Space Invaders (Atari 2600)

Lançado originalmente nas arcades pela Taito em 1978, Space Invaders foi um jogo absolutamente revolucionário pelas sua jogabilidade viciante e por servir de fundação a muitos outros shooters que lhe seguiram, como os Galaga/Galaxian. A primeira conversão para um sistema doméstico foi precisamente para a Atari 2600 em 1980 que acabou por ter imenso sucesso e deu uma grande vantagem comercial à consola da Atari em relação à sua concorrência. O meu exemplar, tal como os restantes da Atari 2600 que cá trouxe ao longo deste mês, foi comprado no passado mês de Julho numa feira de velharias, num bundle com a consola, alguns jogos e acessórios por 25€.

Cartucho solto

O conceito deste Space Invaders é simples, mas desafiante. Num único ecrã, temos uma matriz de vários extraterrestres que se vão movendo horizontalmente e depois descendo, cada vez que descem e enquanto os vamos destruindo, vão também se movendo mais rápido. Temos de evitar que entrem em contacto com a superfície da Terra e para isso podemos controlar um canhão de raios laser montado na superfície e que se move horizontalmente. Para além de evitar que os aliens aterrem no planeta, devemos evitar também os seus ataques, pois caso um dos seus raios laser nos atinja, perdemos uma vida imediatamente. Para melhor nos proteger do fogo inimigo, teremos também quatro bases espalhadas pelo ecrã, que servem de escudos do fogo inimigo. Mas estas vão sendo parcialmente destruidas pelos aliens, pelo que poderão deixar de ser úteis ao fim de algum tempo.

Não é boa ideia deixar os extraterrestres se aproximarem muito da superfície!

Para além disso, temos de tentar ser o mais precisos possível e adivinhar onde os aliens vão estar quando disparamos, pois apenas podemos ter um disparo a viajar pelo ecrã de cada vez. Só quando o nosso disparo atingir alguém ou desaparecer do ecrã é que poderemos disparar outro, o que nos poderá custar alguns momentos preciosos se falharmos um tiro. Tipicamente, ao brincar com as switches da Atari 2600 poderemos alternar entre diferentes variações da jogabilidade básica, e aqui temos ao todo 112 variações para explorar, distribuidas entre vertentes single player ou para dois jogadores.

Graficamente é um jogo muito simples, já o era na arcade e, apesar de as sprites não estarem tão boas quanto no original, é um jogo que transitou muito bem entre a versão original arcade e esta para Atari 2600, tanto nos seus visuais, como nos efeitos sonoros, faltando apenas a pequena músicas de poucas notas que vai tocando e aumentando de velocidade em conjunto com os aliens, na versão original.

Planet Patrol (Atari 2600)

Voltando às rapidinhas, vamos ficar com mais um joguinho interessante para a velhinha Atari 2600. Tal como os outros títulos dessa consola que analisei aqui recentemente, este Planet Patrol veio do mesmo bundle de jogos, consolas e acessórios que comprei recentemente numa feira de velharias por 25€.

Cartucho solto e já viu melhores dias

Este é um shooter horizontal que, apesar de bastante primitivo, inclui uns quantos conceitos interessantes para 1983. Aqui controlamos uma nave espacial que voa à superfície de um planeta, com o ecrã em scrolling automático da direita para a esquerda. Com a nave a mover-se automaticamente nessa direcção, resta-nos controlá-la para cima ou para baixo para evitar mísseis inimigos e claro, disparar a nossa arma para abater as naves inimigas. Uma vez fechada essa onda, aparece-nos uma nave espacial preta que não devemos abater mas sim tocar. Depois vemos uns 3 geradores no chão protegidos por um campo de forças. Temos de os destruir atempadamente antes de colidirmos com eles! Mas uma vez destruídos, o ecrã fica repleto de destroços pelo que teremos de procurar um caminho seguro para os atravessar. Uma vez passado esse perigo, vemos uma pista de aterragem onde devemos aterrar para sermos reabastecidos com mais combiustível.

Nós controlamos a nave branca. Reparem na sua sombra em baixo

E assim está concluída a primeira vaga. Tal como muitos outros jogos da época este não tem fim e o objectivo é o de sobreviver o máximo de tempo possível e maximizar a pontuação. Um detalhe interessante é que ocasionalmente o jogo vai passando do dia para a noite e quando anoitece não conseguimos ver nada! Apenas quando disparamos é que o ecrã passa a ser visivel por alguns segundos, e é aí que teremos de memorizar onde estão os inimigos para abater e obstáculos para evitar. Mas cada vez que disparamos também perdemos um pouco de combustível portanto o desafio vai-se tornando cada vez maior.

Quando surge esta nave preta, devemos acoplar-nos a ela e resgatar os seus ocupantes

No que diz respeito aos visuais, bom este é um jogo simples tendo em conta o hardware onde corre mas ainda assim tem alguns detalhes interessantes. As naves, mísseis e inimigos no geral parecem mesmo naves e mísseis e a nossa nave tem uma sombra representada na superfície, um detalhe interessante. De resto, a nível de som as coisas são bastante simples também, porém funcionais.

