seasons (Nintendo Gameboy Color)

Vamos ficar agora com mais uma rapidinha, desta vez ao The Legend of Zelda: Oracle of Seasons para a Gameboy Color. O jogo até que merece um artigo bem mais profundo, mas eu já cá trouxe o Oracle of Ages anteriormente e, tendo em conta que este é o seu jogo “gémeo”, irei-me focar mais nas suas diferenças. O meu exemplar foi comprado na feira da Ladra em Lisboa por 5€, algures em Outubro de 2015.

Cartucho solto

Tal como referi noutro artigo, a saga “Oracles” foi desenvolvida pela Capcom que inicialmente até tinha planeado lançar 3 jogos distintos, mas todos interligados entre si. Como o projecto acabou por ser ambicioso demais, descartaram um deles. Neste Oracle of Seasons o jovem Link acaba por receber o chamamento para viajar a mais uma terra distante, desta vez Holodrum. Ao chegar lá, é recebido pela Din, a Oracle of Seasons que acaba por ser raptada pelo general Onox, um dos vilões deste jogo, que pretende usar os seus poderes de controlar as estações do ano.

No Oracle of Seasons, a donzela em perigo é Din

Pois sim, enquanto o Oracle of Ages tinha como mecânica de jogo principal as viagens no tempo, tendo um mundo inteiro para explorar no presente e passado, aqui, à medida que vamos progredindo no jogo, poderemos controlar as diferentes estações do ano, fazendo com que certas áreas se tornem acessíveis durante determinadas estações. Por exemplo, no inverno a água dos lagos está gelada e podemos atravessá-la normalmente, enquanto no verão a vegetação está no seu apogeu, pelo que poderemos escalar algumas lianas. Entre mais outras particularidades para todas as estações. Para além disso também teremos o mundo subterrâneo de Subrosia para explorar e várias dungeons para competar.

Aqui cada estação do ano possui diferentes características que moldam o mundo de Holodrum

Lê-se por aí que o Oracle of Ages é mais focado em puzzles e o Oracle of Seasons mais focado em acção. Realmente fiquei com a impressão que este jogo possui secções de platforming bem mais exigente, assim como mais inimigos, tanto em número como em agressividade. Mas os itens que vamos amealhando também nos compensam para este esforço extra, como uma capa que nos permite saltar a muito maiores distâncias ou armas que causam mais dano. Temos também a possibilidade de interligar os dois jogos. Por exemplo, se terminarmos o Oracle of Ages é nos dado uma password no final. Ao iniciar uma nova aventura no Oracle of Seasons poderemos incluir essa password e a história não só vai mudar ligeiramente (ao introduzir referências do jogo anterior), bem como teremos acesso ao final verdadeiro. O mesmo acontece se jogarmos o Seasons primeiro e usar a password no Ages. É um conceito bem mais interessante que os Pokémon Red/Blue, Gold/Silver e por aí fora. Aqui temos 2 jogos muito diferentes entre si (embora naturalmente tenham semelhanças de itens e mecânicas de jogo) que se podem interligar para uma aventura muito maior.

Como não poderia deixar de ser, teremos de enfrentar uma série de bosses também

A nível gráfico e som, esperem pela mesma qualidade que o Oracle of Ages. Mesmo motor gráfico, mesmo nível de detalhe, até nas músicas temos muitas idênticas. Nada mau para uma consola portátil de 8bit, mas confesso que por vezes, algumas das músicas, poderiam ser melhores.