Finalizado tudo isto, é aterrar e reabastecer

Portanto este Planet Patrol, apesar de ser um jogo bastante primitivo para os shmups que estamos habituados hoje em dia, acabou na mesma por me surpreender bastante pela positiva, com alguns dos detalhes que foram ali incluídos.

Pac-Man (Atari 2600)

Mais uma super rapidinha a uma das primeiras, senão mesmo a primeira, adaptação para uma consola do grande clássico que foi nas arcadas, o primeiro Pac-Man, criado pela Namco, mas publicado nas arcades fora do Japão pela Midway, num estranho acordo de licenciamento que até lhes permitiu o desenvolvimento de algumas sequelas, como foi o caso de Ms. Pac-Man. Entretanto, no que diz respeito aos sistemas domésticos, sejam consolas ou computadores, foi a Atari quem publicou imensas conversões para practicamente todas as plataformas relevantes que existiam no ocidente, entre 1982 e 1983. A mais famosa, mas não pelas melhores razões, é mesmo a versão da Atari 2600 que cá trago agora. Tal como os outros jogos desta plataforma que cá trouxe recentemente, o meu exemplar veio de um pequeno bundle de alguns jogos, consolas e acessórios que comprei recentemente numa feira de velharias por 25€.

Cartucho solto

Toda a gente conhece o Pac-Man original. Aquele jogo onde temos um labirinto repleto de bolas amarelas e alguns fantasmas a perseguir-nos. A fórmula é muito simples de entender e rapidamente viciante: o objectivo é o de apanhar todos os objectos no labirinto sem que os fantasmas nos apanhem. Espalhados pelos labirintos teremos também uns quantos power ups que nos deixam temporariamente invencíveis e é aí que nos podemos vingar dos fantasmas, ao devorá-los e arrecadar ainda mais pontos. Uma vez limpo o labirinto, recomeçamos o desafio.

É verdade que a Atari 2600 tem um hardware muito modesto, mas podiam ao menos acertar nas cores e no design do labirinto

Agora esta versão da Atari 2600 foi muito criticada quando saiu. Era expectável que a nível audiovisual a conversão não fosse tão fiel devido às limitações técnicas da consola, mas o resultado ainda assim ficou bastante aquém das expectativas. Não conheço a Atari 2600 assim tão bem para saber o quão melhor esta versão do Pac-Man poderia ter sido, mas pelo menos acertarem nas cores e design do próprio labirinto creio que seria o mínimo. Em vez de círculos amarelos para o Pac-Man comer, temos linhas e os power ups são quadrados gigantes. Os fantasmas possuem todos a mesma cor, enquanto na versão original cada fantasma de cada cor possuía diferentes padrões de movimento. Aqui sinceramente nem dá para perceber e para além disso há um grande sprite flickering, aí acredito que seja mesmo pelas limitações da consola em apresentar tanta sprite em simultâneo no ecrã. Mas esse flickering é incomodativo, pois por vezes até parece que os fantasmas desaparecem do ecrã e outras vezes nem me apercebo porque morri. De resto os efeitos sonoros também não são nada de especial.

Portanto este Pac-Man é uma versão muito modesta do clássico arcade e aparentemente foi lançada desta forma apenas porque a Atari apressou bastante o lançamento do jogo. A Atari publicou também conversões para muitos outros sistemas na mesma altura, presumo que todas elas sejam melhores.

Missile Command (Atari 2600)

Missile Command é daqueles jogos que só poderiam ter surgido no clima de guerra fria bem acentuado que ainda se vivia na década de 80, onde as grandes potências viviam num receio constante de um eventual holocausto nuclear que poderia surgir  sempre que os EUA ou a USSR se desentendessem. Apesar da história oficial por detrás deste jogo envolver 2 civilizações alienígenas de planetas diferentes que se atacam uma à outra, o seu paralelismo com a realidade da Guerra Fria é inegável. O meu exemplar veio de um bundle recente de consolas, jogos e acessórios que comprei no passado mês de Junho numa feira de velharias por 25€.

Cartucho solto

O objectivo neste jogo é simples, nós temos de defender uma série de cidades que estão debaixo de fogo inimigo, com vários mísseis a serem disparados pelos céus, bem como outras naves/aviões que também nos tentarão atacar e destruir as cidades. Para defesa temos um canhão central que nos permite disparar até 3 mísseis de seguida para nos defendermos dos ataques inimigos. Para isso podemos mover livremente um cursor e, depois de pressionar o botão de fogo, um dos nossos mísseis será disparado e irá detonar na posição onde tínhamos o cursor posicionado quando pressionamos o botão. A sua explosão alcança um raio considerável, destruindo todos os mísseis e inimigos que apanha. À medida que os mísseis inimigos vão sendo lançados, eles vão deixando um rasto que nos deixa prever a sua trajectória, no entanto mais para a frente teremos também outras ameaças a ter em conta que já são mais complicadas de prever o seu movimento.

No centro temos o canhão que usamos para lançar os nossos mísseis defensivos. Ao lado, 6 cidades que teremos de defender

Como muitos outros jogos tipicamente arcade da época, este Missile Command não tem fim, com o objectivo ser o de sobreviver o máximo possível, bem como melhorar a nossa pontuação máxima. Temos apenas 30 mísseis disponíveis para usar em cada ronda e o jogo acaba quando já não tivermos nenhuma cidade para defender. Mas atenção que a cada 10000 pontos que amealhamos, o jogo recupera automaticamente uma das cidades que ficaram destruídas! De resto a jogabilidade da versão Atari é um pouco mais simplificada face à versão arcade, pois no original havia uma maior variedade de inimigos e tínhamos 3 canhões para usar, ao invés de apenas um.

No que diz respeito aos gráficos, esta versão é bastante simples, como seria de esperar. No entanto os gráficos são bastante funcionais para a jogabilidade intuitiva que Missile Command apresenta. Sempre gostei do efeito gráfico do rasto dos mísseis! A nível de som, as coisas também são bastante simples e funcionais.

Defender (Atari 2600)

Continuando pelas rapidinhas, vamos ficar agora com um clássico da velhíssima guarda, lançado originalmente nas arcades em 1981 e produzido pela Williams. Naturalmente que uma conversão acabou por ser lançada para a Atari 2600, cujos visuais acabaram por ser algo simplificados, mas o core da sua jogabilidade permanece lá. Este meu cartucho veio de um bundle que comprei no mês passado numa feira de velharias por 25€, mas como eventualmente despachei as coisas que me eram repetidas, acabou por ficar practicamente de graça.

Apenas cartucho

Defender é um jogo que certamente influenciou o que viriam a se tornar nos shmups horizontais que começaram a surgir mais tarde na década de 80. O planeta Terra está a ser invadido por extra terrestres, que sugam os humanos com os seus tractor beams, transformando-os em mutantes agressivos! Nós somos a última esperança da raça humana, ao pilotar uma poderosa e ágil nave espacial, que terá de abater todas as naves alienígenas que se cruzarem connosco.

Defender é um jogo relativamente simples, mas com tantos conceitos interessantes, pelo menos para os padrões 1981, que tiveram de lutar um pouco com as limitações da Atari 2600 e os seus Joysticks com 1 botão para incluir todas as mecânicas de jogo. Tipicamente nós sobrevoamos uma cidade que está a ser atacada por aliens onde teremos de defrontar as naves inimigas e, especialmente evitar que as mesmas raptem os humanos inocentes nas ruas. Com o único botão disponível conseguimos disparar os nossos raios laser e claro, basta levar um toquezinho qualquer para perdermos uma vida. Mas para além dos raios laser teremos à nossa disposição bombas inteligentes capazes de destruir todos os inimigos presentes no ecrã de uma só vez. Mas como as activamos? Bom, temos de descer até ao nível da cidade e quando a nossa nave estiver totalmente escondida, basta pressionar o mesmo botão para detonar uma dessas bombas. Por outro lado, se decidirmos voar até ao topo do ecrã, ao pressionar o botão de disparo faz com que a nossa nave se teletransporte para uma posição aleatória no ecrã, o que pode ser muito útil em momentos de maior aflição.

Graficamente é um jogo com visuais mais simplificados face ao original da arcade, mas cumprem bem o seu papel

Para além disso, o maior objectivo é o de proteger os humanos que estão nas ruas. Certas naves inimigas vão tentar sugá-los com os seus tractor beams e, caso sejam bem sucedidos, os humanos transformam-se em aliens voadores bastante agressivos e difíceis de matar. Caso um humano esteja a ser sugado, se destruirmos rapidamente a nave que o está a sugar ele ainda sobrevive. Caso contrário, se já estiver bem longe do chão, temos de o tentar apanhar e deixá-lo posteriormente no solo. Se não conseguirmos salvar todos os humanos, não temos um game over (isso só acontece quando perdermos todas as vidas), mas deixamos a cidade, somos levados para uma difícil batalha em pleno espaço, antes de voltar novamente à cidade e repetir o processo. De resto, tanto vidas como bombas extra (até um máximo de 3) vão-nos sendo fornecidas a cada 10000 pontos. Este é portanto um daqueles jogos sem fim, onde vamos enfrentando ondas cada vez mais agressivas de inimigos e o nosso objectivo é o de tentar sobreviver e fazer o máximo de pontos possível.

Pode não parecer mas aquele quadrado no solo é um humano

No que diz respeito aos audiovisuais, é um jogo muito simples até porque é um lançamento da Atari 2600. Esperem pelos habituais blips genéricos produzidos pela Atari e gráficos muito simples. No entanto o scrolling até que é bem mais suave do que estava à espera e é interessante que, no topo do ecrã, temos uma espécie de radar que nos indica a nossa posição, a dos inimigos e dos humanos. Claro que o detalhe é super básico, são apenas pontos no ecrã, mas não deixa de ser interessante. A versão arcade possui mais detalhe nas sprites e nos cenários, que são mais complexos, mas esta versão Atari 2600, tendo em conta todas as suas limitações, até que acaba por ser um lançamento bem competente.